Capítulo 9
Ao ver a figura de Marcos, Solange imediatamente abriu um sorriso radiante e exclamou:

- Querido!

Sua voz clara e melodiosa transbordava de alegria e surpresa.

O olhar de Marcos pousou na mão branca e delicada que segurava a sua, e seus olhos pararam por um momento.

Os empregados ao redor, ao verem a cena, prenderam a respiração instintivamente.

Houve um momento de estagnação no ar do refeitório, todos olhavam fixamente para as mãos entrelaçadas dos dois.

Toda a cidade S sabia que o Sr. Marcos era famoso por não se envolver com mulheres, tinha uma personalidade sombria e violenta, além de um transtorno obsessivo-compulsivo muito severo.

Qualquer mulher que o tocasse não teria um bom destino.

Essa mulher era muito ousada!

Como ela ousava segurar a mão do Sr. Marcos?

Ela não tinha medo de ser expulsa pelo Sr. Marcos?

Por um momento, muitos dos empregados mostraram expressões de malícia.

Como o Sr. Marcos poderia se casar com uma mulher tão vulgar?

Essa mulher não parava de chamá-lo de marido, que descarada!

Agora ela vai enfrentar as consequências, não era?

"Vamos ver como ela vai sair dessa!"

No entanto, no momento seguinte, os empregados, que ainda estavam assistindo à cena com interesse, ficaram todos atônitos.

Eles abriram a boca de surpresa, sem acreditar no que viam.

O que eles estavam vendo?

Aquele Sr. Marcos, que sempre mantinha distância de estranhos, não apenas não ficou bravo e afastou a mulher, mas segurou firmemente a mão de Solange e se sentou ao seu lado!

Como isso era possível?

O Sr. Marcos tinha um transtorno obsessivo-compulsivo severo, odiava o contato físico com os outros.

Como ele poderia tratar uma garota do campo com tanta distinção?

Eles deviam estar vendo coisas, certo?

No entanto, a próxima ação de Marcos os desmentiu categoricamente.

Eles assistiram, boquiabertos, enquanto Marcos não apenas não demonstrava a menor aversão ao toque de Solange, mas também pegava o guardanapo e gentilmente limpava o óleo no canto da boca dela.

Os movimentos eram íntimos e carregavam um toque de ambiguidade inexplicável.

Solange piscou os olhos, docilmente permitindo que Marcos limpasse o canto de seus lábios.

Olhando para o rosto bonito tão próximo, seu coração começou a bater descontroladamente e até sua respiração ficou acelerada.

Seu marido... Ele era tão bonito!

Ao se aproximar, Solange podia claramente sentir o cheiro da mistura de pinho e ervas medicinais que vinha dele.

Solange instintivamente queria se aproximar para cheirar mais, mas de repente sentiu uma leve frieza na testa.

Um dedo branco como jade, com articulações bem definidas, pressionou suavemente sua testa.

Os olhos longos e estreitos do homem revelaram um toque de diversão.

- O que você está fazendo?

Solange sorriu, genuinamente.

- Querido, o cheiro do seu corpo é tão bom!

Marcos suspirou levemente, lentamente soltando sua mão, disse com uma leve aversão:

- Você está sonhando, nem pense em tirar proveito de mim.

Solange, com uma expressão de razão:

- Como isso pode ser tirar proveito? Você é meu marido, então qualquer coisa que eu faça é totalmente justificável.

Marcos se reclinou preguiçosamente na cadeira, lembrando:

- Nos casamos por acordo.

- Mas ainda assim, é um casamento! Você acha que é fácil se casar comigo? - Solange fez um beicinho, com um olhar magoado.

Marcos riu levemente, não resistindo à vontade de acariciar novamente a cabeça de Solange,

- Vamos comer, senão vai esfriar e não vai estar bom.

Essa pequena não era fácil de enganar.

Solange lançou a ele um olhar irritado, pegou os talheres novamente e continuou a devorar a comida.

Logo, ela já havia esquecido Marcos.

Marcos se encostou na cadeira, os olhos fixos em Solange, acompanhando seus movimentos enquanto ela se servia.

Depois de um tempo, metade dos pratos na mesa estavam vazios.

Solange se encostou na cadeira, satisfeita, enquanto acariciava sua barriga ligeiramente cheia, suspirando silenciosamente.

Nos quinze dias que passou com a família Fagundes, seu apetite diminuiu consideravelmente.

Se fosse antes, ela teria comido tudo.

Enquanto suspirava, uma voz baixa e rouca soou em seu ouvido.

- Está satisfeita?

Solange virou a cabeça e viu que Marcos já estava de pé.

O homem tinha uma postura ereta como um pinheiro, um rosto bonito como a lua, cada detalhe exalava refinamento e nobreza, fazendo qualquer um se perder em admiração.

Enquanto Solange estava distraída, alguém bateu levemente em sua testa.

- Está me encarando de novo? De onde veio esse mau hábito? Precisa mudar isso.

Solange voltou à realidade, com o rosto vermelho, cobrindo a testa que foi tocada, murmurando baixinho:

- Eu só fico olhando para você.

Essas palavras caíram nos ouvidos de Marcos, que estava a poucos passos de distância.

Ele parou por um momento, os cantos dos lábios se curvaram ligeiramente, mas logo retomou sua expressão fria e distante de sempre.

Como se aquele sorriso tivesse sido apenas uma ilusão.

...

Mansão antiga da família Aragão.

Leonardo contou ao Sr. Aragão sobre Marcos ter levado Solange para registrar o casamento.

Sr. Aragão se levantou imediatamente do sofá, olhando com uma expressão de choque para Leonardo:

- Você está falando sério? O Marcos realmente se casou com a garota da família Fagundes? Ele não era fortemente avesso a isso antes? Como ele mudou de ideia tão rápido?

Sr. Aragão estava incrédulo.

Ele conhecia Marcos desde pequeno e sabia bem o quão frio ele era.

Não conseguia imaginar o que poderia ter feito Marcos mudar de ideia e até mesmo tomar a iniciativa de se casar.

Leonardo sorriu rapidamente:

- Sr. Aragão, o senhor se lembra da garota que o Sr. Marcos procurou todos esses anos?

Ao ouvir isso, Sr. Aragão ficou momentaneamente perdido em pensamentos.

Dezessete anos atrás, quando Marcos tinha sete anos, ele foi sequestrado por um grupo de criminosos.

Na época, eles vasculharam toda a cidade S e finalmente encontraram seus rastros em uma montanha na fronteira com o país H.

Quando o encontraram, ele estava à beira da morte, segurando nos braços uma pequena menina fraca e frágil.

A menina estava tão magra que parecia desnutrida, diziam que tinha três anos, mas aparentava ter apenas um ou dois.

Ele ouviu dizer que ela também havia sido sequestrada por aquele grupo.

Marcos, contra a vontade da família Reis, insistiu em levar a menina junto com ele para ser criada pela família Aragão.

Mas, poucos dias depois, a menina desapareceu misteriosamente.

Quando Marcos acordou do coma e descobriu que a menina havia sumido, ele teve um ataque de raiva, e mesmo durante as crises de envenenamento, queria procurá-la.

Ele quase perdeu a vida por causa disso.

Na época, o Sr. Aragão usou todas as conexões da família Aragão para procurar a menina nos vilarejos ao redor, mas nunca a encontraram.

Desde então, a personalidade de Marcos se tornou cada vez mais fria e sombria.

Lembrando desses eventos, Sr. Aragão suspirou profundamente em seu coração.

Ele perguntou ao Leonardo.

- Então... A menina da família Fagundes é aquela garotinha de todos aqueles anos atrás?

Leonardo respondeu sinceramente:

- Provavelmente sim. Ela carrega a outra metade da ágata, e o jovem mestre já comparou as peças, elas realmente formam um par. Porém...

Leonardo hesitou.

Sr. Aragão franziu a testa e perguntou em um tom sério:

- Porém o quê?

Leonardo abaixou o olhar, franzindo ligeiramente a testa.

- Porém, parece que a senhora lembra do jovem mestre, mas naquela época, ela tinha apenas três anos, como poderia lembrar tão claramente?
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