O Jogo do Amor - Série Lascívia
O Jogo do Amor - Série Lascívia
Por: Nyck Fireball
Prólogo - Parte 1

Eu planejei minha vida toda desde pequena; eu iria morar em uma grande casa na floresta, com trilha para a cachoeira e vista para as montanhas, iria andar descalça todo dia, iria trabalhar em casa como roteirista de histórias em quadrinhos e escrever encantadores romances.

     Mas nada saiu como planejado e hoje estou presa em um escritório bem no dia do meu aniversário. Roteiro para revisar, reunião para participar, ideias novas para apresentar e uma pessoa cansada de trabalhar. Será que falta muito para eu me aposentar?

— Meg, preciso de você na reunião em cinco minutos — meu superior disse.

   E lá vou eu, participar de mais uma reunião chata. 

   Meu corpo estava sentado naquela cadeira, mas minha mente viajava para outro lugar, o que eu estaria fazendo se ainda tivesse um namorado? Ou se eu tivesse me casado como a maioria das mulheres da minha idade? Eu teria uns 5 filhos e um marido barrigudo no sofá pedindo cerveja. Casar está fora de cogitação. 

— Meg, o que você acha? — fui trazida de volta para a realidade quando meu nome foi citado pelo meu chefe.

— Desculpe, sobre o que? — perguntei.

— Meg, eu sei que é seu aniversário, mas precisamos da sua ajuda para decidir se devemos ou não publicar este livro — ele disse.

Olhei para o livro na minha frente, o autor se empenhou muito para escrever este romance e acredito que apresentá-lo para o mundo é o meu dever como revisora chefe e ilustradora. 

— Acredito que vai ser uma boa publicá-lo —Dei minha opinião sobre a obra.

 Todos concordaram comigo e a reunião chegou ao fim, sai da sala de reunião e voltei para minha mesa, olhei ao redor para ver se alguém estava me olhando e tirei discretamente meus saltos. Odeio usar saltos, eles machucam meu pé.

— Parabéns para você — um bolinho foi colocado em minha mesa e minha colega de trabalho começou a cantar a famosa música de aniversário. Valerie, minha melhor amiga, nunca esquece meu aniversário. Nem mesmo minha família lembra. — Faça um pedido — ele disse.

Um pedido. Qual pedido eu deveria fazer? Não tem nada que eu mais almeje do que uma chance, uma chance de refazer minha vida amorosa com todos que me envolvi. É isso.

   Fechei meus olhos e fiz o pedido que meu coração apontava como o melhor e mais perfeito, mesmo que não fosse se tornar real, pelo menos eu não deixei o pedido de aniversario ir embora com o vento.

— Como se sente agora que entrou para a geração dos idosos de New York? — provocou. Lhe dei um tapa no braço. — Ai — resmungou de dor. — Pensei que com o passar dos anos as mulheres fossem perdendo suas forças — me provocou outra vez.

— Eu juro que se não estivesse com meus pés doendo, iria te dar uma surra — massageei minhas têmporas com as pontas dos dedos.

  Valerie ficou atrás de mim e começou a massagear meus ombros, resmunguei em aprovação e relaxei sob seu toque, ela sempre teve mão boa para massagem.

— Fala logo o que você aprontou — falei e ela riu baixinho.

— É chato você me conhecer tanto — eu não posso ver ela mas sei que ela negou com a cabeça. — Promete não ficar chateada? — assenti. — Meu namorado quer passar um tempo comigo hoje, não vou poder comemorar seu aniversário com você ou ele vai me colocar para dormir na casinha de cachorro — falou ele.

— Eu não estou afim de comemorar, estou tão cansada, parece que os 40 anos caíram sobre mim todos de uma vez — falei. Resmunguei quando ela parou a massagem e girou minha cadeira para que eu ficasse de frente para ela.

— Você é a senhora mais gostosa que eu conheço — isso me fez rir. — Prometo que vou te comprar o melhor presente do mundo e vou te compensar por não te fazer companhia hoje — beijou minha testa e voltou para sua mesa depois que eu assenti.

Eu não ligo de ter que dividir ela, afinal, eles só estão juntos por que eu juntei os dois. Mas bem que ele poderia deixar ela passar o resto da noite comigo, poxa, é meu aniversário de 40 anos, sou quase uma idosa.

  Olhei para o bolinho em minha mesa e suspirei, já fizeram um bolo enorme para mim no meu aniversário, ele tinha 3 andares e muito chocolate.

Bom, hora de ir para casa. Calcei meus saltos novamente e peguei minha bolsa após levantar, ajeitei minha saia e segui caminho para o elevador. Peguei meu celular na bolsa na esperança de ter alguma mensagem dos meus pais ou de algum ex-namorado me desejando feliz aniversário, mas não tinha nada.

   

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