Capítulo 5
- O professor disse que, neste mundo, ninguém é indispensável para ninguém. O carinho familiar mendigado é muito barato.

Ela não queria nenhum carinho forçado!

Todos na família Fagundes achavam que ela vivia no campo e não tinha ninguém que a amasse.

Ser trazida de volta e se tornar uma jovem senhora da família Fagundes era uma honra suprema.

Ela deveria estar grata, implorar humildemente.

Mas eles não sabiam que aquilo que tanto se orgulhavam, Solange nunca valorizou.

Em tão pouco tempo, Marcos mais uma vez mudou sua percepção sobre Solange.

Normalmente, uma pessoa que fosse intimidada dessa maneira, ou revidaria imediatamente, ou suportaria por causa do chamado carinho familiar.

Mas ela parecia não fazer nenhuma das duas coisas.

Todos pensavam que ela não poderia viver sem a família Fagundes, mal sabendo que, na verdade, ela não se importava nada com isso.

Ele levantou a mão, desajeitadamente acariciou a pequena cabeça de Solange e disse pausadamente:

- De agora em diante, você pode comer o que quiser, fazer o que quiser, sem se preocupar com nada. Se alguém se atrever a te incomodar, você me avisa e eu cuidarei disso.

O rosto de Marcos estava tão sombrio que parecia que poderia gotejar tinta, exalando uma aura profunda e fria.

Família Fagundes?

Muito bem, ele guardou isso na memória.

Leonardo, sentado no banco do carona, parecia impassível, mas na verdade estava atento, ouvindo cuidadosamente a conversa atrás dele.

Depois de ouvir as palavras de Solange, seu coração também ficou pesado.

Ele tinha ouvido rumores de que a jovem senhora recém-resgatada da família Fagundes era mimada, arrogante e até mesmo um pouco perturbada mentalmente.

Na época, ele lamentou secretamente.

Mas uma pessoa que pudesse cortar relações com a família Fagundes de forma tão decisiva, como poderia ter problemas mentais?

Parecia que essas pessoas da família Fagundes não eram apenas estúpidas, mas também tinham um julgamento ruim.

Leonardo balançou a cabeça silenciosamente, já colocando a família Fagundes na lista negra.

Logo, o carro parou lentamente em uma mansão de estilo europeu.

Solange espiou pela janela, curiosa para ver o lado de fora.

O estilo da mansão era muito único. Ao entrar no pátio, havia um grande jardim de flores e uma grande fonte.

No centro, havia uma enorme escultura.

Ao entrar na sala de estar, parecia que tinham entrado em um palácio europeu, com uma decoração luxuosa que exalava um luxo discreto.

- Marido, esta é a nossa casa?

Solange correu até o lado de Marcos, imitando os movimentos de Leonardo ao apoiar Marcos.

Marcos baixou o olhar e encontrou um par de olhos brilhantes.

As palavras de negação rolaram em sua garganta, mas no final, ele aceitou, resignado.

Solange imediatamente se animou, puxando Marcos para seguir em frente.

- Marido, onde é o seu quarto? Eu quero dar uma olhada. - Após dizer isso, ela parou e olhou para ele, seus olhos cheios de sinceridade e expectativa.

Quem poderia recusar isso?

Marcos massageou as têmporas com um leve desconforto e apontou aleatoriamente para algum lugar no segundo andar.

Leonardo, observando o Sr. Marcos com uma expressão resignada e indulgente, ficou secretamente surpreso.

O segundo andar era o território privado do Sr. Marcos; além dos empregados de limpeza, ninguém tinha permissão para entrar.

Até mesmo o Sr. Aragão e o Sr. Henrique raramente iam lá.

E hoje, o Sr. Marcos concordou tão facilmente em deixar a Srta. Solange entrar?

Parecia que a Srta. Solange tinha uma posição especial no coração do Sr. Marcos.

Ele estava tão empolgado que mal podia esperar para contar a boa notícia ao Sr. Aragão e ao Sr. Henrique.

Mas Marcos lhe lançou um olhar frio, sem dizer nada, mas com um aviso implícito.

Leonardo deu uma risada nervosa, reprimindo sua excitação e rapidamente foi ajudar Marcos.

- Sr. Marcos, por aqui. Sr. Marcos, cuidado com os degraus.

Marcos apertou os lábios e lançou um olhar gélido para o mordomo. As explicações ficaram presas na garganta, mas ele acabou não dizendo nada.

Ele suspirou e disse:

- Vamos, suba para dar uma olhada.

No segundo andar.

Solange procurou de quarto em quarto até finalmente encontrar o quarto de Marcos no final do corredor.

O quarto de Marcos era ainda mais simples do que o dela na família Fagundes.

Era austero e frio, quase não parecia um lugar habitado.

Além de uma cama, um guarda-roupa e uma mesa de cabeceira, praticamente não havia mais nada.

Os únicos itens decorativos eram dois quadros de estilo europeu minimalista pendurados na parede e um abajur na mesa de cabeceira.

Portanto, o grande quarto parecia especialmente vazio.

Na ampla cama, os lençóis e cobertores eram de um azul escuro.

A varanda estava vazia, sem nada.

Solange segurou a grade e olhou para fora instintivamente, vendo um grande jardim de flores.

Havia uma grande área de plantas verdes que afastavam maus espíritos e uma pequena área de rosas vermelhas.

O vermelho vibrante, cercado pelo verde, dava uma sensação estranhamente discordante.

Solange olhou atentamente, se inclinando ainda mais para fora.

No segundo seguinte, alguém puxou sua gola, fazendo seu corpo cair para trás involuntariamente.

Ela cambaleou e fechou os olhos instintivamente.

No entanto, a dor esperada não veio; em vez disso, ela caiu em um peito firme.

O aroma de pinho do homem, misturado com um cheiro de remédio, invadiu seu nariz. Solange abriu os olhos instintivamente e encontrou os olhos profundos e escuros de Marcos.

Os olhos de Marcos se estreitaram ligeiramente, com um brilho frio oculto no fundo, como um lago antigo e profundo.

- Quer morrer?

Sua voz baixa e dura carregava uma raiva sutil, mas perceptível.

Solange encolheu os ombros, e um sorriso suave apareceu em seu rosto branco como porcelana.

Ela afirmou com convicção:

- Não vai acontecer! Marido, você vai me proteger!

Olhando para a expressão sincera dela, o rosto frio e duro de Marcos congelou por um instante.

Embora seu rosto não mostrasse, a raiva em seu coração já havia se dissipado em grande parte.

- Leonardo, amanhã mande colocar uma camada extra de proteção na varanda.

Leonardo, radiante, respondeu prontamente:

- Certo! Vou providenciar isso agora mesmo.

Ao sair do quarto, Leonardo abaixou os olhos e enxugou uma lágrima teimosa no canto do olho.

Ele viu Marcos crescer.

Nos últimos anos, devido aos problemas de saúde, Marcos desenvolveu uma personalidade indiferente.

Portanto, ele quase nunca fez nenhum pedido.

Mas hoje, por causa da Srta. Solange, ele quebrou sua regra habitual.

Depois que Leonardo saiu, restaram apenas Solange e Marcos no quarto.

Solange piscou com seus olhos brilhantes, cheia de alegria.

Esse afeto sem disfarces deixou Marcos, que tinha uma natureza fria, um pouco desconcertado.

- Você pode ficar aqui por enquanto. O acordo pré-nupcial é claro: se você mudar de ideia, pode cancelar o casamento a qualquer momento.

Desde que se casaram, Marcos começou a se arrepender.

Ele... Parecia ser muito egoísta.

Solange, com sua personalidade dócil, não tinha nenhuma desconfiança dele.

Mas ele, egoisticamente, a arrastou para o abismo.

Havia outras maneiras melhores de proteger Solange.

- Marido, você não gosta mais de mim? - Solange levantou a cabeça, e seus olhos começaram a se encher de lágrimas visivelmente.

O marido não gostava dela?

Por que ele sempre queria mandá-la embora?

Olhando para aqueles olhos úmidos, uma sensação de culpa inexplicável surgiu no coração de Marcos.
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