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 *Allana' Pov.*

Andrew Six gritava em meus ouvidos no meio da aula. Rolei o botãozinho dos meus fones, o pondo no máximo. Estava rabiscando um desenho qualquer no meu caderno enquanto a professora explicava o que aquelas linhas no quadro tinham a ver com matemática. Meu celular vibrou e eu o abri sob a mesa. Uma sms que abri na mesma hora.

 “Te ajudo a esconder o corpo”

Era de Rosevani, minha outra amiga que estava sentada com a carteira colada na minha. Olhei para ela que me deu uma piscadela. Tirei um de meus fones e perguntei:

 - Como assim?

- Está óbvio que você quer matar alguém desde o momento em que pus meus olhos em você. Até em seu desenho você mata ele...

Ela espichou os olhos para meu caderno, vendo o desenho de um homem enforcado sendo comido por abutres.

 - É o Luan?

 - Quem?

- Não se faça de santa. O gato loiro do ultimo ano que – ela fez uma parada teatral – fiquei sabendo que você trombou ontem no corredor. Verdade que ele te abraçou e você ficou sem graça?

Ela erguia uma sobrancelha enquanto punha as mãos na cintura. Em toda minha seletiva vida privada nunca fiquei tímida diante dos homens. Isso era novidade até mesmo para mim.

- É claro que não! Isso é coisa da cabeça da Fran e da Tami! – respondi carrancuda, voltando a por meu fone no ouvido.

Logo a mão adornada com pulseiras e anéis de Vany apareceu na minha frente, empurrando um papel sobre meu caderno. Em nossa linguagem de símbolos ela me perguntava se eu tinha feito a lição de literatura. Assenti e passei meu caderno para ela o copiar. Podia odiar quase todas as aulas, mas não havia como negar que eu amava ler.

Isso me fez lembrar que não peguei outro livro quando devolvi o meu ontem. Meu estômago revirou quando lembrei que ele poderia estar lá de novo, me esperando. Descansei minha cabeça sobre a mesa, tentando traçar algum plano para não deixar de emprestar os livros e não encontrar ele ao mesmo tempo. Sem notar, dormi. Acordei na hora do intervalo com minhas amigas me chamando para me reunir com elas.

* Luan’ Pov. *

Minha terceira aula antes do recreio foi educação física. Sim, estávamos no inicio do inverno, mas nem estava tão frio assim. Só um pouquinho, o que não nos impediu (muito menos o professor) de um jogo de futebol. A quadra pegava sol, o que nos aqueceu rapidamente nos fazendo tirar as camisetas. As arquibancadas estavam apinhadas de garotas admirando, o que tenho certeza que não era, o jogo.

O sinal para o recreio soou e eu já estava cansado. Os vestiários ficavam na quadra coberta, a qual me dirigi brincando de enrolar e desenrolar a camiseta de minhas mãos. Muitos gritaram me pedindo para continuar jogando durante o intervalo, só que eu não ia assistir à próxima aula suado e fedendo.

Passei pelas garotas que me elogiaram descaradamente. Pisquei para uma delas, que deu risadinhas com as amigas. Baguncei meus cabelos enquanto entrava no ginásio ao lado do campo. Ali no fundo ficavam os vestiários com um chuveiro de água quente me esperando. Ouvi murmúrios ao longe e me virei automaticamente para eles. Allana estava sentada com as amigas no alto das arquibancadas dali, com alguns refrigerantes pairando nas mãos delas.

Acenei para elas, sorrindo. Tinha certeza de que isso a iria irritar, o que foi confirmado quando a lata que segurava foi amassada, derramando todo o refrigerante. Nunca vou me esquecer de como os olhos dela me fuzilaram até eu entrar no vestiário masculino.

* Allana’ Pov. *

 - Vamos embora. – pedi rude para minhas amigas.

 - Por quê? – me perguntou Fran.

 - Ele é gostoso. – Tami comentou ainda secando a porta do vestiário que ele entrou.

- Se você não quiser, dá pra mim! – Vany também tinha os olhos paralisados na m*****a porta.

 - Porque ele me irrita! – respondi para Fran.

Virei às costas e deixei o local sozinha. Aproveitando que o senhor descamisado estava no banho, rumei para minha biblioteca. Passei o resto do tempo livre escolhendo um livro. Optei por Sussurro, de Becca Flitzpatric. Me parecia ser bom. O sinal soou alto e eu corri para minha sala, pensando que o professor me repreenderia por chegar depois dele.

 Por sorte aquela careca demorou a se apresentar na sala.

- Hey, vocês! – ele gritou apontando para a sala em geral – peguem seus cadernos e vão para a sala do terceiro ano.

Cabeças se entreolharam, murmúrios de aula legal foram dados e eu gemi de horror. Ficar cinquenta minutos em uma sala com o playboy suado? Só espero que a friagem de hoje o tenha feito vestir a camisa. Me arrastei para lá de mãos dadas com Fran. Ela parecia me entender e me deu um apoio mudo.

O professor fez um gesto para que a gente entrar e ficar parado ali na frente, esperando ele falar. Eu estava muito bem camuflada atrás dos meus colegas, até que notei que eles sumiam aos poucos. Tirei meus fones e ouvi o professor chamar nomes estranhos para mim. A cada nome um aluno ao meu redor ia se sentar. Espiei a sala e os vi levantando as mãos para em seguida meus colegas irem se sentar no lugar vago que eles tinham ao lado.

 - 02, Luan.

Reconheci o meu número de chamada e o bendito erguer o braço bem alto. Seus olhos brilharam quando me aproximei e sentei ao seu lado.

 - Oi. – ele disse de modo gentil.

 - Oi. –respondi a contragosto.

- Escolham um tema do quadro e pesquisem. – o professor anunciou quando os últimos buscavam seus parceiros – São temas de todo o ensino médio, então deve ter algo aí que vocês saibam. Têm quinze dias para me entregar e, podem começar usando seus livros.

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