— Você fez o quê? – Cassia gritou assustada. Seu marido já havia cuspido todo o café na mesa. — Querido...?
— Eu não tive culpa – avisou Daniel desesperado, Jackson engasgou-se um pouco, mas recuperou o fôlego.
— Daniel, que irresponsabilidade foi essa? – Balbuciou — O que foi que aconteceu? Você é tão novo com uma responsabilidade dessas nas mãos. – Gritou, apesar da surpresa, se sentia feliz. Acalmou-se ao sentir o toque de sua esposa em sua mão.
— Estamos do seu lado, meu filho, e eu vou precisar muito que você crie juízo a partir de hoje. Quero conhecer a menina e lógico que você vai assumir, por favor.
Daniel não respondeu, apenas respirou profundamente, dali para frente seria tudo diferente. Ou ao menos ele esperava por isso.
No dia do nascimento Daniel estava agoniado, andando de um lado para o outro, o desespero tomava conta do seu corpo, seu filho estava nascendo naquele momento, seu coração faltava pular para fora. Seu sogro estava distante, falando com alguém, seus pais estavam ao seu lado, como ficaram durante esses nove meses difíceis. Daniel fez de tudo para Kesia, passou por cada período da gestação, foi difícil, mas conseguiu e hoje, estavam ali. A espera tinha finalmente terminado.
— Vai ficar tudo bem, querido – sua mãe lhe acalmou, logo o médico deu a boa notícia; seu filho tinha nascido.
O rostinho perfeito fez o pai sorrir, ele nunca tinha segurado uma criança, e naquele momento, havia se apaixonado. Era um garoto, e não tardou a enchê-lo de beijos.
— Ele é lindo – Kesia falou animada e sorriu debochada. E Daniel não quis saber o motivo do sorriso de má fé, apenas deu atenção à criança em seus braços.
Um mês se passou, ele tinha se mudado para um novo apartamento, Kesia fez questão de um apartamento somente para os três, a data do casamento estava marcada e Daniel estava determinado a terminar a faculdade o mais rápido possível. Não existiam mais festas, nem amigos, todos tinham corrido.
Seus pais mal o viam, e as únicas pessoas que lhe restaram era a sua noiva e o seu filho, Adrian.
Em uma tarde qualquer, Daniel chegou ao apartamento completamente cansado. A única coisa que ele queria era deitar-se e dormi até o dia seguinte, o trabalho e a faculdade estavam o matando. E por mais que amasse seu pequeno, ele não tinha mais forças para brincar com ele naquele dia.
— Kesia? – Ele chamou quase no sussurro e assim que trancou a porta, ouviu seu filho chorar. Ele estranhou o fato e andou até o quarto do pequeno, ele estava sujo, e pelo choro parecia com fome. — Adrian, onde está sua mãe? – Pegou o menino do berço e foi em direção à cozinha, talvez ela estivesse lá preparando algo para comerem.
Quando passou pela geladeira, seus olhos prenderam no pedaço de papel com algumas palavras, ele parou no momento seguinte conhecendo a letra.
Ao terminar de ler tudo o que estava escrito, ele evitou chorar. Não que amasse aquela garota, mas ele tinha se apegado a ela, e Kesia era a mãe do seu filho.
Ele fechou os olhos segurando as lágrimas, mas não conseguiu, voltou para trás rapidamente e pegou o telefone na sala, discou o número da sua casa e depois de três toques alguém atendeu.
— Alô.
— Mãe? – Saiu no sussurro choroso, ele estava chorando.
— Daniel, querido, aconteceu alguma coisa? – Ela perguntou preocupada ao notar o tom da voz dele, ela sempre sabia quando algo de ruim acontecia com seu filho, mas cabia a ele, o homem mais velho e cheio de si, pedir ajuda, não?
— Aconteceu – ele sussurrou e fungou. — Preciso da sua ajuda, por favor. - Pediu voltando a ler o recado deixando para si — A Kesia foi embora.
Daniel, esses meses foram bem legais ao seu lado, eu gostei de brincar de mamãe e papai, acredite, porém, meu pai têm outros planos para mim, e não pretende me deixar cuidando de um catarrento ao seu lado. Estou viajando hoje à tarde, SEU filho está dormindo, espero que não acorde até que você chegue. Beijinhos.
Kesia Brantley.
— Filho, vai ficar tudo bem – Cassia sussurrou mais uma vez ao passar a mão pelo cabelo do filho.Havia chegado trinta minutos depois que Daniel ligou, e o encontrou em uma situação deplorável. O choro do bebê a incomodou pelo simples motivo de saber a razão dos berros. O pai estava nervoso, não sabia se banhava o garoto ou se terminava de fazer a comida. Quando viu sua mãe ali, ele não conseguiu segurar o resto das lágrimas e chorou com seu filho no colo.Cássia o ajudou a ajeitar a criança. Depois do bebê está alimentado e limpo, o colocou para dormir enquanto Daniel tomava um banho. Depois do Adrian, Cassia tomou de conta do filho. Ele estava sentado no chão com a cabeça deitada no colo da mãe. Desde que começou a cuidar de Kesia, nunca achou que ela fugisse da sua obrigação. Os sorrisos e abraços que compartilhavam a cada mês que passava, eram falsos, mas Daniel não sabia naquela época.Hoje podia entender o motivo dela nunca ter sorrido sem a maldita ironia nos lábios. Kesia era
A vida de pai solteiro não é fácil, nunca foi e Daniel podia explicar isso em alguns dias, mas não hoje, e nem no momento.Adrian chorava quando Daniel saltou do colchão, suas costas doíam e ao olhar o relógio de frente para sua estadia no chão, ele pulou para fora dos lençois. Nas nove horas da manhã, aquele relógio só podia estar louco. Daniel não podia estar atrasado.Pegou seu filho no colo e rodeou aquele quarto, duas vezes, a fim de uma solução para tudo que ocorria, sentiu falta de Kesia só ela podia dar-lhe algo para fazer o menino calar a boca. Correu para a cozinha para preparar o tal mingau, mas tudo parecia pior quando tentava fazer duas coisas ao mesmo tempo. Nada estava do lado do pai atrasado. O garoto berrava cada vez mais e Daniel ficava nervoso e tudo que ele queria era chorar também.Quando a campainha tocou outra vez, ele agradeceu quase chorando por ser Stella ou sua mãe, ele não ia se importar, ele só precisava de ajuda. Ao abrir a porta, uma lágrima quis cair, m
— Daniel... Querido, o que é isso? – Daniel desfez o abraço, e olhou para a porta, Cássia sorriu de canto alternando os olhares, — Bom dia...— Mãe – Daniel sorriu sem graça e soltando Stella lentamente, a mulher de cabelos escuros, assim como os de Daniel, riu para Stella que retribuiu o gesto com alegria.— Bom dia, senhora – Stella andou até Cassia com um sorriso gentil e segurou-lhe as mãos — Sou Stella Arden, a vizinha de Daniel. Ontem e hoje pela manhã, notei o quanto o bebê chorava e o ajudei com algumas coisas.— Ah – A mulher riu para a moça e tocou em rosto fino e elegante — Que bonita você é. E muito obrigada por ajudá-lo, ele está mesmo precisando. Uma mulherzinha sem cultura de...— Mãe – Daniel interrompeu a explicação e chamou atenção das mulheres. Cássia se calou, ela já devia ter aprendido junto com o que Daniel havia dito no dia anterior: Kesia podia ser a pior mãe do mundo, uma mulher sem valor algum, mas ele não queria ninguém falando mal dela - além dele, é claro
Depois daquela noite, Daniel nunca mais viu Stella, Adrian sempre chorava por alguns minutinhos a mais pela noite e ele pedia ajuda a sua mãe que vinha correndo, embora as casas fossem longe. Mesmo que ele não quisesse admitir, sentiu falta de ser contagiado pelo sorriso que Stella dava ao olhá-lo.Naquela manhã, ele acordou mais cedo, como se obrigou a se acostumar, preparou o banho de Adrian, que depois de uma lista de intrusões de Stella, ele soube que teria que mornar a água todas as vezes que fosse dar banho no bebê. Fez o mingau especial, porque até então, Stella ainda não havia trazido o leito que o neném necessitava.Quando escutou o primeiro miado do seu filho, ele foi andando até o quarto, o pegou sorrindo, pois o menino ao ser tocado sorriu abrindo os olhinhos. Daniel ficou por um momento apenas fitando o garoto, ele tinha olhos azuis iguais aos da sua mãe. Os cabelos negros e a pele eram iguais aos dele, o que pelo menos isso, o garoto tinha de familiar.Como sempre, sua m
Stella saiu do apartamento, sentindo seu peito apertar, uma preocupação tomava conta do seu coração ela se desesperava. Saiu do prédio e correu para o bar, ela conhecia, não por viver lá, e sim porque comprar algumas coisas ao lado. Quanto mais perto chegava do lugar, notava-se uma grande barulheira.Os homens que bebiam, falavam alto e falavam sobre os fatos de sua vida miserável. Stella segurou sua bolsa ao passar por um grupo antes de chegar ao bar, mas não pode segurar a mão de um ao encostar em sua bunda. Ela soltou um grito e correu olhando para trás, só parou em frente ao bar e ao olhar duas vezes para a mesa principal sentiu-se decepcionada ao ver Daniel sentando nela.Ele parecia feliz e gritava alguma coisa, os homens prestavam atenção e logo riram. Ela não conseguia escutar direito porque seu mundinho pequeno não a permitia. Ela passou as mãos no cabelo, e mordeu os lábios. Como ela arrastaria Daniel dali? Pensou em ligar para Cássia e explicar a situação, mas não tinha o n
— Daniel - Cassia gritou ao ver seu filho e Stella adentrarem o apartamento. Stella fechou a porta com o pé e outra vez Daniel caiu do chão — O que aconteceu, filho?— Ele bebeu, e bastante - Stella respirou profundamente, não se lembrava de quando ficou tão cansada assim em sua vida.— E essas marcas de sangue? Vocês estão sujos.— É que, como se não bastasse a bebida, ele mexeu um homem, que mais parecia o Hulk. - Respirou — E ele é pesado, nós caímos algumas vezes.— Ah, meu filho - Cássia lamentou — por favor, me ajude a levá-lo para o quarto dele, eu arrumei esse apartamento agora pouco, estava tão preocupada.Stella ajudou-a a levar Daniel e quando finalmente chegou ao quarto, pode colocá-lo em cima da cama, Stella reparou que agora ele dormia, ou fingia, ela nem sabia. Viu as marcas da agressão e sabia que não podia deixá-lo daquele jeito.— Dona Cássia, pode me trazer uma bacia de água morna e um pano?— Sim, claro.A mulher correu para fora do quarto e Stella sentou-se na bei
Daniel abriu seus olhos sentindo uma dor anormal em sua cabeça, sentou na cama e colocou a mão na testa, como era possível doer tanto? Abriu um olho para saber onde se encontrava e fitou seu quarto, olhou de um lado para o outro sem entender. Daniel se lembrava de estar muito bem acordado quando se sentou à mesa de um bar. Certo? Droga! Como ele poderia ter se sentado à mesa para beber, se prometeu a se mesmo, nunca mais beber?Logo seus olhos se fecharam, e ao fazer isso, lembrou-se de como acordou ali, e causa disso foi à vizinha. Ele riu de canto e abriu os olhos, tirou o lençol das pernas e levantou da cama, meio tonto. Saiu do seu quarto e foi em direito ao do filho, abriu a porta devagar e não encontrou seu bebê. Fechou a porta e caminhou para sala, e pôde ver que sua mãe ainda se encontrava ali, dando ao bebê a mamadeira da manhã.Cassia encarou seu filho por alguns segundos e virou as costas, Daniel ficou confuso no momento, se sentou no sofá e esperou que Cássia começasse a f
Stella o olhou depois de um tempo, sabia que não podia exigir mais dele, mas estava completamente raivosa. Apesar de rir e desculpá-lo. As palavras dele foram duras, pois a deixaram nervosa, e a fez lembrar de todo o seu passado sofrido, com seus pais, a sua infância mal sucedida, tudo o que se possa imaginar. Ralou muito para conseguir pôr um sorriso em seu próprio rosto, e era desanimador, ver alguém tirá-lo com tanta facilidade.Ela olhou para os lados e o viu sorrir novamente, claro que antes mesmo de falar qualquer outra coisa, ela obrigou-se a esquecer que o Flint permanecia parado na sua sala somente com uma calça moletom. Claro que não era nenhum mistério para si, pois na noite anterior, o despiu lentamente, mas não viu nada mais do que uma cueca preta ao jogá-lo dentro do Box com sua mãe e sair dali. Respirou buscando as palavras certas naquele ar frio do apartamento.— O seu pedido de desculpas, é só por isso? - Ela perguntou meio sem jeito, ele a fitou sem entender.— Como