— Daniel - Cassia gritou ao ver seu filho e Stella adentrarem o apartamento. Stella fechou a porta com o pé e outra vez Daniel caiu do chão — O que aconteceu, filho?
— Ele bebeu, e bastante - Stella respirou profundamente, não se lembrava de quando ficou tão cansada assim em sua vida.
— E essas marcas de sangue? Vocês estão sujos.
— É que, como se não bastasse a bebida, ele mexeu um homem, que mais parecia o Hulk. - Respirou — E ele é pesado, nós caímos algumas vezes.
— Ah, meu filho - Cássia lamentou — por favor, me ajude a levá-lo para o quarto dele, eu arrumei esse apartamento agora pouco, estava tão preocupada.
Stella ajudou-a a levar Daniel e quando finalmente chegou ao quarto, pode colocá-lo em cima da cama, Stella reparou que agora ele dormia, ou fingia, ela nem sabia. Viu as marcas da agressão e sabia que não podia deixá-lo daquele jeito.
— Dona Cássia, pode me trazer uma bacia de água morna e um pano?
— Sim, claro.
A mulher correu para fora do quarto e Stella sentou-se na beira da cama, alisou o rosto do Flint, e quando sorriu, levou um susto ao ter seu punho segurado pelas mãos de Daniel. Ele abriu os olhos e virou a cabeça, encarou Stella e lentamente foi soltando o braço fino. Respirou duas vezes pesadamente e então soltou um gemido de dor.
— Calma, eu vou limpar isso pra você.
— Você é uma médica bem intrometida - Falou embolado, mas Stella entendeu e desviou o olhar. — Seu sorriso é irritante. - Completou, Stella o fitou outra vez, agora séria.
— Aqui está - Cássia chegou com o que Stella pediu. Porém a médica pensou duas vezes se o ajudaria, pois se o fizesse, talvez ele a chamasse de intrometida outra vez, e ela não era uma.
Apenas gostava de ajudar quem precisava. Sempre foi assim, humilde com todos ao seu redor, buscava ser o mais útil possível, não só para as pessoas ao seu lado, mas para todos no mundo. E ali, diante de Daniel e suas palavras, ela quis chorar, como se tivesse vivido uma vida em mentira e só agora ela percebesse o que os outros pensavam da sua ajuda.
Ela pegou a bacia e o pano que a Flint trouxe, limpou o rosto de Daniel e tirou-lhe a camisa. Ajudou Cássia a dar um banho em Daniel e depois terminou o curativo, sempre com um meio sorriso no rosto, apesar de tudo, ela não perderia aquele que ela conquistou com esforço: o sorriso.
Ao ser colocado na cama outra vez, ele apenas virou para o lado e dormiu como se nada tivesse acontecido, Stella ajeitou os cabelos e foi a primeira a sair do quarto. Cássia a seguiu preocupada, tinha ouvido as palavras dele e temeu Stella se sentir ofendida. Na verdade, qualquer mulher se sentiria, mas a Flint queria que Stella entendesse que Daniel estava bêbado, e falou tudo aquilo da boca para fora. Assim que chegou à sala, viu Stella ajustar sua bolsa sobre o ombro.
— Stella, filha...
— Eu já estou indo - Ela disse meio embaraçado, e Cássia entendeu por que.
— Stella... - A menina encarou a mulher e andou até ela sorrindo — Não ligue para o que ele disse. Daniel está bêbado.
— Não dê culpa à bebida, senhora Flint, ela apenas faz as pessoas se abrirem. - Stella disse e virou as costas.
— Stella... - Sussurrou seu nome, mas a menina ouviu parou e virou para vê-la — Posso lhe chamar caso algo dê errado?
— Eu não sei se seu filho vai querer uma intrometida por perto, mas sim, dona Cássia, se precisar, basta me chamar, eu moro em frente — E depois sorri como sempre, fechou a porta.
Não foi como se tivesse sido magoada pelas mesmas pessoas da sua infância, mas se sentiu tão pequena quanto em todas as vezes que uma criança lhe gritou: testuda; cabelo de algodão-doce; magrela, branquela, nerd, inútil, atraso de vida, etc...
Stella fechou a porta do seu apartamento e olhou em volta, ela mesma procurou aquela vida e quando achou, dedicou tanto a ela que se esqueceu do passado. Soltou sua bolsa no chão, e caminhou pela sala do lugar, parou em frente a prateleiras de fotos. Pegou o quadro em que estava seu pai e sua mãe abraçados, com um bebê no colo, aquele bebê era Stella, e o mesmo sorria. Deixou o quadro no lugar e pegou outro, na fotografia agora, estava ela e uma loira de olhos azuis, ambas sorriam, comemorava o aniversário de cinco anos de amizade.
Deixou aquele quadro no lugar novamente e olhou em volta, Stella tinha um passado, um passado a qual ela queria muito esquecer. E para fazer isso, depois do incidente, ela procurou estudar, se dedicar a cada pessoa no mundo, cuidar das crianças, estar presente e ajudar mulheres a conhecer o seu lugar no mundo. Batalhava para ser reconhecida e trabalhava até mesmo quando não devia, tudo para ser útil na vida de alguém.
As palavras de Daniel, a fizeram perceber que nem sempre ela fora assim, a fez perceber que todas as vezes que entrava na vida de uma pessoa para ajudá-la, sempre se intromete onde realmente não era chamada, contudo, quando saia da vida daquela mulher, criança, qualquer pessoa, ela estava feliz, com um sorriso no rosto, e imploravam para que ficasse. Talvez ela fosse uma intrometida legal. Não é?
Mas e o irritante? De onde saiu?
Stella andou até seu quarto e parou em frente ao espelho atrás da porta, se encarou, e sorriu. Seu sorriso sempre foi lindo, conseguia confiança, carisma, carinho e conquistava muitas pessoas com ele, além das crianças e as mães dela. Ela não era irritante, tinha certeza. Quando Stella sorria, todos a sua volta faziam o mesmo, e por alguns segundos, ela imaginou que tivessem rindo da sua cara, será?
Stella parou o sorriso, desviou o olhar, virou-se encarando sua cama e logo deitou sobre ela. Olhou-se no espelho no teto, fitou seu corpo da cabeça aos pés.
Na verdade, ela sempre foi uma intrometida, mas no bom sentido, e agora, ela seria mais, pois faria tudo por Adrian, ele não merecia o pai que tinha, e sem mãe, nada conseguiria. Procuraria uma forma de ajudar sem perturbar Daniel Flint, e faria com muito amor, o mesmo amor que ela tinha pelas crianças.
Daniel abriu seus olhos sentindo uma dor anormal em sua cabeça, sentou na cama e colocou a mão na testa, como era possível doer tanto? Abriu um olho para saber onde se encontrava e fitou seu quarto, olhou de um lado para o outro sem entender. Daniel se lembrava de estar muito bem acordado quando se sentou à mesa de um bar. Certo? Droga! Como ele poderia ter se sentado à mesa para beber, se prometeu a se mesmo, nunca mais beber?Logo seus olhos se fecharam, e ao fazer isso, lembrou-se de como acordou ali, e causa disso foi à vizinha. Ele riu de canto e abriu os olhos, tirou o lençol das pernas e levantou da cama, meio tonto. Saiu do seu quarto e foi em direito ao do filho, abriu a porta devagar e não encontrou seu bebê. Fechou a porta e caminhou para sala, e pôde ver que sua mãe ainda se encontrava ali, dando ao bebê a mamadeira da manhã.Cassia encarou seu filho por alguns segundos e virou as costas, Daniel ficou confuso no momento, se sentou no sofá e esperou que Cássia começasse a f
Stella o olhou depois de um tempo, sabia que não podia exigir mais dele, mas estava completamente raivosa. Apesar de rir e desculpá-lo. As palavras dele foram duras, pois a deixaram nervosa, e a fez lembrar de todo o seu passado sofrido, com seus pais, a sua infância mal sucedida, tudo o que se possa imaginar. Ralou muito para conseguir pôr um sorriso em seu próprio rosto, e era desanimador, ver alguém tirá-lo com tanta facilidade.Ela olhou para os lados e o viu sorrir novamente, claro que antes mesmo de falar qualquer outra coisa, ela obrigou-se a esquecer que o Flint permanecia parado na sua sala somente com uma calça moletom. Claro que não era nenhum mistério para si, pois na noite anterior, o despiu lentamente, mas não viu nada mais do que uma cueca preta ao jogá-lo dentro do Box com sua mãe e sair dali. Respirou buscando as palavras certas naquele ar frio do apartamento.— O seu pedido de desculpas, é só por isso? - Ela perguntou meio sem jeito, ele a fitou sem entender.— Como
Entrou em seu apartamento e rapidamente sua mãe chegou ao seu encalço, cruzou os braços e esperou que o Flint começasse a se explicar. Daniel fez bico e abaixou a cabeça, explicaria que pediu desculpas e que ela aceitou, apenas isso, Cássia não precisava saber de mais nada.— Então? Como foi? — Cassia perguntou ansiosa pela resposta, Daniel levantou a cabeça e riu de canto.— Foi bom, pedi desculpas e ela aceitou — Falou passando pela mãe e seguindo para o quarto do seu filho.— Só isso? — Cássia o seguiu e Daniel estreitou os olhos antes de entrar no quarto de Adrian.— O que mais a senhora queria?— Não sei, um pedido de namoro? — Daniel olhou do seu filho para sua mãe que parou na sua frente, incrédulo. Ele riu e pegou seu pequeno no colo.— A senhora bebeu também? — Ele segurou o menino e beijou o rosto da criança, Adrian ainda de olhos fechados riu e Daniel também riu de canto.— Não, mas é que eu gostei dela, me parece uma menina inteligente, e tem decisões perfeitas, pois escol
— Seu bebê é muito bonito - A mulher comentou enquanto segurava o pequeno Adrian nos braços. Ela lagrimou no momento, doaria seu leite para o pequeno porque o seu próprio havia falecido duas horas depois do nascimento. — Tão lindo... - Ela virou ninando o pequeno.Daniel fitou Stella que ria para a cena.— Essa mulher não é maluca o bastante para fugir com meu filho né? - Stella olhou para o Flint torcendo os lábios. — Se isso acontecer a culpa será toda sua.— Daniel… As mulheres da sua vida fogem sozinhas - Resmungou. O Flint ficou sério e voltou a olhar para a mulher que caminhava para lá e pra cá com seu filho — Ela tem que se apegar à criança. E fique feliz, ela lhe dará o leite necessário para o crescimento do pequeno. O que custa ela conhecer e segurá-lo alguns minutos?— Não sei. — Daniel suspirou e a encarou — É mesmo necessário que ela fique com a gente?— Daniel - Stella tocou na costa do Flint levando-o para o banco mais próximo. — A garota ali, será um tipo de mãe de amam
Duas semanas tinham se passado, e pelo o que parecia tudo tinha voltando quase ao normal. Daniel não estava indo para a faculdade ainda, mas já estava tomando iniciativa de pagar o que devia e continuar. Adrian estava cada dia mais pelo, iria completar dois meses em breve e ria para todos ao seu redor, transmitindo alegria de um bebê saudável. A mulher que se tornou sua mãe de amamentação, havia se apegado a criança, a ponto de ir para o hospital de manhã e só sair quando Daniel estivesse livre para ir para casa depois de um dia longo de trabalho.Liam era um chefe muito bom, sempre explicava as coisas para Daniel do jeito que queria, e o Flint entendia, e fazia, deixando assim, um ruivo muito feliz. Não era lá grande coisa seu trabalho, mas o salário era muito bom. Esquivou-se por muitas vezes de certas enfermeiras que sempre estavam dentro da sala de Liam, e Daniel não entendia o porquê disso. Até ouvir uma fofoca pelo hospital de que, o ruivo era apaixonado por uma das enfermeiras
— Tenho que ir agora – Daniel disse e levantou, assim que deu seu filho para a Sary, seu celular tocou, pegou o mesmo rapidamente e atendeu já sabendo quem era — Sim, Liam.— Você tá liberado. Não vai ter tempo de voltar para fazer a operação, conseguir passar para outro cirurgião, pode ir pra casa. Vou ter um encontro hoje à noite, me deseje sorte. – Desligou em seguida. Daniel estranhou, mas quem era ele para falar alguma coisa para seu chefe? Voltou para dentro do hospital para pegar suas coisas dentro do consultório de Liam, e viu Stella passar ao seu lado, sem nem o ver praticamente. Daniel olhou para trás vendo-a falar no telefone a respeito de um vestido vermelho, e depois gargalhar chamando alguém de louca.Deu de ombros e voltou a caminhar, parou na porta da sala de Liam depois de ouvir o nome do seu chefe. E logo após, uma das enfermeiras falou o de Stella. Ele andou mais um pouco para o lado e parou na porta da sala de descanso das enfermeiras.— Então ela disse que teria
— Nem fodendo você sai daqui. – Bateu o pé e saiu em direção a cozinha, Stella irritou-se ainda mais e correu até ele.— Daniel, eu preciso ir. – O Flint fingiu que nem ouviu. Stella parou na porta da cozinha, vendo-o procurar alguma coisa na geladeira para comer. Daniel não estava com uma expressão boa. Stella cruzou os braços, inconformada com a audácia daquele filho de uma linda mãe, de prendê-la em seu apartamento.Agora sim ela sabia como era se meter na vida de alguém, e estava começando a odiar Daniel por isso. O fitou da cabeça aos pés, quando ia descer novamente para admirar aquele peitoral maravilhoso, aquela barriga que devia ser a coisa mais bela de se ver, parou na cintura já olhando para a bunda grande, mas algo chamou sua atenção. O cordão da chave da porta da frente estava saindo do bolso dele. Riu de canto, jogando o cabelo, fazendo charme.— Daniel... – ela sussurrou seu nome, Daniel a fitou. Aquele tom de voz era mais fino do que os outros, mas delicado, tão... Puta
Chegou em seu apartamento já cansada, dormi no sofá e ela odiaria Daniel por isso. Tomou um banho e vestiu suas roupas de trabalho, ajeitou o cabelo mantendo-o solto e saiu do apartamento rapidamente. Depois de babar tanto por Daniel e seu filho dos braços, ela perdeu a hora e teve que acelerar para chegar cedo. Quando chegou, agradeceu por não ver tal mulher já lhe perguntando por onde andava e correu para sua sala. Adentrou a mesma tão rápido que nem notará certo homem sentando em sua cadeira.— Liam? – Stella fechou os olhos e deixou a bolsa de lado. O que diabos ela diria? — Eu sinto muito.— Sente? – Ele perguntou assim que levantou. Contornou a mesa e parou em sua frente — Pensei que quisesse mesmo sair comigo.— Eu queria, mas aconteceu um imprevisto. – Disse.— E porque não me avisou?Daniel escondeu a minha bolsa. E meu celular estava lá dentro.— Me desculpe, eu estava desesperada – Liam abaixou as sobrancelhas.— O que aconteceu? – Stella congelou a expressão do rosto. O qu