Catriel desceu e me pegou pela cintura, retirando-me da cela. Depois montou e me olhou, com um meio sorriso sarcástico:— Gosto de mulheres e o fato de eu não ter dado em cima de Vossa Alteza não significa que eu seja gay.— Mas... Não é por isso.— Por que então?Como dizer que eu era uma idiota e falava demais? E que talvez tivesse tirado conclusões precipitadas? Ou não?!Começou a trotar com o cavalo, me deixando no meio do caminho.— Ei... Onde você vai? — perguntei.— Procurar meu príncipe encantado, Alteza!Dizendo isso ele saiu a galope, me deixando ali, completamente sozinha. Sentei-me no banco que havia próximo e olhei para o mar. Por que aquele homem me deixava sempre sem palavras? Nunca fazia o que se esperava dele. Não gostava de mim e eu sequer sabia o motivo.Catriel me maltratava, esta era a verdade. E por que eu ainda tentava mudar aquilo e provar-lhe que eu poderia ser uma boa pessoa ou mesmo estar à altura dele?Fiquei ali uns dez minutos, tentando pensar em qualquer
Notei a falta de Catriel à mesa no desjejum na manhã seguinte. Tentando não parecer interessada em saber onde o príncipe herdeiro se encontrava, arrisquei:— Irá montar hoje, Lucca?— Sim. Treino diariamente pela manhã.— Será que... Catriel se importaria se eu montasse Tempestade?— Há vários outros cavalos, querida. Pode pedir que escolham um cavalo mais manso que Tempestade para ela? — A rainha olhou para Lucca.— Mas Tempestade é mansa — retruquei.— Tempestade não é muito mansa! — Lucca riu.— Se acha que Catriel se importaria, tudo bem, Majestade. Posso usar outro cavalo.— Por favor, Aimê, não me chame de Majestade. Eu ficaria muito feliz se me chamasse por meu nome, assim como tomei a liberdade de chamá-la pelo seu.— Prometo que... Tentarei. — Sorri.— Mandarei comprar um cavalo para você, Aimê — disse o rei.— Para mim? — Espantei-me com a atitude dele.— Sempre que voltar a País del Mar, saberá que terá um animal só para você montar.— Fico lisonjeada, Majestade. — Abaixei
— Desculpar-se? — Riu, de forma irônica. — Depois de ter revelado algo que escondi a vida inteira do mundo, até mesmo das pessoas que estão diariamente dentro do castelo, você simplesmente acha que desculpas resolverão a tolice que fez?Eu queria falar qualquer coisa, especialmente defender-me. Mas só me ative a cicatriz que ele tinha na parte esquerda do peito e nas marcas de arranhões pelo corpo. Não, não havia sido um gato... E sim uma “gata”, certamente de unhas compridas e vermelhas, enormes.— Só mostrei ao meu amigo porque achei bonito seu trabalho...— O que fez depois que atropelou o homem? Pediu desculpas? — Me encarou.— Sim. — Enruguei a testa, confusa.— E acha que isso resolveu? Ah, não, certamente não. Por isso o promoveu a seu assessor de imprensa.— Como sabe? — falei, entredentes.— Da mesma forma que descobriu que pinto, “Alteza”... Investigando sua vida alheia. Aliás, você mostra tudo ao seu povo, menos as coisas ruins que faz, como atropelar pessoas e depois compr
- Pai?- Olá, querida! - O que o rei Colton queria? Por qual motivo ligou para você?- Achei que estava me ligando para perguntar como está sua irmã e seus sobrinhos.- Ah, sim... Como está minha irmã e meus sobrinhos? – Certamente não consegui transparecer preocupação real com Pauline.- Já estamos em casa. E sua mãe me disse que ligou e você só falou das belezas de País del Mar e sequer perguntou sobre Pauline.- O que o rei queria?Pauline estava longe demais da minha mente naquele momento. E eu estava tão ansiosa que não conseguiria fingir que estava curiosa por saber sobre ela. Minha irmã estava viva e isso que importava. Talvez se eu chegasse a conclusão de que ela havia mudado e descoberto que a saúde era uma dádiva e que atentar contra si própria era a pior coisa que uma pessoa poderia fazer, um dia mudasse de opinião.Ouvi o suspiro de meu pai do outro lado da linha:- Me pergunto por que você só consegue olhar para si mesma!- Alexia olhava para todos, menos para si mesma.
Ouvi a risada dele do outro lado da linha antes de se despedir.Ok, eu tinha carta branca para decidir sobre a proposta que talvez o rei me faria de casar com um de seus filhos, ou melhor, Lucca Levi Mallet.Cheguei na sala de reuniões do castelo exatamente no horário combinado, junto de minha assessora, Odette. O rei, por sua vez, também tinha um assessor junto dele, que me apresentou como Richard.O homem era de meia idade e interessante. Ele e o rei Colton pareciam se dar bem, mas não melhores amigos, como Aimê e eu.Fui servida de chá de hibisco com cravo. Enquanto os filhos do rei não chegavam, nós dois tratávamos de assuntos banais e sem importância.Catriel e Lucca Levi Mallet chegaram talvez uns dois a três minutos atrasados, já recebendo uma crítica pesada do rei por deixarem a princesa esperando por eles.Lucca me cumprimentou, mesmo já tendo nos visto no desjejum. Catriel, por sua vez, sequer olhou nos meus olhos.Depois de falarmos sobre o que nossos países importavam e ex
Eu poderia perguntar o motivo pelo qual ele se negou a casar comigo. Mas eu já sabia, afinal! Catriel tinha seu verdadeiro amor e jamais o assumiria, por conta de não ser uma mulher e por ter medo dos julgamentos. Ainda assim, não havia motivos para ele repudiar-me tanto. Sim, eu havia atropelado um homem, mas tentei me redimir, desculpei-me e fiz o que estava ao meu alcance para conseguir seu perdão. Não poderia ser julgada eternamente por meu ato.E sobre revelar ao mundo sobre suas obras, também não havia sido intencional. Eu só mostrei a Donatello na intenção de conseguir mais informações. Mas talvez eu não deveria ter pedido qualquer informação sobre Catriel, já que era um homem que não queria ser encontrado, nem nas suas pinturas, nem na sua sexualidade, tampouco na responsabilidade com seu povo.— Majestade — falei, tentando parecer firme. — Não tenho interesse no príncipe mais velho, nem nunca tive. — Olhei para Catriel. — Mas minha conexão com Lucca foi imediata e... Gostaria
Todos saíram e ficamos eu e Catriel na sala. Por algum motivo, em vez de sair, o que era esperado da minha parte, fui em direção à janela envidraçada, observando o mar ao longe.— Morar neste lugar é um privilégio. — Me ouvi falando.— Talvez esta seja a única coisa que eu concorde com você. — Catriel levantou-se, vindo na minha direção.Caminhou com as mãos no bolso até parar do lado oposto ao meu. Pareceu procurar o foco de meus olhos e o acompanhou. Depois empurrou a vidraça quadriculada, que percebi ser uma porta.Tinha uma sacada grande, de onde podia se observar toda a parte do continente. Catriel andou alguns passos e olhou ao longe, apoiando as mãos na mureta de proteção.Não fui convidada, mas o acompanhei. O ar fresco preencheu meus pulmões e aspirei-o diversas vezes, sentindo-me bem. Fechei os olhos e ouvi o som do mar, mesmo ao longe. O cantar dos pássaros era constante e o ruído das árvores balançando ao vento também tinha sua parcela de beleza e encantamento.— Aqui já f
Esperamos exatamente do jeito que estávamos, ele com os dedos ainda dentro de mim, até que Odette e Richard se fossem.Assim que ouvimos o som deles deixando a sala de reuniões, Catriel afastou-se. Olhei diretamente para o seu pau, endurecido dentro da calça. Em seguida nossos olhos se encontraram. As bochechas do príncipe estavam avermelhadas e eu ouvia sua respiração, de tão acelerada que estava, exatamente como a minha.— Não existe príncipe encantado, Aimê. — Ele tinha mesmo pronunciado meu nome? — Assim como não existe amor.— Eu sei... Disto.— Tudo não passa de atração física, confundida com um sentimento que talvez raramente exista entre duas pessoas.Eu conseguia ouvir as batidas do meu próprio coração e me senti envergonhada, temendo que ele também pudesse escutar.— Isso é o que levará de mim, Alteza! — Sorriu de forma irônica. — A sensação dos melhores dedos que já a tocaram... E pasme: estavam pintados com esmalte! — Balançou a cabeça. — Sinto muito não poder esperar que