Capítulo 1 - Parte 5

Corri para meu quarto e me joguei na cama aos prantos, eu achava injusto o modo como ele estava me tratando, eu não era mais um de seus negócios e sim sua filha que ele dizia amar. Mas esse não parece mais com meu pai, o homem que chegava do trabalho com um pirulito grande havia desaparecido já fazia muito tempo e no lugar dele esse ser hediondo e ganancioso nasceu. 

— Com licença, Meg? — ouvi Abby fala da porta após dar duas batidinhas na madeira. — Posso entrar, querida? — perguntou ela, me sentei na cama e passei a manga da blusa no nariz. — Trouxe seu cappuccino querida — ela deixou a bebida em minha escrivaninha e se sentou ao meu lado me abraçando.

— Porque, Abby? Porque ele fez isso comigo? — perguntei chorando outra vez.

   Abby não falou nada, apenas me apertou mais em seus braços e afagou meus cabelos para me acalmar. O jeito que ela me tratava, fazia meu coração se acalmar pois ela transmitia uma sensação de amor materno que fazia tempo que eu não sinto com a minha mãe.

Depois de um tempo, Abby me afastou de seus braços e colocou ambas as mãos em meu rosto.

— Um rostinho tão bonito mas tão vermelhinho por causa do choro e essa maquiagem? Você borrou tudo menina — ri quando ela tentou limpar meu rosto com a mangada sua blusa e quando viu que não ia sair, se apressou para pegar um lenço umedecido na minha penteadeira e limpou meu rosto.

— Eu não quero me casar, Abby.

— Eu sei minha pequena, sei que não quer. Mas eu não sei o que o seu pai é capaz de fazer se você não aceitar o pedido — colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, nessa altura meu penteado perfeito já estava desfeito e eu parecia uma bruxa toda descabelada. 

— O Dylan é meu melhor amigo eu não quero me casar com ele — ela pegou a escova de cabelo na penteadeira e começou a ajeitar minhas madeixas.

— Sua mãe sabe disso? — perguntou ela.

— Meu pai disse para não contar para ela — suspirei.

— E o que você pretende fazer?

— Será que dá tempo de fugir? — ela riu baixinho.

— E para onde você iria? Seu pai não vai deixar você sair daqui com nada — Abby tinha razão, se meu pai foi capaz de me bater, ele é capaz de fazer tudo. — Acho que fugir não é a melhor solução — prendeu meu cabelo em um coque e se sentou do meu lado.

— E qual é?

— Vocês podem fazer um acordo, depois do casamento vocês podem ficar juntos por 1 ano e se divorciar — falou ela.

Na hora, eu concordei. Queria parar de pensar no assunto e poder dormir um pouco, mas quando a noite chegou eu comecei a analisar situação, era uma péssima ideia, dormir no mesmo comodo que Dylan não seria uma boa ideia, ainda mais com meus hormônios a flor da pele.

Depois de tomar um banho, comecei a me arrumar para o jantar, minha mãe comprou um vestido novo para mim e o deixou em cima da cama. Meu cabelo já estava arrumado; um coque frouxo e deixei algumas pequenas mechas soltas mas as deixei cacheadas, coloquei arranjos de flores e fiz uma franja, mas tudo cacheado. 

   O vestido caiu como uma luva em meu corpo, ressaltou minhas curvas e o tom roxo do vestido combinou com a minha pele. Ela acertou em cheio ao escolher esse vestido. O salto era preto e tinhas tiras no tornozelo, achei que combinaria com o vestido e ficou perfeito.

A sala de estar nunca esteve tão cheia; o sofá em forma de L na parede estava ocupado pelas esposas dos empresários que viviam fazendo negócios com meu pai e tenho certeza os mais velhos estão trancados no escritório.

— Meg, querida, venha se sentar conosco — falou Constance, mãe do Dylan. 

— Como está bonita — falou uma delas, nem me dei o trabalho de saber quem era apenas sorri e me sentei junto a elas.

Seus assuntos não eram de meu interesse, bolsas caras e viagens para fora do pais não me pareciam tão interessantes, por isso eu liguei o modo automático e apenas concordava com tudo que elas falavam. Para minha sorte ou para o meu azar, meu pai saiu do escritório com seus “amigos” e com Dylan, ele estava lindo naquele terno preto, estava sexy.

— Vamos jantar? — meu pai falou e todos concordaram indo para sala de jantar.

A mesa retangular dispostas no meio do cômodo nunca ficou tão cheia, os 10 lugares estavam ocupados e ao meu lado estava Dylan, tão entediado quanto eu.

O jantar feito por Abby estava incrível, de fato ela caprichou para essa ocasião mas o frio na barriga não me deixou aproveitar direito suas maravilhas culinárias. Depois que eles conversaram bastante, Richard, pai do Dylan, fez um aceno com a cabeça para ele e o moreno ao meu lado se levantou.

—Quero pedir atenção de todos por um minuto. Esse jantar não foi apenas para nós reunirmos, hoje é uma data muito especial — ele se ajoelhou ao meu lado depois de afastar a cadeira, tirou do bolso uma caixinha e eu comecei a suar frio. Por favor não diga. — Margarett Johnson, minha amiga de infância e companheira para todas as horas, quer se casar comigo? — e foi nesse momento que eu travei.

  Da minha boca não saia nada, minhas pernas pareciam gelatinas e eu sentia meu corpo cada vez mais fraco, eu não desmaiei só não soube o que responder mas os convidados parecem saber exatamente o que responder pois começaram a gritar:

— Aceita, aceita — aquilo só me deixou mais confusa, eu olhei para minha mãe ela chorava emocionada e meu pai estava sorrindo assim como os Miller. Eu estava desesperada e aquelas pessoas gritando estavam me deixando confusa. E então um grito rompeu pela minha garganta:

— Não, eu não quero me casar com você — todos me olharam chocados e Dylan parece ter ficado aliviado mas também parecia estar tenso.

 E foi isso que aconteceu no meu primeiro fiasco amoroso, a primeira chance que eu tive para ter um belo final feliz, mas a cupido disse que eu poderia fazer uma escolha diferente e alterar a ordem do meu destino. E minha escolha foi:

— Sim, eu aceito — as pessoas gritaram e Dylan arregalou levemente os olhos mas sorriu.

Tudo parou e ficou silencioso, mas uma pena branca caiu do céu bem na mão que Dylan segurava e as palavras da cupido ecoam na minha mente:

Você só terá suas memorias até o momento em que fez a escolha certa, pois depois disso você fará seu próprio destino e sua memória só irá voltar depois que você tiver o marco da sua história.

Voltei a ouvir a música tocando mas minhas pernas fraquejaram e se não fosse por Dylan teria caído igual banana podre no chão, ele dizia algo mas sua voz estava distante e de repente tudo ficou escuro.

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