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Capítulo 05 – Entre Copos e Destinos

 Jacob Alexander Lancaster

Apoiei as costas contra a parede fria do corredor dos fundos, soltando um suspiro pesado. O barulho da boate ainda vibrava ao fundo, abafado pelas paredes grossas, mas ali estava um pouco mais silencioso. 

Então, percebi algo estranho: Eu estava sorrindo.

Não era um daqueles sorrisos treinados, forçados, que eu usava em reuniões de negócios ou eventos sociais, era um sorriso genuíno. 

O mais impressionante é que foi tudo por causa de uma bartender atrevida que me olhou nos olhos e disse, sem hesitar, que eu era um riquinho mimado, imagina se ela soubesse que eu sou o  noivo? 

Noivo…

É incrível que nos dias de hoje ainda existam casamentos por contrato, ao invés de evoluirmos, estamos dando um passo para trás. 

Patético isso, não? 

Levo o copo aos lábios e degusto a minha bebida. 

Que porra é essa que estou tomando? — olho para meu copo tentando decifrar o que estou tomando e não consigo deixar de pensar nela. 

“Luna”… 

 O nome dela ecoou na minha mente enquanto eu passava as mãos pelos cabelos, tentando ignorar o calor repentino que subiu pelo meu peito. A habilidade que ela lidava com aquelas garrafas, a maneira que ela mordia os lábios enquanto preparava o drink… 

“Jacob, enlouqueceu cara?” 

Aí está você, porra! — A voz de Kaleb me tirou dos devaneios. Ele chegou esbaforido, as bochechas vermelhas pelo álcool, com Anthony e Liam logo atrás, ambos com expressões divertidas.

Achei que tivesse sido sequestrado — Anthony zombou, cruzando os braços. — Não seria a primeira vez que você some para escapar de algo.

Ou alguém — Liam completou, com um sorriso malicioso.

Kaleb lançou um olhar avaliador ao redor e se aproximou com um sorriso carregado de segundas intenções.

Pensei que tivesse fugido para um show particular.

Rolei os olhos e empurrei Kaleb para longe.

Eu só queria um pouco de paz antes que vocês resolvessem me doar, como presente, para aquelas strippers.

Você está reclamando do quê, porra? — Kaleb soltou uma risada. — Tem caras por aí que pagariam para estar no seu lugar!

Bem, ele já pagou. No caso, para a bartender — Liam gargalhou.

— O quê? — meu olhar se estreitou no mesmo instante.

Anthony ergueu as mãos, fingindo inocência.

Relaxa, cara. Eu só vi você no bar conversando com a loirinha — ele estreitou os olhos e seu sorriso se alargou. — Parecia que estava se divertindo… ou será que foi impressão minha?

Merda.

Virei ligeiramente, jogando o peso do corpo contra a parede para não demonstrar nada.

Ela só fez um drink decente — Dei de ombros, tentando parecer indiferente. — Diferente dessa porcaria cara que servem aqui.

Aham — Kaleb deu um risinho.

Ignorei a provocação e encarei Anthony.

Podemos ir embora? Ou vocês querem mais uma rodada de humilhação pública?

Você sabe que pode fugir do casamento, né? — Anthony riu.

Minha risada seca ecoou pelo corredor.

Posso? Não pareceu uma opção quando meu pai e seu sócio decidiram por mim.

Liam me observou por um momento antes de perguntar:

E Samantha? Você já falou com ela sobre isso?

Meu corpo enrijeceu.

Ela sabe que é só um contrato — minha voz saiu firme, mas algo dentro de mim se remexeu desconfortável.

Kaleb bufou.

Cara, ela  te ama há anos, não é? Isso não vai acabar bem.

Não há escolha, e vocês sabem disso — suspirei, sentindo a irritação crescer.

Liam assentiu, mas seu olhar dizia que ele não estava totalmente convencido.

Anthony, no entanto, ainda parecia se divertir às minhas custas.

Bom, casamento de conveniência ou não… você parecia muito mais interessado naquela bartender do que na sua própria noiva.

Por uma fração de segundo, meu corpo ficou tenso e eu congelei. Eu não poderia, de jeito nenhum, admitir que Anthony estava certo. Então, passei por ele e joguei um sorriso convencido.

A bartender? — ergui uma sobrancelha. — Ela foi um momento de diversão, nada além disso.

Enquanto dizia isso, meus olhos involuntariamente voltaram para o bar.Foi quando  a vi. Luna… Ela estava sorrindo.

Não para mim, e sim para uma garota que segurava um drink colorido nas mãos. Algo que ela disse fez a cliente gargalhar e eu vi, por um breve instante, o brilho autêntico em seus olhos.

Ela tinha algo tão diferente… tão real. 

Era só eu desviar o olhar e seguir em frente, mas algo dentro de mim resistiu. De alguma forma inexplicável, eu sabia que aquela não seria a última vez que nossos caminhos iriam se cruzar.

Algumas conexões simplesmente não podem ser evitadas.

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