- Acha mesmo que eu olharia para Sasha e o compararia com meu irmão morto há mais de duas décadas?- O que você e mamãe pretendem fazer?- Ficaremos aqui um tempo até Catriel resolver sua situação com a Corte.- E depois?- Depois levarei minha filha caçula até o altar. – Sorriu.Catriel pegou minha mão, apertando-a entre a sua, o dedo girando o anel de noivado que eu trazia no anelar.O olhei, sentindo o coração acelerar. Só de pensar no nosso casamento eu já ficava ansiosa. E ainda tínhamos tantos problemas para resolver!- E... Depois? – Insisti.- Satini e eu viajaremos. Não teremos residência fixa.- Quero transar em vários países diferentes. Talvez bater um recorde... – Minha mãe falou, andando na nossa direção com um largo sorriso no rosto, não demonstrando nenhum constrangimento ou vergonha pelo que dizia.- Satini! – Meu pai ficou um pouco sem jeito.- Acha que eles não sabem que a gente faz sexo, Estevan? – Ela arqueou a sobrancelha, as pálpebras escuras emoldurando o rosto
- Quê? – Catriel arqueou uma sobrancelha, curioso.- Eu quis dizer que está na hora de pegar seu reino de volta, senhor príncipe mal agradado. Mencionei que já travei minha principal batalha e agora tudo que quero é ser rainha consorte de um país onde tem sol o ano inteiro?Catriel ficou me olhando um tempo, parecendo tentar assimilar tudo que eu havia dito. Depois me abraçou com força, tomando meus lábios de forma terna.Senti sua língua invadindo a minha boca e foi como se o mundo inteiro sumisse e só existíssemos nós dois. Eu estava tão carente e necessitada do toque dele que cheguei a segurar suas bochechas entre as minhas mãos, com medo de que ele pudesse escapar.Nosso beijo só acabou quando o ar puro e fresco de País del Mar, com aroma de maresia, ficou escasso para nós.Assim que nossos lábios se afastaram, meus pais não estavam mais ali. Passei a língua nos lábios, sentindo o gosto dele, como se quisesse provar ainda mais do que aquele homem havia me dado.- Eu amo você, Aimê
- Bem estremecida. – Catriel concordou, com um suspiro – As filhas de vocês são crianças maravilhosas.Os dois sorriam. O pescador chegou logo em seguida, guiando-nos até sua casa simples, mas confortável.A villa não era pequena. Tinham muitas casas, todas simples, mas num sistema muito bem organizado. Embora os homens fossem pescadores, não havia odor de peixe, já que tudo era feito num espaço diferente, afastado das propriedades.Aquela casa, especificamente, era com os fundos para o mar. Ele nos mostrou os quartos e nos surpreendeu dizendo que nos deixaria tomando conta de tudo, já que iria com a família para a casa de alguns parentes, na rua próxima.Era tanta confiança em nós, que ele mal conhecia, que quase não pude acreditar.Fui para o quarto e abri a janela, que não tinha vidro, deparando-me com o mar azul esverdeado na minha frente, o ar puro e fresco entrando no dormitório sem nenhuma restrição. Fechei meus olhos e aspirei o odor de maresia, que eu tanto gostava. Ao lado d
- Eu nunca tive um encontro de verdade com Henry. – Pauline mencionou enquanto minha mãe trançava os cabelos dela.- Como assim nunca teve um encontro de verdade? – Perguntei, enquanto as observava deitada na cama de casal que era de um homem e uma mulher que eu não conhecia, mas de onde se podia ver o pôr do sol mais lindo do mundo inteiro.- Entre nós foi tudo muito rápido. – Ela confessou.- Porque você queria fugir da coroa muito rápido. – Minha mãe riu.- Mas eu gostava dele... Eu não sei onde nos perdemos.- É muito fácil perder a paixão, minha querida. Mas o amor... Ah, este não se perde.- Eu não sei como pude imaginar que não gostava mais de Henry.- Não é que não gostava de Henry. Acho que o que você não gostava era da vida que levavam.- Talvez... Mas eu amo minhas filhas... E nosso espaço em Noriah Sul.- Mas não gostava da forma como Dereck e Kim meio que intervinham nas suas vidas. Acho que precisa dizer isso a eles. – Sugeri.Ela suspirou:- Eu não sei o que faltava...
Pauline deu um beijo na nossa mãe e outro em mim e saiu, fechando a porta.Olhei para minha mãe e comecei a gargalhar:- Você disse “choupana”?- Não é este o nome destas casinhas tão singelas e fofas?Quando Catriel retornou eu estava deitada na cama, observando a lua cheia no céu, imaginando-a refletida no mar, mas com preguiça de ir até a varanda. Não lembrava a última vez que havia ficado sem fazer nada ou pensar em nada, com a mente completamente vazia.- Foi na Delegacia? Descobriu alguma novidade? – Sentei-me no meio da cama, observando-o atentamente.Catriel retirou a camiseta e jogou-a sobre uma cadeira:- Não... Só estava andando por aí.- Andando por aí? – Levantei, indo na direção dele.- Estou tão confuso, Aimê! – Ele passou as mãos pelo rosto, parecendo exausto.- Quer... Falar a respeito?Catriel deu um passo e ficou junto de mim. Toquei seu peito vagarosamente, percebendo o suor. Foi quando ele me enlaçou pela cintura, chocando nossos corpos de forma violenta. Sorri, e
Quando chegamos na Delegacia, o ambiente já nem me pareceu estranho. Pelo contrário, era até familiar. Nunca passou pela minha cabeça ir tantas vezes numa Delegacia como havia ido nos últimos tempos.Assim que nos sentamos em frente ao Delegado, separados pela sua mesa grande e cheia de papéis espalhados e desorganizados sobre ela, Catriel perguntou imediatamente:- Como meu pai foi envenenado?- Com Cianeto.- Cianeto? – ri, atônita – Isso já sabemos Delegado. Agora conte uma novidade, por favor.- Se tiver paciência e me deixar concluir, farei isso com gosto, Alteza – me olhou, de forma sarcástica. - Para ser mais exato – olhou para Catriel – Havia vestígios de veneno, embora mínimos, no cofre que existia dentro do quarto do rei e da rainha.Catriel balançou a cabeça, atordoado:- Como... Só viram isso agora? Por que tanto tempo para chegarem a conclusão de que havia restos do veneno no cofre?- Recolhemos vários itens dos aposentos do rei e da rainha quando tivemos livre acesso ao
Precisava explicar quem eu era para não correr o risco de ser impedida de entrar no meu destino quando chegasse, já que não teria dinheiro para pagar pela corrida.Enquanto em pensava em mil coisas ao mesmo tempo, o homem me alcançou o celular.- Ah, obrigada! – Falei, perplexa por ele te me dado o aparelho para que eu usasse.- Cat?- Aimê, sua louca, onde você está? O que aconteceu, porra?- Estou indo para a mansão Cappel. Me encontre lá, Catriel, por favor. Eu temo que... – A ligação caiu, interrompendo-me.Tentei várias vezes e não consegui contato.- O sinal é fraco para estes lados. – O homem me explicou.- Obrigada da mesma forma.Ele parou o carro em frente a muros altos e um portão gigantesco de ferro. Eu não lembrava da área de entrada da mansão Cappel, já que quando visitei a residência, tempos atrás, havia vindo junto da família real, pouco prestando atenção a detalhes.- É aqui, Alteza!Desembarquei do carro e disse:- Me encontre na villa de pescadores amanhã. É lá que
Sim? Não? O que dizer naquela hora? O que eu pensava realmente ou o que ele queria que eu dissesse?- Não. – Foi minha resposta seca.Catriel me olhou, sem dizer nada. Menti que achava que não e ele que acreditava em mim, ambos tentando evitar uma briga.Sentei-me na cama onde ele estava deitado e olhei pela janela, observando a noite estrelada e respirando profundamente o ar puro que entrava por ela.- Eu só acho que ninguém é confiável.- Ninguém não se refere à minha mãe, não é mesmo?- Ninguém... Eu me refiro... A todo mundo... Que não seja nós dois.Catriel sentou-se na cama e abraçou-me por trás, dando um beijo no meu ombro:- Sei que minha mãe é bem difícil. Mas ela não faria nada contra a própria neta.Ele desatou o nó que fiz na toalha que estava enrolada no meu corpo, na parte do peito.- Como Olavo apareceu lá, se estava combinado que entregariam Siena para ele somente no dia seguinte? – Perguntei, puxando a toalha de volta.- Eu falei com ele.- Por quê? – Fiquei confusa.