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Capítulo 01 – O Destino

Dizem que na vida só temos a certeza da morte. Mas eu tinha outra: A de que meu destino havia mudado para sempre. 

Ele abusou de mim, pai. Eu… eu…

Plaft

Sinto o rosto arder pelo tapa que levei no rosto, mas nada se compara a dor que sinto dentro do peito. 

Meu pai, aquele que deveria me proteger das mazelas do mundo, cuidar de mim, não acreditava no que eu dizia. 

Você é uma dissimulada e mentirosa como sua mãe. Thomás jamais faria isso com você, Luna. Como você pode… saia da minha casa, a partir de hoje não é mais minha filha! 

Encaro a figura alta bem diante de mim. O homem de cabelos loiros iguais aos meus, seus olhos verdes sempre me lembravam um par de esmeraldas. Não consigo exteriorizar a dor dilacerante que corta minha alma. Sem dizer uma única palavra, dei às costas e saí daquela casa. A casa que pertenceu à minha mãe, onde fui feliz até meus oito anos, depois disso o destino cruel levou a levou, vítima de câncer de mama. 

Eu saí sem levar nada, apenas minha bolsa com meus documentos. 

Caminho pelas ruas de Bexley completamente perdida. Nunca me senti tão sozinha, tão desprotegida. Abraço meu corpo na tentativa de aquecê-lo. 

A chuva fina cai trazendo consigo a melancolia, nunca me identifiquei tanto com o clima como agora, ele remete exatamente como estou me sentindo por dentro, fria, gelada. 

São três da manhã e o dia que deveria ser especial para mim se transformou no meu pior pesadelo. Minha formatura, que tanto sonhei, terminou em lágrimas e dor. 

Ainda consigo sentir o perfume forte dele misturado com o cheiro do álcool e do cigarro. Sinto-me suja, imunda, mas nada se compara com o vazio que, agora, toma conta do meu peito. Apoiada no parapeito da ponte de Westminster, cogito a possibilidade de dar fim à minha vida, naquele exato instante. 

Jacob Alexander  Lancaster

Droga, droga, droga! 

Não consigo acreditar no que estava prestes a fazer com a minha vida. Jamais imaginei que me casaria tão jovem, o pior não é o casamento, mais casar com alguém que não amo. 

Nesses vinte e quatro anos de vida, nunca conheci uma garota que realmente valesse a pena. Namorei, me envolvi, transei com algumas… mas nenhuma delas fez algo dentro de mim estremecer. 

Talvez, pelo fato de eu ser quem eu sou, o herdeiro de um império de diamantes. Isso atrai mulheres que estão em busca da minha fortuna e de status. 

Quero encontrar uma mulher que me ame pelo o que sou, não pelo o que tenho. Fiquei tão irritado com esse maldito acordo de casamento que sai, depois do jantar, caminhando pelas ruas de Londres. É madrugada, o frio está congelante. Aperto o meu sobretudo contra o corpo na tentativa frustrada de me aquecer. Suspiro fundo e encaro o céu sem uma única estrela.

É Jacob, parece que vai chover! 

Meus olhos azuis logo me levam até a ponte de Westminster. Vejo uma jovem de cabelos loiros parada, olhando para baixo. Sinto um frio percorrer a minha espinha e uma sensação ruim toma conta de mim. Sem demora, corro até ela e quando inclina o corpo para frente, seguro na sua cintura e a puxo para o chão.

— Não faça isso! 

Ela me encara e percebo seus lindos olhos azuis marejados, parece assustada, perdida, isso, de certa forma, mexeu comigo. Preciso fazer alguma coisa. 

Por que fez isso?--- ela pergunta enquanto se levanta e enxuga as lágrimas que caem de seus olhos.

— Não podia deixar você se jogar. 

— Você não tem nada a ver com isso!

Olha… não sei o que aconteceu, mas se fizer isso, vai destruir não só a sua vida mas vai trazer dor a alguém. 

Eu… eu não tenho ninguém!

Sorri, sentindo a dor daquelas palavras invadirem minha alma. 

“Como uma garota tão jovem poderia estar tão destruída?” — suspirei fundo e com um sorriso no rosto respondi:

Todos tem alguém, acredite. Talvez ele apenas ainda não a tenha encontrado. 

Ela hesita e abaixa a cabeça. Sinto o meu coração acelerado e fico atento, mas me tranquilizo quando ela diz:

Obrigada… 

Sorrio e tento me aproximar, mas ela levanta a mão nos afastando.

Por favor… não!

Quando penso em dizer alguma coisa, ela sai correndo. Seu gorro branco cai e seus cabelos loiros surgem como cascatas douradas. Abaixei, peguei o gorro e, por reflexo, o levei ao rosto sentindo seu perfume. Só espero que tenha conseguido ajudá-la. Guardo o gorro dentro do meu sobretudo e volto a traçar o meu destino. 

Algo dentro de mim dizia que a veria novamente. 

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