ME PERDOA?Ele tinha Milla, claro, mas nunca lhe escondeu os sentimentos por Cloe. Milla sabia que ele amava a garota e ainda assim aceitou ficar com ele. Como ele, Milla sabia que era um amor impossível. Os dois sabiam que Cloe era apaixonada pelo chefe, os dois sabiam que ele não viveria esse amor e para os dois estava bem o arranjo deles. Se gostavam e se respeitavam. Gringo jamais lhe disse que amava Cloe, mas era implícito e ela respeitava os sentimentos dele. Não tocavam nos assunto em respeito um pelo outro e seguiam felizes assim. Até agora. Milla não o julgaria, até o aplaudiria pela coragem que tinha tido para dizer tudo o que disse ao chefe. Não tentaria impedi-lo, pois ela também amava Cloe. Ela era sua melhor amiga e se amavam, por isso ela entendia Gringo.Gringo terminou o que tinha para falar e saiu, deixando-o ali sentado na calçada em frente ao hospital.Gringo foi à casa de seu amigo motorista, Norberto e enquanto descia a rua do hospital, ligou para Milla, se descu
ALTA HOSPITALAR.A enfermeira atenta que o permitiu que ele visse sua namorada e lhe permitiu ficar mais que cinco minutos, o buscou para que ele saísse e ele aceitou e foi escoltado por ela até a porta da UTI. Ela então fechou a porta e veio até a cama de Cloe.— Então está acordada, sua danadinha? – falou e Cloe abriu os olhos para ela. – Não sei por qual motivo ele se desculpava ou o que lhe fez, mas pareceu bem arrependido, não?Cloe não respondeu, só a olhava.— Não é da minha conta mesmo, mas se um homem daqueles falasse algo para mim, ah, ele teria o que quisesse de mim. – a mulher suspirou e colocou uma mão no peito em drama, sorriu para a garota que acabava de acordar depois de quase vinte e quatro horas em coma. – Bem vinda de volta, Cloe. Vou chamar o doutor para vê-la.O médico veio e ficou animado por vê-la acordada. A examinou, explicou-lhe o que tinha acontecido e lhe disse que ela estava oficialmente fora de perigo. Um psiquiatra veio minutos depois também e lhe falou
— Ah, não sei o que seria de mim sem vocês, de verdade, não sei o que seria de minha vida sem vocês! – ela abriu os braços para os amigos e os dois se aninharam ali.— Ei, saiam de cima da minha paciente preferida! – pediu o doutor Max, que já conhecia Gringo das ameaças feitas a ele quando trouxera Cloe desacordada – Deixem-na respirar e me deixem ver se não a descompensar com esse xororô.O médico ria e auscultou os sinais da moça.— Olhe só, o coraçãozinho é forte mesmo – riu para eles enquanto lhe escutava os batimentos no peito. – Temos sangue para meses! – Falou para Gringo que sorriu sem graça. – E essa garota aqui já poderá ter alta, vou só assinar os papéis e a enfermeira virá lhe ajudar, depois disso estará liberada.— Muito obrigada, doutor – Cloe o agradeceu e ele saiu da sala.— Vou avisar o chefe – Gringo falou, se distanciou da cama e ligou para Túlio.Milla a ajudou a se vestir quando a enfermeira lhe deu alta, a amiga tinha lhe trazido roupas limpas, as suas foram lev
VINGANÇA E BANHO DE SANGUEO berro de Cloe deve ter sido ouvido em todo o quarteirão e Túlio foi rápido como sempre. Em segundos ele estava na escada, a mira perfeita e certeira e o tiro que disparou no encapuzado acertou-o no meio da testa.Cloe tinha se levantado do degrau e quase foi derrubada por Gringo em sua pressa de passar.A visão que ele teve de Milla caída em um ângulo anormal o deixou instantaneamente esverdeado e em choque.Cloe só notou que ainda gritava quando Túlio a estapeou com força a trazendo de volta à realidade.— Está tudo bem, amor – ele passou a repetir, abraçando-a e tentando tapar o corpo sem vida de sua melhor amiga para que ela não visse.Cloe sentia o tremor dele.Túlio a levou devagar até o carro estacionado na porta e ela olhou para trás antes de entrar no carro e viu Gringo com Milla nos braços soluçando. A cabeça da garota estava pendida nos braços dele e ele olhava para o céu em desespero.Os dentes de Cloe batiam e faziam barulho. Túlio ia dar a volt
Túlio a colocou na cama da avó de novo e Flora lhe pediu que tirasse a camiseta e ele o fez sem entender e só entendeu que as unhas de Cloe tinham lhe ferido fundo quando a enfermeira lhe passou algo que ardeu.— Já estamos cuidando do corpo de Milla, Túlio – avisou o doutor com voz triste.— Obrigado, doutor – ele o agradeceu e o acompanhou e a esposa até a rua.Cloe acordou horas depois, letárgica e tonta. Túlio estava deitado ao lado dela e quando ela abriu os olhos, ele a olhava de perto. Deu-lhe um beijo nos lábios e ela se aconchegou nele.— Amor, quero ir para longe daqui.— Para onde? – ele perguntou e lhe abraçou mais forte.— Não sei, mas quero sair dessa cidade. Só me trouxe tristezas essa cidade – ela tinha os olhos fechados e ainda assim as lágrimas escorriam quentes. – Acho que gostaria de ver meus pais, sabe.— Mesmo?— Sim. Tantas coisas aconteceram e me peguei pensando que deveria vê-los. Não adianta me dizer que era eu quem procuravam, sei que era. Eu poderia estar
UM VELÓRIO COM VINHO E CIGARROS— Me leve para onde quiser, Túlio, não me importo – ela estava sentada ao lado dele e olhava para fora, ele se virou para olhá-la e seu coração doía de vê-la assim – e o velório de Milla?Lhe estraçalhava verbalizar isso. O velório de Milla.— Meu amor, não poderemos participar – o olhar de espanto que ela lhe deu o feria ainda mais – Não podemos correr esse risco de expô-la a quem quer que tenha invadido a casa de Milla. Não posso expô-la, sinto muito.Eles ficaram em silêncio por mais uns minutos e ele olhava para ela a todo instante até que ele disse:— Milla tinha uma casa na colina Seis, ia sempre para lá e minha vó adora lá, muitas plantas, lugar para Formiga correr solta, sabe, vou levá-la para lá. Ficaremos lá e sei que Milla adoraria isso.Cloe não falou nada, só se ajeitou melhor no banco, colocando-o mais para trás e baixado para ficar mais confortável.Chegaram à colina seis uma hora depois e a casinha ficava num elevado. Só ao chegarem lá q
Mas quando a viu na casa de Layla, ao passar por lá, porque ela passava várias vezes pela casa da avó de Túlio para ver se ele estava de volta, ela soube que ele tinha ficado sozinho na cabana e quando chegou lá, antes de descer do carro, o viu sentado com uma garrafa de vinho na mão e desanimado.Túlio levantou os olhos, achando que era Cloe que voltava, mas desanimou quando viu o carro de Shay e ela descendo e vindo ao seu encontro.— O que você quer agora, Shay? – ele perguntou sem levantar os olhos para ela.— Você sabe o que quero, Túlio.— Não, eu não sei e não estou com cabeça para falar com você agora.Shay se sentou na cadeira ao lado dele sem ser convidada e dessa vez não estava travestida de Cloe. — Sei que foi você quem pagou a dívida do meu pai e nunca o agradeci – ela tentou iniciar uma conversa. — Ok, não precisa me agradecer. Agora, sério, vá embora e me deixe em paz.— Já estou indo. Sei que está sofrendo, sinto muito, de verdade. Não entendo como Cloe pôde deixá-lo
SURRA TARDIA DE AVÓ.Agora ela se fora e ele nunca mais iria lhe contar isso. Que a vira tantos anos antes de ela o ter salvado. — Ela se foi, Túlio – Shay falou baixinho e com a voz rouca – ela não o ama mais e talvez nunca tenha amado de verdade. Eu jamais o deixaria. Quero amá-lo de verdade e jamais sairei do seu lado, juro para você. Lhe dous a minha palavra de que nunca sairei do seu lado.Shay agora desabotoava a bermuda e o rapaz continuava imerso em lembranças.Esses dias que passaram juntos aqui tinham sido tão bons. Não a tocou, ela estava ferida. Cuidaram da casa juntos, brincaram com Formiga e riram das gracinhas que a cadelinha fazia. Jantaram do lado de fora todas as noites e só estar perto dela tinha sido tão maravilhoso, lhe deu esperanças de que ela o perdoaria e que ficariam bem. Lhe dera a esperança de que poderiam recomeçar e ele nunca mais sairia de perto dela outra vez. A cama ainda tinha o cheiro dela, ele se deitara de novo depois de ver que ela tinha partido