MariaA estrada de terra parecia interminável, serpenteando entre colinas e campos vastos, onde o vento brincava com os altos capins dourados. Maria ajustou Clara no colo, tentando protegê-la do sol que começava a se inclinar no céu. O cansaço da viagem era visível em seus olhos, mas havia também uma determinação silenciosa que mantinha seus passos firmes. No horizonte, uma pequena cidade começava a se desenhar, com seus telhados de barro e fachadas de madeira desbotadas pelo tempo.Era a cidade que o motorista do último ônibus havia recomendado. "Santa Esperança é pequena, mas é tranquila", ele dissera antes de seguir viagem. Era tudo o que Maria precisava naquele momento: tranquilidade.Ao se aproximar, o som distante de um sino anunciava a passagem das horas. A praça principal surgiu diante dela, ladeada por uma igreja simples, um mercadinho e uma fonte de pedra. Algumas crianças brincavam de correr ao redor da fonte, enquanto os adultos conversavam em tom baixo, como se respeitas
MARIA A madrugada na cidade era silenciosa, com o vento fresco que fazia as janelas rangirem levemente e carregava o perfume das flores do jardim. Maria acordou de sobressalto, como se um pensamento urgente tivesse invadido seu descanso. Clara dormia tranquila no berço, o pequeno peito subindo e descendo em um ritmo constante. Observá-la trouxe a Maria uma sensação mista de alívio e angústia. A segurança daquela pousada parecia temporária, como uma pausa em meio a uma longa corrida. O coração de Maria dizia que o destino ainda lhe reservava desafios. Mas, por enquanto, ela precisava de mais um pouco de calma. Assim, ao amanhecer, resolveu ajudar Dona Célia como forma de agradecer pela hospitalidade. — Vai mesmo querer ajudar? — perguntou a idosa, surpresa ao ver Maria com um avental amarrado à cintura. — Claro. A senhora já fez tanto por mim e Clara. Quero retribuir de alguma forma. Dona Célia sorriu. — Então venha. Vamos preparar os bolos que os hóspedes sempre pedem no café da
HelenaComo sempre estou sentada no caramanchão, em um canto do jardim, nem toda a beleza e cuidado dispensado às plantas ao meu redor consegue alcançar o meu coração É uma dor tão profunda que me abate, um medo aterrador que não deixa com que a minha mente e o meu coração descanse. Passo a mão sobre o meu ventre que já está começando a ficar saliente, dando sinal da minha gravidez, a única coisa que me deixa feliz, é sentir os movimentos do meu filho na minha barriga. Mas até isso me traz ao mesmo tempo alegria e medo. Levo a mão ao meu ventre e acaricio essa pequena vida que se desenvolve dentro de mim, levanto meus olhos e vejo toda magnitude da natureza a minha volta. Estou em uma ilha particular, pertencente a meu pai, situada na Costa Verde do Rio de Janeiro, essa região é toda composta por mata Atlântica nativa, uma cordilheira de serras de frente para mar, com várias ilhotas particulares. Meu pai é um homem muito rico e minha mãe faleceu ainda na minha infância segundo o
Felipe Já fazem meses que estou nessa missão, um trabalho cansativo, pois tenho que aguardar informações, observar o alvo, recolher informações e contatos.Não foi uma missão ao qual eu deva executar o alvo, mas sim investigar os detalhes da sua vida para que o Dom pudesse ter uma estratégia de ataque, por isso o Vicenzo solicitou os meus serviços. Esse é o nome do meu Dom Vicenzo de Luca!No momento, com toda a calmaria que estávamos vivendo, o conselheiro Salvatore Costelo pai da Helena solicitou ao Vicenzo um homem de confiança para fazer o treinamento de sua filha.Como o Dom estava interessado em uma aliança mais profunda com o homem, me enviou para que investigasse de perto se ele seria confiável.Minha estadia na casa estava tranquila até conhecer Helena, ela é linda, uma beleza incomparável, e meus instintos mais primitivos de proteção e posse vieram à tona.Preciso de Helena para mim. Percebi que o pai dela tem uma caráter bem duvidoso mas ainda não tive provas, a cada dia
Salvatore CosteloNesse momento estou pensando em uma forma de como eliminar o problema que a infeliz da minha filha arrumou com essa gravidez inesperada! Não perdi tanto tempo educando essa infeliz para que ela agora me apronte essa jogando meus planos por terra. Nunca tive um sentimento paternal em relação a Helena, simplesmente ela era o meio para que eu alcançasse os meus objetivos. Sentimentos é coisa para pessoas fracas e eu não tenho essa fraqueza, pessoas são objetos para serem usados ao meu favor ou descartados, nada mais! Esse era o propósito de Helena na minha vida, usá-la para alcançar os meus objetivos, a única coisa que me interessa nessa vida é o poder! É ele quem define quem você é! E eu não abro mão de alcançar essa posição não vai ser uma garota que pode me dá o poder pelo casamentoEstava pensando em casá-la com alguém do primeiro escalão do conselho, isso seria mais uma forma de me aproximar de Dom Vincenzo, mas ela teve que estragar tudo! Meus planos meti
Helena Os meses se passaram entre agulhas, bordados, tricôs e crochê e a cada dia o número de roupinhas aumentava e eu ficava tão feliz em poder fazer as roupas que vestiria o meu bebê. Enquanto estava distraída com esses afazeres não pensava no futuro, nem me recordava das promessas do meu pai, era como se eu vivesse em uma bolha toda minha, só existia eu Maria, Antônio e o bebê no meu ventre.Sim, Antônio, pois nesse tempo em que ficamos isolados ele se aproximou mas de mim e de Maria afinal éramos só nós nesta casa e assim nasceu um laço entre nós, eu sabia que ele estava ali encubido de uma missão, eu não sabia qual, mas enquanto isso não acontecia os nossos dias se passavam de forma leve tranquila. Às vezes Maria e Antônio discutiam por algo, sempre há uma certa distância e eu nunca conseguia ouvir, a Maria sempre desconversava, as vezes me dizia que era por causa dos soldados que faziam a segurança o motivo pelo qual eles brigavam.E com isso o tempo passou, eu já estava c
Helena As dores que começaram espaçadas e no começo apenas como incômodas cólicas progrediram a um nível insuportável, e a cada vez mais próximas.Maria sempre ao meu lado me incentivando a cada contração, mas parecia que nada resolvia para ajudar a fazer com que o parto acabasse logo com meu sofrimento. Entre um intervalo e outro, Maria passava uma toalha úmida pelo meu rosto o meu colo me trazendo no mínimo conforto me dava um pouco de água, pois meus lábios estavam muito secos, os intervalos das contrações estão sendo curtos, o que fa que logo após a contração voltava e cada vez mais forte.Eu via no rosto da Maria a preocupação estampada em sua face, mesmo ela tentando disfarçar eu sabia que alguma coisa não estava bem. Nesse momento peço a Deus que permita ao menos meu bebê viver e ser entregue ao Felipe, pois sei que ele vai cuidar bem dele.Eu nunca tive um pai que fosse carinhoso comigo, que eu realmente pudesse chamar de pai no verdadeiro sentido da palavra.Mas meu Lip
Já falei para você várias vezes Maria, tenho que sumir com essa criança essa criança não pode existir!–É ela ou eu! Você sabe que eu não tenho escolha! –Então Antônio eu vou te dar uma escolha, quis Deus que esse parto fosse difícil e que Helena estivesse desacordada. Eu vou pegar essa criança e vou sumir com ela no mundo, me ajude a sair daqui e nunca mais você me verá e nem verá essa criança! Diz Maria.–Me ajude a proteger esse ser inocente e a Helena, por favor Antônio! Imploro–E o que farei? O que falarei para Helena Maria? Ela tem você como mãe? –Diga a ela que a minha tristeza pela morte do bebê foi tão grande, que não tive coragem de olhar em seus olhos e fui embora. Mas que eu a amo, e meu coração ficou com ela!–Tá bom Maria Eu também não estava satisfeito com esse trabalho, é uma criança inofensiva vou ajudá-la a sair de sem que os guardas percebam.Pegue somente o suficiente que você consiga levar eu tenho algumas economias vou te dar. Diz Antônio –Maria, para qu