Tessa Clark
Eu devia estar parecendo uma louca correndo pelas ruas, as buzinas fazendo uma festa.
Eu só espero que eles não me atropelem, eu posso parecer louca, mas tenho amor à minha vida.
Os óculos de grau já devem ter caído umas 20 vezes.
Mas era necessário, meu pai se encontrava na lanchonete que eu acabei de para em frente.
Aproveitei o horário de almoço para ir falar com ele, e só precisaria retornar à escola nas últimas duas aulas da tarde.
Respiro fundo e entro procurando ele, o vejo sentado em uma mesa no canto, lendo um jornal.
Caminho até ele meio hesitante.
Parecia vários anos mais velho, que da última vez.
— Oi pai.— falo assim que chegou à mesa. Ele tira os olhos do jornal e me olha com seus óculos. — Como vai?
— Theresa, sente-se — fala, e eu sinto falta de outras palavras de carinho.
— Aconteceu alguma coisa? — pergunto me sentando à sua frente. Ele coloca o jornal de lado.
— Eu caí em um golpe.— ele fala como se fosse a coisa mais simples do mundo.
— Como? — acho que estou escutando um zunido nos meus ouvidos.
— Você escutou o que eu falei.— ele fala frio.— Agora preciso de 1 milhão de reais para não perdermos nossas terras.
Meu. Deus.
Estou em completo choque.
— Como... Como isso aconteceu? — Pergunto receosa, meu pai era viciado em jogos.
— Eu apostei, e perdi.— ele fala, mas nem um sentimento de culpa ou arrependimento.
— Aquilo era tudo que tínhamos! — me exalto, mas repito fundo e tento me acalmar. — Como pode fazer isso? Eu não tenho dinheiro, não posso ajudar nessa sua irresponsabilidade.
Pela primeira vez nesse momento vejo seu olhar ficar preocupado.
— Como não? Eu sou seu pai!
— Mas ultimamente não tem agido como um! — falo magoada.
— Então você vai deixar perder as terras da sua mãe? — ele sempre faz esse jogo, utilizando o nome da minha mãe, e sempre me quebra. — Você foi a ingrata que me deixou e veio para cá, com seus sonhos fajutos.
— Não fale assim, eu não queria ficar lá, meus sonhos eram esses – eu falo magoada — Eu só pedi que o senhor respeitasse minhas decisões.
— Para ver você se tornar uma fracassada? — ele não pede a oportunidade.
Sempre que nós falávamos era assim, briga atrás de briga.
Meu pai não era assim, ele era um pai maravilhoso, mas desde que resolvi seguir caminhos diferentes do que ele planejou ele ficou assim. Como se em uma fachada tivesse me criado para uma coisa e eu me rebelei.
Suspiro pela milésima vez.
— Não tenho dinheiro.— falo cansada de discutir. — Com quem fez essa aposta? Onde foi isso?
— Lá no interior mesmo, o problema não está no cara que fez a aposta — ele fala.
Pode piorar? Sim, pode.
— Há quanto tempo isso?
— Cinco meses.....
— E só me fala agora? — pergunto indignada.
— É porque eu estava tentando resolver só, e não sabia que no segundo seguinte que o cara ganhou a aposta ele vendeu as terras para uma grande empresa. — ele fala, e eu quase infarto.
— Não vamos ter como recuperar isso! — eu falo exaltada novamente — Como você um contador tão inteligente faz uma merda dessas?
— Então você pode ver com o dono que comprou, para ver se nós dá um prazo para recuperar? — ele fala sorrindo e ignorando minha última pergunta. — Ele é bonito e.. ...
— Está sugerindo que eu me venda? — arqueio uma sobrancelha.
— Entenda como quiser, aqui o endereço.— me passa um papel. Em seguida se levanta e sai.
Nem um tchau.
— Senhora? — levanto o olhar para a garçonete.— A conta.
— Conta? Mas eu não......— me calo quando vejo o chá preferido do meu pai lá.— Já passo lá no caixa.
Sorri me agradecendo e sai.
É sério, realmente houve um tempo em que ele não era assim.
Olho para o endereço no papel e respiro fundo, pensando no melhor a fazer.
Fico alguns minutos sentada na lanchonete pensando.
Meu telefone toca.
— Alô? — falo assim até atendo, sem nem olhar quem é.
— Estou até agora esperando a bonita. — Bella fala do outro lado da linha.
— Me desculpe Bella, eu estou indo.
Ela fica em silêncio por segundos.
— Aconteceu alguma coisa? — ela pergunta, com certeza notou minha voz.
— Em casa te conto, tchau — e desligo.
Me forço a levantar e ir embora, antes passei no caixa e pago o pedido do meu pai.
Resolvo pegar um táxi que é mais rápido, e o caminho todo vou pensando nisso. .
Minha mãe era dona de uma boa parte de terra em uma cidade no interior. Terras essas que deveriam ser minhas, mas meu pai que cuidava de tudo.
Isso foi a única coisa que ela deixou.
Chego no meu prédio e subo as escadas com as forças que Deus me concedeu.
Meu apartamento ficava no 3° andar, era o último do prédio, não era uma estrutura grande, mas era bem dividido e tinha vários outros apartamentos, era um bairro tranquilo também.
Minha casa, era dividida a sala da cozinha por um balcão, tinha dois quartos e um banheiro e tinha varanda, então estava ótimo, e o preço era bastante bom, tudo ali eu dividia com Bella.
— Oi — Bella fala assim que me vê. — Você está com uma cara péssima.
Jogo minha bolsa no sofá pequeno e vou sentar ao lado dela no maior.
Me jogo no sofá e suspiro.
— Você nem sabe o que aconteceu — falo e conto a ela tudo.
— Eu vou matar aquele velho! — ela fala.
— Bella.....
— Sério, como ele tem coragem? — ela fala puta da vida se levantando — Não aparece durante um bom tempo, e quando vem é com essa.
— Nem um oi,— minha voz sai com um tom magoado. — Acredita? Às vezes parece que só sou filha dele quando faço o que ele quer.
Ela me encara com pena.
— Já sabe o que vai fazer? — pergunta sentando novamente ao meu lado e eu balanço a cabeça negando. — Estou aqui para qualquer coisa, você sabe né? E se quiser dá uma surra nele eu conheço uma pessoas.
Só ela mesmo para me fazer rir.
— Agora fiquei preocupada. — ela ri também.
— Não fique triste, ele não merece e conte comigo para tudo.
— Obrigada. Você é a melhor pessoa.— falo e só agora reparo no cheiro que está no apartamento.— Cadê meu almoço?
— Ah!! — ela grita e corre para a cozinha — Venha, só estava esperando você.
— Espero que sua comida me faça pensar em uma solução.
— Com certeza! Minha comida é mágica.
Eu não tinha dúvida disso.
Elliot Garden Começo o dia na empresa analisando os novos projetos para construção das filiais. Os negócios já estavam em quase todo o país, e eu estava pensando em abrir filiais em outros países, e também investir em outros negócios.Logo que cheguei fui informado pela minha secretária que alguém chamada Theresa Clark gostaria de marcar um horário para falar a respeito das terras que comprei.Mas comprei tantas nos últimos dias que será difícil saber qual foi.E esse nome não me era estranho.E como sendo óbvio, pedi para Albert investigar, e ela era filha do ex-proprietário das terras, que perdeu elas em uma aposta. Patético, e muito bom para mim.Os Clarks.Dei um sorriso.Um plano sorrateiro começa a surgir em minha mente, mudando meus planos iniciais. Isso só poderia ser os ventos soprando a meu favor. Como não pensei nisso antes? Aceitei a reunião com ela, para saber o que ela quer falar, então estava marcada para depois do almoço. Meu pai tinha apresentado uma pequena me
Tessa Clark Ele só poderia estar louco. Não tinha cabimento. Será que os parafusos dele eram a menos? O idiota na cara dura me oferece um absurdo desse. Certo, claro, que eu queria as terras de volta, me oferecer como moeda de troca por conta da estupidez do meu pai? Nunca! — Você está louco? — pergunto indignada. — Como tem coragem de me oferecer uma coisa dessas? Pela sua cara ele não esperava uma reação diferente. — Você é do jeito que eu imaginava — ele ri. Rir. Como pode uma coisa dessas? — Qual a graça? — pergunto mais indignada ainda. — Você achou que eu ia me vender? — Longe de mim,— ele encontra na sua grande cadeira. — Imaginava que sua reação seria exatamente essa. Bem Thereza, você tem uma semana para me dar uma resposta. Apenas uma semana. Aguardo ansiosamente sua resposta. Nem me dou ao trabalho de responder ele, dou as costas e saio de sua sala, passo voando por sua secretária que me encara, e entro no elevador. Minha cabeça estava a mil, n
Tessa ClarkJá tinha mais de uma hora que Sarah dormia, então aproveitei para fazer alguma coisa para quando ela acordar comer.Estou seriamente preocupada, ela deu até febre depois que dormiu. E falava coisas desconexas durante o sono.Pensei em ligar para escola e pedir o número da casa dela para falar com a mãe.Só que pensei melhor e decidi aguardar ela, para me falar direito o que houve. Sarah é uma boa menina, ela não iria fugir de casa atoa. Quanto mais eu penso, mas minha cabeça dois.Espero realmente que não seja o que estou pensando. Ela não merece, ninguém merece isso.Estou escorado no balcão que divide a sala e a cozinha, observando ela.Vejo ela se mexer e abrir os devagar.— Oi, como está se sentindo? — pergunto e vejo seus olhos confusos focaram em mim.Ela me encarou, então arregalou os olhos se sentando rapidamente.— Professora, eu, eu — ela começa a ficar agitada, vou para o seu lado e seguro em seus ombros.— Sarah! Fica calma, por favor — falo e ela me encara.—
Elliot Garden O que um bom CEO não faz por um belo contrato? Não é? Pois é, porque cá estou eu há três dias, três longos dias enfiado onde Judas perdeu as botas, e nem wi-fi nesse lugar tem. Um calor dos infernos. Será a primeira coisa que farei, colocar uma wi-fi e um sistema de ar condicionado. O sacrifício dos homens devem ser exaltados. Mas graças a Deus tá chegando, só precisamos achar o caminho correto para voltar para o hotel e assinar o maldito contrato. Quando resolvi comprar o hotel Sharma eu não imaginava que ia ter que passar por tudo isso. — Calma, vamos achar o caminho certo!— ele fala rindo, sempre rindo. — Assim espero.— falo baixo. — Frescura homem! — ele fala balançando a mão. — Até parece que nunca andou em uma floresta. Tenho vontade de esganar o homem à minha frente. É claro que nunca andei. Se tivesse, com certeza estaria menos suado e fedido. Preciso urgente de um banho. Ah, se eu não precisasse desse contrato. — Pense em algo que te mo
Theresa Clark Já faz 2 dias que aquele ser respondeu meu email marcando para hoje o nosso "encontro" para tratar de negócios. Porque era isso que era, negócios. E cá estava eu me arrumando para encontrar ele às 19 horas. Sim, ele quis um jantar para "acertamos", apesar de minha insistência para resolvermos tudo na sua empresa, mas não, o bonito quer lá. Mas se é ele que vai pagar, quem sou eu para falar nada.E ele me enviou o absurdo do contrato dele, onde eu fiz questão de riscar a maior parte das cláusulas. Filho de uma mãe daquele.Como ele ousa dizer que se não quiser passar a ideia de chifruda devo satisfazer ele? Louco. Ele não disse exatamente com essas palavras, mas quis dizer isso. Ah mais eu ia esfregar sua cara no hoje. Ou não me chamo Theresa!Vesti um vestido simples preto, um salto baixo, não passei maquiagem e vamos lá. Queria estar vestida para matar, porém estou sem uma gota de ânimo. Sarah ainda me preocupa, ela anda calada, não está indo a escola, e eu
Elliot Garden Mulher era um ser que deveria ser estudado. E ela principalmente. Feiticeira do cão!Mulher do gênio forte, e ainda por cima era muito inteligente. Mas também era um desastre em pessoa. Dou risada só de lembrar. Ela quebrou três taças no restaurante, e quase que caia de cara no chão, se não tivesse batido na parede. Não sei qual dos dois seria pior.Deve ter doido, pra cacete.Ainda bem que o restaurante fazia parte dos meus investimentos, se não ela seria cobrada por tudo.Mas também, aquela criatura quase bota o prédio abaixo.Dou gargalhada só de lembrar daquela cena. E ela ficou vermelha como um pimentão.Mas me surpreendeu ao saber analisar o contrato.Eu enviei, para provocar ela, um contrato absurdo, sabia que ela iria vir como uma onça para cima de mim.Uma bela onça.Eu iria gostar, não nego.Mas ela agiu muito bem.Porque na verdade não me importei em pesquisar muito sobre o que ela era. Simplesmente era filha dele, e já era suficiente.Mas naquela noite a
Tessa Clark Merda! Tenho vontade de arrancar meus cabelos fora! É mestria mas as vezes dá, porque o bonito não quer ficar arrumado. Estou tentando fazer um rabo de cavalo, mas está parecendo mais um ninho. Que ódio, meu cabelo sempre faz assim em dias que preciso sair. Mas respiro fundo e tento ajeitar ele mais uma vez. E mais uma vez não deu certo. Suspiro frustrada e desisto. Olho minha roupa e acho que está bom assim. Um vestido branco colado, ia até os joelhos, um salto baixo, uma bolsa simples, e uma imitação barata de um rabo de cavalo. E assim estou proenta para ir assinar aquele maldito contrato que eu só poderia esta com a cabeça enfiada no meio da bunda para pensar em aceitar uma coisa daquelas. E como de lei, antes de conseguir sair do quarto, me abaixei para pegar o meu cartão que deixei cair, e ao levantar me desequilibro e caio contra a cômoda, essa que tinha um lindo porta retrato de vidro, que vai ao chão, só podia ser eu. — Droga! Assim vou acabar c
Tessa Clark Meu corpo se encontra incendiado em partes bem insinuantes, mesmo quatro horas depois de deixar a sala com a cópia do contrato. Aquele miserável sabe como seduzir uma mulher, mas se ele pensa que eu vou cair no seu joguinho ele está muito enganado. E ainda teve a audácia de roubar um beijo. Vê se pode! Cafajeste, crapula, idiota, gostooso, cafajeste. Ah, mas ele não sabe com que está mexendo, ele não perde por esperar. Cafajeste e….. — O que você tanto pensa? — Sarah pergunta. Ela está sentada na mesa, almoçando, enquanto eu estou jogada no sofá olhando para o teto. — Várias coisas — solto um suspiro. — Eu estou sendo um incomodo, né? — ela fala — Jamais, e ainda essa semana vamos resolver a sua situação. — falo agora olhando para ela. — Você não pode faltar tanto na escola. — O que estão falando lá? — ela pergunta preocupada. — Nada que eu tenha escutado. — odeio mentir, mas como já falei, as vezes é totalmente necessário. Estão falando coisas a