Depois daquela noite, Daniel nunca mais viu Stella, Adrian sempre chorava por alguns minutinhos a mais pela noite e ele pedia ajuda a sua mãe que vinha correndo, embora as casas fossem longe. Mesmo que ele não quisesse admitir, sentiu falta de ser contagiado pelo sorriso que Stella dava ao olhá-lo.
Naquela manhã, ele acordou mais cedo, como se obrigou a se acostumar, preparou o banho de Adrian, que depois de uma lista de intrusões de Stella, ele soube que teria que mornar a água todas as vezes que fosse dar banho no bebê. Fez o mingau especial, porque até então, Stella ainda não havia trazido o leito que o neném necessitava.
Quando escutou o primeiro miado do seu filho, ele foi andando até o quarto, o pegou sorrindo, pois o menino ao ser tocado sorriu abrindo os olhinhos. Daniel ficou por um momento apenas fitando o garoto, ele tinha olhos azuis iguais aos da sua mãe. Os cabelos negros e a pele eram iguais aos dele, o que pelo menos isso, o garoto tinha de familiar.
Como sempre, sua mãe chegou no horário para ele ir para a faculdade. Os antigos amigos pareciam nunca ter existido, Matthew era único naquela faculdade. Daniel desde que Kesia se foi, contaram com a ajuda de Matthew para desabafar e como todas às vezes, o loiro ouvia tranquilamente. Mas naquele dia, algo de diferente estava para acontecer.
Daniel fazia faculdade de engenharia, e odiava ter que trabalhar com números quando sua cabeça estava cheia, e era assim que se encontrava no momento. A nota da sua prova reduziu tanto ao ser comparado a outras. Ele suspirou passando as mãos pelos cabelos, tudo que era bom em sua vida, estava se desmanchando em lágrimas, as lágrimas dele.
— Não precisa ficar assim, Daniel - Matthew aconselhou ao saírem da sala de aula — Eu sei que é duro, mas sei também que você vai passar esse semestre novamente, você é forte.
— Tá difícil, Matthew - Daniel encostou-se na parede, e pôde respirar melhor — Como eu vou contar pra minha mãe que as minhas notas estão diminuindo?
— Você é maior de idade Daniel, por que o medo? - Matthew brincou sorrindo, mas Daniel ficou ainda mais sério.
— Meu pai paga a minha faculdade, o trabalho que eu arranjei mal para eu ficar bem com o meu filho, tem o aluguel do meu apartamento, - Ele respirou de novo fitando o amigo a sua frente — Que droga, o que diabos está havendo em minha vida?
— Não, eu não sei, amigo. Mas pode contar comigo se precisar — Matthew bateu em seu ombro e foi embora.
Daniel se levantou e andou para fora da faculdade, a última coisa que ele queria era que alguém ficasse sabendo da sua dificuldade, não que se achasse popular demais, e sim, porque se sentia envergonhado com tudo o que acontecia.
Ele sempre pareceu firme no futuro que almejava, cuidava das suas notas que eram sempre as melhores. E depois de receber duas notas baixas na frente de todo mundo, sentiu que todo aquele esforço estava sendo jogado fora.
Chegou ao seu emprego e aquelas pessoas sempre o deixavam enjoadas. O lugar estava cheio, sempre cheio, Daniel trabalhava em um bar que ficava aberto até na manhã seguinte e abria depois do almoço. Ver aquelas pessoas beber desde manhã até a noite o deixava enjoado, mas logo se lembrava que há um tempo atrás ele fazia a mesma coisa quando chegava a sexta-feira.
Nunca ouviu sua mãe quando ela pedia para ficar em casa, se ouvisse, não estaria com um bebê para cuidar e solteiro. Logo a noite caiu e Daniel ainda não estava totalmente bem, seu chefe estava sentado quando ele pediu para ir embora.
— Mas já Daniel? Não quer ficar e beber com a gente? - O chefe convidou, Daniel riu e respirou amargamente, aquele cheiro de álcool o deixou extasiado, não seria como antigamente, mas não custava nada ele sentar e beber um ou dois copos.
*
Stella, depois de muito insistir e procurar pelo melhor, finalmente havia conseguido o leite que o bebê precisava. Claro que teve que dobrar as horas no hospital e ficar de guarda para quando ele aparecesse. Procurou, pesquisou e agora estava em suas mãos. A mesma mulher doaria de dois em dois dias, afinal, ela perdeu seu pequeno filho, o que a deixou inconformada, mas logo que Stella explicou a situação, ela se acalmou e deixou de chorar. Então Stella voltou a conversar com ela no outro dia e a convenceu a doar todo o leito que tinha, assim, ajudaria outras crianças que não puderam ter sua mãe ao lado.
Não podia conter o sorriso no rosto, de tanta alegria que carregava no coração, Stella era uma médica e seu dever era cuidar das crianças, e amá-las, e assim como no hospital, Adrian, havia se tornado mais que uma simples criança para si. Ao dar quase onze da noite, Stella saiu saltitante. Correria para casa e falaria primeiro com Daniel para contar à novidade que recebera.
Assim que chegou ao prédio, correu para a porta do Flint, tocou a campainha duas vezes, e depois de uma correria, abriram a porta. Stella ficou sorrindo e olhando para a face da senhora Flint que parecia desesperada. Stella foi perdendo o sorriso assim que a mulher voltou para dentro.
— Dona Cássia? - Stella entrou deixando sua bolsa ao lado da porta e seguiu a mulher até a sala — O que houve?
— É quase meia noite, e Daniel ainda não chegou. - Explicou, Stella olhou para os lados — Ele nunca se atrasa, eu tenho certeza.
— Mas... - Stella tentou se acalmar, para deixar Cassia calma, mas uma súbita preocupação tomou de conta do seu ser — Mas onde ele pode ter ido?
— Eu não sei, ele não atende o celular, e não faço ideia por onde ele anda. Matthew não estava com ele, e falou que ele saiu no mesmo horário para o trabalho.
— Então ele deve estar lá - Stella falou firmemente — Onde ele trabalha?
— No bar, a duas ruas daqui - Avisou — Você pode ir lá para mim? Não posso deixar Adrian sozinho.
— Tudo bem. - Ela virou para sair, pegou sua bolsa e deixou um embrulho no chão, entregaria o leite a Daniel, pois prometera para ele que trairia.
Stella saiu do apartamento, sentindo seu peito apertar, uma preocupação tomava conta do seu coração ela se desesperava. Saiu do prédio e correu para o bar, ela conhecia, não por viver lá, e sim porque comprar algumas coisas ao lado. Quanto mais perto chegava do lugar, notava-se uma grande barulheira.Os homens que bebiam, falavam alto e falavam sobre os fatos de sua vida miserável. Stella segurou sua bolsa ao passar por um grupo antes de chegar ao bar, mas não pode segurar a mão de um ao encostar em sua bunda. Ela soltou um grito e correu olhando para trás, só parou em frente ao bar e ao olhar duas vezes para a mesa principal sentiu-se decepcionada ao ver Daniel sentando nela.Ele parecia feliz e gritava alguma coisa, os homens prestavam atenção e logo riram. Ela não conseguia escutar direito porque seu mundinho pequeno não a permitia. Ela passou as mãos no cabelo, e mordeu os lábios. Como ela arrastaria Daniel dali? Pensou em ligar para Cássia e explicar a situação, mas não tinha o n
— Daniel - Cassia gritou ao ver seu filho e Stella adentrarem o apartamento. Stella fechou a porta com o pé e outra vez Daniel caiu do chão — O que aconteceu, filho?— Ele bebeu, e bastante - Stella respirou profundamente, não se lembrava de quando ficou tão cansada assim em sua vida.— E essas marcas de sangue? Vocês estão sujos.— É que, como se não bastasse a bebida, ele mexeu um homem, que mais parecia o Hulk. - Respirou — E ele é pesado, nós caímos algumas vezes.— Ah, meu filho - Cássia lamentou — por favor, me ajude a levá-lo para o quarto dele, eu arrumei esse apartamento agora pouco, estava tão preocupada.Stella ajudou-a a levar Daniel e quando finalmente chegou ao quarto, pode colocá-lo em cima da cama, Stella reparou que agora ele dormia, ou fingia, ela nem sabia. Viu as marcas da agressão e sabia que não podia deixá-lo daquele jeito.— Dona Cássia, pode me trazer uma bacia de água morna e um pano?— Sim, claro.A mulher correu para fora do quarto e Stella sentou-se na bei
Daniel abriu seus olhos sentindo uma dor anormal em sua cabeça, sentou na cama e colocou a mão na testa, como era possível doer tanto? Abriu um olho para saber onde se encontrava e fitou seu quarto, olhou de um lado para o outro sem entender. Daniel se lembrava de estar muito bem acordado quando se sentou à mesa de um bar. Certo? Droga! Como ele poderia ter se sentado à mesa para beber, se prometeu a se mesmo, nunca mais beber?Logo seus olhos se fecharam, e ao fazer isso, lembrou-se de como acordou ali, e causa disso foi à vizinha. Ele riu de canto e abriu os olhos, tirou o lençol das pernas e levantou da cama, meio tonto. Saiu do seu quarto e foi em direito ao do filho, abriu a porta devagar e não encontrou seu bebê. Fechou a porta e caminhou para sala, e pôde ver que sua mãe ainda se encontrava ali, dando ao bebê a mamadeira da manhã.Cassia encarou seu filho por alguns segundos e virou as costas, Daniel ficou confuso no momento, se sentou no sofá e esperou que Cássia começasse a f
Stella o olhou depois de um tempo, sabia que não podia exigir mais dele, mas estava completamente raivosa. Apesar de rir e desculpá-lo. As palavras dele foram duras, pois a deixaram nervosa, e a fez lembrar de todo o seu passado sofrido, com seus pais, a sua infância mal sucedida, tudo o que se possa imaginar. Ralou muito para conseguir pôr um sorriso em seu próprio rosto, e era desanimador, ver alguém tirá-lo com tanta facilidade.Ela olhou para os lados e o viu sorrir novamente, claro que antes mesmo de falar qualquer outra coisa, ela obrigou-se a esquecer que o Flint permanecia parado na sua sala somente com uma calça moletom. Claro que não era nenhum mistério para si, pois na noite anterior, o despiu lentamente, mas não viu nada mais do que uma cueca preta ao jogá-lo dentro do Box com sua mãe e sair dali. Respirou buscando as palavras certas naquele ar frio do apartamento.— O seu pedido de desculpas, é só por isso? - Ela perguntou meio sem jeito, ele a fitou sem entender.— Como
Entrou em seu apartamento e rapidamente sua mãe chegou ao seu encalço, cruzou os braços e esperou que o Flint começasse a se explicar. Daniel fez bico e abaixou a cabeça, explicaria que pediu desculpas e que ela aceitou, apenas isso, Cássia não precisava saber de mais nada.— Então? Como foi? — Cassia perguntou ansiosa pela resposta, Daniel levantou a cabeça e riu de canto.— Foi bom, pedi desculpas e ela aceitou — Falou passando pela mãe e seguindo para o quarto do seu filho.— Só isso? — Cássia o seguiu e Daniel estreitou os olhos antes de entrar no quarto de Adrian.— O que mais a senhora queria?— Não sei, um pedido de namoro? — Daniel olhou do seu filho para sua mãe que parou na sua frente, incrédulo. Ele riu e pegou seu pequeno no colo.— A senhora bebeu também? — Ele segurou o menino e beijou o rosto da criança, Adrian ainda de olhos fechados riu e Daniel também riu de canto.— Não, mas é que eu gostei dela, me parece uma menina inteligente, e tem decisões perfeitas, pois escol
— Seu bebê é muito bonito - A mulher comentou enquanto segurava o pequeno Adrian nos braços. Ela lagrimou no momento, doaria seu leite para o pequeno porque o seu próprio havia falecido duas horas depois do nascimento. — Tão lindo... - Ela virou ninando o pequeno.Daniel fitou Stella que ria para a cena.— Essa mulher não é maluca o bastante para fugir com meu filho né? - Stella olhou para o Flint torcendo os lábios. — Se isso acontecer a culpa será toda sua.— Daniel… As mulheres da sua vida fogem sozinhas - Resmungou. O Flint ficou sério e voltou a olhar para a mulher que caminhava para lá e pra cá com seu filho — Ela tem que se apegar à criança. E fique feliz, ela lhe dará o leite necessário para o crescimento do pequeno. O que custa ela conhecer e segurá-lo alguns minutos?— Não sei. — Daniel suspirou e a encarou — É mesmo necessário que ela fique com a gente?— Daniel - Stella tocou na costa do Flint levando-o para o banco mais próximo. — A garota ali, será um tipo de mãe de amam
Duas semanas tinham se passado, e pelo o que parecia tudo tinha voltando quase ao normal. Daniel não estava indo para a faculdade ainda, mas já estava tomando iniciativa de pagar o que devia e continuar. Adrian estava cada dia mais pelo, iria completar dois meses em breve e ria para todos ao seu redor, transmitindo alegria de um bebê saudável. A mulher que se tornou sua mãe de amamentação, havia se apegado a criança, a ponto de ir para o hospital de manhã e só sair quando Daniel estivesse livre para ir para casa depois de um dia longo de trabalho.Liam era um chefe muito bom, sempre explicava as coisas para Daniel do jeito que queria, e o Flint entendia, e fazia, deixando assim, um ruivo muito feliz. Não era lá grande coisa seu trabalho, mas o salário era muito bom. Esquivou-se por muitas vezes de certas enfermeiras que sempre estavam dentro da sala de Liam, e Daniel não entendia o porquê disso. Até ouvir uma fofoca pelo hospital de que, o ruivo era apaixonado por uma das enfermeiras
— Tenho que ir agora – Daniel disse e levantou, assim que deu seu filho para a Sary, seu celular tocou, pegou o mesmo rapidamente e atendeu já sabendo quem era — Sim, Liam.— Você tá liberado. Não vai ter tempo de voltar para fazer a operação, conseguir passar para outro cirurgião, pode ir pra casa. Vou ter um encontro hoje à noite, me deseje sorte. – Desligou em seguida. Daniel estranhou, mas quem era ele para falar alguma coisa para seu chefe? Voltou para dentro do hospital para pegar suas coisas dentro do consultório de Liam, e viu Stella passar ao seu lado, sem nem o ver praticamente. Daniel olhou para trás vendo-a falar no telefone a respeito de um vestido vermelho, e depois gargalhar chamando alguém de louca.Deu de ombros e voltou a caminhar, parou na porta da sala de Liam depois de ouvir o nome do seu chefe. E logo após, uma das enfermeiras falou o de Stella. Ele andou mais um pouco para o lado e parou na porta da sala de descanso das enfermeiras.— Então ela disse que teria