UM VELÓRIO COM VINHO E CIGARROS— Me leve para onde quiser, Túlio, não me importo – ela estava sentada ao lado dele e olhava para fora, ele se virou para olhá-la e seu coração doía de vê-la assim – e o velório de Milla?Lhe estraçalhava verbalizar isso. O velório de Milla.— Meu amor, não poderemos participar – o olhar de espanto que ela lhe deu o feria ainda mais – Não podemos correr esse risco de expô-la a quem quer que tenha invadido a casa de Milla. Não posso expô-la, sinto muito.Eles ficaram em silêncio por mais uns minutos e ele olhava para ela a todo instante até que ele disse:— Milla tinha uma casa na colina Seis, ia sempre para lá e minha vó adora lá, muitas plantas, lugar para Formiga correr solta, sabe, vou levá-la para lá. Ficaremos lá e sei que Milla adoraria isso.Cloe não falou nada, só se ajeitou melhor no banco, colocando-o mais para trás e baixado para ficar mais confortável.Chegaram à colina seis uma hora depois e a casinha ficava num elevado. Só ao chegarem lá q
Mas quando a viu na casa de Layla, ao passar por lá, porque ela passava várias vezes pela casa da avó de Túlio para ver se ele estava de volta, ela soube que ele tinha ficado sozinho na cabana e quando chegou lá, antes de descer do carro, o viu sentado com uma garrafa de vinho na mão e desanimado.Túlio levantou os olhos, achando que era Cloe que voltava, mas desanimou quando viu o carro de Shay e ela descendo e vindo ao seu encontro.— O que você quer agora, Shay? – ele perguntou sem levantar os olhos para ela.— Você sabe o que quero, Túlio.— Não, eu não sei e não estou com cabeça para falar com você agora.Shay se sentou na cadeira ao lado dele sem ser convidada e dessa vez não estava travestida de Cloe. — Sei que foi você quem pagou a dívida do meu pai e nunca o agradeci – ela tentou iniciar uma conversa. — Ok, não precisa me agradecer. Agora, sério, vá embora e me deixe em paz.— Já estou indo. Sei que está sofrendo, sinto muito, de verdade. Não entendo como Cloe pôde deixá-lo
SURRA TARDIA DE AVÓ.Agora ela se fora e ele nunca mais iria lhe contar isso. Que a vira tantos anos antes de ela o ter salvado. — Ela se foi, Túlio – Shay falou baixinho e com a voz rouca – ela não o ama mais e talvez nunca tenha amado de verdade. Eu jamais o deixaria. Quero amá-lo de verdade e jamais sairei do seu lado, juro para você. Lhe dous a minha palavra de que nunca sairei do seu lado.Shay agora desabotoava a bermuda e o rapaz continuava imerso em lembranças.Esses dias que passaram juntos aqui tinham sido tão bons. Não a tocou, ela estava ferida. Cuidaram da casa juntos, brincaram com Formiga e riram das gracinhas que a cadelinha fazia. Jantaram do lado de fora todas as noites e só estar perto dela tinha sido tão maravilhoso, lhe deu esperanças de que ela o perdoaria e que ficariam bem. Lhe dera a esperança de que poderiam recomeçar e ele nunca mais sairia de perto dela outra vez. A cama ainda tinha o cheiro dela, ele se deitara de novo depois de ver que ela tinha partido
CORRETIVOOs dias se emendavam nas noites e Túlio permanecia em sua casa à espera de que Cloe voltasse. Ela não ligava e ele achou por bem também não lhe ligar. Não seria justo já que ele fizera o mesmo com ela quando saiu de casa e por ficou por dias sem atendê-la quando ela lhe ligava. Lhe doía tanto se lembrar que tinha feito isso com ela, pensava que sua avó tinha razão, não havia uma dor maior que a do remorso. Ela lhe corroía por dentro. Sem notícias dela ele estava enlouquecendo e sua vida estava cinza.Sonhava com Cloe todas as noites, isso quando conseguia dormir.Gringo estava de volta, Túlio soube por seus homens, mas até agora não tinha visto seu amigo e braço direito ainda. Da parte de Jânio, quase todos os dias aparecia algum acontecimento que exigia a atenção dele e o mantinha ocupado.— O Salgueiro estava pisando no Santo Cruz – avisou-o Canibal em uma certa manhã e Túlio trincou os dentes irritado.— O que Jânio está aprontando? – vociferou Túlio, pegando seu capacet
PERDAS E DANOS.— É o seguinte, senhor, senhora, os filhos de vocês estão roubando gente trabalhadora, motoristas que têm filhos e trabalham o dia todo, tão ligados? Se fossem maiores de idade a gente já tinha acabado com eles.— Mãe, não fizemos…Antes que Dida falasse alguma coisa, Túlio apontou a arma para cabeça dele, fazendo-o calar e a mãe dele dar um grito.— Continuando, não vamos levantar um dedo para eles.— Obrigada! – a mãe tentava levantar os filhos do chão, mas Túlio a impediu.— Deixe-os aí! — sua voz saiu assustadora e a mulher deu um passo para trás. – Nós não vamos puni-lo, mas a senhora ou o seu marido vão fazer isso. E aqui na nossa frente, ou eles não sairão daqui! Foi aí que o pai, lívido e ficando amarelo entendeu e abriu a boca:— Não podemos fazer isso… não podemos…— O senhor não vai gostar se meus homens o fizerem, acredite, o senhor não vai gostar. Então sugiro que o faça e agora!— Não conseguiria… – o pobre homem tremia e já começava a implorar pelos fil
A falta do melhor amigo e braço direito e mais a falta de Cloe, deixava Túlio sem rumo, sem noção e sem razão. A tristeza tinha se transformado em sua amiga mais íntima. Shay, pelo que ele percebia, não tinha entendido ainda que ele jamais ficaria com ela.Ela pensava que ele não sabia que ela estava rondando e em quase todos os lugares que ele ia, via-a a distância. Sua avó estava mais paciente com ele.— Shay, vó, continua rondando, sabe, expliquei a ela com todas as letras que não existe a possibilidade de ficarmos juntos – Ele falava com a avó em uma noite em que estavam jantando juntos e isso estava se tornando corriqueiro. Ele tinha feito um macarrão para os dois, o prato preferido dele para Cloe. Sua avó não era muito fã de massas, mas estava saboreando o macarrão ao molho de carne moída que ele tinha preparado.— Entenda uma coisa, fio, uma mulher quando quer um homem, ela faz um regaço!— Como assim?— Se uma mulher quer um cara e ele não a quer, é questão de honra para ele t
SEDUÇÃO BARATA.Túlio estava inocente das tramóias de Jânio e Paco. Não de todo, pois ele sabia que o grande chefão estava livre da Interpol e imaginava que tivesse a mão de Jânio nisso, líder e rival dele na certa tinha seus dedos por trás disso. E sabia também que ele bem poderia estar falando na cabeça de Paco para o destituir do poder junto à gangue. Túlio sabia que esse era o sonho dele, ver-se sozinho e livre do garoto, que era como ele o tratava, por moleque.Paco andava muito calado e não o tinha chamado, a não ser para chamar a sua atenção e a de Jânio. Fora isso, não o tinha chamado para resolver nada.Túlio caminhava pelas ruas da comunidade pensativo. Pensava que muitas das coisas que lhe tinham acontecido ultimamente deveriam ter chegado aos ouvidos de Paco. Como o estupro se Cloe, a morte de Milla, a poartida abrupta de sua namorada não tinha como não ter chegado aos ouvidos dele. Inclusive suas mancadas na gangue, pois tinha andado bebendo e deixara as coisas ao léu um
Túlio bufou irritado. Seus homens estavam a postos sempre e Shay sabia disso. Ela sabia que ele seria avisado de que ela estava invadindo e ainda assim entrou ali.“ Pode deixar que dou um jeito” – Ele avisou e se sentou na cama, esperando que ela abrisse a porta e entrasse no quarto.— O que você quer, Shay? — Só queria conversar um pouco com você – Ela fechou a porta atrás de si e deu um passo adiante.— Sabe que se minha vó encontrá-la aqui terá problemas, né?— Resolvi arriscar assim mesmo – Ela sorriu e deu mais um passo à frente, ficando na frente dele – Não precisa transar comigo, podemos fazer amor, como fazia com Cloe.Ela teve a audácia de dizer, fazendo Túlio travar a mandíbula de raiva dela falar o nome de Cloe.Shay virou as duas mãos para as costas e desabotoou o fecho do soutien sem tirar a blusa e seus seios ficaram mais visíveis através da transparência da blusinha fina branca, os mamilos marcando o tecido. — Quem disse a você que Cloe e eu fazemos amor? Nem sempre,