144. A DOR DA TRAIÇÃO

Camelia soltou um suspiro que pareceu dilacerar-lhe o peito, tentando desfazer o enorme nó que lhe apertava a garganta. A dor espalhava-se como um veneno por todo o seu corpo, paralisando-a. Queria chorar, gritar, deixar sair toda essa tempestade que rugia no seu interior, mas as lágrimas recusavam-se a brotar. Era como se a sua alma tivesse congelado, aprisionando cada emoção numa prisão de gelo.

Com mãos trémulas apertou o peito, ali, onde o coração lhe batia com uma pesada agonia. As imagens repetiam-se uma e outra vez na sua mente como um cruel lembrete: Ariel com ela, com a mulher que uma vez amou, essa que lhe disse que não podia esquecer. Cada respiração doía, cada pensamento era uma nova punhalada. Sentia-se traída, humilhada, mas sobretudo, terrivelmente impotente.

 O nó na sua garganta tornava-se maior, ameaçando sufocá-la. Era como se todas
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