Lucca não pensou duas vezes e vi quando falou com ela, que sorriu e me olhou. Retirei os óculos e pisquei o olho para minha amiga, fazendo sinal para que o agarrasse, me deparando com o semblante chocado dela.Ri e voltei a olhar em volta. A paisagem era absolutamente linda. Mas Lucca e Odette estavam flertando e Catriel e Laila praticamente se comendo. E eu sobrando.Não levar Max havia sido uma péssima ideia. Ou não. Dar-lhe mais esperanças àquelas alturas não era correto.Comecei a mexer o corpo no lugar, cavando com os próprios pés na areia, até senti-la cobrindo-os. Depois abaixei as mãos e peguei um punhado de areia dourada e fina, deixando-a escapar por entre meus dedos, observando a direção do vento.Peguei uma toalha e pus próximo da água e deitei de bruços, observando o vai e vem das águas cristalinas.Eu gostava de Max. Aliás, dentre todas as opções que eu tinha até o momento, ele estava no topo de afeto. Mas embora eu não soubesse nada sobre o amor, achava que o que sentia
Não lembro de ter me demorado tanto nas rochas para Catriel já estar fora do mar com Laila, procurando o biquíni enquanto ela mantinha-se enrolada em uma toalha.Assim que pus meus pés na areia, Catriel veio na minha direção, com o dedo em riste:- Você escondeu o biquíni dela.Todos me olharam. Me fiz de ofendida:- Como pode pensar isto de mim? Por que eu faria uma coisa destas?Catriel não respondeu, embora certamente passassem mil motivos em sua cabeça para eu ter feito aquilo.Me juntei aos demais, sentando-me à mesa e me servindo de morangos. Estava tão calor que nada me apetecia.- Sua pele está muito avermelhada. – Odette levantou-se para me observar.- Talvez tenha que renovar o protetor. – Dei de ombros – Não está doendo.- Você não pretende passar o dia nua, não é mesmo? – Lucca perguntou para Laila.- Não... Alteza! – Ela respondeu, envergonhada, cobrindo-se ainda mais com a toalha.- Não trouxe um biquíni extra? – Perguntei.- Sim... Mas ficou no iate.- Sei bem como é...
- Laila é uma qualquer.Engoli em seco, sentindo meu coração acelerar a tal ponto que eu quase o sentia na boca.- E... Eu?- Você é uma princesa... E virgem!- Virgem? – enruguei a testa.- Ouvi sua conversa com Max ontem à noite.- Pois ouviu errado.- Não, não ouvi errado. Lembro exatamente de cada palavra que vocês falaram.- Você não tem direito de...- Saber sobre você nunca ter estado com um homem?- Sim! – Admiti – Isso diz respeito a mim.- Eu sei disto. Só quero que entenda que não é como Laila. Ela é uma mulher experiente... E sai com vários homens, entende?- E o que isso tem a ver comigo fazer topless?- Tem a ver... Que você está muito queimada do sol. E isso vai fazer mal à sua pele. – Ele disse saindo, me deixando sozinha na água.Como assim o fato de eu tirar o biquíni faria mal à minha pele?Enquanto eu caminhava de volta para o gazebo, a fim de ficar um pouco na sombra, senti o tecido da camiseta folgada dele tocando minhas costas e muita ardência na pele.- Acho qu
O engraçado era que proibi toda minha família de chamar-me pelo apelido de monstrinha conforme fui crescendo. Mas quando Catriel me dizia aquilo, minha vontade era que continuasse falando por horas, pois embora eu soubesse que era em tom de deboche e para provocar-me, ainda assim era um tempo que ele perdia comigo.- Vai ficar aqui e me deixar sozinha? – Laila disse saindo pela porta, cruzando os braços, em tom de cobrança.Catriel levantou-se rapidamente, deixando o frasco da loção pós sol cair no chão.Saiu, sem olhar para trás, entrando com Laila. Peguei a loção e comecei a passar nas minhas pernas, que também ardiam. Logo avistei as luzes do castelo de País del Mar e a ilha, feliz por estar de volta.Assim que desembarcamos, Max nos esperava. Percebi nos olhos dele que estava furioso e também pela gravata aberta e os dois botões da camisa.Me viu e veio diretamente, cobrando-me em tom firme:- Por que saiu da ilha sem mim?- Não foi culpa dela, Max. Fui eu que avisei os seguranças
- Alteza, quer que avisemos sua criada? Ou chamemos um médico?- Não tem necessidade. Não quero incomodar ninguém. Mas obrigada.Eu não tinha nada melhor a fazer. Fiquei ali um tempo, observando-as trabalhar enquanto esperava por algum efeito do chá. Logo que bebi, deu-me certo calor. Mas depois voltou o frio e percebi que a febre não havia passado. E eu não queria ter que chamar um médico, já que não estava em casa.Subi para o meu quarto, decidida a tomar um banho morno. Enquanto andava no corredor do quarto andar, vi a luz de uma porta aberta refletida no cháo, que ficava no lado dos hóspedes. Me dirigi até lá e quando olhei pela fresta da porta, percebi a rainha chorando.Engoli em seco, incerta sobre como agir. Mas era madrugada. E se ela estava ali, chorando, algo havia acontecido.Bati na porta e disse:- Com licença, Nair!- Aimê! – ela limpou as lágrimas, sorrindo.Entrei, mesmo sem que ela me convidasse. A rainha também vestia um penhoar branco sobre a camisola longa da mesm
- Eu... Fico lisonjeada, Nair. – Falei, sem jeito.- Você... Trouxe vida de volta para este lugar.- Mas... Já existia vida antes de mim, Nair. Seus filhos... São cheios de vida. E... Talvez tenha... Uma nora... Legal? – me confundi completamente, incapaz de dizer-lhe que certamente ela teria uma nora mulher e um genro, escolhido por Catriel.- Uma nora? – ela riu – Certamente terei duas. Confesso que inicialmente eu queria muito a união entre você e Catriel. Mas infelizmente não deu certo. Ainda assim, casando com Lucca, será minha nora favorita.Mordi os lábios e não consegui me conter:- A senhora já percebeu que Catriel... Pinta as unhas e usa... Sombra nas pálpebras?A rainha ficou séria e enrugou a testa, confusa. Depois de um tempo começou a gargalhar. Levantei do colo dela, já que seu corpo se remexia demais. Então ela começou a chorar... Mas era de rir. Demorou um tempo até que se recompusesse:- Está insinuando que meu filho... – Ainda tinha dificuldade de falar, tentando pa
Parei ao observar uma obra de arte na parede, tentando reconhecer o artista, embora não soubesse muito separar os famosos dos iniciantes.- É uma obra de Jackson Pallock. – Ouvi a voz do duque Cappel ao meu lado, olhando na direção dos meus olhos.- Bonita! – Falei, não conseguindo identificar qual era a intenção do artista ao pintar, a não ser o monte de tinta aleatoriamente ocupando a tela.- É um dos artistas que mais explorou o “gotejamento”. Suas composições são abstratas com linhas emaranhadas e padrões imprevisíveis.- Pelo visto entende bem de obras de arte. – O olhei, me atentando ao seu terno cinza claro, quase no tom do meu vestido.- Não entendo muito bem de obras de arte. Mas entendo bem do dinheiro que investi nelas. – Sorriu, bebendo um gole do que tinha na sua taça, que imaginei não ser água com gás.- Obras de arte são sempre um bom investimento.- Você sabe que sou parente de Vossa Majestade, o rei Colton?- É um Levi Mallet?- Bem distante – admitiu, com um sorriso.
Assim que entrei no toalete, olhei-me no espelho. Meu rosto ainda estava muito avermelhado e o batom desaparecido dos meus lábios. Estava pálida... E com saudades de casa. Talvez não tivesse mais nada para fazer em País del mar. Poderia assinar um acordo sem problemas com o rei Colton para importar os frutos do mar de seu país, sem que precisasse casar com um de seus filhos para selar aquilo. Aliás, tanto o rei quanto a rainha tinham toda minha simpatia.Respirei fundo, tentando não chorar. Passei um pouco de água nos olhos, tentando confundi-los. Como eles foram espertos e perceberam que aquilo não eram lágrimas, insistiram em derramar-se. Abaixei o rosto na pia e enchi a mão de água, passando em abundância no rosto. Fechei os olhos e quando os abri novamente deparei-me com Catriel atrás de mim, oferecendo-me uma toalha de papel.Peguei a toalha que ele me oferecia, sem virar-me em sua direção e amassei-a, jogando no lixo e pegando outra, enxugando meu rosto.- Está fazendo mal à nat