Entrei no primeiro taxi que passou na minha frente, está tão tarde que eu nem imaginei que iria conseguir pegar um, dei meu endereço a ela após me acomodar no banco, o bolinho na minha mão parecia tão apetitoso, mas eu estava sem vontade alguma de comê-lo agora.
— É seu aniversário? — perguntou a mulher no volante. Parando para analisar, essa é a primeira vez que eu pego um taxi com uma mulher dirigindo, pelo menos não é um cara estranho que fica me encarando pelo espelho.
— Sim, 40 anos com um cansaço de 80 — brinquei e ela riu.
— Já fez seu pedido de aniversário? — se referiu a vela apagada do bolinho em minha mão.
— Sim, mas eu não tenho esperança dele se realizar, é meio surreal sabe — comentei.
— A esperança deveria ser a última a morrer — falou ela. De repente o carro começou a andar rápido demais e quando eu percebi já tínhamos passado do caminho até meu apartamento.
— Ei, onde estamos indo? Minha casa já passou — falei desesperada.
— Estamos indo realizar seu desejo — ela desviava de alguns carros e pisava fundo no acelerador.
Uma luz forte me cegou e tudo ficou silencioso. Quando minha visão voltou, notei que estava sentada no chão de uma sala totalmente branca e vazia.
— Eu morri? Ai, meu Deus. Eu morri bem no dia do meu aniversário — me desesperei.
— Você não morreu — disse a taxista aparecendo do meu lado me dando um baita susto.
— Foi você — apontei para ela depois de me levantar. — Você é algum tipo de anjo da morte ou sei lá, uma bruxa maluca que quer roubar minha juventude? — perguntei.
— Roubar sua juventude? Que Juventude querida? — apoiou o peso do corpo em uma perna e cruzou os braços, essa pose dela está me dando uma enorme vontade de bater nela.
— Então o que você é?
— Eu sou a Cupido, não está obvio? — falou ela apontando para a própria roupa. Eu não tinha notado antes mas ela usava um belo vestido rodado em tons rosa claro e rosa, com vários corações nele, ela tinha uma bolsa com flechas nas costas e arco na mão.
— Os cupidos não são bebés? — perguntei confusa.
— E bebês não crescem? — falou caminhando até mim. Fiz pose de luta para o caso dela ser uma maluca e tenta me atacar.
— Que seja. Por que eu estou aqui? O que quer de mim? — eu quis saber.
— Primeiro sente-se — uma cadeira apareceu magicamente do meu lado. Fiz o que ela pediu. — Como estou feliz hoje, resolvi realizar seu desejo de aniversário — falou ao se sentar em outra cadeira que apareceu, logo uma mesa apareceu também.
Ok, eu vou fingir que tudo isso é normal e que eu estou acostumada com coisas aparecendo magicamente na minha frente.
— Mas eu nem te contei meu pedido — falei.
— Eu sou uma cupido, querida. Se o pedido é de amor, ele chega até mim — cruzou as pernas e relaxou as costas no encosto da cadeira. — Seu pedido me pareceu divertido — comentou.
— Divertido? Eu não ter sorte alguma no amor é divertido para você?
— Sorte no amor todo mundo tem, você que fez escolhas erradas e acabou sozinha, ou seja, a culpa é sua — falou ela. — Vou realizar seu desejo, vou te dar uma chance de mudar seu passado, uma chance com todos os caras que você já teve a oportunidade de ter uma linda história, espero que dessa vez você faça a escolha certa.
— Com todos?
— Sim, mas tem um pequeno detalhe e essa é a parte divertida, pelo menos para mim.
— E o que seria? — questionei.
— Você só terá suas memorias até o momento em que fez a escolha errada e após fazer a escolha certa você fará seu próprio destino, sua memória só irá voltar depois que você tiver o marco da sua história. Você não vai poder alterar as coisas que disse ou que fez, apenas a escolha errada que fez. E ai? Topa? — propôs.
— Não tem nada escrito em linhas pequenas no final do contrato? — perguntei desconfiada.
— É um desejo de aniversário lesada, não um contrato — falou ela.
— Nesse caso, eu topo — falei.
— Ótimo — ela se levantou e tudo sumiu, inclusive minha cadeira e eu cai de bunda no chão, mas logo me levantei. — Quase me esqueci, nada antes do momento da escolha poderá ser alterado — ela falou e eu assenti.
— E agora?
— Agora fique paradinha ai — ela estava com o arco e flecha em mãos e quando eu pensei em dizer algo, ela atirou em meu peito. Tudo ficou escuro e silencioso, mas eu consegui escutar ela dizendo: — Faça a escolha certa dessa vez.
Dei um pulo da cama ao ouvir batidas na porta do meu quarto, olhei ao redor e de primeira reconheci o cômodo; estou no meu quarto na casa dos meus pais. Minha cama ainda é um colchão no chão que fica do lado da “cama” do meu irmão, a televisão é pequena e velha, nossa sala é junto com a cozinha e não temos quintal ou jardim. Pelo o que vejo, voltei para minha infância. Duas batidas na porta soaram novamente, me assustei pois estava distraída com o ambiente nostálgico ao meu redor e esqueci que tinha gente do lado de fora. Me levantei da cama e a primeira coisa que eu estranhei foi não ter meus seios, eu malhei tanto na academia durante minha adolescência para ter meus seios e agora eles sumiram. Tico e teco, vou sentir saudades de vocês, até daqui uns anos. Ao lado da porta do quarto tinha um pequeno espelho e aproveitei que eu já estava passando por ali mesmo, resolvi olhar meu reflexo. Falta dois dentes meus, eu não tenho o cabelo comprido igual ao de quando eu era adulta e sim o
Olhei para Dylan ao meu lado que tinha o cenho franzido e os lábios em um pequeno bico, apontei para o quarto dele no andar de cima e ele assentiu me seguindo até o cômodo. Ele se sentou no tapete com as pernas cruzadas iguais a de índio e eu me sentei na frente dele fazendo o mesmo, ele ainda estava pensando e quando seu olhar se encontrou com o meu seu rosto de retorceu em uma careta.— Eu não quero me casar com você, você tem piolho — fez cara de nojo.— E você é fedido — dei língua a ele.— Vamos sempre ser amigos ne? — questionou.— Sim, sempre seremos amigos, mesmo se por acaso a gente se casar — falei a ele.— Promete? — estendeu o mindinho e eu o enlacei com o meu.— Prometo.Dylan e eu não sabíamos que nossa vida iria virar de cabeça para baixo, assim que completamos 10 anos nossos pais ficaram malucos. Dylan acompanhava os mais velhos em reuniões — chatas, segundo ele —, e eu era obrigada pelas matriarcas da família a frequentar festas cheias de frufrus, um pouco tradicional
Dei um beijo em Abby e segui Mike até o carro, ouvimos uma música com batida agitada e bagunçando muito, seguimos caminho para o colégio e assim que chegamos fizemos nosso toque se despedindo.Entrei no colégio e fui até meu armário pegar alguns livros, não tinha muita gente por ainda estar cedo mas ainda sim tinha alguns e o pouco que tinha me cumprimentava ao passar por mim. Esse ano eu estaria em uma sala nova, o diretor misturou as turmas para separar os grupos bagunceiros e isso foi a melhor coisa que ele fez pois eu jurei que se esse ano alguma bolinha de papel atingisse minha cabeça, eu seria presa por fazer alguém engolir uma delas.Assim que entrei na minha nova sala, cumprimentei alguns conhecidos e fui para o meu lugar, a penúltima cadeira na fila da janela. Eu gostava daquele lugar por que eu tinha uma vista privilegiada do jardim e eu amava ficar olhando aquelas rosas de várias cores, a minha preferida era a azul. Fiquei olhando para uma borboleta que pousou em uma da
Assim que o sinal tocou ele foi o primeiro a sair da sala, deve ter ido encontrar com os outros jogadores time. Um menino muito fofo com óculos estilo geek parou ao meu lado, ele não era feio e sim muito fofo, gordinho e sempre que falava comigo suas bochechas ficavam vermelhinhas, seu nome era Tommy. Já joguei algumas partidas de RPG com ele durante o intervalo e devo dizer que isso estimulava e muito minha imaginação.— Permita-me acompanha-la, milady — falou ele com o braço nas costas e um pouco curvado.— Será uma honra, milorde — enlacei meu braço no seu e saímos rindo da sala. Chegamos no refeitório e nossa mesa embaixo da arvore já estava esperando por nós, assim como meus outros amigos. Tommy colocou uma bandeja com meu almoço na minha frente assim que me sentei e os demais me encaravam com os olhinhos brilhando, somos 5 ao todo.— O que foi? — perguntei sentindo minhas bochechas queimarem, não gosto de tanta atenção assim.— Estamos esperando para ouvir a continuação da su
Corri para meu quarto e me joguei na cama aos prantos, eu achava injusto o modo como ele estava me tratando, eu não era mais um de seus negócios e sim sua filha que ele dizia amar. Mas esse não parece mais com meu pai, o homem que chegava do trabalho com um pirulito grande havia desaparecido já fazia muito tempo e no lugar dele esse ser hediondo e ganancioso nasceu. — Com licença, Meg? — ouvi Abby fala da porta após dar duas batidinhas na madeira. — Posso entrar, querida? — perguntou ela, me sentei na cama e passei a manga da blusa no nariz. — Trouxe seu cappuccino querida — ela deixou a bebida em minha escrivaninha e se sentou ao meu lado me abraçando.— Porque, Abby? Porque ele fez isso comigo? — perguntei chorando outra vez. Abby não falou nada, apenas me apertou mais em seus braços e afagou meus cabelos para me acalmar. O jeito que ela me tratava, fazia meu coração se acalmar pois ela transmitia uma sensação de amor materno que fazia tempo que eu não sinto com a minha mãe.Dep
Um cheiro forte queimou meu nariz e eu abri os olhos para saber o que era aquilo, parecia ser álcool, ao abrir os olhos encontrei Abby me olhando de cima, senti um leve aperto na minha mão e levei meus olhos até quem a segurava, era Chris, meu irmão e ele demonstrava preocupação.— Você está bem? — ele perguntou.— Eu falei para você comer alguma coisa — falou Abby.— O que aconteceu? — perguntei me sentando no sofá. Ela e Chris se olharam, Abby deu um beijo na minha cabeça e saiu do comodo. — Você está noiva — ele falou e eu arregalei os olhos. — Você aceitou o pedido e nossos pais sairam com os Johnson para comemorar.— Bom saber que eu sou importante para eles — falei emburada. — Não se preocupa com isso, está melhor? — perguntou ele ainda segurando minha mão.— Acho que sim — passei a mão livre em meu cabelo e percebi que meu penteado estava desfeito.— Tem certeza que quer isso? Ainda da tempo de fugir — era uma ideia tentadora mas eu não sei o que meu pai é capaz de fazer e
Minha mãe se parecia comigo, desde os cabelos até o tom de pele, mas a única diferença fora a idade, era a cor dos seus olho, eles eram negros como a noite.— Foi uma surpresa para todos nós — disse meu pai abaixando o jornal para pegar sua xicara de café.É pai, foi uma surpresa para a gente também.— Decidimos que era melhor manter em segredo — falei. Vi meu pai assentindo antes de abrir o jornal novamente.— Ainda não acredito que minha menininha vai se casar — eu também não, mamãe. — Já imaginou como quer seu vestido? — perguntou ela.— Vou deixar para penar nisso depois da formatura, minha prioridade agora é os estudos — respondi. Não me importo de ter sido um pouco grossa com ela, mesmo que ela seja minha mãe e eu a ame, sei que ela só se importa com o que suas amigas riquinhas pensam.— Depois do seu casamento, os negocios da familia ficarão sob sua responsabilidade — falou meu pai.David, meu pai, era um homem bonito por fora, tinha os cabelos castanhos claros como os meus e
Sai da sala de aula com ele na minha frente, o chão parece ter sumido e eu estava andando sobre pregos, cada passo eu parecia estar mais perto de ter um ataque cardíaco. Eric Adams, minha paixonite estava ali, bem na minha frente e eu não sei nem como puxar um assunto legal.Viramos o corredor que levava a enfermaria e no caminho passamos na frente da diretoria, pelo pequeno vidro que tinha na porta, eu vi apenas Oliver mas nenhum sinal de Dylan na sala e isso me deixou mais aliviada, ele deve estar tratando dos machucados na enfermaria.— Está procurando pelo seu “amigo”? — quase gritei ao ouvir sua voz quebrar o silencio entre nós. Não soube o que responder e ao não receber uma resposta, ele parou e se virou ficando de frente pra mim no meio do corredor. — É... — as palavras estavam emboladas na minha língua e eu sinto meu coração bater mais forte a cada segundos. Devo dizer algo a ele logo antes de morrer de ataque cardíaco. —, azul bonita blusa — ele me encarou com a sobracelha a