— Obrigada por não deixar Túlio me bater ou arrancar meus dedos. Valeu mesmo.Cloe sabia que só por esse motivo a garota a via de forma diferente. Se tivesse enfrentado, gritado com ela e as outras, na certa ela ainda guardaria mágoa, ou se tivesse deixado Túlio a agredir, estaria na lista negra dela. Sua humildade mostrara á Milla que ela não era metida.— De nada. Será que poderia me ajudar? – ela aproveitou que a menina estava de guarda baixa, pedindo desculpas e tudo.— Te devo uma, Cloe. O que precisa?— Preciso vê-lo, Milla. Preciso falar com ele ou vou acabar enlouquecendo. – desabafou.Milla deu uma risadinha antes de dizer:— Amiga tu sabe que ele tem um estúdio de tatuagens, né?— Não, eu não sabia! Cloe estava estupefata, não sabia mesmo que ele tinha um estúdio.— Pois é, mana. É para ele que vim ver a tal impressora. A dele deu um problema e ele precisa para os transfers, aqueles papéis que usa para os desenhos, sabe, para colocar na pele da pessoa o desenho e tal, antes
DOIS MALUCOS NA AVENIDA— Você fará novas amizades, filha – sua mãe quebrou o silêncio. Parecia que sabia o que a filha estava pensando. Pensava exatamente isso. Claro que não queria substituir Hanna. Mandou mensagens para a amiga e se desculpou por estar sendo negligente com ela. Hanna, claro, disse que não havia o que desculpar, lhe desejou boa sorte e disse que a amava. Cloe quis sorrir para a mãe, via o esforço que ela fizera desde o dia anterior para animá-la, lhe comprara uma linda mochila, cheia de adereços como sabia que ela gostava. Pendurou chaveiros com fotos dos quatro juntos na mochila, inclusive o chaveiro de piano que ela tanto amava. A mãe amava e queria o melhor para ela.— Aham – ela concordou.— Pedirei para o Jebber levar seu piano na próxima semana. Sei que é melhor ter seu piano ao seu lado, né, amor? – Liz perguntou ao marido, querendo que ele ajudasse a motivar a filha.— Claro. O melhor para minha princesa. Logo não irá mais querer nos visitar aos fins de se
O coração dela martelava a caixa torácica. Peter estava com o queixo apoiado no ombro dela e assistia a cena. O irmão estava como ela, rindo e pareciam que os dois irmãos assistiam a uma corrida de moto, a janela do carro era a tela de uma TV e, embasbacados, torciam para que o motociclista vencesse. Túlio sentia um frenesi. Cloe estava certa ao pensar que ele pensava nela. Estava certa ao pensar que para ele era o mesmo que para ela. Ela não lhe saía da cabeça um segundo sequer! E, ao contrário dela, ele já amava há anos. Só não sabia até conhecê-la de fato. Ele a vira anos antes naquela janela, ainda tinha o som do dedilhar dela ao piano. Tão mais jovem, tão inocente e quando lhe sorriu através da janela, fizera o sangue dele bombar mais rápido em suas veias. Cloe povoou seus pensamentos por todos aqueles anos, estava guardada e tatuada em sua mente como uma fotografia, uma obra de arte em que se põe os olhos e sempre que pode, você busca em seus arquivos de memória e se sente aqu
SÍMBOLO DO INFINITOFoi lindo e romântico, mas um gatiLho foi acionado nele quando ela o lembrou de quem ele era.Ele era um gangster! Ela era uma estudante, uma garota de família e uma musicista com um futuro pela frente. A realidade o atingiu como um martelo e ele a empurrou devagar, a afastou de si e por mais que o olhar dela tenha se modificado num estalo, por mais que soubesse que ela o amava sim e acabara de afirmar isso, se desvencilhou dos braços que o queria de volta e se estendia para ele.— Não podemos, Cloe – falou amargurados — Por quê? Disse que me ama e eu o amo também, Túlio! – os olhos da pianista marejaram instantaneamente, pesarosos o fitavam, as delicadas mãos o buscava e ele se afastava.— Você não entende? Somos como água e óleo, presa e predador, Cloe. Não é fantasia nem novela Mexicana, eu sou cativo, não sou livre como aparento ser. Você mesma acabou de dizer e está certa, sou um gangster, trabalho para Paco, e todos sabem, seus pais sabem e estão certos
DOCE PRIMEIRA VEZCloe ouvia ao fundo os barulhos dos carros, buzina, mas o que mais a dilacerou, foi ouvir o choro baixo de sua mãe. Eles deviam estar procurando-a até agora. Ela vira as inúmeras ligações dos pais e de Peter só agora.“ — Confiem em mim, por favor, não vou deixar os estudos, Túlio deseja que eu continue também e mesmo que ele não desejasse, ainda assim eu continuaria, estou apaixonada, mãe, mas não estou cega e não vou jogar meus estudos, não vou jogar fora todo o investimento que fizeram por mim.”Cloe falava com a mãe, o celular colado ao ouvido, mas os olhos em seu amor e ele acenava a cabeça, orgulhoso para o que ela dizia à mãe. Concordava com ela com a cabeça, sentindo-se aliviado que ela não fosse deixar seus sonhos. Ele a amava exatamente assim e também por isso.“ — Podemos nos encontrar com você no colégio, filha?” – Liz lhe perguntou, engolindo o choro e tentando impor à voz firmeza para deixar para depois o choro, agarrava-se a ideia de que a filha contin
DOCE PRIMEIRA VEZ— Quero estar com você, Túlio – ela falou e viu que ele se ajeitou melhor na cama, ele deveria estar em seu quarto, ela via a cabeceira da cama por trás da cabeça dele, o travesseiro e ao dizer isso, pareceu que os olhos dele brilharam um pouco mais. – Não me importaria de faltar às próximas aulas, acabei de dar um show para a diretora e o professor, modéstia à parte, sou muito boa, sabia? – ela falou, zombando e ele riu gostoso, pensou um pouco e falou:— Coloque umas trocas de roupas na sua mochila, te pego em uma hora.Ele cortou a ligação e novamente ela sentiu a emoção lhe assaltar. Colocando-se de pé, saiu como uma maluca enfiando roupas em sua mochila. O banheiro ficava no corredor e era usado por todas as alunas daquele andar e Cloe o encontrou vazio, na certa as estudantes estavam em aulas. Tomou um banho caprichado, se vestiu e saiu da faculdade sem ser vista. Esperou-o do outro lado da rua e quando ouviu o barulho da potente moto dele, a alegria a inundava
LAYLATúlio se levantou cedo naquela manhã, antes de Cloe acordar e foi à casa de sua avó. Não gostava de deixar a avó preocupada e não a avisara de que dormiria em seu canto – era assim que chamava a casa que em sua cabeça, era agora dele e Cloe – , se bem que a avó sempre imaginava que ele estava lá, quando não aparecia. Houveram vezes em que ele se envolvera com a gangue inimiga e precisou ficar uns dias escondido até baixar a poeira, mas sempre dava um jeito de avisar a avó. Sua mente ficava tranquila em relação à avó, pois nenhum idiota, fosse de qual gangue, jamais ultrapassaria o limite e iria na casa da avó dele.Túlio era protegido também por alguns policiais.— Você não tem mesmo vergonha na cara de chegar aqui fedendo a sexo! – Lazinha acordava muito cedo, antes de o sol nascer e não abria mão de preparar o café em seu fogão de lenha. Foi do lado de fora que Túlio a encontrou, no fogão de lenha debaixo das telhas que ele mandara colocar para que ela preparasse as coisas na
ESCOLHA — Cloe, meu amor, mão acho que seja uma boa ideia isso – Túlio saiu do bairro onde ficava a faculdade ela e parou em uma rua, tirou o capacete e retirou o dela também, olhava nos olhos dela com carinho. – Penso igual seus pais em relação aos seus estudos, meu bem. Gostaria muito que terminasse a faculdade. — Túlio, você não entende… eles nunca aceitarão você. Ela gagueja e havia tanta dor em seu olhar. Túlio a abraçou forte. Ele a entendia. Ele mesmo quisera se manter longe da vida dela, sabia que os pais dela não estavam errados de querer afastá-la dele, mas não tivera forças para se manter longe. — Vai dar tudo certo – falou e a beijou, sentindo o gosto salgado das lágrimas dela. — Eu te amo, não me deixe. — Nunca! – ele a afastou, segurou-lhe os dois ombros. – Você é minha vida, entendeu? Nunca a deixarei e quero que saiba, que se quiser me deixar um dia, que se for demais para você… — Não fale isso, Túlio, por favor. — Deixe-me terminar, Cloe. Se um dia quiser acaba