A vida de pai solteiro não é fácil, nunca foi e Daniel podia explicar isso em alguns dias, mas não hoje, e nem no momento.
Adrian chorava quando Daniel saltou do colchão, suas costas doíam e ao olhar o relógio de frente para sua estadia no chão, ele pulou para fora dos lençois. Nas nove horas da manhã, aquele relógio só podia estar louco. Daniel não podia estar atrasado.
Pegou seu filho no colo e rodeou aquele quarto, duas vezes, a fim de uma solução para tudo que ocorria, sentiu falta de Kesia só ela podia dar-lhe algo para fazer o menino calar a boca. Correu para a cozinha para preparar o tal mingau, mas tudo parecia pior quando tentava fazer duas coisas ao mesmo tempo. Nada estava do lado do pai atrasado. O garoto berrava cada vez mais e Daniel ficava nervoso e tudo que ele queria era chorar também.
Quando a campainha tocou outra vez, ele agradeceu quase chorando por ser Stella ou sua mãe, ele não ia se importar, ele só precisava de ajuda. Ao abrir a porta, uma lágrima quis cair, mas ele guardou não mostraria sentimentos na frente de uma mulher que ele mal conhecia. Ela riu gentilmente e olhou para Adrian em seu colo.
— Achei que precisasse de ajuda – Ela comentou desviando o olhar do bebê para Daniel, ele suspirou — Me dê ele – Daniel entregou Adrian e deu passagem para ela entrar. — Ele está com fome... E... Sujo – Stella riu e Daniel respirou ofegante, ele mal sabia o que fazer.
Caminhou para a cozinha de volta e terminou de fazer o mingau para seu filho, Stella ficou ao seu lado até o moreno terminar. Daniel levou o garoto já calado para tomar banho, quando começou despi-lo, Stella notou algumas pintinhas no corpo do menino, logo segurou o braço de Daniel antes de colocá-lo dentro da banheira.
— O que foi? – Daniel perguntou confuso, ofegante e nervoso.
— Pode ferver um pouco de água para banhá-lo? Essa é gelada demais para a pele dele nesse horário – Daniel suspirou agradecido, ele não sabia.
A mulher pegou o menino enquanto Daniel fervia a água. Olhou o garoto da cabeça aos pés, as pintinhas eram vermelhas em todo o corpo dele, quando Daniel voltou e ela virou para ele.
— O que são essas pintinhas? – Ela perguntou. Daniel olhou para seu filho e estreitou os olhos, nem ele tinha percebido. — Daniel, ele tem alergia a massa que você faz. Você precisa achar leite materno.
Daniel ficou olhando para Stella por um momento, e depois para seu filho, deixou a vasilha que trazia com água quente e colocou a mão na cintura. Há um ano, Daniel jamais se mostraria fraco na frente de uma mulher, mas naquele momento, ele não fez esforço para esconder sua tristeza e as lágrimas em seus olhos.
Naquela manhã fazia três dias que Kesia havia partido, e seu coração doía todas as vezes que ele lembrava. Daniel era um pai presente e animado, mas para cuidar do seu filho daquele jeito ele não tinha tempo. Daniel aceitou trabalhar durante a tarde e fazer sua faculdade pela manhã, queria dar tudo a Kesia e ao seu filho. Mas a vida não foi justa consigo. Mesmo que não amasse aquela mulher, doía no coração sua partida ligeira. E ele sofria por seu filho, sofria por si mesmo. Agora estava sozinho e não sabia de tantas coisas. Ele precisa de ajuda e não sabia a quem recorrer.
Stella viu o outro se ajoelhar no chão e simplesmente começar a chorar. Ela não entendeu no começo, olhou para os lados tentando achar uma solução, mas foi em vão. Homens quando são colocados para fazer esse tipo de papel, geralmente eles tem duas reações, a primeira é manter a cabeça firme, e a outra é chorar. Gentilmente ela deu as costas e banhou o pequeno.
Na cozinha, fez um chá morno e deu ao garoto, andou até o quarto da noite anterior e achou fraldas, trocou o bebê e ninou ele alguns minutos antes de voltar a deitá-lo no berço. Adrian dormiu outra vez e ela saiu dali. Voltou para o terraço do apartamento e viu Daniel encostado na grade de segurança, se aproximou cautelosamente e riu quando ele virou para si.
— Obrigado de novo – ele murmurou enxugando as lágrimas. Stella parou a sua frente.
— Sou Stella Arden. Ainda não havia me apresentado completamente. – Ele sorriu, e a olhou rapidamente.
— Daniel Flint — Ele respondeu e riu sem graça. — Muito obrigado.
— Não precisa agradecer – Daniel voltou a olhar a paisagem e Stella encostou-se na grade também — Quer conversar? Você parece tão... Deprimido.
— Eu estou – Começou sem ter controle do que sentia em seu coração. Ele tinha que colocar tudo para fora antes que explodisse — Quando sua mãe disser para ficar em casa, você fique, ok? Mesmo que seja maior de idade – Avisou, Stella inclinou sua cabeça para um lado — Caso contrário, dormirá com uma vadia qualquer e quando você achar que tudo pode dar certo, ela vai embora e te deixar sozinho com um filho pequeno, o qual você mal consegue fazer a comida direito – Stella o fitou.
— Sinto muito.
— Não me olhe com pena – Eles se encararam.
— Não estou com pena.
— Você não sabe o quanto está sendo difícil, só faz três dias, mas doi, doi muito. Eu não consigo nem calar a boca do meu próprio filho, o que eu vou fazer sozinho? – Stella entreabriu os lábios — Me pergunto o que eu fiz de errado? Eu comprei tudo que ela pediu, tudo que meu filho precisava, tudo, e ainda assim, ela simplesmente virou as costas e foi embora. Sinto vontade de desistir, eu tenho faculdade, eu arranjei um emprego... E...
— É difícil, eu sei, fui criada somente com minha mãe, e sempre a via chorando. Mas fiz de tudo para ajudá-la e... Bom, hoje ela não está mais comigo, mas a agradeço. Pode parecer difícil no começo, mas não desista, tudo bem? – Daniel riu sem graça de novo — Você só precisa se acostumar com a ideia, ok? Na clínica onde trabalho, há muitos pais solteiros que cuidam de seus filhos, e não desistiram, e pela pouca idade que tem as crianças, elas sempre dizem que o pai delas, são os seus maiores herois, contam isso com um sorriso maravilhoso nos lábios.
Stella contou sorrindo, e consequentemente fez Daniel sorrir igualmente.
— Seja o heroi do seu filho, e não desista assim tão fácil. Como você disse, faz poucos dias, se acostume com tudo – Afirmou à médica — Pode contar com minha ajuda.
— Não posso te chamar todas as vezes que eu não conseguir fazê-lo calar a boca.
— Se não me chamar cedo, eu venho tarde demais – Ela riu e Daniel a acompanhou novamente.
A mulher era gentil, bonita, e tinha um sorriso contagiante.
— Vou procurar por leite materno, como pediatra eu entendo muito de criança, e sei que você quer o melhor para seu filho, certo? – Daniel confirmou — O leite materno é a mágica para o pequeno crescer saudável.
— Obrigado – Ele disse de novo, e Stella sorriu abrindo os braços para ele.
Daniel hesitou por alguns minutos. Seu coração acelerou, mas ele precisava daquele abraço, deixou a grade de lado e A abraçou. Não evitou as lágrimas mais uma vez, mas prometeu a si mesmo que não choraria mais. Os braços de Stella eram aconchegantes, ele pôde sentir o carinho que ela oferecia, e toda a força que precisava.
— Daniel... Querido, o que é isso?
— Daniel... Querido, o que é isso? – Daniel desfez o abraço, e olhou para a porta, Cássia sorriu de canto alternando os olhares, — Bom dia...— Mãe – Daniel sorriu sem graça e soltando Stella lentamente, a mulher de cabelos escuros, assim como os de Daniel, riu para Stella que retribuiu o gesto com alegria.— Bom dia, senhora – Stella andou até Cassia com um sorriso gentil e segurou-lhe as mãos — Sou Stella Arden, a vizinha de Daniel. Ontem e hoje pela manhã, notei o quanto o bebê chorava e o ajudei com algumas coisas.— Ah – A mulher riu para a moça e tocou em rosto fino e elegante — Que bonita você é. E muito obrigada por ajudá-lo, ele está mesmo precisando. Uma mulherzinha sem cultura de...— Mãe – Daniel interrompeu a explicação e chamou atenção das mulheres. Cássia se calou, ela já devia ter aprendido junto com o que Daniel havia dito no dia anterior: Kesia podia ser a pior mãe do mundo, uma mulher sem valor algum, mas ele não queria ninguém falando mal dela - além dele, é claro
Depois daquela noite, Daniel nunca mais viu Stella, Adrian sempre chorava por alguns minutinhos a mais pela noite e ele pedia ajuda a sua mãe que vinha correndo, embora as casas fossem longe. Mesmo que ele não quisesse admitir, sentiu falta de ser contagiado pelo sorriso que Stella dava ao olhá-lo.Naquela manhã, ele acordou mais cedo, como se obrigou a se acostumar, preparou o banho de Adrian, que depois de uma lista de intrusões de Stella, ele soube que teria que mornar a água todas as vezes que fosse dar banho no bebê. Fez o mingau especial, porque até então, Stella ainda não havia trazido o leito que o neném necessitava.Quando escutou o primeiro miado do seu filho, ele foi andando até o quarto, o pegou sorrindo, pois o menino ao ser tocado sorriu abrindo os olhinhos. Daniel ficou por um momento apenas fitando o garoto, ele tinha olhos azuis iguais aos da sua mãe. Os cabelos negros e a pele eram iguais aos dele, o que pelo menos isso, o garoto tinha de familiar.Como sempre, sua m
Stella saiu do apartamento, sentindo seu peito apertar, uma preocupação tomava conta do seu coração ela se desesperava. Saiu do prédio e correu para o bar, ela conhecia, não por viver lá, e sim porque comprar algumas coisas ao lado. Quanto mais perto chegava do lugar, notava-se uma grande barulheira.Os homens que bebiam, falavam alto e falavam sobre os fatos de sua vida miserável. Stella segurou sua bolsa ao passar por um grupo antes de chegar ao bar, mas não pode segurar a mão de um ao encostar em sua bunda. Ela soltou um grito e correu olhando para trás, só parou em frente ao bar e ao olhar duas vezes para a mesa principal sentiu-se decepcionada ao ver Daniel sentando nela.Ele parecia feliz e gritava alguma coisa, os homens prestavam atenção e logo riram. Ela não conseguia escutar direito porque seu mundinho pequeno não a permitia. Ela passou as mãos no cabelo, e mordeu os lábios. Como ela arrastaria Daniel dali? Pensou em ligar para Cássia e explicar a situação, mas não tinha o n
— Daniel - Cassia gritou ao ver seu filho e Stella adentrarem o apartamento. Stella fechou a porta com o pé e outra vez Daniel caiu do chão — O que aconteceu, filho?— Ele bebeu, e bastante - Stella respirou profundamente, não se lembrava de quando ficou tão cansada assim em sua vida.— E essas marcas de sangue? Vocês estão sujos.— É que, como se não bastasse a bebida, ele mexeu um homem, que mais parecia o Hulk. - Respirou — E ele é pesado, nós caímos algumas vezes.— Ah, meu filho - Cássia lamentou — por favor, me ajude a levá-lo para o quarto dele, eu arrumei esse apartamento agora pouco, estava tão preocupada.Stella ajudou-a a levar Daniel e quando finalmente chegou ao quarto, pode colocá-lo em cima da cama, Stella reparou que agora ele dormia, ou fingia, ela nem sabia. Viu as marcas da agressão e sabia que não podia deixá-lo daquele jeito.— Dona Cássia, pode me trazer uma bacia de água morna e um pano?— Sim, claro.A mulher correu para fora do quarto e Stella sentou-se na bei
Daniel abriu seus olhos sentindo uma dor anormal em sua cabeça, sentou na cama e colocou a mão na testa, como era possível doer tanto? Abriu um olho para saber onde se encontrava e fitou seu quarto, olhou de um lado para o outro sem entender. Daniel se lembrava de estar muito bem acordado quando se sentou à mesa de um bar. Certo? Droga! Como ele poderia ter se sentado à mesa para beber, se prometeu a se mesmo, nunca mais beber?Logo seus olhos se fecharam, e ao fazer isso, lembrou-se de como acordou ali, e causa disso foi à vizinha. Ele riu de canto e abriu os olhos, tirou o lençol das pernas e levantou da cama, meio tonto. Saiu do seu quarto e foi em direito ao do filho, abriu a porta devagar e não encontrou seu bebê. Fechou a porta e caminhou para sala, e pôde ver que sua mãe ainda se encontrava ali, dando ao bebê a mamadeira da manhã.Cassia encarou seu filho por alguns segundos e virou as costas, Daniel ficou confuso no momento, se sentou no sofá e esperou que Cássia começasse a f
Stella o olhou depois de um tempo, sabia que não podia exigir mais dele, mas estava completamente raivosa. Apesar de rir e desculpá-lo. As palavras dele foram duras, pois a deixaram nervosa, e a fez lembrar de todo o seu passado sofrido, com seus pais, a sua infância mal sucedida, tudo o que se possa imaginar. Ralou muito para conseguir pôr um sorriso em seu próprio rosto, e era desanimador, ver alguém tirá-lo com tanta facilidade.Ela olhou para os lados e o viu sorrir novamente, claro que antes mesmo de falar qualquer outra coisa, ela obrigou-se a esquecer que o Flint permanecia parado na sua sala somente com uma calça moletom. Claro que não era nenhum mistério para si, pois na noite anterior, o despiu lentamente, mas não viu nada mais do que uma cueca preta ao jogá-lo dentro do Box com sua mãe e sair dali. Respirou buscando as palavras certas naquele ar frio do apartamento.— O seu pedido de desculpas, é só por isso? - Ela perguntou meio sem jeito, ele a fitou sem entender.— Como
Entrou em seu apartamento e rapidamente sua mãe chegou ao seu encalço, cruzou os braços e esperou que o Flint começasse a se explicar. Daniel fez bico e abaixou a cabeça, explicaria que pediu desculpas e que ela aceitou, apenas isso, Cássia não precisava saber de mais nada.— Então? Como foi? — Cassia perguntou ansiosa pela resposta, Daniel levantou a cabeça e riu de canto.— Foi bom, pedi desculpas e ela aceitou — Falou passando pela mãe e seguindo para o quarto do seu filho.— Só isso? — Cássia o seguiu e Daniel estreitou os olhos antes de entrar no quarto de Adrian.— O que mais a senhora queria?— Não sei, um pedido de namoro? — Daniel olhou do seu filho para sua mãe que parou na sua frente, incrédulo. Ele riu e pegou seu pequeno no colo.— A senhora bebeu também? — Ele segurou o menino e beijou o rosto da criança, Adrian ainda de olhos fechados riu e Daniel também riu de canto.— Não, mas é que eu gostei dela, me parece uma menina inteligente, e tem decisões perfeitas, pois escol
— Seu bebê é muito bonito - A mulher comentou enquanto segurava o pequeno Adrian nos braços. Ela lagrimou no momento, doaria seu leite para o pequeno porque o seu próprio havia falecido duas horas depois do nascimento. — Tão lindo... - Ela virou ninando o pequeno.Daniel fitou Stella que ria para a cena.— Essa mulher não é maluca o bastante para fugir com meu filho né? - Stella olhou para o Flint torcendo os lábios. — Se isso acontecer a culpa será toda sua.— Daniel… As mulheres da sua vida fogem sozinhas - Resmungou. O Flint ficou sério e voltou a olhar para a mulher que caminhava para lá e pra cá com seu filho — Ela tem que se apegar à criança. E fique feliz, ela lhe dará o leite necessário para o crescimento do pequeno. O que custa ela conhecer e segurá-lo alguns minutos?— Não sei. — Daniel suspirou e a encarou — É mesmo necessário que ela fique com a gente?— Daniel - Stella tocou na costa do Flint levando-o para o banco mais próximo. — A garota ali, será um tipo de mãe de amam