CAPÍTULO 6

Depois daquela noite, Daniel nunca mais viu Stella, Adrian sempre chorava por alguns minutinhos a mais pela noite e ele pedia ajuda a sua mãe que vinha correndo, embora as casas fossem longe. Mesmo que ele não quisesse admitir, sentiu falta de ser contagiado pelo sorriso que Stella dava ao olhá-lo.

Naquela manhã, ele acordou mais cedo, como se obrigou a se acostumar, preparou o banho de Adrian, que depois de uma lista de intrusões de Stella, ele soube que teria que mornar a água todas as vezes que fosse dar banho no bebê. Fez o mingau especial, porque até então, Stella ainda não havia trazido o leito que o neném necessitava.

Quando escutou o primeiro miado do seu filho, ele foi andando até o quarto, o pegou sorrindo, pois o menino ao ser tocado sorriu abrindo os olhinhos. Daniel ficou por um momento apenas fitando o garoto, ele tinha olhos azuis iguais aos da sua mãe. Os cabelos negros e a pele eram iguais aos dele, o que pelo menos isso, o garoto tinha de familiar.

Como sempre, sua mãe chegou no horário para ele ir para a faculdade. Os antigos amigos pareciam nunca ter existido, Matthew era único naquela faculdade. Daniel desde que Kesia se foi, contaram com a ajuda de Matthew para desabafar e como todas às vezes, o loiro ouvia tranquilamente. Mas naquele dia, algo de diferente estava para acontecer.

Daniel fazia faculdade de engenharia, e odiava ter que trabalhar com números quando sua cabeça estava cheia, e era assim que se encontrava no momento. A nota da sua prova reduziu tanto ao ser comparado a outras. Ele suspirou passando as mãos pelos cabelos, tudo que era bom em sua vida, estava se desmanchando em lágrimas, as lágrimas dele.

— Não precisa ficar assim, Daniel - Matthew aconselhou ao saírem da sala de aula — Eu sei que é duro, mas sei também que você vai passar esse semestre novamente, você é forte.

— Tá difícil, Matthew - Daniel encostou-se na parede, e pôde respirar melhor — Como eu vou contar pra minha mãe que as minhas notas estão diminuindo?

— Você é maior de idade Daniel, por que o medo? - Matthew brincou sorrindo, mas Daniel ficou ainda mais sério.

— Meu pai paga a minha faculdade, o trabalho que eu arranjei mal para eu ficar bem com o meu filho, tem o aluguel do meu apartamento, - Ele respirou de novo fitando o amigo a sua frente — Que droga, o que diabos está havendo em minha vida?

— Não, eu não sei, amigo. Mas pode contar comigo se precisar — Matthew bateu em seu ombro e foi embora.

Daniel se levantou e andou para fora da faculdade, a última coisa que ele queria era que alguém ficasse sabendo da sua dificuldade, não que se achasse popular demais, e sim, porque se sentia envergonhado com tudo o que acontecia.

Ele sempre pareceu firme no futuro que almejava, cuidava das suas notas que eram sempre as melhores. E depois de receber duas notas baixas na frente de todo mundo, sentiu que todo aquele esforço estava sendo jogado fora.

Chegou ao seu emprego e aquelas pessoas sempre o deixavam enjoadas. O lugar estava cheio, sempre cheio, Daniel trabalhava em um bar que ficava aberto até na manhã seguinte e abria depois do almoço. Ver aquelas pessoas beber desde manhã até a noite o deixava enjoado, mas logo se lembrava que há um tempo atrás ele fazia a mesma coisa quando chegava a sexta-feira.

Nunca ouviu sua mãe quando ela pedia para ficar em casa, se ouvisse, não estaria com um bebê para cuidar e solteiro. Logo a noite caiu e Daniel ainda não estava totalmente bem, seu chefe estava sentado quando ele pediu para ir embora.

— Mas já Daniel? Não quer ficar e beber com a gente? - O chefe convidou, Daniel riu e respirou amargamente, aquele cheiro de álcool o deixou extasiado, não seria como antigamente, mas não custava nada ele sentar e beber um ou dois copos.

*

Stella, depois de muito insistir e procurar pelo melhor, finalmente havia conseguido o leite que o bebê precisava. Claro que teve que dobrar as horas no hospital e ficar de guarda para quando ele aparecesse. Procurou, pesquisou e agora estava em suas mãos. A mesma mulher doaria de dois em dois dias, afinal, ela perdeu seu pequeno filho, o que a deixou inconformada, mas logo que Stella explicou a situação, ela se acalmou e deixou de chorar. Então Stella voltou a conversar com ela no outro dia e a convenceu a doar todo o leito que tinha, assim, ajudaria outras crianças que não puderam ter sua mãe ao lado.

Não podia conter o sorriso no rosto, de tanta alegria que carregava no coração, Stella era uma médica e seu dever era cuidar das crianças, e amá-las, e assim como no hospital, Adrian, havia se tornado mais que uma simples criança para si. Ao dar quase onze da noite, Stella saiu saltitante. Correria para casa e falaria primeiro com Daniel para contar à novidade que recebera.

Assim que chegou ao prédio, correu para a porta do Flint, tocou a campainha duas vezes, e depois de uma correria, abriram a porta. Stella ficou sorrindo e olhando para a face da senhora Flint que parecia desesperada. Stella foi perdendo o sorriso assim que a mulher voltou para dentro.

— Dona Cássia? - Stella entrou deixando sua bolsa ao lado da porta e seguiu a mulher até a sala — O que houve?

— É quase meia noite, e Daniel ainda não chegou. - Explicou, Stella olhou para os lados — Ele nunca se atrasa, eu tenho certeza.

— Mas... - Stella tentou se acalmar, para deixar Cassia calma, mas uma súbita preocupação tomou de conta do seu ser — Mas onde ele pode ter ido?

— Eu não sei, ele não atende o celular, e não faço ideia por onde ele anda. Matthew não estava com ele, e falou que ele saiu no mesmo horário para o trabalho.

— Então ele deve estar lá - Stella falou firmemente — Onde ele trabalha?

— No bar, a duas ruas daqui - Avisou — Você pode ir lá para mim? Não posso deixar Adrian sozinho.

— Tudo bem. - Ela virou para sair, pegou sua bolsa e deixou um embrulho no chão, entregaria o leite a Daniel, pois prometera para ele que trairia.

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