Capítulo 2
Solange leu a carta de rompimento rapidamente e, sem hesitar, assinou seu nome.

Atrás dela, Murilo gritava histericamente enquanto Sarah a repreendia severamente.

Solange sorriu com sarcasmo e saiu sem olhar para trás, arrastando sua mala.

Era dia e a beira da estrada estava clara.

A luz forte alongava as sombras na beira do caminho.

A luz caía sobre ela, dando a ela um leve halo.

A marca vermelha de um tapa era claramente visível em seu rosto pálido como porcelana, mas Solange sentia uma sensação indescritível de alívio.

Durante este mês, Solange não recebeu nenhum calor familiar na família Fagundes, apenas desprezo, zombaria e desdém.

Uma família assim, era melhor nem ter.

Nesse momento, um carro de luxo preto parou lentamente na frente de Solange.

Um homem de cabelos brancos, mas ainda vigoroso, desceu do carro.

- Srta. Solange, o que faz sozinha aqui?

Solange piscou, como se estivesse tentando reconhecer quem era.

Vendo que Solange não respondia, o homem sorriu e se apresentou.

- Srta. Solange, sou o mordomo da família Aragão, pode me chamar de Leonardo.

Recentemente, o Sr. Aragão estava procurando uma noiva para o Sr. Marcos e revisou os dados de todas as garotas em idade apropriada na cidade.

Entre elas estava Solange.

A família Fagundes e a família Aragão já tinham um acordo verbal.

A família Fagundes casaria a filha recentemente encontrada com a família Aragão, e a família Aragão prometeu ajudar a família Fagundes a superar a crise de falência.

Portanto, a garota à sua frente era a futura Sra. Aragão.

Pensando nisso, o mordomo Leonardo olhou para Solange com mais carinho.

Ele olhou para a mala ao lado de Solange e perguntou em voz baixa:

- Srta. Solange, para onde está indo?

Os olhos de Solange ainda estavam levemente vermelhos, combinando com a marca clara de um tapa no rosto, ela parecia ainda mais vulnerável.

Ela levantou a mão e apontou vagamente para a família Fagundes, não muito longe atrás dela.

- Eu... Fugi de casa.

Talvez aquele lugar nunca tivesse sido sua casa.

Era a casa de Stéphanie.

Não a dela.

O mordomo Leonardo olhou na direção que Solange apontou, entendendo a situação.

"Esta menina deve estar em conflito com a família."

- Srta. Solange, a esta hora do dia, você sozinha...

Antes que ele pudesse terminar a frase, a janela do outro lado do carro baixou lentamente, revelando um rosto incrivelmente bonito.

As feições da pessoa eram delicadas, e seus olhos longos e estreitos estavam embaçados por uma camada de umidade, obscurecendo o preto de suas pupilas.

O rosto pálido como jade tinha um tom doentio, acrescentando um toque de beleza frágil.

Parecia muito com um demônio encantador descrito nos livros.

Solange olhou para aquele rosto, e seu coração começou a bater descontroladamente, fazendo ela esquecer instantaneamente a tristeza de ser usada pela família.

- Entre no carro.

A voz baixa e magnética do homem veio de dentro do carro, sem um pingo de calor, mas com um toque de fraqueza.

Os olhos de Solange brilharam instantaneamente.

Que voz maravilhosa também!

Ela largou a mala e correu até a janela do carro, olhando fixamente para o rosto do homem, e perguntou:

- Você é meu marido?

Sobrenome Aragão, uma aparência frágil e doente, mas com uma beleza que impressionava a todos.

Cumprindo essas condições, não deveria haver um segundo.

Se seu futuro marido fosse assim, parecia que... Ela poderia aceitar.

Solange, uma amante da beleza, fixou seus olhos no rosto de Marcos, enquanto lágrimas de admiração desciam pelo canto de sua boca.

Ao ouvir isso, não só o mordomo Leonardo ficou boquiaberto, mas também o homem dentro do carro começou a tossir violentamente.

Aquele rosto pálido como papel ficou instantaneamente com um rubor anormal.

Marcos franziu a testa, um pouco irritado, e lançou um olhar frio que trazia um leve tom de aviso.

- O que você está falando?

Marido?

Ele ainda não havia concordado em se casar com ela!

Solange, confusa, murmurou, com seu olhar instantaneamente perdendo o brilho.

- Não é?

Ela sabia, a família Fagundes não tinha boas intenções.

Se aquele Sr. Marcos fosse realmente tão bonito, Stéphanie certamente não estaria disposta a entregá-lo a ela!

O mordomo segurou o riso e rapidamente se apresentou:

- Srta. Solange, você não se enganou, este é o Sr. Marcos, da família Aragão. Seu futuro marido!

Ao ouvir isso, o brilho nos olhos de Solange voltou.

O mordomo observou a mudança de expressão de Solange, satisfeito, acenou com a cabeça.

Marcos ficou levemente corado e lançou um olhar furioso para o mordomo Leonardo.

- Pare de falar demais. - Ele olhou para Solange, finalmente notando a marca vermelha e inchada de um tapa no rosto dela, e parou um pouco. - Teve uma briga com a família?

Os dedos pálidos do homem batiam levemente na moldura da janela, sua voz clara e suave transmitia uma despreocupação casual.

Solange respondeu honestamente:

- Rompemos relações!

Marcos ficou surpreso.

O mordomo fez uma pausa.

Por que essa menina falava sobre rompimento como se estivesse dizendo "o que eu almoçou hoje" com tanta calma?

E ainda com um tom de orgulho?

Solange apoiou o rosto com uma mão, seus olhos escuros brilharam, sem nenhum sinal de tristeza.

Ela estendeu o dedo pálido e cutucou o braço de Marcos.

- Marido, sua esposa está prestes a ficar sem-teto.

Então, rápido, deveria levá-la para casa!

Assim, ela poderia viver com seu marido todos os dias!

Aquele rostinho de porcelana estava cheio de "por favor, me acolha".

Como um gato de rua abandonado à beira da estrada, esperando que o dono a levasse para casa.

Marcos nunca foi uma pessoa de coração mole, mas naquele momento, ao olhar para os olhos claros da menina, sentiu como se algo tivesse batido em seu peito.

Ele, movido por um impulso inexplicável, abriu a porta do carro e deixou Solange entrar.

Solange se sentou ao lado de Marcos, radiante de alegria, com um sorriso que não conseguia esconder.

- Marido, você é tão bom!

Os olhos da menina eram claros, cheios de uma alegria e entusiasmo incontidos.

Aquele olhar sincero, Marcos parecia não ver por muito tempo.

Na memória, também havia um par de olhos assim.

Límpidos e claros, sempre com uma lágrima prestes a cair.

Mas o tempo passou, e as memórias foram se tornando confusas; ele já não conseguia lembrar do rosto da menina.

Só lembrava que ela sempre usava dois pequenos rabos de cavalo, adoráveis ao extremo.

Marcos baixou o olhar, pensativo, e de repente sentiu algo em seu braço.

Ele virou a cabeça e viu a menina abraçando seu braço, se aninhando com intimidade.

A ação estava cheia de dependência.

O mordomo Leonardo, sentado na frente, viu a cena pelo retrovisor e não pôde deixar de sentir um arrepio.

Todos na família Aragão sabiam que o Sr. Marcos odiava ser tocado.

Especialmente por mulheres.

Ele rezou silenciosamente.

Rezou para que o Sr. Marcos não agisse por impulso e matasse a futura senhora.

No entanto, o que ele temia não aconteceu.

Marcos apenas olhou friamente para Solange e disse, com um tom frio:

- Solte.

- Não solto, não solto! - Solange respondeu com o nariz fungando, os olhos rapidamente se enchendo de lágrimas, olhando para Marcos com tristeza. - Marido, você não gosta de mim, né?

A veia na têmpora de Marcos pulsou levemente, ele se forçou a resistir ao impulso de jogá-la para fora.

Naquele momento, ele se arrependeu profundamente de ter saído de casa hoje.
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