Capítulo 1 - Parte 4

Assim que o sinal tocou ele foi o primeiro a sair da sala, deve ter ido encontrar com os outros jogadores time. Um menino muito fofo com óculos estilo geek parou ao meu lado, ele não era feio e sim muito fofo, gordinho e sempre que falava comigo suas bochechas ficavam vermelhinhas, seu nome era Tommy. Já joguei algumas partidas de RPG com ele durante o intervalo e devo dizer que isso estimulava e muito minha imaginação.

— Permita-me acompanha-la, milady — falou ele com o braço nas costas e um pouco curvado.

— Será uma honra, milorde — enlacei meu braço no seu e saímos rindo da sala. 

  Chegamos no refeitório e nossa mesa embaixo da arvore já estava esperando por nós, assim como meus outros amigos. Tommy colocou uma bandeja com meu almoço na minha frente assim que me sentei e os demais me encaravam com os olhinhos brilhando, somos 5 ao todo.

— O que foi? — perguntei sentindo minhas bochechas queimarem, não gosto de tanta atenção assim.

— Estamos esperando para ouvir a continuação da sua história — um deles disse.

— Mas eu nem trouxe meu caderno de desenho hoje — comi um pedaço da maça que estava na bandeja.

— Não seja por isso — Tommy tirou da bolsa de lado que estava carregando, meu caderno de desenhos, ou melhor, meu caderno de histórias.

Tomei meu suco e comi meu sanduiche o mais rápido que pude, estava na hora de fazer mágica.

— Vejamos, onde foi que eu parei? — perguntei enquanto girava o lápis entre os dedos e folheava as páginas em busca do último desenho.

— Mirabela estava entrando em um buraco de minhoca — falou um deles.

— Certo, achei — falei olhando o ultimo desenho que eu fiz. Mirabela estava caindo em um buraco de minhoca no espaço.  A folha toda estava negra e a única parte branca era o desenho da personagem. — O buraco de minhoca levou a doce Mirabela para outra galáxia — desenhei o cabelo roxo primeiro o fazendo flutuar, depois o vestido branco que ela usava. — Planetas desconhecidos girando em orbita, todos em sentido anti-horário. Porém entre eles um se destacava — desenhei várias bolinhas e os tracei para parecer divisões. — Se parecia com a terra, mas no lugar do azul o planeta era rosa. Mirabela precisava conhecer aquele planeta que tanto a atraia, fechou os olhos concentrando o peso de seu corpo nos pés e como se tivesse pisando em algo solido caminhou até lá — minha mão se movia agilmente e traçava tudo que eu dizia.

— O que tinha nesse planeta? — Tommy perguntou.

— Esse planeta era diferente da terra, o verde tomava conta de quase todo lugar e as pessoas... — antes que eu terminasse de falar o sinal tocou. — Talvez amanhã eu continue — ouvi resmungos de lamuria foi proferido por eles. 

— Quer companhia até sua sala? — perguntou Tommy e eu neguei.

— Não se preocupe, agora é aula de biologia — pisquei para eles e mandei um beijinho. 

Depois de me despedir dos meus amigos e passar no meu armário para pegar meu livro para a próxima aula, eu voltei para minha sala e o professor já estava lá, assim como Dylan que olhava outra vez pela janela. Me sentei no meu lugar e estava organizando meu material na mesa quando notei algo escrito, “Temos um problema”, olhei ao redor e tentei ver se tinha algum suspeito por ter escrito isso mas não encontrei ninguém que parecesse ter feito isso. Dei de ombros e coloquei o livro em cima, deve ser apenas alguma brincadeira. 

A aula foi tranquila e eu consegui entender quase tudo que o professor dizia, mesmo que algumas palavras fossem parecidas com comida e eu me distraísse rápido, anotei algumas no meu caderno para uma futura prova. Assim que o sinal bateu a professora de matemática entrou na sala, para meus amigos ela era a Deusa da Sabedoria mas para mim não passava da Medusa e as cobras do cabelo eram as contas que ela passava na lousa.

Ela passou um tão difícil que eu não estava conseguindo resolver, fazia a conta e dava errado, tentava de novo e dava errado, usei tanta força para apagar o resultado que acabei rasgando a folha.

— Que droga — joguei o lápis na mesa e me encostei minhas costas na cadeira. 

— Se você parar de elevar o 5, vai dar certo — paralisei ao ouvir Eric falando comigo. 

Fiz o que ele falou e a conta deu certo, me virei para agradecer mas ele não iria me ouvir pois estava de fones e esses estavam tão altos que eu conseguia ouvir a batida agitada.

   O sinal tocou indicando o final das aulas e eu suspirei aliviada, finalmente poderia ir para casa tomar um banho e passar o resto da tarde desenhando. Juntei meu material e me retirei da sala para deixar meus livros no armário, eu nunca os levava para casa mesmo. Fechei meu armário e sai do colégio encontrando Mike encostado no carro preto.

— Precisamos ir rápido — ele disse abrindo a porta para eu entrar no veículo. 

— Por que? — perguntei ao mais velho assim que ele tomou a direção.

— Seu pai apareceu na cozinha e disse que assim que você chegasse era para encontrar com ele na sala de estar — Mike falou e eu arregalei os olhos.

— Meu pai saiu do covil? Que milagre é esse? — ele deu de ombros. — Sabe sobre o que ele quer conversar? — perguntei.

— Não sei, Meg. Mas hoje ele recebeu um homem engravatado e o advogado da família — ele disse.

— Por que ele iria querer falar comigo depois de uma reunião? — perguntei para mim mesma.

Assim que o carro parou na frente de casa, eu desci enquanto Mike iria estacionar na garagem, fui direto para a sala de estar e encontrei meu pai sentado na sua poltrona tomando uma xicara de café enquanto assisti ao jogo de basquete na televisão.

— Queria me ver? — perguntei me sentando no sofá próximo a ele.

— Sim, como foi no colégio? — perguntou.

— Normal — respondi dando de ombros. 

— Desculpa ter ficado ausente por tanto tempo — falou.

— Eu entendo que o senhor estava ocupado resolvendo suas coisas — era mentira, eu não entendia o porquê do dinheiro ser mais importante do que a família.

— Pois é sobre isso que eu queria falar com você — deixou a xicara na mesinha ao seu lado. — Quando você tinha 10 anos, Richard propôs de unirmos nossa fortuna e nos tornarmos uma família só — falou ele e eu franzi o cenho sem entender nada.

Eu sabia o que iria acontecer, o dia chegou, mas eu ainda não estava pronta para encarar a realidade e me casar tão nova.

— E como isso vai funcionar? Eles vão vim morar aqui? — ele negou.

— Você irá se casar com o filho mais novo dele — falou meu pai e eu arregalei os olhos.

— De jeito nenhum, eu não vou me casar. Ainda nem terminei o colegio — falei um pouco alto.

—Isso não é um problema, você vai se casar com ele assim que se formar — falou meu pai e ele se levantou.

— Eu não vou me casar com ninguém — meu rosto virou para o lado com o impacto da sua mão, essa foi minha punição por falar alto. Me virei para ele assustada, meu pai nunca tinha me batido.

— Não te dei a opção de escolher se vai ou não e está noite quando ele te pedir em casamento, é bom você aceitar ou você não vai gostar de saber do que eu sou capaz e não conte nada para sua mãe — falou e saiu do cômodo.

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