Felipe
Já fazem meses que estou nessa missão, um trabalho cansativo, pois tenho que aguardar informações, observar o alvo, recolher informações e contatos. Não foi uma missão ao qual eu deva executar o alvo, mas sim investigar os detalhes da sua vida para que o Dom pudesse ter uma estratégia de ataque, por isso o Vicenzo solicitou os meus serviços. Esse é o nome do meu Dom Vicenzo de Luca! No momento, com toda a calmaria que estávamos vivendo, o conselheiro Salvatore Costelo pai da Helena solicitou ao Vicenzo um homem de confiança para fazer o treinamento de sua filha. Como o Dom estava interessado em uma aliança mais profunda com o homem, me enviou para que investigasse de perto se ele seria confiável. Minha estadia na casa estava tranquila até conhecer Helena, ela é linda, uma beleza incomparável, e meus instintos mais primitivos de proteção e posse vieram à tona. Preciso de Helena para mim. Percebi que o pai dela tem uma caráter bem duvidoso mas ainda não tive provas, a cada dia me vi mais envolvido por ela, ela também está apaixonada por mim, e sei que Vicenzo vai resolver todo o acordo de casamento. Poucas pessoas sabem que eu sou irmão do Dom, eu nunca quis que ele falasse a minha verdadeira origem, já que somos irmãos por parte de pai, minha mãe morreu no parto e meu pai se casou com a mãe do Dom. Pouquíssimas pessoas sabem desse primeiro casamento já que foi um acordo muito antigo feito pelo meu avô e um grande fazendeiro, como minha mãe logo engravidou, e no parto faleceu. Poucas pessoas sabem da minha existência. Fui criado por meus avós no interior, mais tarde meu pai mandou que eu fosse treinado para ser um ótimo soldado e me especializei em rastreamento. Ninguém sabe do nosso parentesco, pois temos sobrenomes diferentes, eu me chamo Felipe Morano e o Dom Vincenzo de Luca. Vi para os íntimos que são bem poucos. Isso é providencial, para nós é bem vantajoso, sou os olhos dele sem que ninguém perceba. Nosso pai faleceu há pouco tempo, porém ele sempre nos manteve próximos dentro do possível, no internato foi o lugar onde mais nos aproximamos, pois dividimos o mesmo quarto, que por ordem do Dom tinha isolamento acústico, para quando ele quisesse falar com o filho, só não imaginavam que eram os dois filhos que estavam ali. Isso nos aproximou muito, porém eu sempre quis trabalhar nas sombras e nosso pai incentivou isso, como se eu fosse os olhos invisíveis do meu irmão em vários lugares. Com isso fomos treinados juntos, mas eu seria o soldado leal ao Dom e não seu irmão. Apesar do Dom conhecer todo o conselho, pois ele é o herdeiro da cadeira da Máfia já que ninguém sabe de minha existência. Eu não tenho o menor interesse, prefiro minha privacidade a ter que aturar esse monte de velhos sem ter o que fazer enchendo meu saco. Gosto da adrenalina da missão, e deixo a parte burocrática para o Vicenzo, e nós sabemos que essas trocas de poder sempre causam certas ambições pela cadeira do Dom e Vicenzo tem certas desconfianças, o que ele está corretíssimo, como diz o ditado: Rei deposto, rei morto! E meu irmão está certo em investigar minuciosamente quem é confiável ou não. Ele está sendo precavido, pois traição em nosso meio é comum Estou trabalhando nesse caso já tem meses, pois essa missão é muito importante, ele me enviou pois sou o melhor homem para rastreamento e sei me tornar invisível para seguir alguém. Mas dessa vez não vejo a hora de voltar para casa, sinto muita falta de Helena, nunca pensei que uma mulher iria me tocar desse jeito, principalmente uma menina como ela, tão jovem e tão bela. Sei que não existe nenhum acordo de casamento para Helena, por isso quando o dom me chamou para essa missão eu pedi como prêmio a mão da Helena em casamento, e ele Claro me concedeu. Não vejo a hora de voltar para casa e reencontrar a minha doce Helena e sei que seremos muito felizes. Esse tempo de trabalho na Máfia me deu uma condição financeira razoável, fora a herança que meu pai me deu em vida, pois não teria como participar de seu inventário sem levantar suspeitas, assim ele me deu muitas ações ao portador que se valorizaram muito, hoje sou um homem rico. Sei que tenho condições de dar a Helena uma vida confortável bem melhor do que ela tem hoje com o pai dela. Sei que o pai dela é um homem arrogante e com certeza não permitirá que nós venhamos a ter qualquer envolvimento e nem compromisso mas como o Vicenzo é quem vai ordenar, ele se verá obrigado a cumprir a ordem. Tenho estranhado o silêncio da Helena, antes nos falávamos sempre que o pai dela não estava em casa, porém já faz meses que não consigo contato com Helena, e isso está me preocupando. Espero até a semana que vem estar de volta, preciso ver a mulher que amo.Salvatore CosteloNesse momento estou pensando em uma forma de como eliminar o problema que a infeliz da minha filha arrumou com essa gravidez inesperada! Não perdi tanto tempo educando essa infeliz para que ela agora me apronte essa jogando meus planos por terra. Nunca tive um sentimento paternal em relação a Helena, simplesmente ela era o meio para que eu alcançasse os meus objetivos. Sentimentos é coisa para pessoas fracas e eu não tenho essa fraqueza, pessoas são objetos para serem usados ao meu favor ou descartados, nada mais! Esse era o propósito de Helena na minha vida, usá-la para alcançar os meus objetivos, a única coisa que me interessa nessa vida é o poder! É ele quem define quem você é! E eu não abro mão de alcançar essa posição não vai ser uma garota que pode me dá o poder pelo casamentoEstava pensando em casá-la com alguém do primeiro escalão do conselho, isso seria mais uma forma de me aproximar de Dom Vincenzo, mas ela teve que estragar tudo! Meus planos meti
Helena Os meses se passaram entre agulhas, bordados, tricôs e crochê e a cada dia o número de roupinhas aumentava e eu ficava tão feliz em poder fazer as roupas que vestiria o meu bebê. Enquanto estava distraída com esses afazeres não pensava no futuro, nem me recordava das promessas do meu pai, era como se eu vivesse em uma bolha toda minha, só existia eu Maria, Antônio e o bebê no meu ventre.Sim, Antônio, pois nesse tempo em que ficamos isolados ele se aproximou mas de mim e de Maria afinal éramos só nós nesta casa e assim nasceu um laço entre nós, eu sabia que ele estava ali encubido de uma missão, eu não sabia qual, mas enquanto isso não acontecia os nossos dias se passavam de forma leve tranquila. Às vezes Maria e Antônio discutiam por algo, sempre há uma certa distância e eu nunca conseguia ouvir, a Maria sempre desconversava, as vezes me dizia que era por causa dos soldados que faziam a segurança o motivo pelo qual eles brigavam.E com isso o tempo passou, eu já estava c
Helena As dores que começaram espaçadas e no começo apenas como incômodas cólicas progrediram a um nível insuportável, e a cada vez mais próximas.Maria sempre ao meu lado me incentivando a cada contração, mas parecia que nada resolvia para ajudar a fazer com que o parto acabasse logo com meu sofrimento. Entre um intervalo e outro, Maria passava uma toalha úmida pelo meu rosto o meu colo me trazendo no mínimo conforto me dava um pouco de água, pois meus lábios estavam muito secos, os intervalos das contrações estão sendo curtos, o que fa que logo após a contração voltava e cada vez mais forte.Eu via no rosto da Maria a preocupação estampada em sua face, mesmo ela tentando disfarçar eu sabia que alguma coisa não estava bem. Nesse momento peço a Deus que permita ao menos meu bebê viver e ser entregue ao Felipe, pois sei que ele vai cuidar bem dele.Eu nunca tive um pai que fosse carinhoso comigo, que eu realmente pudesse chamar de pai no verdadeiro sentido da palavra.Mas meu Lip
Já falei para você várias vezes Maria, tenho que sumir com essa criança essa criança não pode existir!–É ela ou eu! Você sabe que eu não tenho escolha! –Então Antônio eu vou te dar uma escolha, quis Deus que esse parto fosse difícil e que Helena estivesse desacordada. Eu vou pegar essa criança e vou sumir com ela no mundo, me ajude a sair daqui e nunca mais você me verá e nem verá essa criança! Diz Maria.–Me ajude a proteger esse ser inocente e a Helena, por favor Antônio! Imploro–E o que farei? O que falarei para Helena Maria? Ela tem você como mãe? –Diga a ela que a minha tristeza pela morte do bebê foi tão grande, que não tive coragem de olhar em seus olhos e fui embora. Mas que eu a amo, e meu coração ficou com ela!–Tá bom Maria Eu também não estava satisfeito com esse trabalho, é uma criança inofensiva vou ajudá-la a sair de sem que os guardas percebam.Pegue somente o suficiente que você consiga levar eu tenho algumas economias vou te dar. Diz Antônio –Maria, para qu
MariaMaria estava com o coração apertado e a mente confusa. Tudo parecia acontecer de forma tão rápida e caótica, como se o destino estivesse decidindo por ela, deixando-a sem escolhas. Após ser deixada por Antônio no cais naquela madrugada, seu espírito se viu tomado pela incerteza e pela angústia. Não sabia o que faria a seguir, mas uma coisa era clara em sua mente: Ela não podia permitir que Helena soubesse da verdade enquanto estivesse nas mãos de Salvatore. Não enquanto o monstro que era o pai de Helena ainda estivesse vivo. Não enquanto Clara, a pequena bebê que Maria agora segurava em seus braços, fosse uma moeda de troca ou um alvo nas mãos daquele homem.A primeira ação que Maria tomou foi impulsiva, mas necessária. Ela entrou em uma farmácia 24 horas, a única que ainda estava aberta naquele horário, com uma determinação que se misturava à sua desesperança. Não havia tempo a perder. Cada segundo poderia significar mais um passo de Salvatore em direção à verdade. Ele não
Maria Com a carta ainda nas mãos, Maria fez suas últimas verificações. Colocou todos os seus pertences em uma nova bolsa de viagem que comprara em um shopping 24 horas, recolocou a carta no envelope e guardou com cuidado no fundo da bolsa. Escolheu roupas simples e confortáveis, adequadas para a longa jornada que teria pela frente. A bolsa de Antônio foi deixada para trás, mas não sem antes pegar os itens de amamentação de Helena. Aquela parte da história precisava ser guardada para o futuro, não apenas para Clara, mas também para Helena, caso algum dia ela reencontrasse sua filha. Maria nunca desistiria de manter a memória viva.Com tudo preparado, Maria saiu do trocador e seguiu em direção à rodoviária, onde sabia que o destino estava à espera. O único ônibus disponível partia para o sul, para a região rural do país, longe da cidade, longe do alcance de Salvatore. Sem hesitar, comprou a passagem e entrou no ônibus. O veículo estava quase vazio, e Clara dormia em seu colo, tranq
MariaDepois de ser deixada pelo Antônio naquele cais no meio da noite saí daquele lugar desesperada.Imagino a dor que Helena não sentirá ao perceber que não terá sua filha nos braços? Realmente Helena escolheu muito bem o nome de sua filha. A Clara é linda e eu colocarei esse nome o nome escolhido por sua mãe esse será o seu nome de batismo não sei se a Clara algum dia reencontrará sua mãe mas juro fazer o que for possível para protegê-la.A carta escrita por Antônio não me sai da cabeça parece que foi gravada a fogo em minha mente:Lembranças on:Maria você é uma mulher incrível há muito tempo trabalhamos juntos e eu sempre tive muito interesse em você para ser mais sincero nesse mundo obscuro em que vivo o que sinto por você posso chamar de amor você sabe que eu teria que teria que executar a ordem do Senhor Salvatore mas por você Maria e pela pequena Helena Divina sim coloco minha vida em risco nessa bolsa estão as minhas economias espero que você consiga usá-las para te ajuda
MariaO peso da solidão também pesava sobre ela. Maria pensou em Helena, a jovem mãe que havia sido sua razão de viver até aquele momento. Ela sabia que, no fundo, não poderia voltar para ajudá-la. A dor de abandonar a amiga, mesmo sabendo que sua decisão era necessária para salvar a vida de Clara, era algo que a torturava. Como poderia ela viver com o fato de não poder proteger Helena de Salvatore? Maria se pegou pensando em tudo o que a jovem mãe passaria quando descobrisse que sua filha estava viva e longe de seus braços. Como ela lidaria com isso? Como poderia suportar a dor de perder um filho, mesmo sabendo que ele ainda estava vivo em algum lugar distante, em segurança?Maria olhou para Clara novamente, observando os pequenos traços do rosto da bebê e tentando afastar os pensamentos que a consumiam. Ela não podia mais se dar ao luxo de duvidar de sua decisão. A criança precisava dela, mais do que nunca. E era isso que importava. Clara precisava de proteção, de amor, de cuidado,