**Luana Sartori**Perdida. Essa era a única palavra que conseguia definir o que sentia naquele momento. Meu corpo doía, minha cabeça latejava, e o ambiente ao meu redor parecia flutuar em uma névoa desconhecida. O pânico tomou conta de mim assim que abri os olhos e percebi que não fazia ideia de onde estava. Tentei me levantar, mas uma tontura avassaladora me fez afundar de volta no colchão rudimentar. O desconforto físico era intenso, mas nada se comparava ao medo que se instalava no meu peito. O que tinha acontecido comigo? Como fui parar ali? E, acima de tudo… onde estava Benício? Meu coração acelerou ao lembrar dos flashes confusos que atormentavam minha mente. Fragmentos soltos de lembranças vinham e iam como um sonho quebrado. A água, a escuridão, o som abafado de vozes. E então, nada. O vazio. Será que ele estava ali, em algum lugar, machucado como eu? Ou… não, eu não podia pensar nessa possibilidade. Benício era forte, determinado. Ele sobreviveria. Ele tinha que sobre
“Luana Sartori”“Benício?” Ele não respondeu de imediato. Seu olhar perdido no horizonte parecia carregar o peso do mundo. A luz prateada da lua realçava as linhas do seu rosto, tornando-o ainda mais hipnotizante. Ele parecia uma estátua grega, esculpida à perfeição, um deus caído que encontrava refúgio na solidão do mar. As costas largas e musculosas brilhavam sob o luar, a pele morena reluzia com o reflexo prateado da água. Meu coração apertou. Ele estava ali, mas sua mente vagava longe. Eu queria ser capaz de alcançá-lo, de arrancá-lo do turbilhão que o prendia. O desejo de tocá-lo era tão forte quanto a ânsia de entender o que se passava em sua alma. “Posso ser eu mesmo com você, Luana?” A voz dele saiu rouca, carregada de algo que eu não conseguia definir. “Você não vai ter medo de mim?” Aquelas palavras soaram como um sussurro carregado de segredos, de dor e de uma sombra que parecia persegui-lo. “Eu nunca tive medo de você,” respondi, e minha mão, quase por instinto,
O homem diante de mim era um estranho. O Benício que eu conhecia parecia ter desaparecido, consumido por algo primitivo e sombrio. Ele urrava enquanto me tomava com uma brutalidade que beirava a loucura, seu corpo dominando o meu sem hesitação. Eu não estava confortável, mas tampouco recuei. Deixei que ele continuasse, queria vê-lo despido de qualquer máscara, queria entender o monstro que habitava dentro dele.Não posso negar que o medo rastejava pela minha pele, uma sombra gelada que contrastava com o calor da nossa união. Meus dedos cravaram em seus braços, deixando marcas profundas em sua pele. Era um misto de dor e prazer, uma linha tênue que eu nunca pensei em atravessar. Mas ali estava eu, perdida nesse abismo de sensações. Será que eu estava me tornando como ele? Será que, ao provar desse lado obscuro, algo dentro de mim também havia mudado?Senti seu gozo quente escorrer dentro de mim, acompanhando o ritmo das últimas pulsações de seu corpo. Seu aperto em meu pescoço se inten
Capítulo 31**Luana Sartori**Estapeei seu rosto com toda a força que ainda restava em mim. Como uma louca. Como alguém que segurou essa dor por tempo demais.Benício não reagiu.Ele me deixou fazer aquilo.Me deixou colocar para fora toda a raiva que eu guardei por anos.Respirei fundo, sentindo as lágrimas arderem nos meus olhos. Mas eu não ia chorar. Não mais.Virei-me para ir embora.Dei dois passos antes de sentir sua mão forte agarrar meu braço, me puxando de volta para ele. Meu corpo colidiu contra o seu, e seu olhar queimava sobre mim.“Me solta, Benício.” Minha voz saiu baixa, quase um sussurro.Ele não obedeceu. Pelo contrário, se aproximou mais, seu rosto a centímetros do meu.“Você quer me odiar, mas seu corpo diz outra coisa.” Sua respiração quente roçou minha pele.Meu coração martelou no peito.Ele inclinou o rosto, e por um segundo, achei que fosse me beijar.Mas então ele parou.Sorriu de lado, cínico.E sussurrou algo que fez meu sangue gelar:“Você não sabe nem meta
**Luana Sartori**Como eu era inocente… Pensar que meu príncipe encantado estava bem ali, diante dos meus olhos, fazendo aquilo com outra mulher, me fez sentir como se estivesse vivendo um pesadelo. Não podia ser real. Minha mente lutava contra as imagens que se desenrolavam à minha frente, tentando me convencer de que era apenas uma alucinação, um engano, uma distorção cruel da realidade. Mas não era. O quarto onde Benício entrou com aquela mulher era envolto por uma meia-luz avermelhada, que projetava sombras longas e sinuosas pelas paredes. Aquilo me causava um arrepio na espinha, como se eu tivesse atravessado uma fronteira invisível e agora estivesse em um território desconhecido, proibido. Mas o que mais me chocou não foi a penumbra sedutora, e sim a completa ausência de qualquer indício de que aquele lugar fosse um quarto comum. Não havia cama, nem móveis convencionais, nem nada que lembrasse o aconchego de um lar. O que havia ali era algo completamente diferente. N
O JUIZ - Tio do Meu FilhoCapítulo 1Eu sou mais uma Maria na multidão, aquela que não deu certo na vida. Assim como tantas outras, vou levando, dia após dia, matando um, dois, três leões por dia. Tento ser mãe, provedora, trabalhadora, mas o mundo parece sempre estar contra mim. Eu sou apenas mais uma Maria lutando para sobreviver no cruel mundo dos humanos.******Maria Silva**"Até mais, meninas. Bom descanso." Deixei o trabalho aliviada por ter sobrevivido a mais uma noite na boate. Os saltos altos e a minissaia de couro, que eu era obrigada a usar, pareciam instrumentos de tortura. Cada passo doía, cada movimento parecia exibir uma ferida que eu escondia. Quando finalmente troquei aqueles sapatos desconfortáveis pelos meus velhos tênis de guerra, senti um alívio imediato. Estava livre, ainda que por algumas horas."Cansada... Como estou cansada," murmurei para mim mesma enquanto caminhava até o ponto de ônibus.O ônibus estava lotado como de costume, repleto de trabalhadores que
**Maria Silva**Ele apertou mais o meu braço, seus olhos penetrantes me encarando com desdém. "Vamos, me diga quem você é," ele repetiu, sua voz carregada de ameaça."Eu..." minha voz falhou. Não sabia o que responder. Estava apavorada."Você não deveria estar aqui," ele rosnou. "Eu vou fazer da sua vida um inferno se não me disser o que sabe." Ele se aproximou ainda mais, sussurrando no meu ouvido. "Mal posso esperar para descobrir o que está escondendo."Minhas pernas começaram a tremer, o medo me consumindo por completo. Eu não deveria ter vindo. Estava claro que eu havia cometido um erro terrível. Mas antes que eu pudesse reagir, ele me puxou para mais perto."Você vai sair daqui agora, e vamos conversar em um lugar mais privado," ele disse, guiando-me em direção à saída. O pânico me dominou, e minha mente começou a correr em busca de uma saída. Não podia deixar que ele me levasse.Eu me sentia como se estivesse flutuando em um mar de confusão e angústia. As memórias da minha vida
**Maria Silva**Eu estava nervosa, as mãos tremendo enquanto tentava manter a compostura. Não errar as palavras e saber o que falar aquele homem imponente à minha frente era crucial naquele momento."Não, eu não vim aqui a mando de ninguém,” O que eu diria para ele? Tive um caso com seu irmão e ele me enganou e vim aqui só para ver se ela realmente estava morto? A voz dentro da minha cabeça me alertava, tentando encontrar uma saída para aquela situação insana.Diante de mim, o homem que parecia ser a sombra viva de Matheus me encarava com uma intensidade perturbadora. "Sou uma jornalista e queria uma foto." Era a desculpa mais plausível que consegui formular naquele momento. “Só isso.”"Foto? Como assim? Você acha mesmo que sou idiota, garota? Até parece que você não sabe com quem está falando" A voz dele era um misto de desprezo e desafio. Ele deu um passo à frente, diminuindo a distância entre nós. "Você queria tirar foto da minha família num momento frágil como esse. Era para eu e