—Não sou casada – respondera a garota – Na verdade, comprei a casa tem pouco tempo e moro sozinha. Gosto de espaço, solidão, privacidade. E todos os ambientes têm câmeras que registram tudo vinte e quatro horas por dia a fim de garantir minha segurança no caso de assalto ou coisas assim.
—Câmeras escondidas? – comentara o advogado varrendo cada canto da cozinha com o olhar – Devo dizer que a ideia é genial, mas acho um desperdício uma mulher tão linda gostar tanto de solidão como diz.
E lá estava o sujeito lançando seu charme irresistível novamente. Era como um predador que caçava por prazer e não escondia as presas. Sky sabia para onde aquele jogo de flertes seguiria e era exatamente o que desejava. Contudo, não havia mais um coração indefeso para ser partido em seu peito.
—Quer um pouco? – indagara a ruiva apontando para a garrafa de suco ao lado do copo sobre a mesa – Me diga, mora por aqui mesmo?
Aceitando o suco, Ricardo apanhara o copo enquanto a moça o servia. O advogado usava camisa branca com gravata vermelha e calças negras como o paletó que retirara tão logo entrara na casa. A barba por fazer indicava que não estava trabalhando naqueles dias.
—Apenas tenho uma locação no porto. Venho para cá quando preciso sair das atribulações da cidade grande. Aqui é um lugar perfeito para se ter paz, mas grande parte do ano estou em Nova York, atendendo clientes – respondera.
Aquele maravilhoso galã latino era de Nova York? Mais uma informação que Sky não sabia. E uma coincidência que tivessem vindo do mesmo lugar.
Observando o sujeito beber o suco, Sky imaginara uma cena. O copo virava, o suco caíra em sua camisa, ela se oferecia para lavar, ela a tirava…
—Que carro você tem? – indagara a garota de olhos verdes, quebrando seus próprios sonhos molhados. Precisava ter calma.
—Um Porsche Cayman S – respondera Ricardo com um sorriso – É um carro pequeno e veloz. Ótimo para percorrer longas distâncias em pouco tempo sem abrir mão de conforto – explicara.
Definitivamente, não era em carros que Sky pensava.
—Eu já tive um Lamborghini. Mas era muito chamativo…
—Serenity – comentara Ricardo – Qualquer carro com você seria chamativo. Mas não pelo carro e sim pela motorista encantadora.
Ah, era bom ser bajulada…
—O que acha que esperarmos na sala? O sofá é bem mais confortável que essas cadeiras, quais nem se sentou – propusera a ruiva – Quando a chuva nos der uma trégua, me troco e o levo até seu carro.
—Realmente não sei como agradecer por tudo que está fazendo – dissera o advogado terminando de beber o suco.
Ah, eu tenho certeza de que sabe – pensara a escritora em silêncio.
—Não precisa se preocupar com isso. Já descia para tomar um suco quando bateu à porta. Estava mesmo sem sono – mentira a ruiva – É bom ter companhia às vezes para conversar. E outras coisas, claro – acrescentara.
Sky se levantara e voltara para o salão de entrada, sendo acompanhada por Ricardo, que não desviava o olhar de seu bumbum rebolando. O salão tinha uma grande escadaria com tapete vermelho que se dividia em duas outras no final, levando para os aposentos superiores.
A escritora conduzira o sujeito por uma entrada à direita, onde o mesmo vira dois grandes sofás para três pessoas com uma mesinha de centro entre eles. O lugar, assim como toda a casa àquela hora, estava quase imerso na escuridão, a não ser por duas grandes luminárias beges que Sky acendera, uma ao lado de um dos sofás e a outra em um canto do aposento.
A pedido da moça, Ricardo se sentara em um dos sofás e ela viera ter-se ao lado dele. Havia duas grandes janelas por onde ambos viam os relâmpagos da chuva que ainda caía do lado de fora. O advogado percebera também que estava em uma sala cheia de estantes com livros. Uma pequena biblioteca.
—O antigo dono da casa era um escritor – explicara a ruiva – Grande parte das coisas por aqui pertenciam a ele. Ainda nem sei o que há nesses livros, mas pretendo os conferir, cada um. Livros são uma ótima companhia para pessoas solitárias. Podem nos levar para lugares incríveis apenas com o pensamento.
—Então prefere imaginar as coisas a fazê-las? – indagara o homem.
Sky estreitara o olhar, como uma caçadora prestes a atacar.
—Permiti que entrasse em minha casa no meio da madrugada e cá estamos. Certamente poderia estar em minha cama imaginando coisas – respondera.
—Você é ótima com as palavras. É uma escritora como o antigo proprietário? – perguntara o sujeito, a encarando bem dentro dos olhos.
Advogados e psicólogos com habilidades de dedução apuradas. Sky odiava os dois tipos. Conhecera dezenas deles em Nova York, a maioria casados com diversas amantes em suas folhas de pagamentos. Mas o que mais detestava era aquele dom para ler as pessoas.
—Já me arrisquei algumas vezes – respondera de forma evasiva.
—Algum livro que talvez eu conheça? – persistira o advogado.
Talvez ele não conhecesse os livros – pensara a ruiva – mas se morasse em Nova York há alguns anos e lesse jornais ou blogs de fofocas, certamente já teria ouvido falar sobre ela e seu conturbado romance com Robert. Era melhor manter o anonimato saudável que vinha cultivando nos últimos anos.
—Nenhum livro realmente famoso – respondera sem excitação na voz.
Ricardo esboçara um sorriso no canto esquerdo dos lábios enquanto lançava um olhar nada convencido para a ruiva. Torcendo para que o garanhão ao seu lado não percebesse, Sky virara a face e suspirara.
Já tinha imaginado aquela cena horas antes e outra vez ao vê-lo pela câmera de segurança em sua porta, mas agora, ao vivo, a coisa era bem mais séria. Era difícil descrever a intensidade do tesão que sentia junto daquele homem.
—Para uma escritora sem livros famosos, é uma moça jovem com uma casa enorme em uma região de altíssimo nível – comentara – Não que seja da minha conta, mas parece uma mulher muito bem sucedida para sua idade.
Realmente não é da sua conta – pensara Sky, formulando uma resposta.
—Já fui noiva… – dissera, estimando ser aquela a melhor definição para sua complicada e fatídica relação com Robert – E também já vendi alguns livros. Sou boa em economizar e aplicar minhas economias. Agora, se me permite dizer algo realmente importante, estamos perdendo tempo aqui.
—Perdendo tempo? – indagara o advogado, agora curioso.
—A chuva está passando, logo vou levá-lo ao seu carro – dissera Sky – Já estamos nos falando há mais de meia hora. Vai me beijar ou não?
O homem erguera uma sobrancelha, surpreso.
—Uma mulher linda, inteligente e direta – elogiara.
Aparentemente não direta o suficiente – pensara Sky, se aproximando para romper os poucos centímetros que os afastavam e tomar aquele homem pela face, o beijando demoradamente nos lábios.
Quando suas bocas se descolaram, a ruiva abrira os olhos lentamente. Sua respiração ainda se misturava com a dele enquanto recuperava o fôlego e sentia a saliva do mesmo em sua boca. Sabia o quanto aquele homem a desejava. Ela era como aquela flor mais bela do jardim que todos querem colher.
—Poderíamos ter feito isso há mais tempo – sussurrara ela.
Ricardo não dissera nada, apenas a tomara pela cintura e a puxara para seu colo, a colocando sentada de pernas abertas sobre si. As mãos firmes e hábeis logo tomaram outro caminho, subindo e lhe acariciando por cima da fina camisola que a garota usava. Sky apenas suspirava.
A mão direita assumira um novo curso, subindo ainda mais até alcançar a face da jovem. Enquanto sentia a tez quente e aveludada da garota, o polegar escorregara, buscando os lábios molhados daquela boca grande e provocante.
Sky não se fizera de difícil. Beijara o dedo, então o chupara sugestivamente e, por fim, o mordera de leve. Não precisava ser um gênio para saber onde ela desejava estar com a boca naquele momento.
A escritora sabia que seu tempo com aquele amante latino seria inesquecível e sabia também que acabaria antes do sol nascer. Isso se o sol nascesse com aquele clima terrível que se fizera de repente. A ruiva estava de olhos fechados quando o companheiro correra a mão até sua nuca para lhe afagar os cabelos e a puxar para um novo beijo naqueles lábios que pareciam embebidos em mel.
Sky esperara uma brecha e então retirara a camisola pela cabeça. Logo em seguida desabotoara o soutien, jogando a peça para o lado no sofá, junto da primeira. Em outra ocasião, esperaria pacientemente que o parceiro a despisse, mas não queria perder a oportunidade que tinha de satisfazer sua libido.
Embora impressionado com a ousadia da mulher, Ricardo não deixara por menos, correndo suas mãos pela cintura, coxas e quadris da escritora ao mesmo tempo que lhe beijava com desejo. À essa altura, Sky apenas gemia, pensando que jamais sonhara com uma transa em sua nova casa logo na primeira noite. E se tudo corresse bem, haveria muitas outras.
Determinada a continuar no controle da situação, a ruiva escorregara para baixo, descendo lentamente do colo do amante até se ver ajoelhada diante dele. Abrira o fecho da cinta e na sequência desabotoara a calça. Puxara o zíper para baixo lentamente com uma das mãos enquanto sentia o volume dentro da cueca com a outra. Era seu número – pensara lambendo os lábios.
Pedindo que o advogado erguesse os quadris, baixara a calça e a cueca do sujeito ao mesmo tempo até abaixo dos joelhos. Quando erguera o olhar, abrira a boca suspirando com o monumento diante de si. Ricardo fora beneficiado pela natureza com um maravilhoso membro digno de atores de filmes adultos, grosso, com a cabeça grande e veias grossas em destaque.
As bolas também eram grandes. O saco, completamente depilado, fora o primeiro ponto de parada da garota com sua língua sedenta de desejo. Sky não pretendia demorar muito por ali. O tempo continuava correndo e o que desejava era aproveitar como se o mundo fosse acabar dali meia hora, ainda mais depois que sentira aquele colosso pulsando entre seus dedos.A boca gulosa e insaciável da ruiva explorara cada centímetro em menos de um minuto. Sky não sabia dizer exatamente o tamanho daquele maravilhoso brinquedo para adultos em suas mãos, mas a julgar por outros amigos com quem já estivera, calculava uns vinte e quatro centímetros. E a grossura se destacava entre os maiores que já tinha visto!A chupada durara menos de cinco minutos. A intenção da mulher era apenas o deixar lubrificado o suficiente para que, ao se sentar, as coisas rolassem sem problemas. A calcinha já estava
Ângela Sant’Anna Del’Aventura. Quando ouvira o nome pela primeira vez, Sky precisara se controlar para não rir. De alguma forma, para a escritora, aquele parecia o nome de alguma protagonista de novela mexicana.Contudo, a verdade era um pouco mais complicada e séria.Agente Del’Aventura. O título não fazia o nome parecer menos engraçado.Ângela, como pedira para ser chamada, era uma agente do FBI e segundo explicara brevemente, estava à frente de uma operação para capturar o homem com quem a ruiva havia passado a noite.Quando ouvira que o advogado com quem transara era procurado pelo FBI em três estados, acusado de oito homicídios, Sky começara a ponderar se havia tomado a decisão certa na noite anterior, pouco antes de aquele belo espécime de homem bater à sua porta.Entretanto, não conseguia se concentra
—Estamos lidando com um assassino. Chegamos aqui após muito trabalho e investigação de muitos profissionais. Pessoas morreram porque não podemos prever o futuro, então, independentemente do que acredite, sorte ou não, está viva e não teremos mais mortes nesse caso – respondera rispidamente.—E quanto à última garota que mencionou? – perguntara Sky.—A encontramos no porta-malas do carro. Não chegamos a tempo para ela.Por fim, a mulher vestindo roupas negras saíra, caminhando no chuvisqueiro em direção à SUV que a esperava. Todos os demais agentes já aguardavam em seus veículos. Sky continuava em pé à porta da frente da casa, agora vestindo calças, blusa de moletom e chinelos.De braços cruzados, via os veículos manobrando e deixando a propriedade. Esperava que aquele evento
Após Ângela e sua equipe deixarem a residência, Sky subira para o quarto e se agarrara ao Sexy Notes. Passara a chamar aquele estranho caderno pelo nome de seu antigo blog, pois a única coisa que restara do que havia feito tinha sido o título com letras douradas na capa. A ruiva mordia o lábio inferior de leve, nervosa, curiosa, pensativa. Fechara os olhos e ficara assim por mais de trinta minutos com o livro colado ao peito em um abraço. Se dizia todo o tempo que não estava louca. Era uma mulher jovem e saudável, plenamente no controle de suas faculdades mentais. Não havia dúvidas, ela sabia que tinha escrito grande parte da cena junto de Ricardo naquele caderno. O encontro, a transa, tudo correra perfeitamente até a equipe do FBI surgir em sua casa. Agora, tudo que restava era a certeza de que havia transado com um assassino serial. A confusão em sua mente se dava quanto ao poder daquele caderno. Tudo o que havia escrito tinha acontecido. Contudo,
Embora o clima continuasse frio e chuvoso como no dia anterior, para a ruiva era como uma manhã ensolarada em um domingo de festa. Levantara da cama em um salto, abrira os braços e girara o corpo no lugar erguendo um dos joelhos como uma bailarina. Sorrira se encarando no espelho e se dando bom dia.Sem perder tempo, apanhara toalhas e xampus e correra para o banheiro. O dia não espera para começar – costumava dizer Melody e a jovem aprendera desde pequena a despertar com o raiar do sol, mesmo quando não havia sol.Pouco tempo depois, lá estava a ruiva saindo pela porta da cozinha. Checara os status do sistema de segurança pelo celular e conferira as horas, seis e vinte da manhã. Desativara o alarme do SUV e enfiara a mão direita no bolso da blusa, retirando dela uma touca de lã.Sky vestira uma cacharrel de cor rosa sob uma jaqueta de couro marrom. A calça jeans
Parecia loucura pensar aquilo, mas qual seria a extensão do poder do Sexy Notes? Aparentemente suas palavras tinham moldado a realidade, fazendo com que Ricardo viesse até ela, então a única coisa que conseguia presumir era que Ben também havia escrito no caderno. Mas… monstros?O que Ben estava querendo dizer com aquilo? Precisava ler seus livros.—Como ele morreu?A pergunta fora direta, mas assim como as palavras anteriores, não passara de outro sopro de voz. Havia diversas pessoas nas mesas próximas e Sky não queria que a ouvissem bisbilhotando sobre a vida de um homem morto.Elliott refletira por um instante e ajeitara novamente os óculos sobre o nariz.—Ben foi encontrado morto pelo filho, Johnny – explicara o sujeito – Parece que já estava lá tinha alguns dias, mas ninguém havia sentido sua falta. Em seus últimos
Sky rolara preguiçosamente na cama, os olhos ameaçavam entreabrir, mas o sono era mais forte. Quando o celular tocara pela quinta vez, a escritora abrira a boca em um bocejo matinal, como costumava chamar, cedo demais para seus padrões de autora baladeira com fama de acordar tarde.Finalmente, quando o smartphone tocara pela vigésima vez, a garota voltara a face na direção do criado mudo. Parte de seus cabelos lhe caíra sobre o rosto, cobrindo os olhos, o nariz e a boca. Ao respirar, a ruiva engolira uma das mechas acobreadas inteira, engasgando e dessa vez, despertando de mau humor.Ainda que ninguém a visse, Sky arqueara as sobrancelhas, torcera os lábios e estreitara o olhar, interpretando da melhor forma possível a expressão de vilã que sempre via em animações da Disney. Adoraria ter alguém por perto naquele momento para canalizar suas energias. Mas est
—Nova York sempre será uma parte importante da minha vida – dissera Sky – Mas não era meu destino ficar lá para sempre. Mesmo que Érika tivesse parado de me perseguir por toda parte, tudo sempre me lembrava Robert. Não é como se fosse me esquecer dele por aqui, mas sinto que agora tenho uma chance de recomeçar e ser feliz longe daquilo tudo.—Tenho certeza de que as coisas ficarão ótimas daqui em diante, querida – respondera a mãe – Sabe que eu nunca gostei daquela cidade, tanta poluição, carros e aglomeração de pessoas, tantos edifícios gigantescos ocupando toda a paisagem… mal espero para conhecer Camden e sua nova casa.Ainda nenhuma sugestão de cuidados ou medidas preventivas. Melody com certeza não estava dizendo tudo que pensava. Sky podia sentir a desconfiança da mãe e sabia que teria de d