Os olhos dela percorriam todo o terno bonito do namorado que se arrumava com uma esperança graciosa dentro do peito para o grande dia. Brigar pela guarda de uma criança não é difícil, ainda mais quando do outro lado está à mãe da criança, rica, com recursos para dar do bom e do melhor a um bebê tão pequeno quanto Adrian, só que mais importante que o dinheiro que uma criança precisa é do amor, o amor de pai, mãe, o aconchego, o abraço apertado, sua total atenção.Kesia não tinha metade dessas coisas, era por isso que o Flint sorria em frente ao espelho terminando de ajustar sua gravata e virou para a namorada sentada na cama com um riso pequeno carregando em suas mãos uma xícara de café forte. Desde que a data exigida pelo juiz para o tribunal foi avisada, Stella não conseguia se aquietar, queria de todas as formas colocar em sua mente que tudo ia dar certo, mas a cada dia que se aproximava, suas pernas tremiam de medo de perder a criança, enquanto Daniel estava tranquilo, nada o poder
Os olhos atentos, emocionados, e nublados de Daniel Flint voltaram a encarar o rosto sorridente de Stella que estava a um passo de explodir de emoção. Os lábios grossos do Flint não conseguiam formar uma palavra direta para dizer algo, mas dentro de si, o peito sacudia, pois o coração não conseguia mais conter a felicidade e logo mais, não aguentaria nem mesmo olhar para aquela mulher sentada do outro lado da mesa com um sorriso gritante, o cabelo emoldurando o rosto tão meigo com as bochechas coradas. Ela era linda demais, perfeita demais para si também, mas a segunda coisa mais importante de sua vida.— Está querendo brincar com o meu coração? Querendo testar de alguma forma que ele funciona? – Stella gargalhou jogando aquele cabelo longo para trás, mostrando os ombros nus e toda sua beleza acabando de vez com o coração de Daniel. — Eu vou ser pai de novo?— O Adrian já tem dois anos. – Daniel escutou a música infantil começar de novo e ele começar a cantar junto e dançar pela
NOVE MESES ATRÁS:— Filho - Sua voz saiu calma, na esperança de ser escutada e finalmente compreendida por aquele garoto à sua frente — Você não precisa sair hoje. Porque não fica comigo e seu pai? Vamos ver um filme, depois comemoramos num restaurante chique, é mais aceitável que sair para beber com os amigos. — Outra vez ela pediu, olhando atentamente para cada movimento que o filho à frente dava.— Mãe. Qual é o seu problema? - Virou em direção à mulher — Eu tenho vinte e dois anos, preciso curtir um pouco mais a minha vida. Quero sair pelo menos uma noite antes de começar o novo semestre. Quero esquecer que tenho trabalhos a fazer ao menos uma noite.— Devia obedecer a sua mãe – Jackson, seu pai, parou logo atrás de sua esposa. Daniel olhou para os dois e escutou a buzina do carro do seu melhor amigo. Ele poderia até recuar, mas não quando os gritos dos amigos o fizeram sorrir.— Sinto muito! Mas agora não posso mais ficar. Meu amigo chegou. - Pegou o último casaco já colocando —
— Você fez o quê? – Cassia gritou assustada. Seu marido já havia cuspido todo o café na mesa. — Querido...?— Eu não tive culpa – avisou Daniel desesperado, Jackson engasgou-se um pouco, mas recuperou o fôlego.— Daniel, que irresponsabilidade foi essa? – Balbuciou — O que foi que aconteceu? Você é tão novo com uma responsabilidade dessas nas mãos. – Gritou, apesar da surpresa, se sentia feliz. Acalmou-se ao sentir o toque de sua esposa em sua mão.— Estamos do seu lado, meu filho, e eu vou precisar muito que você crie juízo a partir de hoje. Quero conhecer a menina e lógico que você vai assumir, por favor.Daniel não respondeu, apenas respirou profundamente, dali para frente seria tudo diferente. Ou ao menos ele esperava por isso.No dia do nascimento Daniel estava agoniado, andando de um lado para o outro, o desespero tomava conta do seu corpo, seu filho estava nascendo naquele momento, seu coração faltava pular para fora. Seu sogro estava distante, falando com alguém, seus pais est
— Filho, vai ficar tudo bem – Cassia sussurrou mais uma vez ao passar a mão pelo cabelo do filho.Havia chegado trinta minutos depois que Daniel ligou, e o encontrou em uma situação deplorável. O choro do bebê a incomodou pelo simples motivo de saber a razão dos berros. O pai estava nervoso, não sabia se banhava o garoto ou se terminava de fazer a comida. Quando viu sua mãe ali, ele não conseguiu segurar o resto das lágrimas e chorou com seu filho no colo.Cássia o ajudou a ajeitar a criança. Depois do bebê está alimentado e limpo, o colocou para dormir enquanto Daniel tomava um banho. Depois do Adrian, Cassia tomou de conta do filho. Ele estava sentado no chão com a cabeça deitada no colo da mãe. Desde que começou a cuidar de Kesia, nunca achou que ela fugisse da sua obrigação. Os sorrisos e abraços que compartilhavam a cada mês que passava, eram falsos, mas Daniel não sabia naquela época.Hoje podia entender o motivo dela nunca ter sorrido sem a maldita ironia nos lábios. Kesia era
A vida de pai solteiro não é fácil, nunca foi e Daniel podia explicar isso em alguns dias, mas não hoje, e nem no momento.Adrian chorava quando Daniel saltou do colchão, suas costas doíam e ao olhar o relógio de frente para sua estadia no chão, ele pulou para fora dos lençois. Nas nove horas da manhã, aquele relógio só podia estar louco. Daniel não podia estar atrasado.Pegou seu filho no colo e rodeou aquele quarto, duas vezes, a fim de uma solução para tudo que ocorria, sentiu falta de Kesia só ela podia dar-lhe algo para fazer o menino calar a boca. Correu para a cozinha para preparar o tal mingau, mas tudo parecia pior quando tentava fazer duas coisas ao mesmo tempo. Nada estava do lado do pai atrasado. O garoto berrava cada vez mais e Daniel ficava nervoso e tudo que ele queria era chorar também.Quando a campainha tocou outra vez, ele agradeceu quase chorando por ser Stella ou sua mãe, ele não ia se importar, ele só precisava de ajuda. Ao abrir a porta, uma lágrima quis cair, m
— Daniel... Querido, o que é isso? – Daniel desfez o abraço, e olhou para a porta, Cássia sorriu de canto alternando os olhares, — Bom dia...— Mãe – Daniel sorriu sem graça e soltando Stella lentamente, a mulher de cabelos escuros, assim como os de Daniel, riu para Stella que retribuiu o gesto com alegria.— Bom dia, senhora – Stella andou até Cassia com um sorriso gentil e segurou-lhe as mãos — Sou Stella Arden, a vizinha de Daniel. Ontem e hoje pela manhã, notei o quanto o bebê chorava e o ajudei com algumas coisas.— Ah – A mulher riu para a moça e tocou em rosto fino e elegante — Que bonita você é. E muito obrigada por ajudá-lo, ele está mesmo precisando. Uma mulherzinha sem cultura de...— Mãe – Daniel interrompeu a explicação e chamou atenção das mulheres. Cássia se calou, ela já devia ter aprendido junto com o que Daniel havia dito no dia anterior: Kesia podia ser a pior mãe do mundo, uma mulher sem valor algum, mas ele não queria ninguém falando mal dela - além dele, é claro
Depois daquela noite, Daniel nunca mais viu Stella, Adrian sempre chorava por alguns minutinhos a mais pela noite e ele pedia ajuda a sua mãe que vinha correndo, embora as casas fossem longe. Mesmo que ele não quisesse admitir, sentiu falta de ser contagiado pelo sorriso que Stella dava ao olhá-lo.Naquela manhã, ele acordou mais cedo, como se obrigou a se acostumar, preparou o banho de Adrian, que depois de uma lista de intrusões de Stella, ele soube que teria que mornar a água todas as vezes que fosse dar banho no bebê. Fez o mingau especial, porque até então, Stella ainda não havia trazido o leito que o neném necessitava.Quando escutou o primeiro miado do seu filho, ele foi andando até o quarto, o pegou sorrindo, pois o menino ao ser tocado sorriu abrindo os olhinhos. Daniel ficou por um momento apenas fitando o garoto, ele tinha olhos azuis iguais aos da sua mãe. Os cabelos negros e a pele eram iguais aos dele, o que pelo menos isso, o garoto tinha de familiar.Como sempre, sua m