— O que faz no banheiro feminino, amor? — Ela olhou para o marido e depois para mim.— A princesa disse ter visto um rato e pediu que eu a acompanhasse, pois estava com medo.— Virei um pouco de sabonete na barra do vestido, quando fui lavar as mãos. Agora estou tentando tirar do tecido, para que não fique manchado — explicou.— Ah, deixe-me ajudá-la, meu amor. — Ele foi imediatamente até ela, pegando toalhas de papel e passando sobre o tecido.Respirei fundo, furiosa.— Acho que o rato foi embora — falei, indo à pia e lavando minhas mãos.Anna Julia olhou para o chão e depois para mim, levantando os ombros:— Eu não vi rato algum aqui. E... Bem, Vossa Alteza deve ter se enganado. Não teria um rato do castelo de País del Mar.— Posso ter me enganado — concordei. — Quem sabe era uma barata.Ela arqueou a sobrancelha, incerta. Sorri e virei-me em direção à porta, ruminando comigo mesma:— Um rato comendo uma barata.Eu estava conversando com Max e Odette quando Catriel entrou no salão,
Max grunhiu e foi na direção de Catriel. Parei em sua frente, impedindo-o de seguir:- Não, Max, por favor! Ele não vale a pena.- Não? Achei que você tivesse gostado do que rolou entre nós... – Catriel sentou no banco, provocante.- Não sei do que está falando, Catriel.- “Alteza”, por favor! – Me corrigiu.Andei alguns passos em direção a ele e deixei meu rosto na altura do seu:- C-a-t-r-i-e-l. – Repeti o nome dele, quase soletrando, saboreando o som de cada letra que saía dos meus lábios enquanto o observava furioso.- Se é assim, creio que devo chamá-la de Monstrinha, não é mesmo? – levantou.Max pegou meu braço:- Vamos! Em breve sairemos deste fim de mundo e tudo que levará serão lembranças destas pessoas estranhas que conhecemos por aqui, Alteza.- Alteza? – Catriel gargalhou – Por que a chama de Alteza agora? Os dois não tem intimidade o suficiente para se chamarem pelo nome?- Vou quebrar a cara dele – Max me olhou, tentando partir para cima de Catriel novamente, comigo o im
Ouvi alguns gritos ao longe, no corredor da realeza. Logo percebi uma criada subindo correndo as escadas e se dirigindo para lá. Fiquei preocupada, mesmo quando percebi que haviam cessado.Andei em direção ao corredor e percebi quando o rei e a rainha abriram a porta, de roupão, andando apressadamente para o final do corredor e dobrando à esquerda.Segui, não conseguindo evitar de olhar as pinturas nas paredes, até que fui contida por alguém, que segurou meu braço.Parei e virei-me, deparando-me com Catriel.- Não! – Foi o que ele disse, de forma rápida.Catriel estava ofegante e havia suor escorrendo pela sua testa.- O que houve? Ouvi gritos.- Não ouviu nada. – Tentou me confundir.- Você não estava aqui... – enruguei a testa – Ouvi gritos... Ao longe. Seus pais saíram correndo... Está acontecendo alguma coisa?- Nada que seja do seu interesse, Alteza.- Por favor... Eu preciso saber o que está acontecendo.Catriel respirou fundo e me encarou, pegando meus ombros:- Aimê, por favor
— Como assim reconsiderar o compromisso? — Odette veio atrás de mim, preocupada.— Estou confusa com tudo isso. Foi rápido demais... — Retirei minha roupa, entrando no box e ligando o chuveiro.— Mas deu sua palavra ao rei. Achei que já tinha tirado da cabeça esta ideia ridícula de cancelar.— Não assinei porra nenhuma.— Mas... Foi sua palavra.— É a minha vida, Odette.— Deveria ter dito não quando ele lhe propôs.— Casarei com Catriel.Odette abriu a porta do box e me olhou:— Ele é gay! Por que quer casar com ele?— Talvez seja mais fácil... Tipo, ele não será rei e não interferirá em nada em Alpemburg.— Lucca também não interferiria nas suas decisões. E a diferença é que Lucca é gentil e inteligente.— E não gosta de mim.— E Catriel gosta? — Ela arqueou a sobrancelha.— Não, Catriel não gosta de mim. Mas também não está interessado em você.— Mas eu... Nunca cogitei isto, Aimê!— Estou querendo dizer que Lucca está interessado em você, amiga.— Claro que não!— Odette, vista-se
— Sou a princesa e futura rainha de Alpemburg, Aimê D’Auvergne Bretonne — apresentei-me.— É um prazer conhecê-la. Não lembro de ter ouvido falar do seu país.— Peço que se curve diante de vossa Alteza, a princesa de Alpemburg — Lucca interveio em meu favor. — E também diante de seu príncipe, Lucca Levi Mallet.A mulher curvou-se imediatamente, abaixando o rosto:— Alteza! Me desculpe pelos maus modos.— Se meu irmão lhe permitiu chamá-lo pelo nome, eu não lhe dou tais intimidades. — Foi altivo.— Sinto muito, Alteza! Não o vi... Perdão.— Mas me viu. E o príncipe Catriel deixou bem claro que eu era princesa de Alpemburg. Meu país é cinco vezes maior que o seu. Meus ascendentes são parte da história do mundo. E eu tenho... Treze milhões de seguidores — expliquei, insegura.— Treze milhões? — Catriel questionou, sorrindo de forma sarcástica.— Por que Max não veio? — Virei-me, questionando Lucca enquanto ia para o lado oposto do príncipe herdeiro, encontrando um motivo para afastar-me.
Abracei Lucca carinhosamente:- Obrigada pelas suas palavras. É bom saber que alguém pensa como eu.- Já perdi o sono pensando nesta história de casamento por conveniência. Mas sabemos que isso é uma realidade entre os países regidos pela monarquia e há cada vez menos opções para o enlace matrimonial.- Sim, está coberto de razão.- Quero deixar claro, Aimê, que caso não estivermos satisfeitos depois de casados, eu não me importaria de... Bem, como posso explicar... – ele coçou a cabeça, enrugando a testa, parecendo receoso – Manter nossa união perante todos, principalmente da imprensa, no entanto...- Ela não existir de fato. – Completei, incerta se era realmente aquela a proposta dele – Lembro de você ter dito sobre não concordar com isto.Lucca respirou fundo:- Confesso que passei muito tempo repensando sobre isto.- Um casamento de fachada, onde poderíamos nos relacionar com quem quiséssemos? – fui clara.- Pelo visto, você mesma já cogitou isto, quando pensou em ter Max como seu
Lucca não pensou duas vezes e vi quando falou com ela, que sorriu e me olhou. Retirei os óculos e pisquei o olho para minha amiga, fazendo sinal para que o agarrasse, me deparando com o semblante chocado dela.Ri e voltei a olhar em volta. A paisagem era absolutamente linda. Mas Lucca e Odette estavam flertando e Catriel e Laila praticamente se comendo. E eu sobrando.Não levar Max havia sido uma péssima ideia. Ou não. Dar-lhe mais esperanças àquelas alturas não era correto.Comecei a mexer o corpo no lugar, cavando com os próprios pés na areia, até senti-la cobrindo-os. Depois abaixei as mãos e peguei um punhado de areia dourada e fina, deixando-a escapar por entre meus dedos, observando a direção do vento.Peguei uma toalha e pus próximo da água e deitei de bruços, observando o vai e vem das águas cristalinas.Eu gostava de Max. Aliás, dentre todas as opções que eu tinha até o momento, ele estava no topo de afeto. Mas embora eu não soubesse nada sobre o amor, achava que o que sentia
Não lembro de ter me demorado tanto nas rochas para Catriel já estar fora do mar com Laila, procurando o biquíni enquanto ela mantinha-se enrolada em uma toalha.Assim que pus meus pés na areia, Catriel veio na minha direção, com o dedo em riste:- Você escondeu o biquíni dela.Todos me olharam. Me fiz de ofendida:- Como pode pensar isto de mim? Por que eu faria uma coisa destas?Catriel não respondeu, embora certamente passassem mil motivos em sua cabeça para eu ter feito aquilo.Me juntei aos demais, sentando-me à mesa e me servindo de morangos. Estava tão calor que nada me apetecia.- Sua pele está muito avermelhada. – Odette levantou-se para me observar.- Talvez tenha que renovar o protetor. – Dei de ombros – Não está doendo.- Você não pretende passar o dia nua, não é mesmo? – Lucca perguntou para Laila.- Não... Alteza! – Ela respondeu, envergonhada, cobrindo-se ainda mais com a toalha.- Não trouxe um biquíni extra? – Perguntei.- Sim... Mas ficou no iate.- Sei bem como é...