Sky saíra do armazém abraçada às duas garrafas que havia ganhado. Tinha de admitir que aquilo parecia um sinal de boa sorte, conhecer gente simpática e ganhar presentes logo que chegara na cidade. E teria de voltar ali para provar a comida de Elliott ou fosse lá quem cozinhasse naquele lugar.
Porém, nem tudo parecia ser sorte. A garota mal dera dois passos e pisara em falso, desequilibrando para a frente. Antes mesmo que soltasse as garrafas para tentar se equilibrar de volta, sentira quando uma sombra a envolvera. Mãos fortes e quentes a seguraram com firmeza pelos ombros, a mantendo em pé até que recuperasse o equilíbrio.
Do fim da longa avenida abaixo, uma lufada vento soprara, esvoaçando seus cabelos e carregando diversas folhas secas pela calçada.
—Essa foi por pouco – dissera a ruiva, apertando as duas garrafas contra os seios com o braço esquerdo enquanto levava a mão direita até a face para mover a mecha de cabelos cor de fogo que o vento colocara sobre seus olhos.
—Tudo bem com você? – indagara a voz firme e penetrante perto dela.
Quando erguera os olhos verdes, Sky dera de cara com um sujeito grande e forte a encarando. Os olhos azuis como o céu em um dia limpo de primavera lhe encantavam e traziam recordações que ela preferia esquecer.
Por um instante, Sky ficara sem palavras, algo bem incomum para ela, uma escritora criativa e falante. Dando um passo atrás para se desvencilhar do abraço do sujeito, a ruiva esboçara um sorriso envergonhado.
—Eu… é… obrigada – dissera, abraçando as garrafas com os dois braços – Acho que pisei em falso, iria ser um tombo daqueles. Vamos dizer que fui salva por você dessa vez – emendara, se esforçando para memorizar cada traço da face daquele homem maravilhoso.
O rapaz tinha cabelos negros penteados para a esquerda e aparentava estar na casa dos trintas anos, embora a garota soubesse que as aparências enganam em muitos casos. Tinha o queixo quadrado e o olhar severo, misterioso, talvez até mesmo sombrio, mas aquilo era sexy.
O porte também era atraente. Tinha o peito definido e o abdômen sarado, o tipo de homem que conquistaria qualquer mulher. E embora Sky não fosse uma mulher que se deixava apaixonar mais tão facilmente, não podia negar que sexo era algo que ainda amava acima de todas as coisas.
—Jordan Lewis – dissera o sujeito esticando a mão para a cumprimentar.
Sky esticara a mão direita e sorrira, o cumprimentando enquanto o devorava com os olhos. Enquanto o rapaz movia os lábios para falar com a escritora, ela imaginava que aquilo era um convite para beijar aquela boca deliciosa.
—Serenity Sinclair – dissera ela em resposta.
Pensara em dizer que ele poderia a chamar de Sky se quisesse, mas queria evitar a chance de alguém por ali a reconhecer pelo escândalo de anos antes. A mudança para aquela cidade tinha como meta um recomeço em sua vida. Não pretendia reviver o passado explicando sua versão dos fatos às pessoas.
—Serenity… – comentara o sujeito sorrindo para ela – É um nome bastante incomum, mas devo dizer que é um lindo nome. Nova na cidade?
Sky suspirara. Chamava mais atenção do que desejava, como sempre.
—Está tão evidente assim? – sussurrara fazendo charme.
—Camden é uma cidade pequena – explicara o sujeito – Se não for um rosto conhecido, é uma turista ou uma nova moradora. E turistas normalmente andam em grupos e não vem para esse lado. Além disso, se já morasse por aqui, eu me lembraria de você, com certeza.
Galanteador – pensara Sky. O típico conquistador, o tipo de homem perfeito para uma noite e nada mais. Seria solteiro? A última coisa que precisava em sua vida naquele momento era outro casado cruzando seu caminho.
—Um homem observador – elogiara a ruiva pensando em alguma forma de acabar logo aquela conversa e voltar para o interior aquecido de seu Renegade. Por mais gostoso que fosse aquele sujeito, o clima frio e úmido de Camden no inverno e Sky não combinavam – Mora por aqui há muito tempo?
Ótimo – pensara a moça após fazer a pergunta. Para quem desejava acabar uma conversa, lá estava ela prolongando o assunto. Nunca conseguiria resolver seus problemas de curiosidade.
—Me mudei para cá há dois anos. Faço vários trabalhos na cidade, limpeza de piscinas, manutenção de ar condicionado, entre outros. Se precisar, estou em um barco ancorado no porto. Vou deixar um cartão com meu telefone – dissera o sujeito enfiando a mão dentro da blusa para apanhar a credencial.
Sky apanhara o cartão surpresa e ao mesmo tempo decepcionada por não receber um convite para o visitar. Claro que se faria de difícil, mas não perderia a oportunidade de descobrir como era aquele homem na cama. Certamente iria construir um caminho entre eles para que aquela oportunidade surgisse.
—Estou me mudando hoje, então ainda não sei como está a casa realmente. Me dê algumas semanas e garanto que o chamarei para consertar muitas coisas por lá. Vai ser muito bom poder contar com a sua assistência – você nem imagina o quanto, pensara a garota.
—Onde está morando? – indagara o sujeito.
—Em uma casa ao sul da Bald. Acabei de descobrir que o antigo proprietário faleceu há alguns meses, então creio que deve haver muita coisa precisando de manutenção – respondera a ruiva – Quando elaborar uma lista com as reformas, entro em contato – ou antes, refletira.
Jordan erguera as sobrancelhas, aparentemente surpreso.
—Então você é a nova proprietária da casa do velho Ben? – comentara – Eu cuidava da manutenção da piscina, embora ninguém nunca a usasse. E conheço bem a casa. Pode me chamar quando quiser.
—Parece que todos conheciam o antigo proprietário. Logo vai ser meu nome que ficará conhecido por me mudar para aquela casa – dissera a moça, torcendo os lábios com a ideia de ser associada a um escritor alcoólatra falecido.
Seria pior quando descobrissem que ela também era escritora.
—Ben foi uma espécie de celebridade pela região por algum tempo. Nasceu aqui mesmo e dizem que quando criança, não saía da biblioteca. Ficou famoso e rico com alguns livros de terror que escreveu. Pelo que o conhecia, era um tipo de nerd que vivia entocado em casa, cuidando de seus trabalhos.
Ao menos Jordan não mencionara a relação do escritor com a bebida, como Norman e Elliott haviam feito. Outra onda de ar frio passara pela calçada onde os dois conversavam e dessa vez Sky sentiu um calafrio subindo pela espinha, como se falar dos mortos invocasse fantasmas.
—É melhor eu ir. Ainda tenho um bocado de coisa pra descarregar do carro antes de tomar um banho, comer e poder relaxar um pouco – dissera a garota, voltando a abraçar as duas garrafas à frente dos seios – Foi uma viagem longa e cansativa e tenho mais uma hora de direção pela frente. Obrigada pela ajuda. Ligo assim que tiver organizado a lista de consertos.
Jordan acenara se despedindo e indicando que iria entrar no armazém. Sky seguira de volta para o Renegade ansiosa por sair daquele clima frio. Não sabia como as pessoas por ali não congelavam.
Ao se ver aquecida dentro do veículo, Sky retirara o cachecol cor-de-rosa do pescoço e suspirara. Girara o espelho retrovisor e fitara seus olhos no pequeno espelho. Não tinha olheiras e estava bem, apesar das quase dez horas dirigindo. Já havia retocado a maquiagem diversas vezes e estava perfeita.
Antes de dar a partida, abrira o zíper da calça e escorregara os dedos para dentro da calcinha. Estava encharcada. Ficara completamente excitada ao falar com Jordan. Em algum momento teria de transar com aquele homem.
Já fazia uma semana que Sky não transava com ninguém e dificilmente esse tempo se estendia. Desde que terminara seu romance secreto com Robert e sua vida particular tivera as partes mais excitantes vazadas para a mídia, a garota fora procurada por todo tipo de homem interessado em suas qualidades.
Sabendo que a maioria só queria sexo, a ruiva selecionara os que eram de seu agrado e passara a fazer casualmente o que mais gostava além de escrever, transar. Contudo, depois que o empresário partira seu coração, a garota jamais se rendera aos encantos de outros homens no que tocasse a amor.
Qualquer um que insistisse em avançar a linha vermelha era descartado e não tinha nenhuma chance de uma segunda transa. Por outro lado, o vício em sexo apenas crescia cada dia mais. A garota adotara o lema de que gozar era essencial, amor e outras drogas não.
Logo a escritora estava seguindo pela Rodovia Hosmer Pond em direção à Barnestown e dali a vinte minutos estaria em sua nova casa. Finalmente a moça sentia a certeza de que havia feito a escolha certa. Diferente da barulhenta Nova York com seus milhares de prédios altos e ruas repletas de gente, o que Sky via naquele instante, dos dois lados da rodovia, eram centenas de árvores com suas copas verdes e o cheiro de natureza por toda parte.
Sky reduzira ao ver a passagem à margem da estrada, com seus dois pilares de madeira e o arco no alto, onde a inscrição entalhada dizia Dreamfield. Era o nome de sua nova morada, uma propriedade particular cercada de abundante natureza e paz por todos os lados.
Pagar por aquele lugar custara boa parte de sua fortuna, mas valeria a pena. Teria ali privacidade para receber os amigos que desejasse, afinal, não tinha os vizinhos indesejáveis de apartamentos de Nova York. Melhor que isso, quando quisesse apenas desfrutar de paz e descanso, ninguém a incomodaria.
Com sorte, sua inspiração voltaria e em breve estaria escrevendo de novo.
Sky seguia pela trilha entre as árvores ouvindo The Black Eyes Peas no rádio e pensando em como seria sua rotina do dia seguinte em diante. Certamente os primeiros dias seriam agitados, teria de ir à cidade comprar coisas novas para a casa e fazer anotações de tudo que precisava ser consertado.Contudo, calculava que dentro de um mês as coisas estariam resolvidas, aí então a vida seria de pura tranquilidade. Isso se sua mãe não decidisse aparecer. Joana, ou como preferia ser chamada, Melody, estava sempre disposta a fazer todo o possível para canalizar as energias do ambiente e isso significava mudar tudo que Sky organizava para um lugar diferente.A ruiva costumava pensar que ela era o mar calmo e sua mãe o tsunami. De qualquer forma, não podia negar que as coisas sempre ficavam bem no final.Logo após o portão de entrada da proprie
A jovem escritora vira sua inspiração retornar de forma mágica ao ter aquele caderno em suas mãos. Não era de seu feitio escrever manualmente. Como toda garota de sua geração, anotava o mínimo possível em papel com caneta. Até as listas de compras eram digitadas no celular ou notebook. Porém, não conseguia deixar a esferográfica de lado quando começava a esboçar um novo livro. Escrevera até adormecer exausta. Havia sido um dia longo e conturbado. Acordara com o som da campainha. Abrira os olhos devagar e percebera que sequer tinha apagado as luzes do quarto. A primeira coisa de que se lembrara fora do caderno de anotações e quando não o vira em lugar nenhum, se sentara na cama apavorada tentando lembrar onde o havia guardado. Felizmente Sky tinha um jeito simples de organizar as coisas e lá estava o caderno na gaveta do enorme criado-mudo com o abajur de cor creme ao lado da cabeceira. Ouvira novamente o som da campanhia na porta e deduzira, contra a vontade,
—Não sou casada – respondera a garota – Na verdade, comprei a casa tem pouco tempo e moro sozinha. Gosto de espaço, solidão, privacidade. E todos os ambientes têm câmeras que registram tudo vinte e quatro horas por dia a fim de garantir minha segurança no caso de assalto ou coisas assim.—Câmeras escondidas? – comentara o advogado varrendo cada canto da cozinha com o olhar – Devo dizer que a ideia é genial, mas acho um desperdício uma mulher tão linda gostar tanto de solidão como diz.E lá estava o sujeito lançando seu charme irresistível novamente. Era como um predador que caçava por prazer e não escondia as presas. Sky sabia para onde aquele jogo de flertes seguiria e era exatamente o que desejava. Contudo, não havia mais um coração indefeso para ser partido em seu peito.—Quer um pouco? &nd
As bolas também eram grandes. O saco, completamente depilado, fora o primeiro ponto de parada da garota com sua língua sedenta de desejo. Sky não pretendia demorar muito por ali. O tempo continuava correndo e o que desejava era aproveitar como se o mundo fosse acabar dali meia hora, ainda mais depois que sentira aquele colosso pulsando entre seus dedos.A boca gulosa e insaciável da ruiva explorara cada centímetro em menos de um minuto. Sky não sabia dizer exatamente o tamanho daquele maravilhoso brinquedo para adultos em suas mãos, mas a julgar por outros amigos com quem já estivera, calculava uns vinte e quatro centímetros. E a grossura se destacava entre os maiores que já tinha visto!A chupada durara menos de cinco minutos. A intenção da mulher era apenas o deixar lubrificado o suficiente para que, ao se sentar, as coisas rolassem sem problemas. A calcinha já estava
Ângela Sant’Anna Del’Aventura. Quando ouvira o nome pela primeira vez, Sky precisara se controlar para não rir. De alguma forma, para a escritora, aquele parecia o nome de alguma protagonista de novela mexicana.Contudo, a verdade era um pouco mais complicada e séria.Agente Del’Aventura. O título não fazia o nome parecer menos engraçado.Ângela, como pedira para ser chamada, era uma agente do FBI e segundo explicara brevemente, estava à frente de uma operação para capturar o homem com quem a ruiva havia passado a noite.Quando ouvira que o advogado com quem transara era procurado pelo FBI em três estados, acusado de oito homicídios, Sky começara a ponderar se havia tomado a decisão certa na noite anterior, pouco antes de aquele belo espécime de homem bater à sua porta.Entretanto, não conseguia se concentra
—Estamos lidando com um assassino. Chegamos aqui após muito trabalho e investigação de muitos profissionais. Pessoas morreram porque não podemos prever o futuro, então, independentemente do que acredite, sorte ou não, está viva e não teremos mais mortes nesse caso – respondera rispidamente.—E quanto à última garota que mencionou? – perguntara Sky.—A encontramos no porta-malas do carro. Não chegamos a tempo para ela.Por fim, a mulher vestindo roupas negras saíra, caminhando no chuvisqueiro em direção à SUV que a esperava. Todos os demais agentes já aguardavam em seus veículos. Sky continuava em pé à porta da frente da casa, agora vestindo calças, blusa de moletom e chinelos.De braços cruzados, via os veículos manobrando e deixando a propriedade. Esperava que aquele evento
Após Ângela e sua equipe deixarem a residência, Sky subira para o quarto e se agarrara ao Sexy Notes. Passara a chamar aquele estranho caderno pelo nome de seu antigo blog, pois a única coisa que restara do que havia feito tinha sido o título com letras douradas na capa. A ruiva mordia o lábio inferior de leve, nervosa, curiosa, pensativa. Fechara os olhos e ficara assim por mais de trinta minutos com o livro colado ao peito em um abraço. Se dizia todo o tempo que não estava louca. Era uma mulher jovem e saudável, plenamente no controle de suas faculdades mentais. Não havia dúvidas, ela sabia que tinha escrito grande parte da cena junto de Ricardo naquele caderno. O encontro, a transa, tudo correra perfeitamente até a equipe do FBI surgir em sua casa. Agora, tudo que restava era a certeza de que havia transado com um assassino serial. A confusão em sua mente se dava quanto ao poder daquele caderno. Tudo o que havia escrito tinha acontecido. Contudo,
Embora o clima continuasse frio e chuvoso como no dia anterior, para a ruiva era como uma manhã ensolarada em um domingo de festa. Levantara da cama em um salto, abrira os braços e girara o corpo no lugar erguendo um dos joelhos como uma bailarina. Sorrira se encarando no espelho e se dando bom dia.Sem perder tempo, apanhara toalhas e xampus e correra para o banheiro. O dia não espera para começar – costumava dizer Melody e a jovem aprendera desde pequena a despertar com o raiar do sol, mesmo quando não havia sol.Pouco tempo depois, lá estava a ruiva saindo pela porta da cozinha. Checara os status do sistema de segurança pelo celular e conferira as horas, seis e vinte da manhã. Desativara o alarme do SUV e enfiara a mão direita no bolso da blusa, retirando dela uma touca de lã.Sky vestira uma cacharrel de cor rosa sob uma jaqueta de couro marrom. A calça jeans