— Não entendo como podem gostar de histórias tão clichês. – Ele se defendeu, deu mais um beijo em sua garota e se foi.— Como anda se satisfazendo ultimamente? – perguntou Milla, se deitando em seu colchonete no chão ao lado da cama de Cloe. Tinha deixado um ali especialmente pra as noites que ali dormia.— Como assim? Sabe que tenho dinheiro, né, que tenho meus ganhos e não dependo de homem para me sustentar.— Não estou falando disso, sua boboca, estou falando sexualmente. Sem Túlio aqui, como tem feito para se satisfazer? Só a academia não libera a dopamina necessária. Cloe gargalhou antes de responder:— Vibrador, minha filha, vibrador. Hoje mesmo já usei, se quer mesmo saber.— Não preciso de detalhes, obrigada. Garota esperta você.— A gente vai alternando entre o vibrador e os dedos, né.— Ah, por favor, não me diga que está neste moment…— Não! Claro que não, sua doida. Só quando estou sozinha. Me respeite!— É bom mesmo. Me respeite você, quando eu estiver aqui, sossegue es
ESTILHAÇADASentaram-se em um banco da praça, Shay cruzou uma perna sobre a outra e antes que abrisse a boca, Cloe lhe perguntou:— Por que está vestida assim?— Assim como, igual a você, como se vestia antes de parecer essa aberração?Ela começou pegando pesado. Cloe sentiu o golpe e viu que não era imaginação sua a garota estar vestida assim, travestida dela.— Não me pareço uma aberração.— Não? Sério que não ache que esteja parecendo uma aberração há anos? Não se olha no espelho, garota?— Por que me persegue, por que sempre me perseguiu, por que mandou Milla bater em mim aquela vez, o que tem contra mim?— Nossa, está na fase do porquê? Quantos porquês em uma única pergunta?— Me responda então só uma das perguntas, creio que vai abarcar bem o que desejo saber, qualquer que seja a que escolher responder. – As duas falavam baixo, olhavam para o chafariz sem vê-lo de fato, lado a lado, não se miravam, apenas conversavam em voz baixa.— Túlio.— Era o que eu imaginava. Por que não i
Estava tão desnorteada que não sabia para que lado era sua casa. Entrou na primeira rua que lhe apareceu à frente e foi andando. O choro pedia passagem, ela queria se curvar sobre os joelhos e gritar. Gritar até perder as forças, cair e morrer. Ficou surpresa de saber que um zumbido que ouvia vinha dela mesmo. Um assobio lhe subia pela garganta, grosso e amargo e ela se ajoelhou na beirada da calçada e deixou o vômito fluir. Nem sabia que tinha comido tanto, mas vomitou ao ponto de achar que seu estômago estava virando do avesso. — Está tudo bem, moça? – Uma pessoa sem rosto lhe perguntou e ela não conseguiu identificá-la como homem ou mulher. Seus olhos ardiam e deviam estar vermelho de tanta força tinha feito para vomitar. Sua barriga doía, os músculos doíam. Ela chacoalhou a cabeça em concordância, sua voz não sairia nem que sua vida dependesse disso. Precisava chegar em casa. Não fazia ideia de em que rua estava, se estava longe ou perto de sua casa e só percebeu que estava ind
REPREENSÃO.— Valerá muito a pena depois que eu acabar com você! – Abra!Claro que Shay não abriria a porta e Milla não demorou para arrombar a porta. Deu ainda menos trabalho que o portão. Shay estava sentada no chão e a olhava boquiaberta, talvez pensando que estaria segura ali. — Levante, vadia, eu vou acabar com você! E Shay se levantou e avançou sobre Milla. Lutaram no espaço exíguo, quebraram armários, a pia do banheiro e o espelho, além da cortina do box. Shay conseguiu desferir uns golpes e se defender um pouco, mas a ira inflamada de Milla estava grande e estava segurando os cabelos da moça e batendo sua cabeça no espelho quebrado, quando foi puxada por trás por mãos fortes.— Chega! – Gringo a segurou e lhe tirou do banheiro.E Milla soube que foi a companheira de Shay que tinha chamado-o e ela pensou em avançar na moça fofoqueira, mas Gringo a impediu.Gringo a arrastou dali, irritado e de cara fechada e só assim Milla se acalmou, por ver que ele estava ainda mais nervoso
CHEGA!Cloe foi embora da casa de Milla e queria evitar ficar sozinha. Não se achava forte o suficiente para ficar sozinha. O que disse à sua amiga era verdade e o que sentia mesmo, mas não queria tê-la magoado. Não devia ter reclamado e chorado para Milla, mas estava tão fora de si ao saber que Shay e Túlio tinham transado, que perdeu a noção em sua dor. Deveria ter evitado de chorar e se abrir com a amiga, sabendo que Milla era tão esquentada e sua dor a fez se abrir quando a viu. Pensava que pudesse ter feito isso inconscientemente. Talvez porque no fundo quisesse que ela descontasse sua ira em Shay, talvez lá no fundo de sua mente, quisesse mesmo que isso acontecesse e pensar isso, a deixava ainda pior. Nunca fora vingativa e não queria se tornar agora. Mas realmente achava que quem lhe devia explicações era Túlio.Era ele quem lhe devia lealdade, ela sempre lhe fora leal e esperava que ele fosse com ela. — Minha querida, você não me parece bem. – Layla lhe abraçou quando ela che
Ele estava confuso por aí, totalmente perdido e confuso e ela o amava e tinha certeza do amor dele por ela e isso lhe bastava.Sentindo-se mais aliviada, colocou uma mão na de Layla por cima da mesa, apertou a mão enrugada e com manchas senis da mulher, levantou-se da cadeira e beijou a bochecha apergaminhada da mulher e a agradeceu:— Obrigada, Layla, amo você e me sinto melhor, muito melhor.— Chá tem esse propósito, deixar-nos melhor. – Layla lhe disse com um sorriso amável.— Amo a senhora também por achar que foi o chá. – Cloe lhe disse com um sorrisinho que as duas sabiam o que significava.Cloe saiu da casa da amiga idosa e foi encontrar Túlio. Precisavam mesmo conversar e ela lhe diria que tinham que seguir a vida e deixar tudo para trás. Juntos. Ela o amava e ele a amava, o resto superariam juntos. Já tinham superado tantas coisas juntos, essa era só mais uma coisa a se superar e o amor os ajudaria. Já os imaginavam se beijando, fazendo as pazes. Já o imaginavam nus e suados
ACUDAM-NA!Sopapo deixou Gringo na porta da casa de Cloe e partiu para ajudar Túlio. Sopapo nem os outros homens no carro ouviram o grito dele ao entrar na casa de Cloe e a ver cortando o pulso. Aceleraram com o carro para o conflito com seu chefe e Gringo entrou em desespero. Como a acudiria a pé? — Cloe, meu amor, o que você fez?! – Ele gritou e caiu de joelhos ao lado dela, o sangue carmesim manchando sua calça. Ele a pegou no colo e ela parecia não pesar nada. Já estava em choque, o sangue fluía rápido dela e ele segurou-lhe o pulso tentando fazer pressão e estancar, mas parecia não ser o suficiente. Era a primeira vez que Gringo a tocava assim. Ela estava aninhada e inconsciente de encontro ao seu peito. Se sentia muito mal por sentir o que estava sentindo, ele a amara desde o início, a respeitava e respeitava Túlio. Amava-os, mas estava em seu limite já. Nunca pensou em se declarar à ela, nem sabia se um dia faria isso com ela, Túlio, seu chefe e Milla, mas ele a amava. Sim, s
— Senhor, estou atendendo a paciente junto com uma equipe, estão ainda cuidando dela e vim lhe dar notícias, pois me disseram que o senhor…— Fale, porra! Como ela está? – Gringo devia ter o dobro do tamanho do médico em tamanho e peso e não fez esforço algum para lhe levantar pela gola do jaleco branco. O pânico toldou os olhos do doutor. — Ela corre perigo de vida! – O médico assustado falou. Gringo ficou pálido e o soltou, quase o derrubando e o homem se apoiou na porta para não cair. – Ela perdeu muito sangue, sinto muito.— Tire um pouco do meu e dê para ela! – Vociferou o rapaz.— Não funciona assim, entendo sua preocupação, mas já estamos transfundido sangue para ela, estamos fazendo o possível.Gringo se agachou no chão, o doutor entendia e não era a primeira vez que passava por situações assim, onde o familiar do paciente queria agredi-lo para obter a resposta desejada, mas não havia nada que ele pudesse fazer.— Volto para lhe dar notícias assim que possível. – Avisou-o o m