Salvatore Costelo
Nesse momento estou pensando em uma forma de como eliminar o problema que a infeliz da minha filha arrumou com essa gravidez inesperada! Não perdi tanto tempo educando essa infeliz para que ela agora me apronte essa jogando meus planos por terra. Nunca tive um sentimento paternal em relação a Helena, simplesmente ela era o meio para que eu alcançasse os meus objetivos. Sentimentos é coisa para pessoas fracas e eu não tenho essa fraqueza, pessoas são objetos para serem usados ao meu favor ou descartados, nada mais! Esse era o propósito de Helena na minha vida, usá-la para alcançar os meus objetivos, a única coisa que me interessa nessa vida é o poder! É ele quem define quem você é! E eu não abro mão de alcançar essa posição não vai ser uma garota que pode me dá o poder pelo casamento Estava pensando em casá-la com alguém do primeiro escalão do conselho, isso seria mais uma forma de me aproximar de Dom Vincenzo, mas ela teve que estragar tudo! Meus planos meticulosamente arquitetados! Ela com essa história de amor, acabou com os meus planos de posição e poder, mas também eu a ensinei a não me desafiar! A surra que lhe dei com aquele chicote de couro e lâminas deixou suas costas marcadas para o resto da vida, nunca mais ela se esquecerá de quem eu sou! E mesmo assim, apesar de tudo ela não disse quem foi o responsável por engravidá-la, mas tenho certeza que vou descobrir! Nesse dia acertarei todas as contas com ele. Com certeza cobrarei tudo aquilo que deixarei de ganhar com a virgindade da Helena. Ele vai me pagar muito caro! O meu desejo é que aquele ser que está dentro dela seja engolido pela terra no momento em que der o primeiro suspiro. Antônio está lá para me passar o que está acontecendo e como ela não fez nenhum tratamento pré natal, esse infeliz pode já ir direto para o céu. Ele é um dos meus homens de confiança e sei que cumprirá as minhas ordens ou poderá se considerar um homem morto. A ilha onde eles se encontram é um lugar distante e o único contato está com o Antônio, só ele tem telefone com sinal para entrar em contato comigo, eles estão incomunicáveis. Quando eu enviei Helena para a ilha, já enviei suprimentos suficiente para todo tempo que eles precisarão ficar por lá, espero que essa criança já nasça morta! Pensei que ela morreria quando castiguei a Helena, mas o infeliz é tão forte que não morreu! Agora só resta esperar pela chegada dessa criança para saber o que irei fazer, após isso providenciarei o casamento da Helena com um desses velhos endinheirados pelo menos alguma coisa ela vai me render, essa infeliz! Se não conseguir, a jogarei em um bordel. Essa m*****a conseguiu em poucos meses jogar todos os meus planos na lama, agora eu tenho que fazer o máximo para me aproximar de Dom Vincenzo, só assim poderei ter uma posição de mais respeito, coisa que seria fácil de conseguir com o casamento dela com algum de seus homens de confiança, maldiita! Sem contar que tenho que ter muito mais cuidado com as transações exclusivas que faço sem a permissão do chefe da máfia. Dom Vicenzo não permite tráfico humano e eu sempre tráfico alguma moça virgem para ser leiloada para algum bilionário no exterior, o que me dá uma boa renda. Se ele descobrir, estarei morto pois ele foi incisivo quanto a isso! Mas eu não vou obedecer a um pirralho de ontem! Quem ele pensa que é? Nem saiu das fraldas ainda para querer vim da ordem nos meus negócios! A rede montada por mim é muito bem estruturada com ramificações na Espanha, Itália, Oriente médio e até nos países asiáticos, o mundo masculino tem como sonho de consumo a mulher brasileira e esse mercado é muito lucrativo Se eu tivesse conseguido casar a Helena como um dos grandes Homens da máfia, com certeza seria muito mais fácil, pois teria um respaldo da rota de Vicenzo e ele nem iria perceber que eu estaria usando a sua rota de negócios para fazer tráfico humano. Mas ela tinha que estragar tudo! Também teve a quem puxar, igualzinha a mãe dela! Não foi à toa que eu matei aquela infeliz que só sabia chorar pelos cantos! Hoje a minha vida é muito melhor, quando quero uma mulher, dirijo um bordel e pego a carne mais fresca do lugar, não me interessa uma segunda vez, pois para mim são todos seres inferiores e descartáveis! O nome Salvatore é respeitado no submundo, não aonde as coisas funcionam a meia luz, mas sim onde o crime se torna bem mais pesado e hediondo, onde a barbárie é praticada na mesa do café da manhã, e não vai ser um garotinho que pegou o poder agora que vai me impedir de continuar com a minha trajetória ao poder! Nasci na pobreza extrema, onde se disputa alimento em latas de lixo das portas dos fundos dos restaurantes, e muitas vezes os donos nem nos deixam pegar os restos que jogam ali, passei muita fome, miséria, até que um dia descobri o lado escuro do submundo. E aí eu comecei a escalar degrau por degrau a posição que ocupo hoje, tive que baixar minha cabeça para muita gente que não sabia a metade do que eu sei, mas aqui estou eu! Falta muito pouco para chegar aonde eu quero e não vai ser o herdeiro de uma cadeira, ou uma garota imprestável que vai me impedir de chegar aonde eu quero. Eu serei o rei do comércio do tráfico humano! Quando falarem meu nome se curvaram a mim! E para chegar aonde eu quero passarei por cima de qualquer um, não vai ser uma filha ou um ser abstrato que chamam de neto que vai me desviar do caminho que eu tracei!Helena Os meses se passaram entre agulhas, bordados, tricôs e crochê e a cada dia o número de roupinhas aumentava e eu ficava tão feliz em poder fazer as roupas que vestiria o meu bebê. Enquanto estava distraída com esses afazeres não pensava no futuro, nem me recordava das promessas do meu pai, era como se eu vivesse em uma bolha toda minha, só existia eu Maria, Antônio e o bebê no meu ventre.Sim, Antônio, pois nesse tempo em que ficamos isolados ele se aproximou mas de mim e de Maria afinal éramos só nós nesta casa e assim nasceu um laço entre nós, eu sabia que ele estava ali encubido de uma missão, eu não sabia qual, mas enquanto isso não acontecia os nossos dias se passavam de forma leve tranquila. Às vezes Maria e Antônio discutiam por algo, sempre há uma certa distância e eu nunca conseguia ouvir, a Maria sempre desconversava, as vezes me dizia que era por causa dos soldados que faziam a segurança o motivo pelo qual eles brigavam.E com isso o tempo passou, eu já estava c
Helena As dores que começaram espaçadas e no começo apenas como incômodas cólicas progrediram a um nível insuportável, e a cada vez mais próximas.Maria sempre ao meu lado me incentivando a cada contração, mas parecia que nada resolvia para ajudar a fazer com que o parto acabasse logo com meu sofrimento. Entre um intervalo e outro, Maria passava uma toalha úmida pelo meu rosto o meu colo me trazendo no mínimo conforto me dava um pouco de água, pois meus lábios estavam muito secos, os intervalos das contrações estão sendo curtos, o que fa que logo após a contração voltava e cada vez mais forte.Eu via no rosto da Maria a preocupação estampada em sua face, mesmo ela tentando disfarçar eu sabia que alguma coisa não estava bem. Nesse momento peço a Deus que permita ao menos meu bebê viver e ser entregue ao Felipe, pois sei que ele vai cuidar bem dele.Eu nunca tive um pai que fosse carinhoso comigo, que eu realmente pudesse chamar de pai no verdadeiro sentido da palavra.Mas meu Lip
Já falei para você várias vezes Maria, tenho que sumir com essa criança essa criança não pode existir!–É ela ou eu! Você sabe que eu não tenho escolha! –Então Antônio eu vou te dar uma escolha, quis Deus que esse parto fosse difícil e que Helena estivesse desacordada. Eu vou pegar essa criança e vou sumir com ela no mundo, me ajude a sair daqui e nunca mais você me verá e nem verá essa criança! Diz Maria.–Me ajude a proteger esse ser inocente e a Helena, por favor Antônio! Imploro–E o que farei? O que falarei para Helena Maria? Ela tem você como mãe? –Diga a ela que a minha tristeza pela morte do bebê foi tão grande, que não tive coragem de olhar em seus olhos e fui embora. Mas que eu a amo, e meu coração ficou com ela!–Tá bom Maria Eu também não estava satisfeito com esse trabalho, é uma criança inofensiva vou ajudá-la a sair de sem que os guardas percebam.Pegue somente o suficiente que você consiga levar eu tenho algumas economias vou te dar. Diz Antônio –Maria, para qu
MariaMaria estava com o coração apertado e a mente confusa. Tudo parecia acontecer de forma tão rápida e caótica, como se o destino estivesse decidindo por ela, deixando-a sem escolhas. Após ser deixada por Antônio no cais naquela madrugada, seu espírito se viu tomado pela incerteza e pela angústia. Não sabia o que faria a seguir, mas uma coisa era clara em sua mente: Ela não podia permitir que Helena soubesse da verdade enquanto estivesse nas mãos de Salvatore. Não enquanto o monstro que era o pai de Helena ainda estivesse vivo. Não enquanto Clara, a pequena bebê que Maria agora segurava em seus braços, fosse uma moeda de troca ou um alvo nas mãos daquele homem.A primeira ação que Maria tomou foi impulsiva, mas necessária. Ela entrou em uma farmácia 24 horas, a única que ainda estava aberta naquele horário, com uma determinação que se misturava à sua desesperança. Não havia tempo a perder. Cada segundo poderia significar mais um passo de Salvatore em direção à verdade. Ele não
Maria Com a carta ainda nas mãos, Maria fez suas últimas verificações. Colocou todos os seus pertences em uma nova bolsa de viagem que comprara em um shopping 24 horas, recolocou a carta no envelope e guardou com cuidado no fundo da bolsa. Escolheu roupas simples e confortáveis, adequadas para a longa jornada que teria pela frente. A bolsa de Antônio foi deixada para trás, mas não sem antes pegar os itens de amamentação de Helena. Aquela parte da história precisava ser guardada para o futuro, não apenas para Clara, mas também para Helena, caso algum dia ela reencontrasse sua filha. Maria nunca desistiria de manter a memória viva.Com tudo preparado, Maria saiu do trocador e seguiu em direção à rodoviária, onde sabia que o destino estava à espera. O único ônibus disponível partia para o sul, para a região rural do país, longe da cidade, longe do alcance de Salvatore. Sem hesitar, comprou a passagem e entrou no ônibus. O veículo estava quase vazio, e Clara dormia em seu colo, tranq
MariaDepois de ser deixada pelo Antônio naquele cais no meio da noite saí daquele lugar desesperada.Imagino a dor que Helena não sentirá ao perceber que não terá sua filha nos braços? Realmente Helena escolheu muito bem o nome de sua filha. A Clara é linda e eu colocarei esse nome o nome escolhido por sua mãe esse será o seu nome de batismo não sei se a Clara algum dia reencontrará sua mãe mas juro fazer o que for possível para protegê-la.A carta escrita por Antônio não me sai da cabeça parece que foi gravada a fogo em minha mente:Lembranças on:Maria você é uma mulher incrível há muito tempo trabalhamos juntos e eu sempre tive muito interesse em você para ser mais sincero nesse mundo obscuro em que vivo o que sinto por você posso chamar de amor você sabe que eu teria que teria que executar a ordem do Senhor Salvatore mas por você Maria e pela pequena Helena Divina sim coloco minha vida em risco nessa bolsa estão as minhas economias espero que você consiga usá-las para te ajuda
MariaO peso da solidão também pesava sobre ela. Maria pensou em Helena, a jovem mãe que havia sido sua razão de viver até aquele momento. Ela sabia que, no fundo, não poderia voltar para ajudá-la. A dor de abandonar a amiga, mesmo sabendo que sua decisão era necessária para salvar a vida de Clara, era algo que a torturava. Como poderia ela viver com o fato de não poder proteger Helena de Salvatore? Maria se pegou pensando em tudo o que a jovem mãe passaria quando descobrisse que sua filha estava viva e longe de seus braços. Como ela lidaria com isso? Como poderia suportar a dor de perder um filho, mesmo sabendo que ele ainda estava vivo em algum lugar distante, em segurança?Maria olhou para Clara novamente, observando os pequenos traços do rosto da bebê e tentando afastar os pensamentos que a consumiam. Ela não podia mais se dar ao luxo de duvidar de sua decisão. A criança precisava dela, mais do que nunca. E era isso que importava. Clara precisava de proteção, de amor, de cuidado,
MariaA estrada de terra parecia interminável, serpenteando entre colinas e campos vastos, onde o vento brincava com os altos capins dourados. Maria ajustou Clara no colo, tentando protegê-la do sol que começava a se inclinar no céu. O cansaço da viagem era visível em seus olhos, mas havia também uma determinação silenciosa que mantinha seus passos firmes. No horizonte, uma pequena cidade começava a se desenhar, com seus telhados de barro e fachadas de madeira desbotadas pelo tempo.Era a cidade que o motorista do último ônibus havia recomendado. "Santa Esperança é pequena, mas é tranquila", ele dissera antes de seguir viagem. Era tudo o que Maria precisava naquele momento: tranquilidade.Ao se aproximar, o som distante de um sino anunciava a passagem das horas. A praça principal surgiu diante dela, ladeada por uma igreja simples, um mercadinho e uma fonte de pedra. Algumas crianças brincavam de correr ao redor da fonte, enquanto os adultos conversavam em tom baixo, como se respeitas