Jacob Alexander Lancaster
Eu não devia estar fazendo isso. Definitivamente, não.
Quando voltei ao bar e vi Luna inclinada sobre o balcão, rindo de algo que a cliente dizia, minha decisão foi instantânea.
O sorriso dela era aberto, iluminado, completamente despreocupado. Diferente de tudo que eu estava acostumado. Diferente da minha vida sufocante, das regras e obrigações que me cercavam.
Ela me viu antes que pudesse me aproximar, um sorrisinho travesso surgiu em seus lábios rosados.
— Ora, ora… O melhor amigo do herdeiro mimado voltou para mais um drink?
Cruzei os braços e me apoiei no balcão, estreitando os olhos para ela.
— Na verdade, eu quero fugir.
— Fugir? — ela arqueou uma sobrancelha e perguntou, divertida.
— Exato — olhei rapidamente para os lados e me inclinei mais perto. O perfume dela era uma mistura de baunilha e algo cítrico. Instigante. — Você pode me ajudar?
Ela riu baixinho, meneando a cabeça em negação, enquanto me analisava de cima a baixo, provavelmente tentando decidir se eu estava falando sério ou se era só mais um cliente entediado, buscando distração.
— E para onde, exatamente, o grande Kaleb pensa em fugir?
Segurei seu olhar e dei um sorriso torto.
— Para onde você quiser me levar.
Os olhos dela brilharam.
— Hmm… Isso parece perigoso.
— A vida é perigosa.
Ela suspirou teatralmente antes de continuar.
— Bom, já que insiste… — jogou o pano de lado, inclinou-se sobre o balcão e sussurrou: — Corra para a saída dos fundos. Te encontro lá em cinco minutos.
Depois disso, como se nada tivesse acontecido, virou-se e continuou servindo os clientes. Eu deveria ter voltado para a festa, ignorado esse ímpeto estúpido, mas ao invés disso…
Eu corri.
Luna apareceu pouco depois, trocando o avental por uma jaqueta de couro surrada por cima de um vestido, os cabelos presos num coque bagunçado e alguns fios soltos caindo sobre o rosto. Um visual simples e despojado. Ela sorriu ao me ver ali.
— Olha, você veio mesmo.
— Parece que sim — respondi, analisando-a.
Ela tinha uma confiança natural, uma energia que parecia iluminar qualquer lugar que estivesse. Enquanto isso, eu me pegava cada vez mais curioso sobre quem ela era.
— Certo, Kaleb… — ela entrelaçou os braços nos meus. — Vamos a um lugar mais interessante.
E eu fui.
O bar para onde ela me levou era pequeno, lotado e muito mais interessante do que aquele clube pomposo de onde eu tinha fugido. O som de uma banda tocando algo entre rock e blues preenchia o ambiente e o cheiro de cerveja, misturado ao tabaco, impregnava o ar.
Luna me guiou até o balcão e, antes que eu percebesse, já estávamos sentados, rindo, bebendo e conversando como se fôssemos velhos conhecidos. Ela batia os dedos na mesa no ritmo da música, mordia o lábio quando pensava e tinha um jeito intrigante de arquear a sobrancelha quando ouvia algo interessante.
Eu me pegava observando cada detalhe.
— Então… — ela pegou o copo e me olhou por cima da borda. — Como é ser o melhor amigo de um herdeiro milionário?
Suspirei, girando meu copo entre os dedos.
— Entediante.
— Pobre garotinho rico — ela sorriu.
Ri, balançando a cabeça.
— Agora você, qual é a sua história?
Ela mordeu o lábio pensativa e desviou os olhos por um segundo.
— Digamos que não sou uma herdeira milionária, muito menos a melhor amiga de alguma.
— Eu percebi.
Ela riu e, por um momento, ficamos em silêncio.
Era um silêncio confortável.
Havia algo nela que me intrigava. A forma como falava, como movia as mãos, como parecia absorver tudo ao seu redor. Eu queria saber mais, queria poder descobrir e antes que pudesse dizer alguma coisa, mesmo hesitante me aproximei.
Por um segundo, meus olhos buscaram os seus, como se perguntasse, silenciosamente, se era certo fazer aquilo. E como se todas as forças do universo conspirassem para que acontecesse…
Eu a beijei!
Foi impulsivo, sem aviso, mas absolutamente certo. O calor da sua boca tomou conta de mim no mesmo instante e meu coração acelerou dentro do peito. Eu a puxei pela cintura, aprofundando o beijo, sentindo o gosto do álcool e da provocação em seus lábios.
O bar desapareceu. O mundo desapareceu. Tudo que existia era o calor do corpo dela contra o meu, o cheiro do perfume misturado ao leve toque de whisky em sua pele.
Luna puxou meu rosto, deslizando os dedos pelos meus cabelos. Eu segurei sua nuca, prendendo-a contra mim. Por um segundo, ela parou, os olhos marejados pelo efeito da bebida, os lábios entreabertos como se quisesse dizer algo, mas ao invés disso, ela voltou a me beijar.
Mais profundo. Mais intenso.
Quando percebemos… Já estávamos num motel.
Algumas noites não pedem permissão para acontecer, elas simplesmente acontecem.
Jacob Alexander LancasterO motel não era exatamente dos mais luxuosos. Longe disso, mas eu não dava a mínima, porque naquele momento eu apenas a desejava. Luna estava colada a mim e tudo, absolutamente tudo, parecia certo.Assim que cruzamos a porta do quarto, minhas mãos deslizaram por sua cintura fina, puxando-a para outro beijo. Dessa vez, sem hesitação, sem controle, sem volta.Luna riu contra a minha boca, os dedos ágeis já deslizando pelo tecido da minha camisa, antes de empurrá-la para fora do meu corpo. Seus olhos azuis fitaram meu peitoral e minha tatuagem fazendo um sorriso surgir em seus lábios. e ela logo disse:— Não sab
Luna HarrisonO primeiro pensamento que tive ao acordar foi que aquele travesseiro era quente demais.O segundo… Era que eu não estava deitada em um travesseiro.Meus olhos se abriram devagar, a luz do amanhecer entrando pelas frestas das cortinas do quarto de motel. O ar estava morno, carregado de um cheiro masculino misturado ao meu perfume. Foi aí que percebi: Eu estava deitada sobre ele!Meu coração disparou quando ergui a cabeça e vi o rosto adormecido de Jacob, ou Kaleb, nem sabia mais.Droga!Meu corpo estava completamente aninhado ao dele, como se fosse o lugar mais natural do mundo. Como se tivéssemos feito isso milhares de vezes
Luna Harrison — Você o quê?!A voz de Kate quase fez meu café escapar da xícara.— Fale baixo, pelo amor de Deus! — sussurrei, olhando ao redor do pequeno café onde estávamos sentadas.Kate não estava nem um pouco preocupada com a discrição. Ela me encarava como se eu tivesse acabado de confessar um crime.— Luna, isso é inacreditável! — ela continuou, gesticulando exageradamente. — Você, saindo com um riquinho que nem sabe ao certo o nome verdadeiro e terminando a noite num quarto de motel? Isso não é algo que minha amiga Luna faria! Isso é algo que EU faria! O que foi que aconteceu com você?Eu revirei os olhos, corando ao levar a xícara aos lábios.— Pare com isso! — murmurei, desviando o olhar.— Não! Eu exijo saber o que fizeram com a minha amiga! — ela estava se divertindoSuspirei, mordendo o lábio inferior, hesitante. Como eu poderia explicar para Kate algo que nem eu mesma conseguia entender?— Eu não sei… foi diferente.— Diferente como? — Kate ergueu uma sobrancelha, intere
Jacob LancasterO ar da noite estava carregado de promessas que ele não queria cumprir. Ao estacionar diante da imponente mansão da família Taylor, Jacob soltou um suspiro pesado. Passou as mãos pelo volante, tentando dissipar a sensação incômoda que o acompanhava desde o início da noite.Ele desceu do carro e caminhou até a porta principal. Ao tocar a campainha, a porta se abriu quase imediatamente.Samantha estava ali, sorridente e deslumbrante em um vestido vermelho justo que se moldava ao seu corpo como uma segunda pele. Seus cabelos loiros caíam em ondas perfeitamente estilizadas e o brilho em seus olhos era inconfundível: esperança.— Você está lindo. — Samantha deslizou a mão suavemente pelo peito dele, deixando os dedos repousarem ali por um segundo a mais do que necessário antes de entrelaçar o braço ao seu.— Você também. — Jacob forçou um sorriso.Os dois caminharam em direção ao carro e ele abriu a porta para ela, mantendo a fachada de um noivo perfeito, enquanto sua mente
Jacob LancasterO ar fresco da manhã bateu em seu rosto como um tapa gelado. Jacob caminhava pelas ruas quase sem rumo, as palavras de Samantha ainda ecoando na sua cabeça como um veneno que se recusava a ser expurgado.Ela o havia drogado. Manipulado. Tentado prendê-lo de uma forma tão suja e desesperada que fazia seu estômago revirar. Como ele foi tão estúpido a ponto de aceitar aquele último drink na casa dela? Como pôde se deixar cair tão facilmente na armadilha que ela montou?Mas agora estava claro. Era um jogo de poder que ele precisava vencer.Seu celular vibrou no bolso, mas ele ignorou. Sabia exatamente quem estava tentando ligar. Samantha não iria desistir tão fácil. Não depois do que fez.Jacob entrou em seu carro e dirigiu sem destino por horas, tentando organizar os pensamentos. Mas o gosto amargo da traição de Samantha continuava lá, impregnado em sua boca como um veneno impossível de ser cuspido.E se ela fosse realmente capaz de arruinar sua vida? Falsas acusações, men
As semanas que se seguiram foram um turbilhão de emoções para Jacob e Luna. Depois daquela noite mágica na praia, onde os dois se amaram com uma intensidade que os deixou sem fôlego, eles não conseguiram mais se afastar.Os encontros se tornaram frequentes e deliciosamente intensos. Jacob aparecia no bar onde Luna trabalhava quase todas as noites, e eles saíam juntos assim que seu expediente terminava. Caminhavam pela cidade, compartilhavam refeições simples ou apenas dirigiam sem rumo, conversando sobre tudo e rindo como se fossem as únicas pessoas no mundo.A conexão entre eles era poderosa e inegável. Jacob nunca se sentiu tão vivo como quando estava ao lado de Luna. Ela o fazia esquecer de tudo, dos problemas, das responsabilidades, das sombras que carregava consigo.Mas também havia algo que ele não conseguia esquecer. Algo que o corroía por dentro cada vez que olhava para Luna e via a confiança brilhando em seus olhos.Jacob estava noivo. Por mais que para ele tudo estivesse term
O sol brilhava intensamente no céu azul, refletindo nas águas cristalinas da piscina do clube exclusivo. Risadas femininas se misturavam ao som das taças de champanhe se chocando em brindes animados. Samantha era o centro da atenção, cercada por suas amigas, todas ansiosas para ouvir os detalhes do encontro que tiveram na noite passada.— Conte tudo, Sam! Como foi a noite com o homem mais desejado da cidade? — disse Clara, com seus olhos brilhando de curiosidade.Samantha sorriu de maneira provocativa, brincando com a borda da taça de champanhe antes de falar.— Foi… intenso e como sempre, inesquecível.As amigas suspiraram em uníssono, animadas.— Ah, eu sabia! — exclamou Bianca, empolgada. — Sempre achei que você e Jacob iam acabar juntos, vocês sempre tiveram essa química insana!Samantha jogou os cabelos loiros para trás, adorando ser o centro das atenções.— Foi como se nunca tivéssemos nos separado. Ele ainda sabe exatamente como me tocar, como me fazer perder o controle. Foi uma
Jacob segurou a mão de Luna com firmeza enquanto a conduzia até o carro. O toque dele era quente, protetor, como se nada no mundo pudesse machucá-la enquanto ele estivesse por perto. E, de certa forma, aquilo era verdade.Sem dizer uma palavra, ele abriu a porta para ela entrar e logo ocupou o assento do motorista. O silêncio que se instalou durante o percurso era pesado, mas não desconfortável. Era como se ambos estivessem processando o que havia acabado de acontecer.Jacob dirigia com o maxilar travado, os dedos apertando o volante com força suficiente para deixar os nós dos dedos brancos. A imagem de Thomás sorrindo para Luna ainda queimava em sua mente, o desejo de quebrar aquele desgraçado ainda pulsava por todo o seu corpo.— Jacob… — A voz de Luna saiu baixa, quase um sussurro.Ele desviou o olhar da estrada e encontrou os olhos dela. O medo que havia nela, o alívio, a gratidão… tudo se misturava em uma expressão que o atingiu como um soco.— Está tudo bem agora. Eu estou aqui.