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XIII - Novos planos para o Sexy Notes

—Nova York sempre será uma parte importante da minha vida – dissera Sky – Mas não era meu destino ficar lá para sempre. Mesmo que Érika tivesse parado de me perseguir por toda parte, tudo sempre me lembrava Robert. Não é como se fosse me esquecer dele por aqui, mas sinto que agora tenho uma chance de recomeçar e ser feliz longe daquilo tudo.

—Tenho certeza de que as coisas ficarão ótimas daqui em diante, querida – respondera a mãe – Sabe que eu nunca gostei daquela cidade, tanta poluição, carros e aglomeração de pessoas, tantos edifícios gigantescos ocupando toda a paisagem… mal espero para conhecer Camden e sua nova casa.

Ainda nenhuma sugestão de cuidados ou medidas preventivas. Melody com certeza não estava dizendo tudo que pensava. Sky podia sentir a desconfiança da mãe e sabia que teria de dar muitas explicações quando se encontrassem.

—Vou me trocar e correr um pouco… – dissera a escritora, fitando as roupas escolhidas sobre a cama com um sorriso no canto dos lábios – Preciso exercitar meu corpinho um pouco antes de começar as atividades de hoje.

—Se cuide, querida, nos veremos em alguns dias – despedira-se Joana – E desacelere na hora de tomar decisões. Ser impetuosa e ser impulsiva são coisas diferentes. Analise todas as opções, pondere a melhor escolha com calma. Nem sempre o caminho mais fácil é o melhor a ser seguido.

E lá vinha Melody com seus conselhos adornados com metáforas.

Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania, depende de quando e como você me vê passar – respondera Sky, esperando a resposta com um largo sorriso nos lábios.

—Não venha citar Clarice Lispector pensando que vai me enrolar – devolvera a mãe – Ouça o que digo e se cuide. Está em território novo agora.

Aquilo era verdade, contudo, estava se saindo bem até o momento.

—Farei isso, mamãe – exclamara a ruiva – Agora preciso me preparar para sair antes que fique tarde demais. Envio mensagem mais tarde. Amo você.

Melody concordara, reforçando que estava feliz em ver a filha determinada a seguir em frente com sua vida. Sky desligara, se perguntando o que Joana iria aprontar. Não tinha dúvidas de que a mãe não engolira a explicação acerca do ocorrido. Já esperava por Melody aparecendo de surpresa, antes do planejado para investigar sua vida e os eventos recentes.

Quando ela descobrisse sobre Ricardo e o FBI – e sabia que ela descobriria, passaria dias falando sobre aquilo com palestras sobre segurança e cuidados.

Poucos minutos depois, Sky já havia tomado um banho rápido e se arrumado para caminhar. Estava no hall principal, conferindo as músicas no pequeno MP4 Player antes de o guardar no bolso interno do moletom que escolhera para sair.

Embora soubesse que não havia vizinhança próxima e que a estrada qual planejava caminhar estaria deserta, a ruiva se produzira como se estivesse indo a um passeio no shopping na badalada Nova York.

A calça de lycra verde folha com listras brancas e cinzas nas laterais, justa ao corpo, enaltecia suas curvas. Escolhera uma camiseta cinza clara igualmente colada para realçar os seios perfeitos que tinha, desejados por tantos homens. O moletom pink tinha a mesma cor do tênis e a estampa da gatinha Marie a fazia se parecer com uma moça inocente e indefesa.

Tão logo pisara fora da casa, já sentira vontade de voltar. O ar frio da manhã atingira sua face como farpas de gelo. Não bastasse ser uma cidade beira-mar, fria por natureza, ela comprara uma casa em uma área cercada de florestas por todos os lados. Adeus, sol quente e manhãs calorentas de Nova York.

Decidida a não desistir, seja lá qual fosse o obstáculo em seu caminho, Sky colocara os fones de ouvido, conferira o percurso no GPS e começara a correr. Quando erguera os olhos verdes para o alto, torcera os lábios em descaso diante de sua visão. O céu também não era convidativo para um passeio. Ao invés de nuvens azuis e brancas, uma tela cinzenta cobria todas as coisas na terra.

Definitivamente era o presságio de chuva caindo naquele dia. A ruiva apenas torcia para que as águas não caíssem nas próximas horas, pois não abriria mão de seus exercícios. Tinha já quase uma semana sem malhar e seu corpo estava pedindo por uma boa dose de academia, à qual ainda não tinha se matriculado.

Sentindo que finalmente retomava o controle das coisas, Sky correra quatro quilômetros, caminhando o percurso de volta. Apesar do frio, o corpo aquecera e já se habituava com o novo clima. Estar cercada unicamente por ruídos vindo da natureza era um sonho se realizando, do tipo que só se via em filmes.

Havia acabado de passar pelo portão de entrada da propriedade quando vira o sujeito caminhando ao seu encontro. Parecia um ator de cinema com aqueles olhos azuis brilhantes e o sorriso sedutor. O porte físico era de um guarda-costas desses de estrelas da TV e Sky não dispensaria atividades extra curriculares.

—Bom dia – cumprimentara Jordan, esticando a mão para a garota – Pensei que estivesse na casa. Precisei vir atender um amigo próximo daqui e decidi lhe fazer uma visita para ver o que precisa ser reparado.

—Eu saí para correr um pouco. Vamos entrar, vou preparar um café.

O olhar de Sky correra pelo homem de cima a baixo indiscretamente. Jordan não deixara por menos, retribuindo a espiada completa na escritora. A ruiva tinha certeza de que o desejo não era apenas dela. Só não entendia a razão para que Jordan não avançasse, lhe propondo algo. Estava apenas esperando para dizer sim. No entanto, ele continuava mantendo a pose de homem misterioso.

O sol por fim surgira entre as nuvens, mas o clima não mudara. Sky entrara, acompanhada pelo rapaz e preparara café para ambos. Jordan explicara que já havia caminhado pelo exterior da propriedade anotando áreas que poderiam ser reparadas ou modificadas para melhor desempenho.

Enquanto o sujeito falava, Sky o devorava com os olhos, imaginando muitas formas de lhe arrancar as roupas e transar, fosse dentro ou fora da casa. Queria ser possuída com desejo, com força, ser dominada como já fora em tantas outras ocasiões. Não costumava ser submissa, mas de vez em quando, se um homem fosse capaz de domá-la, não faria mal algum a experiência.

Jordan explicara que trabalhava com três associados, dividindo as tarefas de acordo com suas especialidades e que tão logo Sky decidisse pelas reformas que desejava, entraria em contato com eles. Os reparos durariam alguns dias, mas viriam pontualmente todos os dias até tudo estar em ordem.

Por sua vez, a ruiva tinha outras coisas em mente. As imagens fluíam como se ela estivesse vivendo tudo naquele momento. Jordan se vestia casualmente, jeans, camiseta branca, uma camisa xadrez vermelha aberta sobre ela e sobre a camisa, a jaqueta marrom. O coturno completava o visual de homem sério sem compromisso, do tipo pau para toda obra.

E sem dúvidas Sky sonhava em como seria o pau daquele espécime raro.

Agora sua mente criativa já imaginava Jordan vestindo um macacão cheio de bolsos com todo tipo de ferramentas. E ela própria pedindo que ele viesse lhe ajudar a consertar alguma coisa no banheiro de seu quarto…

As fantasias de Sky desapareceram como uma nuvem de fumaça quando o gostosão se levantara, dizendo que precisava partir. Arrancara uma folha de um bloco de anotações e entregara para a garota, indicando diversos itens na área externa da propriedade que necessitavam de reparos, bem como os valores pelo trabalho. Para variar, continuava com aquele charme encantador, mas nenhuma cantada direta ou indireta para ela.

—Vou entrar em contato com meu contador e tão logo esteja com o dinheiro em mãos, o procuro para iniciarmos as obras – dissera a ruiva.

—Sabe onde me encontrar. E obrigado pelo café – agradecera o sujeito.

Sei exatamente onde te encontrar – pensara a moça em silêncio enquanto o acompanhava até a porta. E pode acreditar que vamos nos encontrar logo.

 A garota ficara em pé na porta da cozinha até que Jordan entrasse em sua caminhonete e saísse. Esperara até o rapaz ficar fora do alcance de sua visão e colocando uma das mãos dentro da calça, escorregara os dedos até seu grelo. A buceta estava encharcada desde o momento em que o vira. Precisava correr logo para o banheiro e se aliviar embaixo do chuveiro.

 Quase o convidara para ficar, mas sentira um arrepio ao se lembrar do que ocorrera após a transa com Ricardo. Talvez fosse melhor se mudasse de cenário na próxima vez. Era o que faria. Já tinha algo planejado em mente.

Subira para o quarto pensando nas palavras de sua mãe.

Nem sempre o caminho mais fácil é o melhor a ser seguido.

Mesmo assim, se sentara à margem da cama e apanhara o Sexy Notes. Que mal havia em usar aquele poder para se beneficiar sem prejudicar ninguém? Se as coisas ocorressem exatamente como imaginava, sabia agora como controlar o Sexy Notes. De qualquer forma, faria o teste e descobriria.

Abrira o caderno na primeira página e apanhara a caneta novamente.

Jordan, querido, se prepare para ser meu, completamente meu.

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