Assim que o sinal tocou ele foi o primeiro a sair da sala, deve ter ido encontrar com os outros jogadores time. Um menino muito fofo com óculos estilo geek parou ao meu lado, ele não era feio e sim muito fofo, gordinho e sempre que falava comigo suas bochechas ficavam vermelhinhas, seu nome era Tommy. Já joguei algumas partidas de RPG com ele durante o intervalo e devo dizer que isso estimulava e muito minha imaginação.
— Permita-me acompanha-la, milady — falou ele com o braço nas costas e um pouco curvado.
— Será uma honra, milorde — enlacei meu braço no seu e saímos rindo da sala.
Chegamos no refeitório e nossa mesa embaixo da arvore já estava esperando por nós, assim como meus outros amigos. Tommy colocou uma bandeja com meu almoço na minha frente assim que me sentei e os demais me encaravam com os olhinhos brilhando, somos 5 ao todo.
— O que foi? — perguntei sentindo minhas bochechas queimarem, não gosto de tanta atenção assim.
— Estamos esperando para ouvir a continuação da sua história — um deles disse.
— Mas eu nem trouxe meu caderno de desenho hoje — comi um pedaço da maça que estava na bandeja.
— Não seja por isso — Tommy tirou da bolsa de lado que estava carregando, meu caderno de desenhos, ou melhor, meu caderno de histórias.
Tomei meu suco e comi meu sanduiche o mais rápido que pude, estava na hora de fazer mágica.
— Vejamos, onde foi que eu parei? — perguntei enquanto girava o lápis entre os dedos e folheava as páginas em busca do último desenho.
— Mirabela estava entrando em um buraco de minhoca — falou um deles.
— Certo, achei — falei olhando o ultimo desenho que eu fiz. Mirabela estava caindo em um buraco de minhoca no espaço. A folha toda estava negra e a única parte branca era o desenho da personagem. — O buraco de minhoca levou a doce Mirabela para outra galáxia — desenhei o cabelo roxo primeiro o fazendo flutuar, depois o vestido branco que ela usava. — Planetas desconhecidos girando em orbita, todos em sentido anti-horário. Porém entre eles um se destacava — desenhei várias bolinhas e os tracei para parecer divisões. — Se parecia com a terra, mas no lugar do azul o planeta era rosa. Mirabela precisava conhecer aquele planeta que tanto a atraia, fechou os olhos concentrando o peso de seu corpo nos pés e como se tivesse pisando em algo solido caminhou até lá — minha mão se movia agilmente e traçava tudo que eu dizia.
— O que tinha nesse planeta? — Tommy perguntou.
— Esse planeta era diferente da terra, o verde tomava conta de quase todo lugar e as pessoas... — antes que eu terminasse de falar o sinal tocou. — Talvez amanhã eu continue — ouvi resmungos de lamuria foi proferido por eles.
— Quer companhia até sua sala? — perguntou Tommy e eu neguei.
— Não se preocupe, agora é aula de biologia — pisquei para eles e mandei um beijinho.
Depois de me despedir dos meus amigos e passar no meu armário para pegar meu livro para a próxima aula, eu voltei para minha sala e o professor já estava lá, assim como Dylan que olhava outra vez pela janela. Me sentei no meu lugar e estava organizando meu material na mesa quando notei algo escrito, “Temos um problema”, olhei ao redor e tentei ver se tinha algum suspeito por ter escrito isso mas não encontrei ninguém que parecesse ter feito isso. Dei de ombros e coloquei o livro em cima, deve ser apenas alguma brincadeira.
A aula foi tranquila e eu consegui entender quase tudo que o professor dizia, mesmo que algumas palavras fossem parecidas com comida e eu me distraísse rápido, anotei algumas no meu caderno para uma futura prova. Assim que o sinal bateu a professora de matemática entrou na sala, para meus amigos ela era a Deusa da Sabedoria mas para mim não passava da Medusa e as cobras do cabelo eram as contas que ela passava na lousa.
Ela passou um tão difícil que eu não estava conseguindo resolver, fazia a conta e dava errado, tentava de novo e dava errado, usei tanta força para apagar o resultado que acabei rasgando a folha.
— Que droga — joguei o lápis na mesa e me encostei minhas costas na cadeira.
— Se você parar de elevar o 5, vai dar certo — paralisei ao ouvir Eric falando comigo.
Fiz o que ele falou e a conta deu certo, me virei para agradecer mas ele não iria me ouvir pois estava de fones e esses estavam tão altos que eu conseguia ouvir a batida agitada.
O sinal tocou indicando o final das aulas e eu suspirei aliviada, finalmente poderia ir para casa tomar um banho e passar o resto da tarde desenhando. Juntei meu material e me retirei da sala para deixar meus livros no armário, eu nunca os levava para casa mesmo. Fechei meu armário e sai do colégio encontrando Mike encostado no carro preto.
— Precisamos ir rápido — ele disse abrindo a porta para eu entrar no veículo.
— Por que? — perguntei ao mais velho assim que ele tomou a direção.
— Seu pai apareceu na cozinha e disse que assim que você chegasse era para encontrar com ele na sala de estar — Mike falou e eu arregalei os olhos.
— Meu pai saiu do covil? Que milagre é esse? — ele deu de ombros. — Sabe sobre o que ele quer conversar? — perguntei.
— Não sei, Meg. Mas hoje ele recebeu um homem engravatado e o advogado da família — ele disse.
— Por que ele iria querer falar comigo depois de uma reunião? — perguntei para mim mesma.
Assim que o carro parou na frente de casa, eu desci enquanto Mike iria estacionar na garagem, fui direto para a sala de estar e encontrei meu pai sentado na sua poltrona tomando uma xicara de café enquanto assisti ao jogo de basquete na televisão.
— Queria me ver? — perguntei me sentando no sofá próximo a ele.
— Sim, como foi no colégio? — perguntou.
— Normal — respondi dando de ombros.
— Desculpa ter ficado ausente por tanto tempo — falou.
— Eu entendo que o senhor estava ocupado resolvendo suas coisas — era mentira, eu não entendia o porquê do dinheiro ser mais importante do que a família.
— Pois é sobre isso que eu queria falar com você — deixou a xicara na mesinha ao seu lado. — Quando você tinha 10 anos, Richard propôs de unirmos nossa fortuna e nos tornarmos uma família só — falou ele e eu franzi o cenho sem entender nada.
Eu sabia o que iria acontecer, o dia chegou, mas eu ainda não estava pronta para encarar a realidade e me casar tão nova.
— E como isso vai funcionar? Eles vão vim morar aqui? — ele negou.
— Você irá se casar com o filho mais novo dele — falou meu pai e eu arregalei os olhos.
— De jeito nenhum, eu não vou me casar. Ainda nem terminei o colegio — falei um pouco alto.
—Isso não é um problema, você vai se casar com ele assim que se formar — falou meu pai e ele se levantou.
— Eu não vou me casar com ninguém — meu rosto virou para o lado com o impacto da sua mão, essa foi minha punição por falar alto. Me virei para ele assustada, meu pai nunca tinha me batido.
— Não te dei a opção de escolher se vai ou não e está noite quando ele te pedir em casamento, é bom você aceitar ou você não vai gostar de saber do que eu sou capaz e não conte nada para sua mãe — falou e saiu do cômodo.
Corri para meu quarto e me joguei na cama aos prantos, eu achava injusto o modo como ele estava me tratando, eu não era mais um de seus negócios e sim sua filha que ele dizia amar. Mas esse não parece mais com meu pai, o homem que chegava do trabalho com um pirulito grande havia desaparecido já fazia muito tempo e no lugar dele esse ser hediondo e ganancioso nasceu. — Com licença, Meg? — ouvi Abby fala da porta após dar duas batidinhas na madeira. — Posso entrar, querida? — perguntou ela, me sentei na cama e passei a manga da blusa no nariz. — Trouxe seu cappuccino querida — ela deixou a bebida em minha escrivaninha e se sentou ao meu lado me abraçando.— Porque, Abby? Porque ele fez isso comigo? — perguntei chorando outra vez. Abby não falou nada, apenas me apertou mais em seus braços e afagou meus cabelos para me acalmar. O jeito que ela me tratava, fazia meu coração se acalmar pois ela transmitia uma sensação de amor materno que fazia tempo que eu não sinto com a minha mãe.Dep
Um cheiro forte queimou meu nariz e eu abri os olhos para saber o que era aquilo, parecia ser álcool, ao abrir os olhos encontrei Abby me olhando de cima, senti um leve aperto na minha mão e levei meus olhos até quem a segurava, era Chris, meu irmão e ele demonstrava preocupação.— Você está bem? — ele perguntou.— Eu falei para você comer alguma coisa — falou Abby.— O que aconteceu? — perguntei me sentando no sofá. Ela e Chris se olharam, Abby deu um beijo na minha cabeça e saiu do comodo. — Você está noiva — ele falou e eu arregalei os olhos. — Você aceitou o pedido e nossos pais sairam com os Johnson para comemorar.— Bom saber que eu sou importante para eles — falei emburada. — Não se preocupa com isso, está melhor? — perguntou ele ainda segurando minha mão.— Acho que sim — passei a mão livre em meu cabelo e percebi que meu penteado estava desfeito.— Tem certeza que quer isso? Ainda da tempo de fugir — era uma ideia tentadora mas eu não sei o que meu pai é capaz de fazer e
Minha mãe se parecia comigo, desde os cabelos até o tom de pele, mas a única diferença fora a idade, era a cor dos seus olho, eles eram negros como a noite.— Foi uma surpresa para todos nós — disse meu pai abaixando o jornal para pegar sua xicara de café.É pai, foi uma surpresa para a gente também.— Decidimos que era melhor manter em segredo — falei. Vi meu pai assentindo antes de abrir o jornal novamente.— Ainda não acredito que minha menininha vai se casar — eu também não, mamãe. — Já imaginou como quer seu vestido? — perguntou ela.— Vou deixar para penar nisso depois da formatura, minha prioridade agora é os estudos — respondi. Não me importo de ter sido um pouco grossa com ela, mesmo que ela seja minha mãe e eu a ame, sei que ela só se importa com o que suas amigas riquinhas pensam.— Depois do seu casamento, os negocios da familia ficarão sob sua responsabilidade — falou meu pai.David, meu pai, era um homem bonito por fora, tinha os cabelos castanhos claros como os meus e
Sai da sala de aula com ele na minha frente, o chão parece ter sumido e eu estava andando sobre pregos, cada passo eu parecia estar mais perto de ter um ataque cardíaco. Eric Adams, minha paixonite estava ali, bem na minha frente e eu não sei nem como puxar um assunto legal.Viramos o corredor que levava a enfermaria e no caminho passamos na frente da diretoria, pelo pequeno vidro que tinha na porta, eu vi apenas Oliver mas nenhum sinal de Dylan na sala e isso me deixou mais aliviada, ele deve estar tratando dos machucados na enfermaria.— Está procurando pelo seu “amigo”? — quase gritei ao ouvir sua voz quebrar o silencio entre nós. Não soube o que responder e ao não receber uma resposta, ele parou e se virou ficando de frente pra mim no meio do corredor. — É... — as palavras estavam emboladas na minha língua e eu sinto meu coração bater mais forte a cada segundos. Devo dizer algo a ele logo antes de morrer de ataque cardíaco. —, azul bonita blusa — ele me encarou com a sobracelha a
— Obrigada, Margarett, por cuidar do meu namorado — ela disse dando ênfase em algumas palavras.— Que isso, Janet, eu gosto de cuidar do meu melhor amigo — devolvi sua provocação e ela me olhou com um olhar carregado de ódio.— Você não tem aula agora, querida? — ouvir isso foi como ouvir ela dizer “saia daqui, não suporto olhar para sua cara”.— Obrigada por cuidar de mim, Meg. Te vejo mais tarde em casa — ele disse. Sai da enfermaria com um sorriso nos lábios só por poder ver ela com a cara vermelha de raiva.Eu não consigo entender, por que Dylan aceitou se casar comigo se ele tem a insuportável, digo amável, Jane ao lado dele? Talvez eu lhe pergunte sobre isso mais tarde.~~~~~~(...)~~~~~~~O tempo parecia estar passando devagar apenas para me deixar mais ansiosa, era a ultima aula antes do intervalo e eu estava ansiosa para mostrar aos meninos o planeta que Mirabela encontrou, mas hoje os ponteiros do relógio estavam mais devagar do que o costume. Quando o sinal finalmente tocou
Embaixo da escada tem uma porta, é um espaço pequeno e eu duvido que caibam duas pessoas ali dentro, eu tenho a chave dessa porta e lá eu deixo coisas que eu não quero perder ou que roubem, um exemplo disso é eu deixar meu radio lá dentro, é tão precioso que as vezes eu até levo para a minha casa.— Lar doce lar — falei ao ligar a cafeteira e preparar um pouco de café para mim.Abri a porta embaixo da escada com um pouco de dificuldade pois ela vive emperrando e peguei meu radio, ele era pequeno e lilás, parece uma pequena bola. O liguei na tomada que tinha perto da porta e coloquei na musica 12 do CD player que eu sempre deixo aqui.O bom desse lugar e talvez nem tão bom assim, é que tem que ser algo extremamente alto para que alguém lá fora escute, como uma explosão, mas isso não é o caso do meu pequeno radio.Me posicionei no meio do comodo iluminado pelas luzes coloridas que rodopiavam no teto, 4 acordes de guitarra soaram dando introdução a musica e eu esperei pacientemente a dei
Assim que o sinal tocou, deixei Eric no porão e fui para o vestiário me trocar. A próxima aula seria de Química e a professora não iria gostar de me ver com o uniforme de Educação Física em sua aula. Coloquei a roupa que eu estava antes e caminhei a passos largos pelo corredor em direção ao meu armário, preciso deixar minha jaqueta lá para o caso de na hora de ir embora estar frio.Depois de deixá-la no armário, peguei meu caderno para anotações e minha bolsinha com canetas, e fui para o laboratório. Dylan já estava em seu lugar, mesmo que a professora ainda não chegasse.— Onde você estava? Soube que as meninas foram dispensadas para poder ensaiar a coreografia do teste — perguntou ele.— Estava ensaiando — dei de ombros pegando o jaleco no encosto da cadeira.— Eu procurei você, mas não te achei em lugar nenhum — franzi o cenho.— Por que estava me procurando? — perguntei. Ele arregalou os olhos notando que tinha falado demais e levou a mão até a nuca sem graça.— Eu só estava curio
Apenas percebi que ele também estava no cômodo quando ele tirou meus fones, parado ao meu lado com uma postura séria e os braços para trás, meu pai sempre foi assim, sem graça.— Perdendo tempo com desenhos inúteis, Margareth — eu odeio o jeito que ele fala meu nome. Parece a Jane falando e ao mesmo tempo parece que vai brigar comigo. — Você deveria estar planejando seu casamento — ele disse ainda parado ao meu lado.— Não é como se eu quisesse me casar — resmunguei e recebi um tapa na cabeça como punição.— Pare de resmungar.— O meu querido pai, por que me honras com sua divina presença? — o provoquei novamente.— Não use esse tom comigo, ou te obrigo a se casar amanhã mesmo — era melhor me calar. — Amanhã você não irá para o colégio, ficará ao meu lado durante uma reunião muito importante. Esteja decente, sem decotes ou maquiagens pesadas — eu apenas assenti.Falar que eu não vou é inútil, ele vai me obrigar a ir mesmo que eu invente uma mentira muito boa.— Estarei lá — falei e el