Eu poderia perguntar o motivo pelo qual ele se negou a casar comigo. Mas eu já sabia, afinal! Catriel tinha seu verdadeiro amor e jamais o assumiria, por conta de não ser uma mulher e por ter medo dos julgamentos. Ainda assim, não havia motivos para ele repudiar-me tanto. Sim, eu havia atropelado um homem, mas tentei me redimir, desculpei-me e fiz o que estava ao meu alcance para conseguir seu perdão. Não poderia ser julgada eternamente por meu ato.E sobre revelar ao mundo sobre suas obras, também não havia sido intencional. Eu só mostrei a Donatello na intenção de conseguir mais informações. Mas talvez eu não deveria ter pedido qualquer informação sobre Catriel, já que era um homem que não queria ser encontrado, nem nas suas pinturas, nem na sua sexualidade, tampouco na responsabilidade com seu povo.— Majestade — falei, tentando parecer firme. — Não tenho interesse no príncipe mais velho, nem nunca tive. — Olhei para Catriel. — Mas minha conexão com Lucca foi imediata e... Gostaria
Todos saíram e ficamos eu e Catriel na sala. Por algum motivo, em vez de sair, o que era esperado da minha parte, fui em direção à janela envidraçada, observando o mar ao longe.— Morar neste lugar é um privilégio. — Me ouvi falando.— Talvez esta seja a única coisa que eu concorde com você. — Catriel levantou-se, vindo na minha direção.Caminhou com as mãos no bolso até parar do lado oposto ao meu. Pareceu procurar o foco de meus olhos e o acompanhou. Depois empurrou a vidraça quadriculada, que percebi ser uma porta.Tinha uma sacada grande, de onde podia se observar toda a parte do continente. Catriel andou alguns passos e olhou ao longe, apoiando as mãos na mureta de proteção.Não fui convidada, mas o acompanhei. O ar fresco preencheu meus pulmões e aspirei-o diversas vezes, sentindo-me bem. Fechei os olhos e ouvi o som do mar, mesmo ao longe. O cantar dos pássaros era constante e o ruído das árvores balançando ao vento também tinha sua parcela de beleza e encantamento.— Aqui já f
Esperamos exatamente do jeito que estávamos, ele com os dedos ainda dentro de mim, até que Odette e Richard se fossem.Assim que ouvimos o som deles deixando a sala de reuniões, Catriel afastou-se. Olhei diretamente para o seu pau, endurecido dentro da calça. Em seguida nossos olhos se encontraram. As bochechas do príncipe estavam avermelhadas e eu ouvia sua respiração, de tão acelerada que estava, exatamente como a minha.— Não existe príncipe encantado, Aimê. — Ele tinha mesmo pronunciado meu nome? — Assim como não existe amor.— Eu sei... Disto.— Tudo não passa de atração física, confundida com um sentimento que talvez raramente exista entre duas pessoas.Eu conseguia ouvir as batidas do meu próprio coração e me senti envergonhada, temendo que ele também pudesse escutar.— Isso é o que levará de mim, Alteza! — Sorriu de forma irônica. — A sensação dos melhores dedos que já a tocaram... E pasme: estavam pintados com esmalte! — Balançou a cabeça. — Sinto muito não poder esperar que
Para o jantar no castelo de País del Mar, onde a realeza receberia alguns poucos amigos para confraternizar ao apresentar-me, escolhi para vestir um conjunto de terno preto. A calça era lisa, num corte clássico, de um tecido confortável e bem estruturado. O blazer, no mesmo tecido e cor, era bordado em pedrarias multicoloridas, numa das laterais na parte da frente e na inversa na parte de trás. Não usei nada por baixo, na parte superior. Deixei os seios sem sutiã, pois marcaria, já que o decote era em V profundo.Antes de fazer meus cabelos, fui até o quarto de Odette e bati na porta e depois fiz o mesmo no de Max. Ambos saíram no corredor e avisei:— Vistam o que trouxeram de melhor. Participarão do jantar.— Por que vestir o que tenho de melhor? Usarei minha roupa tradicional, Aimê. Não preciso usar um traje a rigor para fazer sua segurança.— Não quero meu segurança e minha assessora comigo neste jantar, que será em minha homenagem. Quero meus amigos, Odette e Max. E eles serão meu
— Não sei... Fomos? — Lucca me olhou, confuso.— Eu só não quero apressar as coisas. Me parece que foi tudo muito rápido.Ele suspirou:— Se eu disser que não gostei de você, estaria mentindo. Na verdade, gostei antes mesmo de conhecê-la pessoalmente, Aimê. Mas entendo sim que talvez tenha sido tudo um pouco precipitado. Afinal, são nossas vidas, não é mesmo? E não me passa pela cabeça um casamento de fachada.— Eu... Nem havia pensado nesta hipótese, Lucca.— Catriel acabou fazendo besteira com a esposa do duque. E então meu pai viu que você estava com problemas em Alpemburg e achou que a união matrimonial poderia, por hora, acalmar um pouco os ânimos do povo.— Imaginei que fosse isso. — Sorri. — Mas também entendo o interesse do seu pai em garantir este casamento a fim não só de acordos benéficos para nossos países, mas também pela questão da possível extinção dos países monárquicos. Alianças são imprescindíveis neste momento, quanto a isto.— Concordo.— Catriel gosta da duquesa?
— O que faz no banheiro feminino, amor? — Ela olhou para o marido e depois para mim.— A princesa disse ter visto um rato e pediu que eu a acompanhasse, pois estava com medo.— Virei um pouco de sabonete na barra do vestido, quando fui lavar as mãos. Agora estou tentando tirar do tecido, para que não fique manchado — explicou.— Ah, deixe-me ajudá-la, meu amor. — Ele foi imediatamente até ela, pegando toalhas de papel e passando sobre o tecido.Respirei fundo, furiosa.— Acho que o rato foi embora — falei, indo à pia e lavando minhas mãos.Anna Julia olhou para o chão e depois para mim, levantando os ombros:— Eu não vi rato algum aqui. E... Bem, Vossa Alteza deve ter se enganado. Não teria um rato do castelo de País del Mar.— Posso ter me enganado — concordei. — Quem sabe era uma barata.Ela arqueou a sobrancelha, incerta. Sorri e virei-me em direção à porta, ruminando comigo mesma:— Um rato comendo uma barata.Eu estava conversando com Max e Odette quando Catriel entrou no salão,
Max grunhiu e foi na direção de Catriel. Parei em sua frente, impedindo-o de seguir:- Não, Max, por favor! Ele não vale a pena.- Não? Achei que você tivesse gostado do que rolou entre nós... – Catriel sentou no banco, provocante.- Não sei do que está falando, Catriel.- “Alteza”, por favor! – Me corrigiu.Andei alguns passos em direção a ele e deixei meu rosto na altura do seu:- C-a-t-r-i-e-l. – Repeti o nome dele, quase soletrando, saboreando o som de cada letra que saía dos meus lábios enquanto o observava furioso.- Se é assim, creio que devo chamá-la de Monstrinha, não é mesmo? – levantou.Max pegou meu braço:- Vamos! Em breve sairemos deste fim de mundo e tudo que levará serão lembranças destas pessoas estranhas que conhecemos por aqui, Alteza.- Alteza? – Catriel gargalhou – Por que a chama de Alteza agora? Os dois não tem intimidade o suficiente para se chamarem pelo nome?- Vou quebrar a cara dele – Max me olhou, tentando partir para cima de Catriel novamente, comigo o im
Ouvi alguns gritos ao longe, no corredor da realeza. Logo percebi uma criada subindo correndo as escadas e se dirigindo para lá. Fiquei preocupada, mesmo quando percebi que haviam cessado.Andei em direção ao corredor e percebi quando o rei e a rainha abriram a porta, de roupão, andando apressadamente para o final do corredor e dobrando à esquerda.Segui, não conseguindo evitar de olhar as pinturas nas paredes, até que fui contida por alguém, que segurou meu braço.Parei e virei-me, deparando-me com Catriel.- Não! – Foi o que ele disse, de forma rápida.Catriel estava ofegante e havia suor escorrendo pela sua testa.- O que houve? Ouvi gritos.- Não ouviu nada. – Tentou me confundir.- Você não estava aqui... – enruguei a testa – Ouvi gritos... Ao longe. Seus pais saíram correndo... Está acontecendo alguma coisa?- Nada que seja do seu interesse, Alteza.- Por favor... Eu preciso saber o que está acontecendo.Catriel respirou fundo e me encarou, pegando meus ombros:- Aimê, por favor