Jacob Alexander Lancaster
O néon vermelho e azul piscava incessantemente, refletindo nas paredes escuras do clube exclusivo onde minha despedida de solteiro estava acontecendo. O ar cheirava a whisky caro, perfume doce e tentação.
A música pulsava em um ritmo lento e sensual, enquanto dançarinas se moviam nos palcos com uma desenvoltura calculada. Era exatamente o tipo de festa que meus amigos achavam que eu queria.
Eles não me conhecem, na verdade, eu odiava.
— Vamos lá, Jacob, só um showzinho particular… nada demais! — dizia Kaleb, um dos meus melhores amigos e o mais insistente, enquanto me empurrava em direção a um canto mais reservado, onde um grupo de strippers nos olhava como predadoras famintas.
Rolei os olhos.
— Não estou interessado.
— Não seja um puritano, cara! É sua última noite de liberdade!
— Liberdade? --- soltei uma risada seca. — Apenas serei um homem realmente livre daqui três anos.
— Cara, pelo menos é a Samantha, e se fosse outra mulher?
— A Samantha… pode casar com ela se quiser — nós dois rimos.
Aproveitei um momento de distração e escapei, desviando das mulheres que tentavam se enroscar em mim, até finalmente alcançar o banco do bar.
Suspirei fundo, passei as mãos pelos cabelos e pedi um drink.
— Parece que está fugindo de alguém.
A voz feminina soou divertida ao meu lado e quando levantei os olhos, fui surpreendido.
Uma mulher de olhos azuis profundos e cabelo loiro preso num coque bagunçado me encarava com um sorriso nos lábios. Ela estava de avental, provavelmente uma das bartender do lugar , e me olhava com uma expressão que misturava diversão e curiosidade.
— Está tão evidente assim? — perguntei sorrindo de canto.
— Totalmente — ela respondeu inclinando a cabeça.
Rimos juntos e, por um momento, a atmosfera pesada da festa desapareceu.
“Quem é essa garota?”
Antes que eu perguntasse, ela pegou uma garrafa e começou a preparar um drink com uma habilidade que eu nunca tinha visto. Movimentos rápidos, precisos, como se fosse um espetáculo particular.
— Nossa, você é muito boa mesmo — comentei, observando o líquido âmbar escorrer no copo perfeitamente decorado.
— Eu sei — ela deu um sorrisinho convencido.
Eu ri, pegando a bebida.
— E aí, bartender misteriosa… você também veio para essa despedida de solteiro ou só está de passagem?
Ela revirou os olhos.
— Definitivamente só de passagem. Na verdade, estou quebrando um galho para uma amiga — suspirou, olhando ao redor com tédio. — Não entendo essa ostentação toda. Quem é que precisa de tanto exagero só porque vai se casar?
Eu arqueei uma sobrancelha.
— Por que isso te incomoda? — fiquei curioso.
Ela deu de ombros.
— Não me incomoda. Só acho engraçado como os ricos adoram dar festas absurdas para qualquer coisa. — pegou um guardanapo e limpou o balcão distraidamente. — Dizem que essa é para um herdeiro mimado que vive às custas dos pais.
Eu quase engasguei no drink.
— Herdeiro mimado? É mesmo? — perguntei, segurando o riso.
Ela assentiu, inocente.
— Sim. Um riquinho sem cérebro que está se casando por conveniência. Ouvi dizer que os pais estão organizando o casamento porque ele não consegue conquistar uma garota.
—Não brinca — agora eu estava me divertindo.
— É sério.
— Como você sabe disso tudo?
Ela deu de ombros novamente
— As pessoas falam… e eu escuto.
Cruzei os braços, fingindo curiosidade.
— O que mais dizem sobre esse “herdeiro mimado”?
Ela girou o copo que estava limpando e sorriu de canto.
— Que ele deve ser um chato. Provavelmente, um daqueles caras calvos e barrigudos que passam horas na frente do computador jogando ou entrando em sites proibidos.
Eu soltei uma gargalhada alta, chamando a atenção de algumas pessoas ao redor e ela me olhou confusa.
— O que foi?
Inclinei-me um pouco mais na direção dela.
— Sou o melhor amigo do noivo — sussurrei com um sorriso travesso nos lábios.
O silêncio que se seguiu foi puro ouro.
A garota ficou pálida, congelou no lugar, os olhos azuis arregalados, como se tivesse acabado de perceber que estava no meio de uma armadilha. Sua boca se abriu uma vez, depois outra, sem que nenhuma palavra saísse.
Eu aproveitei.
Apoiei os cotovelos no balcão, um sorriso presunçoso brincando nos meus lábios.
— O que foi? Ficou sem palavras? — provoquei, me divertindo com seu constrangimento.
Ela piscou rapidamente e tentou se recompor, ajeitando o avental e cruzando os braços como se quisesse recuperar a dignidade.
— Você está brincando?
— Gostaria que estivesse?
A incredulidade no rosto dela era hilária.
— Então… Você é o melhor amigo do “herdeiro mimado”? — ela arqueou a sobrancelha.
Eu dei um gole no drink que ela mesma preparou e assenti, sem desviar o olhar.
— O próprio.
Ela prendeu a respiração e, por um instante, achei que fosse se afundar no chão de tanta vergonha, porém, algo inesperado aconteceu.
Ela sorriu.
Não um sorriso educado, mas um sorriso travesso, quase desafiador.
— Ainda acho que essa festa é um exagero ridículo.
Eu ri alto, genuinamente surpreso com a falta de filtro dela.
— Sério? Depois dessa revelação toda, você ainda mantém sua opinião?
Ela ergueu um dos ombros com uma expressão inocente demais para ser real.
— A verdade não muda só porque você é rico.
— Kaleb.
— Como?
— Meu nome é Kaleb.
Algo no jeito dela, na forma como falava sem medo, me intrigou. Não era sempre que eu encontrava alguém que não pisava em ovos ao falar comigo. Inclinei-me um pouco mais sobre o balcão, a analisando de perto.
— Qual é o seu nome, bartender atrevida?
Ela hesitou por um segundo, como se estivesse decidindo se deveria me contar ou não. Ergueu o queixo e respondeu:
— Luna.
— Luna… — repeti.
O nome caiu suavemente dos lábios dela e ecoou na minha mente de um jeito estranho. Eu estreitei os olhos, memorizando cada detalhe dela.
Cabelos loiros, presos num coque bagunçado, alguns fios escapando, a pele clara, os olhos que pareciam refletir mil segredos.
“Quem diabos era essa garota?”
Antes que eu pudesse perguntar mais alguma coisa, a voz irritante de Kaleb ecoou pelo clube.
— Ei, seu desgraçado, achei você!
Suspirei pesadamente.
Luna olhou para o homem que se aproximava com um sorriso idiota no rosto e depois voltou os olhos para mim.
— Vejo que está fugindo dos seus amigos, posso sugerir um lugar mais discreto do que o bar?
Sorri, me inclinando ainda mais perto dela.
— O que você sugere?
— Atrás dele — ela deu um tapinha leve no balcão.
Soltei uma risada curta e me levantei.
— Se eu não voltar em cinco minutos, chame a polícia.
Ela riu e piscou para mim.
— Talvez eu avise, talvez não. Depende de como for a gorjeta.
Dei um último gole no drink e entreguei uma nota dobrada para ela.
— Gostei do seu estilo, Luna.
— E eu ainda acho que você é como o seu amigo, um riquinho mimado.
Foi assim que desapareci pelos fundos do bar, antes que Kaleb me agarrasse pelo colarinho.
Jacob Alexander Lancaster Apoiei as costas contra a parede fria do corredor dos fundos, soltando um suspiro pesado. O barulho da boate ainda vibrava ao fundo, abafado pelas paredes grossas, mas ali estava um pouco mais silencioso. Então, percebi algo estranho: Eu estava sorrindo.Não era um daqueles sorrisos treinados, forçados, que eu usava em reuniões de negócios ou eventos sociais, era um sorriso genuíno. O mais impressionante é que foi tudo por causa de uma bartender atrevida que me olhou nos olhos e disse, sem hesitar, que eu era um riquinho mimado, imagina se ela soubesse que eu sou o noivo? Noivo…É incrível que nos dias de hoje ainda existam casamentos por contrato, ao invés de evoluirmos, estamos dando um passo para trás. Patético isso, não? Levo o copo aos lábios e degusto a minha bebida. — Que porra é essa que estou tomando? — olho para meu copo tentando decifrar o que estou tomando e não consigo deixar de pensar nela. “Luna”… O nome dela ecoou na minha mente e
Jacob Alexander LancasterEu não devia estar fazendo isso. Definitivamente, não.Quando voltei ao bar e vi Luna inclinada sobre o balcão, rindo de algo que a cliente dizia, minha decisão foi instantânea.O sorriso dela era aberto, iluminado, completamente despreocupado. Diferente de tudo que eu estava acostumado. Diferente da minha vida sufocante, das regras e obrigações que me cercavam.Ela me viu antes que pudesse me aproximar, um sorrisinho travesso surgiu em seus lábios rosados.— Ora, ora… O melhor amigo do herdeiro mimado voltou para mais um drink?Cruzei os braços e me apo
Jacob Alexander LancasterO motel não era exatamente dos mais luxuosos. Longe disso, mas eu não dava a mínima, porque naquele momento eu apenas a desejava. Luna estava colada a mim e tudo, absolutamente tudo, parecia certo.Assim que cruzamos a porta do quarto, minhas mãos deslizaram por sua cintura fina, puxando-a para outro beijo. Dessa vez, sem hesitação, sem controle, sem volta.Luna riu contra a minha boca, os dedos ágeis já deslizando pelo tecido da minha camisa, antes de empurrá-la para fora do meu corpo. Seus olhos azuis fitaram meu peitoral e minha tatuagem fazendo um sorriso surgir em seus lábios. e ela logo disse:— Não sab
Luna HarrisonO primeiro pensamento que tive ao acordar foi que aquele travesseiro era quente demais.O segundo… Era que eu não estava deitada em um travesseiro.Meus olhos se abriram devagar, a luz do amanhecer entrando pelas frestas das cortinas do quarto de motel. O ar estava morno, carregado de um cheiro masculino misturado ao meu perfume. Foi aí que percebi: Eu estava deitada sobre ele!Meu coração disparou quando ergui a cabeça e vi o rosto adormecido de Jacob, ou Kaleb, nem sabia mais.Droga!Meu corpo estava completamente aninhado ao dele, como se fosse o lugar mais natural do mundo. Como se tivéssemos feito isso milhares de vezes
Luna Harrison — Você o quê?!A voz de Kate quase fez meu café escapar da xícara.— Fale baixo, pelo amor de Deus! — sussurrei, olhando ao redor do pequeno café onde estávamos sentadas.Kate não estava nem um pouco preocupada com a discrição. Ela me encarava como se eu tivesse acabado de confessar um crime.— Luna, isso é inacreditável! — ela continuou, gesticulando exageradamente. — Você, saindo com um riquinho que nem sabe ao certo o nome verdadeiro e terminando a noite num quarto de motel? Isso não é algo que minha amiga Luna faria! Isso é algo que EU faria! O que foi que aconteceu com você?Eu revirei os olhos, corando ao levar a xícara aos lábios.— Pare com isso! — murmurei, desviando o olhar.— Não! Eu exijo saber o que fizeram com a minha amiga! — ela estava se divertindoSuspirei, mordendo o lábio inferior, hesitante. Como eu poderia explicar para Kate algo que nem eu mesma conseguia entender?— Eu não sei… foi diferente.— Diferente como? — Kate ergueu uma sobrancelha, intere
Jacob LancasterO ar da noite estava carregado de promessas que ele não queria cumprir. Ao estacionar diante da imponente mansão da família Taylor, Jacob soltou um suspiro pesado. Passou as mãos pelo volante, tentando dissipar a sensação incômoda que o acompanhava desde o início da noite.Ele desceu do carro e caminhou até a porta principal. Ao tocar a campainha, a porta se abriu quase imediatamente.Samantha estava ali, sorridente e deslumbrante em um vestido vermelho justo que se moldava ao seu corpo como uma segunda pele. Seus cabelos loiros caíam em ondas perfeitamente estilizadas e o brilho em seus olhos era inconfundível: esperança.— Você está lindo. — Samantha deslizou a mão suavemente pelo peito dele, deixando os dedos repousarem ali por um segundo a mais do que necessário antes de entrelaçar o braço ao seu.— Você também. — Jacob forçou um sorriso.Os dois caminharam em direção ao carro e ele abriu a porta para ela, mantendo a fachada de um noivo perfeito, enquanto sua mente
Jacob LancasterO ar fresco da manhã bateu em seu rosto como um tapa gelado. Jacob caminhava pelas ruas quase sem rumo, as palavras de Samantha ainda ecoando na sua cabeça como um veneno que se recusava a ser expurgado.Ela o havia drogado. Manipulado. Tentado prendê-lo de uma forma tão suja e desesperada que fazia seu estômago revirar. Como ele foi tão estúpido a ponto de aceitar aquele último drink na casa dela? Como pôde se deixar cair tão facilmente na armadilha que ela montou?Mas agora estava claro. Era um jogo de poder que ele precisava vencer.Seu celular vibrou no bolso, mas ele ignorou. Sabia exatamente quem estava tentando ligar. Samantha não iria desistir tão fácil. Não depois do que fez.Jacob entrou em seu carro e dirigiu sem destino por horas, tentando organizar os pensamentos. Mas o gosto amargo da traição de Samantha continuava lá, impregnado em sua boca como um veneno impossível de ser cuspido.E se ela fosse realmente capaz de arruinar sua vida? Falsas acusações, men
As semanas que se seguiram foram um turbilhão de emoções para Jacob e Luna. Depois daquela noite mágica na praia, onde os dois se amaram com uma intensidade que os deixou sem fôlego, eles não conseguiram mais se afastar.Os encontros se tornaram frequentes e deliciosamente intensos. Jacob aparecia no bar onde Luna trabalhava quase todas as noites, e eles saíam juntos assim que seu expediente terminava. Caminhavam pela cidade, compartilhavam refeições simples ou apenas dirigiam sem rumo, conversando sobre tudo e rindo como se fossem as únicas pessoas no mundo.A conexão entre eles era poderosa e inegável. Jacob nunca se sentiu tão vivo como quando estava ao lado de Luna. Ela o fazia esquecer de tudo, dos problemas, das responsabilidades, das sombras que carregava consigo.Mas também havia algo que ele não conseguia esquecer. Algo que o corroía por dentro cada vez que olhava para Luna e via a confiança brilhando em seus olhos.Jacob estava noivo. Por mais que para ele tudo estivesse term