— Desculpar-se? — Riu, de forma irônica. — Depois de ter revelado algo que escondi a vida inteira do mundo, até mesmo das pessoas que estão diariamente dentro do castelo, você simplesmente acha que desculpas resolverão a tolice que fez?Eu queria falar qualquer coisa, especialmente defender-me. Mas só me ative a cicatriz que ele tinha na parte esquerda do peito e nas marcas de arranhões pelo corpo. Não, não havia sido um gato... E sim uma “gata”, certamente de unhas compridas e vermelhas, enormes.— Só mostrei ao meu amigo porque achei bonito seu trabalho...— O que fez depois que atropelou o homem? Pediu desculpas? — Me encarou.— Sim. — Enruguei a testa, confusa.— E acha que isso resolveu? Ah, não, certamente não. Por isso o promoveu a seu assessor de imprensa.— Como sabe? — falei, entredentes.— Da mesma forma que descobriu que pinto, “Alteza”... Investigando sua vida alheia. Aliás, você mostra tudo ao seu povo, menos as coisas ruins que faz, como atropelar pessoas e depois compr
- Pai?- Olá, querida! - O que o rei Colton queria? Por qual motivo ligou para você?- Achei que estava me ligando para perguntar como está sua irmã e seus sobrinhos.- Ah, sim... Como está minha irmã e meus sobrinhos? – Certamente não consegui transparecer preocupação real com Pauline.- Já estamos em casa. E sua mãe me disse que ligou e você só falou das belezas de País del Mar e sequer perguntou sobre Pauline.- O que o rei queria?Pauline estava longe demais da minha mente naquele momento. E eu estava tão ansiosa que não conseguiria fingir que estava curiosa por saber sobre ela. Minha irmã estava viva e isso que importava. Talvez se eu chegasse a conclusão de que ela havia mudado e descoberto que a saúde era uma dádiva e que atentar contra si própria era a pior coisa que uma pessoa poderia fazer, um dia mudasse de opinião.Ouvi o suspiro de meu pai do outro lado da linha:- Me pergunto por que você só consegue olhar para si mesma!- Alexia olhava para todos, menos para si mesma.
Ouvi a risada dele do outro lado da linha antes de se despedir.Ok, eu tinha carta branca para decidir sobre a proposta que talvez o rei me faria de casar com um de seus filhos, ou melhor, Lucca Levi Mallet.Cheguei na sala de reuniões do castelo exatamente no horário combinado, junto de minha assessora, Odette. O rei, por sua vez, também tinha um assessor junto dele, que me apresentou como Richard.O homem era de meia idade e interessante. Ele e o rei Colton pareciam se dar bem, mas não melhores amigos, como Aimê e eu.Fui servida de chá de hibisco com cravo. Enquanto os filhos do rei não chegavam, nós dois tratávamos de assuntos banais e sem importância.Catriel e Lucca Levi Mallet chegaram talvez uns dois a três minutos atrasados, já recebendo uma crítica pesada do rei por deixarem a princesa esperando por eles.Lucca me cumprimentou, mesmo já tendo nos visto no desjejum. Catriel, por sua vez, sequer olhou nos meus olhos.Depois de falarmos sobre o que nossos países importavam e ex
Eu poderia perguntar o motivo pelo qual ele se negou a casar comigo. Mas eu já sabia, afinal! Catriel tinha seu verdadeiro amor e jamais o assumiria, por conta de não ser uma mulher e por ter medo dos julgamentos. Ainda assim, não havia motivos para ele repudiar-me tanto. Sim, eu havia atropelado um homem, mas tentei me redimir, desculpei-me e fiz o que estava ao meu alcance para conseguir seu perdão. Não poderia ser julgada eternamente por meu ato.E sobre revelar ao mundo sobre suas obras, também não havia sido intencional. Eu só mostrei a Donatello na intenção de conseguir mais informações. Mas talvez eu não deveria ter pedido qualquer informação sobre Catriel, já que era um homem que não queria ser encontrado, nem nas suas pinturas, nem na sua sexualidade, tampouco na responsabilidade com seu povo.— Majestade — falei, tentando parecer firme. — Não tenho interesse no príncipe mais velho, nem nunca tive. — Olhei para Catriel. — Mas minha conexão com Lucca foi imediata e... Gostaria
Todos saíram e ficamos eu e Catriel na sala. Por algum motivo, em vez de sair, o que era esperado da minha parte, fui em direção à janela envidraçada, observando o mar ao longe.— Morar neste lugar é um privilégio. — Me ouvi falando.— Talvez esta seja a única coisa que eu concorde com você. — Catriel levantou-se, vindo na minha direção.Caminhou com as mãos no bolso até parar do lado oposto ao meu. Pareceu procurar o foco de meus olhos e o acompanhou. Depois empurrou a vidraça quadriculada, que percebi ser uma porta.Tinha uma sacada grande, de onde podia se observar toda a parte do continente. Catriel andou alguns passos e olhou ao longe, apoiando as mãos na mureta de proteção.Não fui convidada, mas o acompanhei. O ar fresco preencheu meus pulmões e aspirei-o diversas vezes, sentindo-me bem. Fechei os olhos e ouvi o som do mar, mesmo ao longe. O cantar dos pássaros era constante e o ruído das árvores balançando ao vento também tinha sua parcela de beleza e encantamento.— Aqui já f
Esperamos exatamente do jeito que estávamos, ele com os dedos ainda dentro de mim, até que Odette e Richard se fossem.Assim que ouvimos o som deles deixando a sala de reuniões, Catriel afastou-se. Olhei diretamente para o seu pau, endurecido dentro da calça. Em seguida nossos olhos se encontraram. As bochechas do príncipe estavam avermelhadas e eu ouvia sua respiração, de tão acelerada que estava, exatamente como a minha.— Não existe príncipe encantado, Aimê. — Ele tinha mesmo pronunciado meu nome? — Assim como não existe amor.— Eu sei... Disto.— Tudo não passa de atração física, confundida com um sentimento que talvez raramente exista entre duas pessoas.Eu conseguia ouvir as batidas do meu próprio coração e me senti envergonhada, temendo que ele também pudesse escutar.— Isso é o que levará de mim, Alteza! — Sorriu de forma irônica. — A sensação dos melhores dedos que já a tocaram... E pasme: estavam pintados com esmalte! — Balançou a cabeça. — Sinto muito não poder esperar que
Para o jantar no castelo de País del Mar, onde a realeza receberia alguns poucos amigos para confraternizar ao apresentar-me, escolhi para vestir um conjunto de terno preto. A calça era lisa, num corte clássico, de um tecido confortável e bem estruturado. O blazer, no mesmo tecido e cor, era bordado em pedrarias multicoloridas, numa das laterais na parte da frente e na inversa na parte de trás. Não usei nada por baixo, na parte superior. Deixei os seios sem sutiã, pois marcaria, já que o decote era em V profundo.Antes de fazer meus cabelos, fui até o quarto de Odette e bati na porta e depois fiz o mesmo no de Max. Ambos saíram no corredor e avisei:— Vistam o que trouxeram de melhor. Participarão do jantar.— Por que vestir o que tenho de melhor? Usarei minha roupa tradicional, Aimê. Não preciso usar um traje a rigor para fazer sua segurança.— Não quero meu segurança e minha assessora comigo neste jantar, que será em minha homenagem. Quero meus amigos, Odette e Max. E eles serão meu
— Não sei... Fomos? — Lucca me olhou, confuso.— Eu só não quero apressar as coisas. Me parece que foi tudo muito rápido.Ele suspirou:— Se eu disser que não gostei de você, estaria mentindo. Na verdade, gostei antes mesmo de conhecê-la pessoalmente, Aimê. Mas entendo sim que talvez tenha sido tudo um pouco precipitado. Afinal, são nossas vidas, não é mesmo? E não me passa pela cabeça um casamento de fachada.— Eu... Nem havia pensado nesta hipótese, Lucca.— Catriel acabou fazendo besteira com a esposa do duque. E então meu pai viu que você estava com problemas em Alpemburg e achou que a união matrimonial poderia, por hora, acalmar um pouco os ânimos do povo.— Imaginei que fosse isso. — Sorri. — Mas também entendo o interesse do seu pai em garantir este casamento a fim não só de acordos benéficos para nossos países, mas também pela questão da possível extinção dos países monárquicos. Alianças são imprescindíveis neste momento, quanto a isto.— Concordo.— Catriel gosta da duquesa?