Podia sentir o cheiro de Joanne dentro do quarto que permanecera fechado desde que ele deixara a fazenda. O quarto seguia tão impecavelmente arrumado como da primeira vez que havia vindo. Desfez as malas no guarda-roupa, retirando seu terno. Precisava de um banho. Abriu o registro e deixou a água morna cair sobre seu corpo. As lembranças dos últimos dois meses passavam como flechas em seus pensamentos, desde o momento em que bateu os olhos em Joanne, desde que viera upara a pela fazenda e quando a tomou para ele pela primeira vez. Sabia que seria impossível deixá-la e embora a parte racional tentasse, seu coração o obrigava a voltar. Sua cabeça poderia pedir, mas no final, ele sempre obedecia ao seu coração.
Katherine agora responderia pelos crimes que havia cometido de forma impiedosa, da mesma forma que ele causara o mal a todos aqueles que passaram por sua vida. Seu destino nunca fora viver em co
O despertador soou tão alto que sua queda da cama foi inevitável. Os cabelos negros de sua franja desgrenhada cobriam seus olhos que mal abriam devido ao curto período de sono e ao cansaço acumulado da semana inteira. O relógio marcava o quinto e último alarme tocado. Estava atrasada. Prendeu os cabelos longos em um coque frouxo com fios que caiam por toda parte, puxou o primeiro cabide e pôs um vestido branco até os joelhos, tomara que caia, em formato lápis, alimentando o corpo saliente que mal conseguia cuidar. Não teria tempo de tomar um café decente. O trabalho drenava sua energia de uma maneira que nem mesmo ela sabia como. As reuniões exaustivas, idas ao tribunal, coisas que faziam com que sua cabeça não se prendesse ao âmbito pessoal, que por hora também precisava de atenção, afinal, ela era uma pessoa de carne e osso. Correu pelas escadas do apartament
Cassie riu enquanto se analisava diante a um espelho quadrado tão pequeno que cabia em sua mão.— Qual é a merda dessa vez?— Eu tô muito ferrada. — Ela repetia consigo mesma, em looping. A loira foi até Joanne e segurou seus ombros, forçando-a a fitar sua amiga.— Calma, ok? O que houve?— Domingo à noite eu irei para o Texas para as férias e o casamento da July. O inferno da minha irmã me alfinetou sobre todos terem noivos, e eu num momento impensado disse que levaria o meu, só que ele não existe. — A morena não deu pausa para explicar, tomou outro gole de café como se fosse água. A loira fitou novamente sua aparência no espelho enquanto afofava os cachos dourados, ainda não entendera cem por cento.— E daí? É só dizer que você estava brincando. Ah, se fosse t&at
— Não achei que você fosse ligar — exclamou a loira, surpresa. — Eu poderia jurar que você ia desistir. — Sabia que Joanne preservava sua vida pessoal, e certamente para a morena chegar ao ponto de aceitar uma de suas sugestões, era porque obviamente não haviam muitas opções, e a opinião dada por Cassie até então havia sido a melhor. Joanne Jones estava sentada em frente à sua grande mesa, um pouco fora de si, alheia e perdida em seus pensamentos. Havia passado toda a noite pondo em questão os prós e contras daquela situação que diante da verdade para seu pai seria desonrosa. Pagar por um noivo na teoria era horrível, e na prática pior ainda. No entanto, naquele momento era necessário. — Meio dia e meia aqui embaixo? — Cassie Foz a olhava surpresa. Agora sim conseguia enxergar nitidamente o desespero da amiga. N&a
— Vou explicar de forma resumida. — Respirou fundo. — Contei a minha irmã que tenho um noivo, e que iria passar as férias com a minha família. O problema é que esse noivo não existe, e eu não contava que ela contaria a todo mundo antes de eu voltar atrás, e dessa forma eu não posso mais desmentir. — Ethan brincou com a borda do copo passando o dedo sobre ele, analisando a história recém ouvida. Ele a encarou e as palavras soaram como ironia.— E para você seria melhor mentir contratando alguém a contar a verdade. — Ele riu. — Precisa então que eu seja seu noivo? — Indagou o homem obtendo uma confirmação da morena. — Já está bem grandinha para ficar mentindo assim para a família, não acha?Ele começou sério. Ela mirou um instante seus olhos azuis, e só então perce
Ele estava atrasado, de novo. Faltava uma hora para o embarque e nem sinal do homem loiro. O tempo estava ficando apertado e ele sequer havia aparecido para despachar a bagagem. O frio dentro do aeroporto jogava sujo, seu queixo já quase batia automaticamente. Seu telefone tocou, e depois da dificuldade de achar o aparelho dentro da bolsa larga, ela atendeu. — Alô? — Houve um grande silêncio para depois seus tímpanos quase serem destruídos pelo barulho extremo vindo da ligação. — Alô? Está me ouvindo? Alô? — Cassie conseguia ser irritante quando queria. Suas brincadeiras, embora muito engraçadas, às vezes eram acompanhadas também de um pouco de extravagância. Era escandalosa em tudo, afinal. — Desse jeito eu vou chegar surda no Texas! — Riu. — Está tudo bem por aí? — Está sim, na verdade estou ligand
— Fico feliz que tenham vindo, o restante estará chegando daqui a pouco. — Onde está Juliett? — Indagou Joanne. — Foi à cidade, mas já já ela está de volta — pigarreou Jonathan. Ele tinha muito mais a perguntar e falar. — Bem, Ethan, embora tenha sido pego de surpresa, eu fiquei muito feliz que Joanne esteja com um bom homem, mas não vou negar que gostaria de te conhecer mais. Só confio em você porque sei que Joanne jamais traria alguém estranho ou de má índole para nossa casa. A morena quis enfiar a própria cabeça num buraco. Seu semblante ganhou um tom sem graça, e ela sentia como se tivesse apenas aquela fisionomia, como se seu rosto fosse incapaz de transmitir qualquer outra emoção. As pequenas mãos de Joanne, pousadas em seus joelhos, suavam, seus olhos sequer piscavam. Ao contrário de outras ve
Ethan se levantou pela manhã certo de que seria o primeiro a acordar e o primeiro a dormir. Dormiu no mesmo quarto que ela, na mesma cama e em perpétuo silêncio. Mesmo que estivesse disposto a deixar Joanne conduzir os limites, ele não queria desrespeitá-la ou deixá-la embaraçosa por compartilhar da mesma cama que ele, já que, de acordo com ela mesma, que não tinha o hábito, era algo estranho. Uma vez sendo um homem de princípios, ele aceitou sem dúvidas, mesmo que ela não fosse a primeira estranha a dormir em sua cama. Deveria se acostumar, afinal, ficaria um certo tempo longe de casa, com pessoas estranhas e outro clima. Adorava Nova York, era sem dúvidas sua primeira casa, mas a alegria que tinha em conhecer novos lugares e costumes, fazia qualquer saudade se tornar um reles grão de areia.Era cedo, fez sua higiene matinal, passou um café quentinho e o tomou observa
— Ah é? E por que você acha que eu não sou médico? — Porque se você fosse médico, não estaria trabalhando como acompanhante. Ele riu mais uma vez e se sentou por cima de Joanne, na altura do seu diafragma, sustentando o próprio peso para não sufocá-la. Colocou as mãos no alto da lateral de sua cabeça, chegou próximo de seu rosto e pode notar como Joanne era bonita; seus olhos perolados, a pele cor de leite e os cabelos negros e finos contornavam o rosto jovial.— É aí que está, eu sou realmente médico. — Ele afirmou vendo os lábios da morena formarem um círculo em espanto com a confissão do doutor. — O que disse para seu pai era verdade. — Impossível! Ele assentiu.— Não é porque a sua profissão é mentir que a minha também seja.