Li rápido o que estava escrito ali. Romantismo. Vanguarda. Surrealismo. Quinhentismo. Minha esperança desapareceu. Seria uma aula muito pior do que pensei.
- Vamos ficar com Surrealismo. – Luan falou escrevendo alguma coisa no próprio caderno.
- Deveríamos entrar em acordo sobre o tema.
- Surrealismo é legal. Vi um quadro que parece com Silent Hill.
Rolei meus olhos.
- Mas a teórica é entediante. Segunda geração Romântica é mais interessante.
Ele ergueu as sobrancelhas.
- Não parece o tipo romântica. – inclinou o corpo para mais perto de mim – Gosta de flores? – perguntou em um sussurro.
- Não. E é sobre a era gótica, com muita morte e depressão. Não sobre romances tapados.
Ele juntou as sobrancelhas, pensativo. Voltou para seu caderno. Espichei meu pescoço e vi que fazia uma lista para entregar para o professor. Fiquei aliviada quando ele pôs Romantismo no tema. Destacou o papel e passou para o garoto que sentava a sua frente, se virando para mim em seguida.
- Já fizemos metade do trabalho.
Olhei feio para a folha que seguia de mão em mão até chegar ao professor. Meu trabalho não ia ter duas folhas se dependesse de mim. Talvez eu possa fazer ele todo sozinha, com certeza sou muito mais inteligente que o deus loiro... Balancei a cabeça com a imagem de Luan passando sem camisa pelo ginásio.
- Vai chover. – ele comentou observando as nuvens cinza do outro lado da janela.
Lancei uma olhadela para o céu e me voltei para meu caderno. Estava prestes a começar um esquema de estudo e pesquisa para meu trabalho, quando o senti sobre meu ombro.
- Não vai falar comigo? – ele murmurou perto demais.
Tentei me concentrar no que estava fazendo, mas me esqueci do que ia escrever.
- Devia ter pegado esse maldito Ipod para mim. – o ouvi resmungar.
- Pegue-o de novo, e vira eunuco. – ameacei.
- O que é eunuco?
Eu ri. Me acostumei a usar palavras pouco convencionais com jovens. Isso era fruto de muita leitura e resultava em xingamentos quase sempre.
- Um homem castrado.
- Tipo, sem bolas?
Revirei meus olhos.
- Não. Um castrado com bolas. – dei um sorriso sarcástico e voltei para meu caderno.
O senti se aproximar de mim e seu hálito quente tocar a pele do meu pescoço.
- Você fica adorável de mau humor.
“Adorável?” pensei. Normalmente ouço linda, bonita, mas adorável? O olhei desconfiada. De onde ele saiu com isso?
- Adorável? – repeti confusa.
- Eu ia dizer que me deixa duro, mas pensei que não ia gostar...
Meu rosto estava queimando, eu podia sentir isso. Cara, eu realmente ando perdendo o jeito. Ele me embaralha toda, e isso não é normal. Okay. Preciso, de extrema urgência, sair e caçar homens. Talvez leve Vany comigo.
- Pode ir lá em casa hoje?
Fui puxada para o mundo real, e continuava abobada. Droga! Feche a boca!
- Han? Que foi?
- Pode ir até minha casa depois da aula? Para fazermos a pesquisa com mais calma? – aqueles olhos
verdes tinham sua piada secreta, e sorriam com os lábios dele.
- Não. Estou ocupada hoje.
- Não está, não. – ele cantarolou. Irritante. Lindo. Droga!
- Estou sim. E não preciso ir até sua casa. Amanha te mando um e-mail com o trabalho pronto.
Ele levantou as sobrancelhas.
- Vai fazer nosso trabalho em um dia?
- Sim. – A verdade é que eu já havia feito um trabalho sobre Romantismo no semestre anterior, e poderia reaproveita-lo. Não seria difícil.
Ele me estudou de novo. Caralho, odeio quando ele fica me olhando e pensando. Até porque ele ainda não mudou aquela expressão de caçador admirando a caça que sempre teve. Um arrepio subiu pela minha espinha e me endireitei. Não ia o deixar notar que mexia comigo desse jeito.
A aula terminou e ele ainda me observava. Agora um pouco desconfiado. Não gostei nem um pouco daquilo, mas voltei para minha sala e depois de mais uns cinquenta minutos podia sair e voar para minha casa.
* Luan Pov. *
Despi o resto da minha roupa com o rosto feroz dela ainda em minha mente. Não consegui deixar de me lembrar de como ela me agarrou na biblioteca ontem, muito menos de conter minha ereção. Olhei para baixo com um suspiro.
“Ela não está aqui, amigão” Pensei. Liguei meu chuveiro na água fria, e deixei-a acalmar meu corpo. Já estava frio, mas eu não ia deixar ninguém entrar aqui e me ver tocando uma. Até porque não existiam cabines ali, eram apenas fileiras de chuveiros e uma fula corrente de ar.
Me sequei e me vesti rápido para voltar a sala a tempo. Era hoje que as duplas começariam o trabalho, e eu estava a muito ansioso. Passei minha mão no espelho embaçado para ver minha imagem. Ajeitei minha jaqueta de couro e despenteei meu cabelo. Queria que ela cooperasse e se rendesse à mim de uma vez por todas. Senão não iria aguentar mais.
O sinal soou e eu já estava a meio caminho da sala. Chegando lá o professor estava explicando que ele tinha feito um acordo com o professor de artes e sei-lá-mais-oquê. Só sei que logo ela entrou atrás dos outros alunos e se escondeu ali até que o professor a chamasse. Quando seus olhos bateram em mim com o braço erguido, ela mordeu o lábio e se arrastou até meu lado.
- Oi. – tentei ser simpático. Ela não.
- Oi. – ela murmurou a contragosto.
O professor falou qualquer coisa e ela prestou atenção deslumbrada. Vi que ela lia o que estava escrita no quadro, e meus olhos deslizaram para lá. Quando vi o nome do surrealismo me veio à mente o quadro da mulher careca gritando. Isso me lembrava os filmes que eu gostava de assistir, então escrevi nossa ficha no meu caderno.
- Vamos ficar com Surrealismo. – anunciei sentindo o olhar dela sobre meu ombro.
- Deveríamos entrar em acordo sobre o tema.
- Surrealismo é legal. Vi um quadro que parece com Silent Hill. – expliquei. Não era meio óbvio que a coisa deveria ser legal?
Ela girou os olhos. Não entendi por que a repulsa pelo tema.
- Mas a teórica é entediante. Segunda geração Romântica é mais interessante.
Como é? Romance é melhor? Não escondi minha surpresa. A última coisa que eu ia pensar era que ela era romântica e gostava dessas coisas melosas e fofas.
- Não parece o tipo romântica. – comentei me aproximando para tirar minhas dúvidas – Gosta de flores? – sussurrei.
- Não. E é sobre a era gótica, com muita morte e depressão. Não sobre romances tapados.
Como é? Agora ela acha romances tapados? Garotas são difíceis de entender, mas essa aí ganha. Terminei de fazer minha lista e a passei para Vinicius na minha frente.
- Já fizemos metade do trabalho. – brinquei, tentando ver ela se soltar um pouco. O que não aconteceu.
Ela seguiu a folha como se ela fosse sua inimiga numero um. Balançou a cabeça como para se livrar de alguma ideia absurda que teve. O jeito dela está começando a me dar nos nervos. Deixei meus olhos pairarem para além da janela ali perto e vi que as nuvens cinza cobriam quase todo o céu.
- Vai chover. – deixei escapar. Comentário idiota, eu sei. Mas saiu.
Ela olhou sem muito interesse para as nuvens e depois começou a escrever no próprio caderno. A vi traçar um plano de estudo para a pesquisa. Ela tem um lado nerd que está usando para evitar contato comigo. Não ia conseguir se livrar de mim com tanta facilidade.
Me aproximei aos poucos sobre os ombros dela. O mesmo perfume me envolveu mais uma vez.
- Não vai falar comigo? – perguntei.
Ela me ignorou. Agora já fiquei puto!
- Devia ter pegado esse maldito Ipod para mim. – praguejei voltando ao meu lugar.
- Pegue-o de novo, e vira eunuco. – ela me ameaçou com a mesma voz fria que usou para eu devolver o aparelho.
Vou virar o quê?
- O que é eunuco? –perguntei realmente curioso.
Ela riu, e eu ainda boiava.
- Um homem castrado. – ela explicou.
- Tipo, sem bolas?
Ela rolou os olhos.
- Não. Um castrado com bolas. – Hum... Eu estava me acostumando a esse humor que ela tem.
Ela voltou para o que estava fazendo no caderno e eu aproveitei para irritá-la um pouco mais. Já disse que ela fica linda quando está brava?
- Você fica adorável de mau humor.
Ela juntou as sobrancelhas e me olhou desconfiada.
- Adorável?
- Eu ia dizer que me deixa duro, mas pensei que não ia gostar...
Okay. Em meus planos secreto, obscuros e sacanas era para ela tentar arrancar minha cabeça. Mas eu a vi ficar vermelha como um pimentão. Ela desviou o olhar para longe e piscou desconcertada. Aí está minha garota! Um pouco mais e comerá na minha mão.
- Pode ir lá em casa hoje? – perguntei, meu demoniozinho dançando gagnam style dentro de mim.
- Han? Que foi?
- Pode ir até minha casa depois da aula? Para fazermos a pesquisa com mais calma? – ela me estudou com cuidado.
- Não. Estou ocupada hoje.
- Não está, não. – eu cantarolei. Não vai fugir de mim, não!
- Estou sim. – ela insistiu - E não preciso ir até sua casa. Amanha te mando um e-mail com o trabalho pronto.
Como é? Quem é que faz uma fula pesquisa em uma noite?
- Vai fazer nosso trabalho em um dia? – Perguntei tentando processar a informação.
- Sim. – ela assentiu com certeza.
Para tudo! A olhei dos pés a cabeça. Sempre de negro e cheia dessas correntes no pescoço e pulsos. Hoje, em especial, uma coleira de couro com spikes. Quer dizer que atrás desse ser tem uma nerd? Isso poderia explicar porque tanto tempo na biblioteca.
Mas o que é que ela ia fazer hoje? Ninguém nunca a viu em lugar nenhum, o que é estranho. Ela se endireitou, mas notei que havia se arrepiado comigo a olhando. Posso te dar mais que arrepios, garota. Por que não vê isso?
A aula acabou e ela saiu dali depressa. Sem olhar para mim de novo. Foi quando eu comecei a traçar meu plano de descobrir o que ela ia fazer hoje.
* Allana Pov. *- Tá pronta pra ferver? – perguntei para Vany no outro lado da linha.Estava usando um jeans simples, tênis e uma blusa qualquer sob o casaco. Já tinha posto minhas roupas dentro de uma mochila e buscava minha escova no banheiro que havia no meu quarto.- Só falta a maquiagem, amor. – ela me respondeu – Já tá vindo?- Saindo daqui agora. Me dá uns dez minutos e vou estar na sua porta.- Tá bom.Desliguei o telefone, o guardando no bolso de trás do meu jeans e descendo as escadas com minha mochila sobre o ombro.- Já tô indo, mãe! – gritei.- Tudo bem. – ela me gritou de volta da cozinha – Divirtam-se vocês duas.Sai dali caminhei até o ponto de moto táxi que havia a duas quadras de casa. Minha mãe pensava que eu estava indo a uma fes
- Vamos subir. – a tomei pelo pulso e a levei para o elevador, apertando o número do andar. Os números passavam lentos e isso me deu muita raiva. A espiei e ela assistia os números vermelhos subirem, já não parecia tão bêbada assim. As portas se abriram e ela se apoiou em meu braço para caminhar. Fomos até meu apartamento e ela entrou assim que eu abri a porta.Era só uma sala/cozinha pequena e meu quarto com banheiro ao lado. Liguei a luz e a encontrei entrando em meu quarto. A segui, mas estava escuro lá dentro. Já entrava no cômodo quando ela me jogou contra a parede, me beijando e tirando minha jaqueta. O sabor de álcool era forte, mas mais inebriantes eram as mãos dela invadindo minha camiseta e me arranhando.Agarrei com força os pulsos dela e a empurrei para a cama. Um sorriso malicioso passou pelos lábios dela de novo. Ela se sentou enquant
* Allana Pov. *Acordei com muita sede. Meus olhos vagaram pelo quarto escuro tentando se acostumar com as sombras.Uma porta aberta na parede à minha esquerda deixava alguma luz entrar ali, mas só confundia mais minha visão. Me sentei e minha cabeça latejou, um sinal claro que bebi demais. Olhei para meu lado direito na cama, e um homem loiro dormia de bruços, nu como veio ao mundo.Tentei girar minhas pernas para fora da cama, porém as senti pesadas e um pouco dormentes. Sorri. Me lembrava em partes da minha noite anterior, principalmente que o sexo foi ótimo. Seja lá quem for ele, tinha uma língua dos deuses!Encontrei meu short caído no chão aos pés da cama. O vesti ainda sentada, ele não havia tirado o resto da minha roupa, do modo como gosto. Subi o pequeno zíper e tateei a procura do botão sem sorte. Cadê aquela coisinha?Ah! Minha
Ele arrumou tudo e lavou a louça, enquanto eu assistia na minha banqueta.- A festa do pijama da sua amiga é bem agitada, né?Engoli em seco, observando-o secar as mãos em um pano de prato.- É. – não falei mais nada com medo de gaguejar. Qual é? Ele me olhava como se fosse meu pai sabendo que aprontei, e também nunca conversei com os homens que fiquei. A bem da verdade, nunca mais os via depois do sexo.- Só tem isso em sua defesa? - Ele ergueu as sobrancelhas, me avaliando – Mentiu para sua mãe, saiu com estranhos, se embebedou...Ele contava nos dedos as acusações.- Espera aí – interrompi fazendo sinal para ele parar – Como sabe se menti para minha mãe?- Tenho sangue de investigador. – piscou para mim, e senti minhas pernas se amolecerem de novo. – Ela é muito bonita,
- Sei fazer muitas coisas. – sussurrei deslizando minhas mãos pelos braços dela para atingir-lhe os seios.Ela se mexeu incomodada, e senti seu rosto quente.- Shii... – a acalmei acariciando os mamilos sobre a roupa. Alguns segundos e ela jogou a cabeça para trás, apoiando-a em meu ombro. Seu corpo já estava totalmente relaxado sob minhas mãos e a respiração ficou curta e entrecortada.Deslizei minhas mãos para a barra da blusa, e quando a invadi Allana se levantou como se tivesse tomado um choque e se afastou de mim.- O que foi? – perguntei ainda meio confuso. Fiz algo errado?- Nada. – ela me respondeu, uma péssima mentirosa.* Allana Pov. *Luan me olhava como se eu o tivesse esbofeteado. A verdade é que tenho uma vergonha enorme da minha barriga e não gosto que ninguém a toque ou veja. Sim, isso &e
* Luan’ Pov. *Ali estava Allana, ajoelhada aos meus pés e com meu sêmen em sua boca. Era a cena mais linda e excitante que já vi. De algum modo os olhos dela adquiriram uma luxuria e mistério que nunca tinha visto neles. Era mais um dos lados dela que eu conhecia agora, e que me fizeram gozar forte há alguns segundos.A beijei sentindo meu próprio gosto. Me esqueci completamente do que ela tinha na boca, mas não me importei. Quando me separei, a garota tímida me fitava de novo. Talvez um pouco assustada. Por quê?Distribui beijos de sua boca ao pescoço, me ajoelhando em frente a ela. Allana suspirou e se mexeu incomodada.- Não. – a ouvi murmurar e se afastar de mim.- O que foi?- Não quero.Ela desviou os olhos para longe e se levantou. Ah, cara! Eu queria muito entrar nela de novo, mas vou respeitar o desejo dela. Recolh
- Pare com isso, filha. Já está na hora de derrubar essas paredes porque elas não estão mais te protegendo, estão te privando de viver. Só... Deixe as coisas fluírem sem detê-las.Ela soltou meu braço e fui para meu quarto, fechando a porta atrás de mim, me jogando na cama e ligando meu rádio. Esperei que meu pai jogasse Luan para fora de casa aos pontapés. Ao invés disso o Adônis loiro entrou no meu quarto com um sorriso Colgate total 12.- Seus pais me amam! – ele cantarolou se sentando do meu lado. – Qual é o problema?Você é o problema!- Nada. – murmurei fitando o teto. Ele rolou para cima de mim, apoiado nos joelhos e nas mãos ao lado da minha cabeça.- Então podemos terminar nosso trabalho. – sussurrou próximo ao meu rosto – mas não sem testar essa cam
* Luan’ Pov. *Sim, como suspeitei. Allana é muito mais difícil de entender do que qualquer outra garota. Me despedi dos pais dela e fui para a farmácia mais próxima. A mãe dela estava encantada por mim, o pai só um pouco surpreso.Conclui sozinho que devo ser o primeiro macho da espécie que ela trouxe para casa.Nenhuma garota reclamou de eu ser carinhoso demais. Será que fiz algo errado? Comprei o que queria e voltei para casa. Almocei, perdi tempo na internet e lá pelas seis horas fui me arrumar para voltar para a casa dela. A mãe dela estava começando a por a mesa para o jantar quando o pai dela me acompanhou para dentro da residência.- Allana está no quarto dela. Vai lá. – a mãe dela me disse depois que me cumprimentou.Segui pelo corredor até a porta com o nome dela em uma plaquinha de madeira. Meigo, ou meloso com