Jacob Alexander Lancaster
É incrível como sua vida é capaz de mudar de uma hora para outra, em fração de segundos, principalmente quando existe dinheiro envolvido.
O relógio marcava sete da noite, mas eu ainda estava preso na minha sala, encarando a cidade iluminada pela vista panorâmica do meu escritório. Meu maxilar ainda estava tenso, e a caneta em minha mão girava entre os dedos em um movimento automático.
Eu estava puto.
As palavras do meu pai ainda ecoavam na minha mente, irritantes e constantes, como uma m*****a martelada.
“Você tem que pensar na imagem da empresa, Jacob. Você precisa de estabilidade. Precisa de uma esposa.”
Soltei uma risada seca, amarga e repeti:
--- Precisa de uma esposa.
Como se casamento fosse uma m*****a estratégia de marketing.
Fechei os olhos, respirando fundo. Meu pai e seu sócio estavam determinados a forçar essa união para promover minha imagem no mercado internacional. Investidores tradicionais valorizavam líderes com “vida pessoal estável”, e, aparentemente, eu sozinho não era o suficiente para sustentar o império que eu mesmo ajudei a construir.
A Diamonds Blue, é considerada uma das maiores empresas mineradoras de diamantes do mundo. O nosso slogan é “ Um diamante é para sempre.” Nossa empresa controla o mercado de pedras preciosas a gerações e desde jovem fui preparado para assumir o legado de minha família. Mas agora eles determinam que não sou suficientemente capaz se não for casado.
Pura hipocrisia!
E então, como num passe de mágica, Samantha foi escolhida.
Linda, sofisticada, o tipo de mulher que qualquer um olharia duas vezes. Mas para mim? Ela não significava nada.
Nada além de uma lembrança de um relacionamento curto e conturbado, marcado pelo seu ciúme obsessivo e controle sufocante.
Eu não queria isso.
Eu não queria ela.
Mas agora? Não havia muita escolha.
Poderia ter dito não, poderia ter batido o martelo e recusado, mas isso significaria mais discussões, mais chantagens, mais brigas. E eu estava cansado. Então, encarei meu pai nos olhos e disse:
— Três anos.
Ele franziu o cenho.
— O quê?
Cruzei os braços, mantendo a voz firme:
— Eu aceito esse casamento. Mas será por três anos, nada mais.
Meu pai estreitou os olhos e retrucou:
— Isso não é um contrato comercial, Jacob. É um casamento.
Soltei uma risada baixa.
— Isso não é um casamento, pai. É exatamente isso que você disse: um contrato. Então, se querem que eu me case, terá prazo de validade. E quando esse tempo acabar… eu quero estar livre.
Um silêncio pesado se instalou entre nós.
Meu pai suspirou, mas assentiu.
— Muito bem.
E foi assim que eu vendi três anos da minha vida em troca de paz.
Mas algo dentro de mim dizia o destino reservava algo para minha vida.
Porque algumas alianças não são feitas de amor, são feitas pelo poder.
✲ ✲ ✲
Luna Harrison
Custei a dormir na noite passada, as lembranças da noite anterior me invadiram durante toda madrugada, apenas para me atormentar. Acordei pela manhã e fui com Kate até o hospital, ela insistiu que eu fosse até a delegacia dar parte do Thomás, mas não queria ter que olhar novamente para meu pai nem ninguém daquela casa, então preferi deixar que o destino o fizesse pagar pelo o que ele fez. Kate era amiga de uma médica, uma senhora muito gentil que me acolheu como uma mãe. Chorei em seus braços e contei o que tinha acontecido, apenas ocultando que sabia quem tinha sido o meu abusador. Ela me entregou uns comprimidos, para evitar uma gravidez indesejada, por mais que ele tenha usado camisinha, não queria correr o risco de acabar engravidando. Também recebi outros medicamentos, que tratavam algumas DSTs ( doenças sexualmente transmissíveis) e acima de tudo, pude conversar com uma psicóloga.
Kate foi até a minha antiga residência, precisava pegar algumas coisa que me pertenciam, coisas que me foram dadas por minha mãe. Fiquei ainda mais surpresa quando ela me disse que em momento algum ele perguntou por mim, chorei por ele uma última vez e decidi que agora viveria a minha vida e esqueceria o meu passado.
Uns meses se passaram e aprendi a usar a minha dor e transformar em força. Estudava durante o dia na universidade de Londres, fazia pedagogia. Sempre sonhei em me tornar professora seguir os passos de minha falecida mãe. À noite, Kate conseguiu um emprego bacana para mim, numa das boates mais conceituadas de Londres: “The Balantines”. Eu era bartender, trabalhava preparando drinks. No início foi bem engraçado, eu não sabia fazer absolutamente nada, mas tudo na vida é foco e determinação e eu tive a ajuda de um grande amigo, o David.
David era um jovem ruivo que estudava veterinária, ele foi paciente e me ensinou tudo o que eu sei hoje, Kate afirma que ele gosta de mim, mas no momento a última coisa que quero é relacionamentos.
— Luna amiga, preciso de sua ajuda!
— Oi Emily, o que houve?
— Hoje terá um evento privado na boate, e eu não poderei participar, tenho um trabalho na faculdade para apresentar e não posso faltar.
— Mas Emily, você é a mais antiga e mais experiente, eu não sei se…
— Luna, todos no clube adoram o seu trabalho. Inclusive eu já falei com Ethan e ele ficou de te ajudar.
— Mas e o Armand?
— Já resolvi com ele também. Inclusive uma de suas exigências era que fosse você a me substituir.
— Sério?
— Luna, só você não percebe? Você em apenas quatro meses conseguiu o que muitas outras garotas que estão aqui a mais tempo não conseguem: admiração!
— Tudo bem, pode contar comigo!
— Eu sabia que não me deixaria na mão.
— E esse evento?
— E uma despedida de solteiro, o herdeiro do império dos diamantes. Fiquei sabendo que ele é um gato, é uma pena que com apenas vinte e quatro anos seja obrigado a casar.
— Casamento deveria ser por amor, nunca como um contrato.
— Concordo, mas enfim, o evento começa às 22:00 mas você deve chegar antes das 20:00 para preparar os drinks.
— Pode contar comigo!
— Obrigada Luna, fico te devendo essa!
Só que o que Luna não imaginava, era que novamente o destino está prestes a lhe pregar mais uma peça, uma que mudaria seu futuro completamente.
Jacob Alexander Lancaster O néon vermelho e azul piscava incessantemente, refletindo nas paredes escuras do clube exclusivo onde minha despedida de solteiro estava acontecendo. O ar cheirava a whisky caro, perfume doce e tentação.A música pulsava em um ritmo lento e sensual, enquanto dançarinas se moviam nos palcos com uma desenvoltura calculada. Era exatamente o tipo de festa que meus amigos achavam que eu queria.Eles não me conhecem, na verdade, eu odiava.— Vamos lá, Jacob, só um showzinho particular… nada demais! — dizia Kaleb, um dos meus melhores amigos e o mais insistente, enquanto me empurrava em direção a um canto mais reservado, onde um grupo de strippers nos olhava como predadoras famintas.Rolei os olhos.— Não estou interessado.— Não seja um puritano, cara! É sua última noite de liberdade!— Liberdade? --- soltei uma risada seca. — Apenas serei um homem realmente livre daqui três anos. — Cara, pelo menos é a Samantha, e se fosse outra mulher?— A Samantha… pode casa
Jacob Alexander Lancaster Apoiei as costas contra a parede fria do corredor dos fundos, soltando um suspiro pesado. O barulho da boate ainda vibrava ao fundo, abafado pelas paredes grossas, mas ali estava um pouco mais silencioso. Então, percebi algo estranho: Eu estava sorrindo.Não era um daqueles sorrisos treinados, forçados, que eu usava em reuniões de negócios ou eventos sociais, era um sorriso genuíno. O mais impressionante é que foi tudo por causa de uma bartender atrevida que me olhou nos olhos e disse, sem hesitar, que eu era um riquinho mimado, imagina se ela soubesse que eu sou o noivo? Noivo…É incrível que nos dias de hoje ainda existam casamentos por contrato, ao invés de evoluirmos, estamos dando um passo para trás. Patético isso, não? Levo o copo aos lábios e degusto a minha bebida. — Que porra é essa que estou tomando? — olho para meu copo tentando decifrar o que estou tomando e não consigo deixar de pensar nela. “Luna”… O nome dela ecoou na minha mente e
A chuva castigava Londres naquela noite, transformando as ruas em espelhos d’água que refletiam o brilho frio dos relâmpagos. Os trovões ressoavam como um aviso sombrio, como se o próprio universo tentasse alertar sobre o que estava prestes a acontecer.Dentro da maternidade, os corredores estavam agitados. Médicos entravam e saíam das salas de parto, enfermeiras corriam para lá e para cá, os gritos de mulheres em trabalho de parto se misturavam ao som da tempestade.Naquele hospital, duas mulheres estavam prestes a dar à luz. Duas mães, dois destinos… e um segredo que jamais poderia ser revelado.Luna HarrisonO grito escapou dos meus lábios assim que outra contração intensa rasgou meu corpo. Eu me contorcia na maca, segurando o lençol com força enquanto as enfermeiras me levavam às pressas para a sala de parto.— Respire, Luna. Está indo bem, logo seus bebês estarão nos seus braços. — disse o médico ao meu lado, tentando manter a calma.Mas eu não conseguia. Era cedo demais, muito c
Dizem que na vida só temos a certeza da morte. Mas eu tinha outra: A de que meu destino havia mudado para sempre. — Ele abusou de mim, pai. Eu… eu…PlaftSinto o rosto arder pelo tapa que levei no rosto, mas nada se compara a dor que sinto dentro do peito. Meu pai, aquele que deveria me proteger das mazelas do mundo, cuidar de mim, não acreditava no que eu dizia. — Você é uma dissimulada e mentirosa como sua mãe. Thomás jamais faria isso com você, Luna. Como você pode… saia da minha casa, a partir de hoje não é mais minha filha! Encaro a figura alta bem diante de mim. O homem de cabelos loiros iguais aos meus, seus olhos verdes sempre me lembravam um par de esmeraldas. Não consigo exteriorizar a dor dilacerante que corta minha alma. Sem dizer uma única palavra, dei às costas e saí daquela casa. A casa que pertenceu à minha mãe, onde fui feliz até meus oito anos, depois disso o destino cruel levou a levou, vítima de câncer de mama. Eu saí sem levar nada, apenas minha bolsa com meu
Existe um ditado que diz “Palavras confortam a mais profunda dor”. Eu discordo, acredito que um abraço envolvente,sincero, vale mais que mil palavras. Saio da ponte de Westminster correndo e deixo o homem que acabou de me impedir de fazer uma burrada para trás. “Meu Deus, o que eu ia fazer?”Não posso dar fim à minha vida, preciso ser forte e sobreviver a tudo isso, não por mim, mas pela memória de minha mãe! Fecho o sobretudo no meu corpo e vou para o único lugar onde sei que serei acolhida: a casa da minha melhor amiga, Kate. Desde pequena somos melhores amigas, apesar das tentativas da minha madrasta de nos afastar. Segundo ela, Kate não era do meu “nível social”, tolice. Sempre duvidei dos verdadeiros sentimentos de Ingrid em relação ao meu pai. Não que fossemos ricos mas, comparado a ela, tínhamos uma condição de vida muito superior. Depois da morte da minha mãe, passados seis meses, ela chegou na nossa casa. Quando a vi, pensei que pudesse amá-la como uma mãe, mas a decepçã