Capítulo 3
Inicialmente, ele só sentiu que o quarto estava muito abafado, então pediu ao mordomo que o levasse para dar uma volta.

Quem diria que acabaria sendo envolvido por alguém.

Marcos abriu levemente os lábios, querendo esclarecer as coisas com ela.

Ele não queria se casar, e não iria se casar, era para que ela desistisse.

No entanto, antes que pudesse dizer qualquer coisa, sentiu uma suavidade fria em seus lábios.

O corpo de Marcos ficou rígido de repente, como se algo tivesse explodido em sua mente.

Ele abaixou os olhos e viu a menina piscando com olhos úmidos, seus lábios rosados ainda levemente franzidos.

Parecia que o sabor doce do leite, exclusivo da menina, ainda permanecia em seus lábios. A visão de Marcos desviou apressadamente como se estivesse queimando, e as orelhas escondidas sob o cabelo preto ficaram vermelhas.

Esse rubor se espalhou rapidamente das orelhas em um instante.

Marcos sempre manteve distância das pessoas, com um temperamento frio e indiferente, nunca tinha tido um pensamento amoroso.

Todos os médicos afirmavam que ele não viveria além dos vinte e cinco anos, nascido frágil, sem reconhecer ninguém quando a doença atacava.

Quem estaria disposto a ficar com alguém sem futuro como ele?

Mas a garota na frente dele o chamava de marido sem o menor traço de medo nos olhos.

E ainda por cima... O beijou!

Estranhamente, ele não sentiu repulsa, mas sim uma sensação diferente.

Marcos abaixou os olhos, escondendo suas emoções turbulentas.

Ele achava que talvez estivesse ficando louco.

Casar era apenas uma desculpa para enganar o avô, como poderia levar isso a sério?

Solange não sabia o que Marcos estava pensando naquele momento. Ela levantou o queixo e falou com um tom arrogante.

- Não me importa, eu te beijei, agora você é meu!

Vendo que o homem não reagia, Solange levantou a mão, puxando a barra da roupa dele com um olhar de tristeza.

- Você disse que ficaria comigo para sempre, nós fizemos uma promessa!

Quando ele disse isso?...

Marcos olhou para Solange, como se algo estivesse clareando em sua mente.

Naquele momento, ele notou uma corda preta pendurada no pescoço de Solange.

Com a ponta dos dedos longos e brancos, ele puxou delicadamente o pingente escondido sob a gola dela.

Era um pingente de ágata em forma de meia-lua, uma ágata de boa qualidade.

O pingente ainda retinha o calor do corpo da menina, e quando caiu na palma da mão de Marcos, ele sentiu um calor inexplicável.

Rapidamente, ele tirou o próprio pingente do pescoço e comparou cuidadosamente.

Os contornos e os padrões dos dois pingentes combinavam perfeitamente, como se tivessem sido feitos um para o outro.

Ele sorriu de repente, levantando os olhos para olhar para Solange, com uma ternura que ele mesmo não tinha notado.

Ele a procurou por tantos anos, sem nunca ter tido uma pista.

Quem diria que hoje, por acaso, ela viria até ele.

Era ridículo que ele não a tivesse reconhecido imediatamente, e até pensou em mandá-la embora.

- Quando você me reconheceu?

Solange levantou um dedo branco e delicado.

- Eu te reconheci na primeira vista!

Ela ergueu o queixo com um ar de orgulho.

Igualzinho quando era criança.

Travessa e cheia de vida.

Marcos sentiu como se algo tivesse batido em seu coração, provocando uma onda de calor e formigamento.

Ele sorriu levemente, e em seus olhos, geralmente calmos, apareceu um traço de alegria.

Mas, ao se lembrar da apresentação do mordomo, seu rosto severo voltou a ficar sombrio.

Ela viveu fora por mais de uma década, e finalmente encontrou sua família, apenas para enfrentar a dura realidade de se casar com ele.

Isso mostrava que ela não estava bem na família Fagundes.

Ele perguntou:

- Você trouxe os documentos?

Ele mudou de ideia.

Se a família Fagundes a tratasse mal, ele a protegeria sob suas asas.

Antes de morrer, faria tudo ao seu alcance para protegê-la e garantir que ela não sofresse mais nenhuma injustiça.

Com o título de Sra. Aragão da família Aragão, ninguém ousaria maltratá-la no futuro!

- Sim, trouxe!

Solange se apressou a abrir sua bolsa.

Quando o professor a encontrou, ele providenciou sua certidão de nascimento. Depois que foi recuperada pela família Fagundes, nem sequer alteraram seu documento de identidade.

Pensando bem, isso economizou muitos problemas.

A certidão de nascimento consistia em uma única folha com seu nome.

A menina sorriu timidamente, mas seu tom era extremamente alegre.

- Eu ainda sou a responsável pelo domicílio!

Marcos passou os dedos levemente sobre o local onde estava escrito o nome de Solange, seu olhar era indecifrável.

Ele se inclinou, seus longos braços apoiados na janela do carro, prendendo a pequena e delicada menina em seus braços.

- Solange, olhe para mim.

- O que foi?

Solange engoliu em seco, olhando obedientemente para o rosto bonito tão próximo, seu coração começou a bater descontroladamente.

Estava... Muito perto.

Os olhos de Marcos eram profundos, seus lábios finos apertados.

Vendo a menina paralisada, com uma expressão assustada, ele rapidamente suavizou o tom e perguntou em voz baixa:

- A família Fagundes fez um acordo com a família Aragão usando você. Eu posso te dar uma chance de recusar. Se você disser que não quer, eu não vou te forçar. Mas, uma vez que nos casarmos, não haverá chance de arrependimento.

Solange balançou a cabeça vigorosamente, decidida.

- Só um tolo se arrependeria!

Seu marido era tão bonito!

Ela não poderia deixá-lo para outra mulher!

Embora Murilo fosse extremamente frio, não podia negar que a aparência de Marcos era inigualável.

Solange ergueu o queixo pequeno, olhando descaradamente para o homem à sua frente, não resistindo a lamber os lábios.

Seu marido era realmente... Apetitoso.

Queria beijá-lo!

Mas, antes que pudesse se aproximar, Marcos já havia se endireitado.

Solange ficou desapontada, seus lábios vermelhos como cereja formando um biquinho, expressando seu descontentamento ao homem.

Marcos observou todas as mudanças de expressão dela, um leve sorriso apareceu em seus olhos escuros.

- Leonardo, para o cartório.

O mordomo Leonardo abriu a boca em choque, parecendo não acreditar no que ouviu.

Ele perguntou incerto:

- Sr. Marcos, eu ouvi direito? O senhor vai ao cartório?

- Dirija. - Marcos foi direto ao ponto, tirando o celular do bolso do paletó e ligando para seu assistente.

Cerca de vinte minutos depois, o carro parou lentamente na porta do cartório.

O assistente de Marcos já estava lá, e ao ver o carro familiar, caminhou imediatamente.

- Sr. Marcos, eu trouxe o que o senhor pediu.

Marcos pegou os documentos, sem expressão, seus olhos passaram rapidamente pelas certidões e pelo acordo pré-nupcial, lentamente aquecendo seu olhar profundo.

- Veja com atenção, se não houver problemas, assine.

Este acordo pré-nupcial foi impresso de emergência pelo assistente de Marcos.

No entanto, Solange parecia sonolenta, com as pálpebras caídas.

Ela se apoiou no ombro de Marcos, acenando com a cabeça.

Ao ouvir as palavras de Marcos, ela murmurou manhosa:

- Não quero ver! Marido, leia para mim, por favor?

Enquanto falava, encostou a bochecha no braço forte de Marcos, fechando os olhos e esperando que ele lesse para ela.

O assistente, olhando pela janela do carro, viu a menina abraçando o braço de Marcos de forma tão íntima e manhosa, ficando sem palavras de tanto espanto.

Em apenas algumas horas, de onde o Sr. Marcos arranjou essa menina tão bonita?

O mais surpreendente era que o Sr. Marcos, que sempre mostrava desinteresse por mulheres, agora tinha um olhar indulgente, sem o menor traço de impaciência!
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