CAOSAntes que fizesse algo pelo qual se arrependeria mais tarde, Túlio se levantou do sofá de Shay e se foi, sem sequer se despedir, deixando-a sem entender. Não podia ir para o hotel que passara a noite anterior, pois tinha se excedido na cerveja, preferiu enfrentar a avó.Mesmo desligando a moto no portão, viu quando ela acendeu a luz de fora e quando encostava a moto no muro, foi que ela começou:— Não acredito que esteja vindo aqui uma hora dessas! Olha, eu não vou viver muito, na verdade, vou morrer logo porque você está acelerando minha morte…Ela foi falando e falando enquanto ele tirava a roupa e entrava no banheiro, ela continuou falando enquanto ele tomava banho e até quando ele se deitou em seu quartinho no quintal dela.— Talvez eu morra bem antes da senhora, vó – ele soltou já de olhos fechados e sabia que se falasse isso ela se calaria e foi o que aconteceu.— O que está querendo dizer? – ela o empurrou para se sentar na beirada da bi cama dele.— Não estou querendo diz
— Ei, chefe, tá tudo na paz aqui, mano! Esse cuzão quer vir tomar o Sopro de novo, tá ligado? – Zacarias gritava no meio da rua, sangue escorria de seu braço, seu olho estava fechado de inchado e ele segurava uma arma potente no braço bom.— Tô ligado, mano – respondeu Túlio, se aproximando rodeado de seus homensAo que parecia, Silas já havia sido neutralizado e estava caído em uma poça.— Vou liberar a ambulância pra pegar o corpo do SilaS, falou,mano? E vamos conversar, ok? – gritou Túlio.— Pode crer, chefe, deixe os homens subir e levar o cuzão, mas já vou avisando que se outro quiser tomar meu pedaço aqui, vou crivar de balas! – Zacarias avisou e Gringo fez uma ligação rápida para que os outros liberassem a rua lá embaixo para que a ambulância pudesse pegar o homem caído.Quando a ambulância chegou, Túlio deu um tapa no capô, dizendo para desligarem as luzes e enquanto os paramédicos amedrontados faziam seu trabalho em Silas, notaram que ele estava vivo ainda.— Que porra é essa
A VERDADE VEIO À TONATúlio sabia que Bore não lhe diria facilmente onde poderia encontrar Jânio, sendo assim, saiu dali com a cabeça quente. Cloe não estava indiferente ao que acontecia. Não a deixaram ir com eles nos ataques que estava indo e sua situação com Túlio não estava legal. Ela não queria bater de frente com ele, não dessa vez.Foi à casa de Milla e mal a amiga lhe viu, já foi falando:— Cloe, amiga, está tudo muito complicado agora. O Boy deve estar com a cabeça cheia e antes que me pergunte o que está acontecendo, lembre-se de como ele pune. — Milla, não quero me envolver, prometo que não vou me envolver dessa vez, mas ele saiu no meio da madrugada e não voltou. Estou preocupada.Cloe entrou na casa da amiga atrás dela. O pânico em seu rosto fez Milla sentir pena dela.— Lembra-se de da vez que conseguiu que ele não me punisse por ter intervir em suas vidas? – Milla falou de novo.— Como poderia esquecer, Milla? Quase me mijei toda aquele dia! Mas não deixei que ele a
Jânio tinha o costumeiro sorriso debochado nos lábios e antes que pudesse responder, estando a dois passos de Túlio, o rapaz lhe deu um soco no queixo que o derrubou.— Agora sim estamos empatados – falou, tirando os óculos escuros e não se importando se o homem estava ou não com seus capangas. O rapaz chacoalhava o punho dolorido e lhe endereçou também um sorriso debochado.— Não creio que ficaremos empatados com esse soquinho, Boy, ah, mas não creio mesmo! – Jânio se levantou, espanou a poeira de suas calças de brim sociais, mexeu o maxilar para aliviar o golpe, se abaixou para pegar os próprios óculos que caíra no chão e o colocou no de volta aos olhos. O rosto vermelho fazia com que as tatuagens que lhe cobriam boa parte da face se acentuaram.No mesmo momento, Cloe estava falando com Gringo. Tinha ido procurá-lo para saber se ele sabia onde estava Túlio. Encontrou Gringo subindo a rua de carro e pulou na frente.— Está maluca? Eu poderia tê-la atropelado! – Gringo gritou para ela
BRIGA DE GIGANTESO quebra-cabeças não encaixava em seu cabeça. Por mais que repassasse na mente e tentasse descobrir quando foi que ela mudou, era como segurar areia com uma peneira, tudo escorria e ele não via com clareza.Ela o ameaçar com uma faca! Em sua última briga, ela olhou para ele em pânico quando ele a beijou e a tocou, queria fazer as pazes com ela, amá-la, mas ela o repeliu e o ameaçou. Ameaçou esfaqueá-lo! Ele passara horas olhando-a deitada, sabendo que ela estava acordada e tinha uma faca debaixo do travesseiro. Pensou em abraçá-la e lhe dizer que jamais a tocaria contra sua vontade, jamais faria amor com ela sem o consentimento e desejo dela. Claro que não teve medo dela, ela era miúda e não era páreo para ele, sentiu medo por ela ter mudado. Sentiu pânico ao ver o que viu no rosto dela, os olhos inflamados de… medo! Ela sentiu medo dele forçá-la a transar. Sentiu medo de ele a forçar. Por Deus, sim, ela havia sido estuprada! Mas quando? Por quem?Essas coisas lh
REVIVENDO A DORCloe estava devastada por ele ter descoberto, principalmente dessa forma.Gringo a segurou pela cintura, impedindo-a de entrar no meio dos dois, temia que ela fosse atingida pelos golpes desenfreados de Túlio.Todos na rua olhavam espantados. Outras pessoas de ruas circunvizinhas tinham sido alertadas e vieram ver de perto.— Você é desprezível! – Vociferava Túlio enquanto o espancava. – Isso é baixo até para você! Não é um mafioso que se preze, não merece a confiança de ninguém!Cloe conseguiu sair dos braços de Gringo que a segurava firme, mordendo-lhe uma mão e pulou nas costas de Túlio, puxando-o e só quando rasgou a camisa dele foi que o tirou de cima de Túlio.— Amor, vamos embora, por favor, já chega! – Ela gritava tanto para que ele saísse de sua fúria e a escutasse, que sua garganta doía, mas enfim conseguiu. Ele não olhou para ela nem para ninguém quando saiu dali, caminhou até o carro aberto que Gringo e seus amigos tinham chegado até ali, Gringo lhe jogou
— Saia!Formiga entrou rapidamente e Cloe bateu a porta novamente na cara dele.Ainda sentindo angústia, o peito doendo, a respiração entrecortada, os soluços a chacoalhando, ela se deitou na cama com sua cama com sua cadelinha abraçada, parecendo querer confortá-la e chorou como se não houvesse amanhã.Não atendeu a porta na manhã seguinte quando Milla bateu, nem quando Gringo bateu mais tarde, nem para Sopapo e Canibal à seguir. Sentia-se vazia como nunca antes. Chorou a noite toda. Chorou o que não se permitiu quando foi estuprada, o que não se permitiu chorar quando os pesadelos a atacaram logo que sofreu a violência, chorou pelo seu pai, sua mãe, seu irmão, sua vida de antes, sua faculdade, mais chorou principalmente porque amava Túlio.Túlio andava como um ser sem alma, um mendigo, um indigente, andava o dia todo até seus pés doerem e não mais suportá-lo de pé. Não visitou sua avó esses dias, dessa vez, imaginava, que ela realmente teria um enfarto se o visse. Não visitou sua c
EU SINTO MUITO…Layla, sua avó, estava acostumada aos sumiços dele porque desde os treze anos ele fazia longas viagens com Bore e Paco. Ela foi obrigada a se acostumar.Ele bebeu a garrafa toda que pediu na noite anterior à recepção e estava tonto quando ligou o celular que já tinha carregado e mal o ligou e o aparelho tocou.Ele tinha o contato da maioria das pessoas em seu aparelho, mesmo as que nunca lhe ligavam ou as que ele nunca atendia e Shay era uma dessas pessoas. Que ele nunca ligou, que nunca havia ligado para ele, mas tinha o contato dela salvo e quando o número dela apareceu, ele ficou curioso e atendeu. “ Oi, Túlio.” – ela procurou dar uma voz calma e meio infantil, chamou-o pelo nome porque ele lhe pediu que não o chamasse mais de Boy, ela foi toda carinhosa na ligação. “ Só estou ligando para saber como você está.”“ Oi, Shay, estou bem, obrigado.”Ele era sempre assim. Sempre seco e não perdia tempo com falação, ela bem sabia, mas estava até a tratando bem. Nunca ti