Sky seguia pela trilha entre as árvores ouvindo The Black Eyes Peas no rádio e pensando em como seria sua rotina do dia seguinte em diante. Certamente os primeiros dias seriam agitados, teria de ir à cidade comprar coisas novas para a casa e fazer anotações de tudo que precisava ser consertado.
Contudo, calculava que dentro de um mês as coisas estariam resolvidas, aí então a vida seria de pura tranquilidade. Isso se sua mãe não decidisse aparecer. Joana, ou como preferia ser chamada, Melody, estava sempre disposta a fazer todo o possível para canalizar as energias do ambiente e isso significava mudar tudo que Sky organizava para um lugar diferente.
A ruiva costumava pensar que ela era o mar calmo e sua mãe o tsunami. De qualquer forma, não podia negar que as coisas sempre ficavam bem no final.
Logo após o portão de entrada da propriedade havia um estacionamento calçado com pedras que oferecia vagas para pelo menos dez veículos de porte grande. A garota pensara que, no passado, antes do tal Ben se afogar na bebida e afastar a família, muitas festas tinham sido comemoradas por ali.
Passara direto pelo estacionamento observando um antigo poço próximo à cerca. A corretora mencionara que aquele poço estava ali desde a chegada dos primeiros colonos e pelo que parecia, desde antes dos índios. Àquela hora da noite, Sky notara que a maior parte da propriedade estava tomada pela escuridão e anotara mentalmente solicitar que Jordan colocasse mais luzes em diversos pontos. Também instalaria um complexo sistema de segurança, afinal de contas, moraria sozinha. Toda precaução era pouca.
Havia uma belíssima estátua trabalhada em mármore branco no centro do jardim principal, à frente da enorme porta dupla da entrada. A estátua servia para marcar o retorno de um caminho em arco que passava em frente à porta.
Sky avançara direto, tomando a passagem lateral da casa em direção aos fundos. Notara que os jardins estavam todos floridos e bem cuidados, podados com capricho. Imaginara que a família havia contratado para alguém cuidar dos jardins e outras coisas após a morte do escritor, certamente procurando vender a propriedade o quanto antes.
Seguira até a porta da cozinha e estacionara o veículo na área de embarque e desembarque. Dali teria acesso mais fácil à despensa e outros lugares para onde tinha de levar caixas com seus objetos pessoais. Ao sair do conforto interior do Renegade, o frio a atingira como farpas de gelo novamente.
Imediatamente a ruiva colocara um dos fones do ouvido para se distrair e enrolara o cachecol em torno do pescoço. Tinha pouco mais de dez caixas para descarregar e então poderia pensar em preparar o jantar e tomar um banho.
Ao longe, no meio da escuridão da floresta, podia ouvir o som dos grilos e do vento uivando entre as árvores. A parte boa em estar cercada por uma ampla reserva florestal era saber que tudo ali estava preservado exatamente da forma como a mãe natureza havia criado, aquele tipo de cenário que as pessoas na cidade grande só conheciam por livros e fotos na internet.
O sistema de alarme da casa, instalado na semana anterior, funcionava com perfeição. A garota desbloqueara a porta com o cartão e a ativação biométrica, como indicado pelo técnico e logo em seguida recebera uma ligação da agência, indagando se era ela mesma chegando. Não havia cadastrado nenhuma outra pessoa autorizada, então qualquer invasão resultaria em duas rádio patrulhas na propriedade em questão de minutos.
Quando terminara de descarregar as coisas, Sky se certificara de que todas as portas e janelas estavam trancadas e o sistema de alarme ativado. O interior da nova casa era quente e convidativo. Embora noventa por cento da construção fosse feito em madeira, o sistema de aquecimento era moderno e a seu pedido, havia sofrido manutenção recente.
Muitas pessoas tinham problemas com solidão e felizmente Sky não era uma dessas pessoas. A ruiva se acostumara desde pequena a ter como companhia seus cadernos, canetas, o celular ou notebook onde escrevia. Os amigos tinham mais contato com ela via W******p, F******k e I*******m que pessoalmente e para a jovem, as coisas estavam perfeitas assim.
Tão logo se vira aquecida dentro da casa, Sky fizera o que vinha desejando o dia todo desde que saíra em viagem de Nova York. Fora para o quaro e retirara as pesadas roupas de frio, o jeans, as botinhas, a blusa de moletom e o cachecol. Vestira uma camiseta de malha fria branca bem larga e shortinho jeans tão curto que sumia sob a camiseta que mais parecia um vestido.
Colocara uma coletânea de músicas antigas da dupla Roxette para tocar no micro system e deixara o som inundar a casa. Uma das vantagens de não ter os indesejáveis vizinhos de antes e a casa ser isolada, impedindo que o som de seu interior vazasse para fora era não se preocupar com barulho.
Na cozinha, esquentara uma lasanha já pronta que trouxera do antigo apart no micro-ondas e comera como se não houvesse amanhã. Há quantas horas já estava sem comer? Aquilo não era exatamente um bom jantar, mas visitaria um mercado no dia seguinte para fazer compras.
Enquanto comia, Sky mandava mensagens para os amigos que deixara para trás. As irmãs Aleera, Marishka e Verona haviam se tornado suas companheiras de balada inseparáveis desde que se afastara de Robert e não se conformavam com o fato de que deixara a agitada Nova York para morar na tranquila Camden.
Não havia homens em sua vida, pelo menos não amigos íntimos. Homens sempre se aproximavam de mulheres, principalmente as jovens, bonitas, ricas e gostosas como ela com um único propósito, dominá-las. Sky não era mais esse tipo, não se deixava levar por palavras e promessas.
Assim que as coisas estivessem totalmente organizadas e a casa em ordem, daria uma festa apenas para seletos convidados. Talvez usasse o momento para anunciar que voltaria a escrever, se a inspiração viesse lhe fazer companhia.
Comera até ficar satisfeita enquanto stalkeava a vida dos amigos no face e outras redes sociais. Finalmente decidira tomar um banho e provar aquele vinho antes de cair na cama. Sua primeira noite em seu novo lar.
No banho, se tocara como sempre fazia. Precisava transar. Tivera um longo e prazeroso orgasmo imaginando como seria o dote de Jordan. Definitivamente tinha de provar aquele homem. O dia havia sido tão corrido e cansativo que nem se lembrara de indagar se o mesmo era casado.
Contudo, observadora nata, não notara aliança em seu dedo e nem mesmo sinal de que já tivesse usado uma. Acreditava que fosse solteiro, afinal, o sujeito dissera que morava em um barco. Que tipo de mulher se casaria com um homem que mora em um barco?
Relaxara por quase uma hora embaixo da água quente do chuveiro enquanto anotava mais uma adição para a nova casa, uma banheira. Desde que ganhara seu primeiro apartamento de Robert com uma banheira, não conseguia ver mais a vida sem relaxar o corpo mergulhado em águas com sais de banho ao menos uma vez na semana.
Saíra do banheiro para o quarto nua e ficara se admirando no espelho. Tinha um corpo perfeito e ninguém o amava mais que ela própria. Precisava manter aquilo tudo em dia. A melhor propaganda é você mesma. Teria de instalar alguns equipamentos de academia por ali. Talvez construísse um pequeno espaço para malhar. Seria mais prático que ir à alguma academia na cidade.
Vestira um conjuntinho de lingerie negra com rendas, camisola, calcinha e soutien. Esboçara um sorriso imaginando que homem seria capaz de resistir a tudo aquilo diante de seus olhos.
Se fosse homem, desejaria uma mulher com seu perfil.
Fora até o bar e abrira a garrafa de Chateau Pichon, enchendo uma taça até a metade. Vinho a fazia se lembrar de Robert, mas ao menos era uma lembrança da parte boa do relacionamento. A parte sem mentiras.
A sala de estar era toda calçada em pisos de madeira. Havia um gigantesco carpete indiano que Sky mandara para lá na semana anterior a fim de que fosse colocado no centro da sala e tivesse a mobília adicionada sobre ele. Apanhara a taça de vinho e se sentara em uma das duas enormes poltronas.
Levara a taça aos lábios e provara um gole da bebida, deixando que o sabor se espalhasse lentamente por sua boca. Fechara os olhos sentindo o prazer do álcool consumir suas últimas forças naquele dia. Elliott tinha razão sobre aquele vinho, era perfeito. Melhor que isso só o fato de não ter custado nada.
Abrira os olhos lentamente, seu corpo estava leve, uma mistura do álcool e do cansaço a dominando. Quase todas as luzes da casa estavam apagadas e a escuridão dominava a maior parte do ambiente. As chamas da lareira refletiam no brilho do olhar de Sky, que pensava em criar forças para se levantar e ir para a cama. Repousara a taça em uma pequenina mesinha de centro, cuja base era feita de vidro e só então se dera conta de um estranho objeto deixado ali.
Era um caderno pequeno, com capa dura e espiral. A capa de cor preta sem qualquer estampa ou anotação chamara a atenção da escritora, que o apanhara e abrira na primeira página, procurando encontrar algo que identificasse o dono. Talvez pertencesse ao antigo dono da casa, o escritor Ben Carter.
Não havia nada. Todas as páginas em branco. Um caderno aparentemente novo e nunca usado. Sky o folheara procurando por algo entre as páginas, mas não havia nenhum marcador, tampouco qualquer rasura entre suas folhas. Nada que indicasse pertencer ao antigo proprietário. Quem o teria deixado ali?
Voltara examinando uma vez mais e ao chegar no verso da capa, notara algo escrito em letras pequenas. Girara o objeto em suas mãos na direção da luz que vinha da lareira e lera a mensagem em um sussurro.
Os personagens aqui criados serão mais que simples imaginação.
Escreva se tiver coragem. E encare as consequências.
O que queria dizer aquilo? – se perguntara. Certamente era uma brincadeira.
Claro – deduzira – o caderno realmente havia pertencido a Ben Carter. O escritor tinha escrito aquela mensagem na parte de dentro da capa com o intuito de fazer uma pegadinha com alguém. Entretanto, se alguém havia visto ou não, ali estava o caderno intacto.
Agora lhe pertencia. Arqueara uma sobrancelha e esboçara um sorriso ao ter uma ideia repentina. Se levantando da poltrona, a ruiva seguira para o quarto com o caderno em mãos. Sentia uma energia emanando daquelas páginas, uma força impossível de descrever em palavras, um sentimento que a impulsionava a fazer aquilo que sempre amara. Escrever.
Sky costumava escrever seus contos e livros no notebook, mas sempre fazia anotações em cadernos como aquele. Abrindo uma bolsa no quarto, apanhara dela uma caneta de tinta dourada e se deitando na cama, escrevera na capa negra do caderno encontrado. Sexy Notes.
Então pegara uma esferográfica azul e se posicionara próxima ao abajur de cor creme no lado esquerdo da cama. Nada como rabiscar algumas ideias antes de o sono a tomar por completo.
E era uma ótima forma de começar sua vida na casa nova.
A jovem escritora vira sua inspiração retornar de forma mágica ao ter aquele caderno em suas mãos. Não era de seu feitio escrever manualmente. Como toda garota de sua geração, anotava o mínimo possível em papel com caneta. Até as listas de compras eram digitadas no celular ou notebook. Porém, não conseguia deixar a esferográfica de lado quando começava a esboçar um novo livro. Escrevera até adormecer exausta. Havia sido um dia longo e conturbado. Acordara com o som da campainha. Abrira os olhos devagar e percebera que sequer tinha apagado as luzes do quarto. A primeira coisa de que se lembrara fora do caderno de anotações e quando não o vira em lugar nenhum, se sentara na cama apavorada tentando lembrar onde o havia guardado. Felizmente Sky tinha um jeito simples de organizar as coisas e lá estava o caderno na gaveta do enorme criado-mudo com o abajur de cor creme ao lado da cabeceira. Ouvira novamente o som da campanhia na porta e deduzira, contra a vontade,
—Não sou casada – respondera a garota – Na verdade, comprei a casa tem pouco tempo e moro sozinha. Gosto de espaço, solidão, privacidade. E todos os ambientes têm câmeras que registram tudo vinte e quatro horas por dia a fim de garantir minha segurança no caso de assalto ou coisas assim.—Câmeras escondidas? – comentara o advogado varrendo cada canto da cozinha com o olhar – Devo dizer que a ideia é genial, mas acho um desperdício uma mulher tão linda gostar tanto de solidão como diz.E lá estava o sujeito lançando seu charme irresistível novamente. Era como um predador que caçava por prazer e não escondia as presas. Sky sabia para onde aquele jogo de flertes seguiria e era exatamente o que desejava. Contudo, não havia mais um coração indefeso para ser partido em seu peito.—Quer um pouco? &nd
As bolas também eram grandes. O saco, completamente depilado, fora o primeiro ponto de parada da garota com sua língua sedenta de desejo. Sky não pretendia demorar muito por ali. O tempo continuava correndo e o que desejava era aproveitar como se o mundo fosse acabar dali meia hora, ainda mais depois que sentira aquele colosso pulsando entre seus dedos.A boca gulosa e insaciável da ruiva explorara cada centímetro em menos de um minuto. Sky não sabia dizer exatamente o tamanho daquele maravilhoso brinquedo para adultos em suas mãos, mas a julgar por outros amigos com quem já estivera, calculava uns vinte e quatro centímetros. E a grossura se destacava entre os maiores que já tinha visto!A chupada durara menos de cinco minutos. A intenção da mulher era apenas o deixar lubrificado o suficiente para que, ao se sentar, as coisas rolassem sem problemas. A calcinha já estava
Ângela Sant’Anna Del’Aventura. Quando ouvira o nome pela primeira vez, Sky precisara se controlar para não rir. De alguma forma, para a escritora, aquele parecia o nome de alguma protagonista de novela mexicana.Contudo, a verdade era um pouco mais complicada e séria.Agente Del’Aventura. O título não fazia o nome parecer menos engraçado.Ângela, como pedira para ser chamada, era uma agente do FBI e segundo explicara brevemente, estava à frente de uma operação para capturar o homem com quem a ruiva havia passado a noite.Quando ouvira que o advogado com quem transara era procurado pelo FBI em três estados, acusado de oito homicídios, Sky começara a ponderar se havia tomado a decisão certa na noite anterior, pouco antes de aquele belo espécime de homem bater à sua porta.Entretanto, não conseguia se concentra
—Estamos lidando com um assassino. Chegamos aqui após muito trabalho e investigação de muitos profissionais. Pessoas morreram porque não podemos prever o futuro, então, independentemente do que acredite, sorte ou não, está viva e não teremos mais mortes nesse caso – respondera rispidamente.—E quanto à última garota que mencionou? – perguntara Sky.—A encontramos no porta-malas do carro. Não chegamos a tempo para ela.Por fim, a mulher vestindo roupas negras saíra, caminhando no chuvisqueiro em direção à SUV que a esperava. Todos os demais agentes já aguardavam em seus veículos. Sky continuava em pé à porta da frente da casa, agora vestindo calças, blusa de moletom e chinelos.De braços cruzados, via os veículos manobrando e deixando a propriedade. Esperava que aquele evento
Após Ângela e sua equipe deixarem a residência, Sky subira para o quarto e se agarrara ao Sexy Notes. Passara a chamar aquele estranho caderno pelo nome de seu antigo blog, pois a única coisa que restara do que havia feito tinha sido o título com letras douradas na capa. A ruiva mordia o lábio inferior de leve, nervosa, curiosa, pensativa. Fechara os olhos e ficara assim por mais de trinta minutos com o livro colado ao peito em um abraço. Se dizia todo o tempo que não estava louca. Era uma mulher jovem e saudável, plenamente no controle de suas faculdades mentais. Não havia dúvidas, ela sabia que tinha escrito grande parte da cena junto de Ricardo naquele caderno. O encontro, a transa, tudo correra perfeitamente até a equipe do FBI surgir em sua casa. Agora, tudo que restava era a certeza de que havia transado com um assassino serial. A confusão em sua mente se dava quanto ao poder daquele caderno. Tudo o que havia escrito tinha acontecido. Contudo,
Embora o clima continuasse frio e chuvoso como no dia anterior, para a ruiva era como uma manhã ensolarada em um domingo de festa. Levantara da cama em um salto, abrira os braços e girara o corpo no lugar erguendo um dos joelhos como uma bailarina. Sorrira se encarando no espelho e se dando bom dia.Sem perder tempo, apanhara toalhas e xampus e correra para o banheiro. O dia não espera para começar – costumava dizer Melody e a jovem aprendera desde pequena a despertar com o raiar do sol, mesmo quando não havia sol.Pouco tempo depois, lá estava a ruiva saindo pela porta da cozinha. Checara os status do sistema de segurança pelo celular e conferira as horas, seis e vinte da manhã. Desativara o alarme do SUV e enfiara a mão direita no bolso da blusa, retirando dela uma touca de lã.Sky vestira uma cacharrel de cor rosa sob uma jaqueta de couro marrom. A calça jeans
Parecia loucura pensar aquilo, mas qual seria a extensão do poder do Sexy Notes? Aparentemente suas palavras tinham moldado a realidade, fazendo com que Ricardo viesse até ela, então a única coisa que conseguia presumir era que Ben também havia escrito no caderno. Mas… monstros?O que Ben estava querendo dizer com aquilo? Precisava ler seus livros.—Como ele morreu?A pergunta fora direta, mas assim como as palavras anteriores, não passara de outro sopro de voz. Havia diversas pessoas nas mesas próximas e Sky não queria que a ouvissem bisbilhotando sobre a vida de um homem morto.Elliott refletira por um instante e ajeitara novamente os óculos sobre o nariz.—Ben foi encontrado morto pelo filho, Johnny – explicara o sujeito – Parece que já estava lá tinha alguns dias, mas ninguém havia sentido sua falta. Em seus últimos