Existe um ditado que diz “Palavras confortam a mais profunda dor”. Eu discordo, acredito que um abraço envolvente,sincero, vale mais que mil palavras.
Saio da ponte de Westminster correndo e deixo o homem que acabou de me impedir de fazer uma burrada para trás.
“Meu Deus, o que eu ia fazer?”
Não posso dar fim à minha vida, preciso ser forte e sobreviver a tudo isso, não por mim, mas pela memória de minha mãe!
Fecho o sobretudo no meu corpo e vou para o único lugar onde sei que serei acolhida: a casa da minha melhor amiga, Kate. Desde pequena somos melhores amigas, apesar das tentativas da minha madrasta de nos afastar. Segundo ela, Kate não era do meu “nível social”, tolice.
Sempre duvidei dos verdadeiros sentimentos de Ingrid em relação ao meu pai. Não que fossemos ricos mas, comparado a ela, tínhamos uma condição de vida muito superior.
Depois da morte da minha mãe, passados seis meses, ela chegou na nossa casa. Quando a vi, pensei que pudesse amá-la como uma mãe, mas a decepção veio nas semanas seguintes do casamento, quando ela foi clara ao dizer que nunca seria minha mãe.
Durante muito tempo, tentei ter uma relação saudável com Thomas, mas confesso que ele me dava medo. Para o meu pai, era o filho perfeito, já eu, sabia que por trás da pose de bom moço, existia um garoto cruel e problemático. Mesmo assim, confesso que nunca imaginei que ele fosse capaz de tal ato. Apesar das insinuações, dos olhares, das brincadeiras de mal gosto, jamais imaginei que ele faria o que fez.
Não posso mais pensar nisso, não quero mais pensar. A partir de hoje não sou mais Luna Harrison Thompson, sou apenas Luna Harrison.
Paro diante do prédio onde minha melhor amiga mora e, naquele instante, sinto uma vontade imensa de colocar para fora tudo que estava preso.
Estou parada na frente da porta da minha amiga, mas hesito tocar sua campainha. Sinto vergonha… vergonha de contar o que aconteceu, de como minha vida vai ser de agora em diante. Kate parece pressentir. Ela abre a porta e seus olhos castanhos me encaram com pesar…somos tão amigas que ela sabe, estar aqui a essa hora, no dia de hoje, significa que algo muito ruim aconteceu.
— Luna o que…?
Não consigo mais segurar e me jogo nos braços de Kate, sentindo todo o meu corpo estremecer. Minhas lágrimas caem como cascatas no meu rosto e pela primeira vez, depois de anos, sinto que estou segura.
Jacob Alexander Lancaster
Droga, droga, droga!
Não consigo acreditar no que estava prestes a fazer com a minha vida. Jamais imaginei que me casaria tão jovem, o pior não é o casamento, mais casar com alguém que não amo.
Nesses vinte e quatro anos de vida, nunca conheci uma garota que realmente valesse a pena. Namorei, me envolvi, transei com algumas… mas nenhuma delas fez algo dentro de mim estremecer.
Talvez, pelo fato de eu ser quem eu sou, o herdeiro de um império de diamantes. Isso atrai mulheres que estão em busca da minha fortuna e de status.
Quero encontrar uma mulher que me ame pelo o que sou, não pelo o que tenho. Fiquei tão irritado com esse maldito acordo de casamento que sai, depois do jantar, caminhando pelas ruas de Londres. É madrugada, o frio está congelante. Aperto o meu sobretudo contra o corpo na tentativa frustrada de me aquecer. Suspiro fundo e encaro o céu sem uma única estrela.
— É Jacob, parece que vai chover!
Meus olhos azuis logo me levam até a ponte de Westminster. Vejo uma jovem de cabelos loiros parada, olhando para baixo. Sinto um frio percorrer a minha espinha e uma sensação ruim toma conta de mim. Sem demora, corro até ela e quando inclina o corpo para frente, seguro na sua cintura e a puxo para o chão.
— Não faça isso!
Ela me encara e percebo seus lindos olhos azuis marejados, parece assustada, perdida, isso, de certa forma, mexeu comigo. Preciso fazer alguma coisa.
— Por que fez isso?--- ela pergunta enquanto se levanta e enxuga as lágrimas que caem de seus olhos.
— Não podia deixar você se jogar.
— Você não tem nada a ver com isso!
— Olha… não sei o que aconteceu, mas se fizer isso, vai destruir não só a sua vida mas vai trazer dor a alguém.
— Eu… eu não tenho ninguém!
Sorri, sentindo a dor daquelas palavras invadirem minha alma.
“Como uma garota tão jovem poderia estar tão destruída?” — suspirei fundo e com um sorriso no rosto respondi:
— Todos tem alguém, acredite. Talvez ele apenas ainda não a tenha encontrado.
Ela hesita e abaixa a cabeça. Sinto o meu coração acelerado e fico atento, mas me tranquilizo quando ela diz:
— Obrigada…
Sorrio e tento me aproximar, mas ela levanta a mão nos afastando.
— Por favor… não!
Quando penso em dizer alguma coisa, ela sai correndo. Seu gorro branco cai e seus cabelos loiros surgem como cascatas douradas. Abaixei, peguei o gorro e, por reflexo, o levei ao rosto sentindo seu perfume. Só espero que tenha conseguido ajudá-la. Guardo o gorro dentro do meu sobretudo e volto a traçar o meu destino.
Algo dentro de mim dizia que a veria novamente.
Jacob Alexander LancasterÉ incrível como sua vida é capaz de mudar de uma hora para outra, em fração de segundos, principalmente quando existe dinheiro envolvido. O relógio marcava sete da noite, mas eu ainda estava preso na minha sala, encarando a cidade iluminada pela vista panorâmica do meu escritório. Meu maxilar ainda estava tenso, e a caneta em minha mão girava entre os dedos em um movimento automático.Eu estava puto.As palavras do meu pai ainda ecoavam na minha mente, irritantes e constantes, como uma maldita martelada. “Você tem que pensar na imagem da empresa, Jacob. Você precisa de estabilidade. Precisa de uma esposa.”Soltei uma risada seca, amarga e repeti:--- Precisa de uma esposa.Como se casamento fosse uma maldita estratégia de marketing.Fechei os olhos, respirando fundo. Meu pai e seu sócio estavam determinados a forçar essa união para promover minha imagem no mercado internacional. Investidores tradicionais valorizavam líderes com “vida pessoal estável”, e, ap
Jacob Alexander Lancaster O néon vermelho e azul piscava incessantemente, refletindo nas paredes escuras do clube exclusivo onde minha despedida de solteiro estava acontecendo. O ar cheirava a whisky caro, perfume doce e tentação.A música pulsava em um ritmo lento e sensual, enquanto dançarinas se moviam nos palcos com uma desenvoltura calculada. Era exatamente o tipo de festa que meus amigos achavam que eu queria.Eles não me conhecem, na verdade, eu odiava.— Vamos lá, Jacob, só um showzinho particular… nada demais! — dizia Kaleb, um dos meus melhores amigos e o mais insistente, enquanto me empurrava em direção a um canto mais reservado, onde um grupo de strippers nos olhava como predadoras famintas.Rolei os olhos.— Não estou interessado.— Não seja um puritano, cara! É sua última noite de liberdade!— Liberdade? --- soltei uma risada seca. — Apenas serei um homem realmente livre daqui três anos. — Cara, pelo menos é a Samantha, e se fosse outra mulher?— A Samantha… pode casa
Jacob Alexander Lancaster Apoiei as costas contra a parede fria do corredor dos fundos, soltando um suspiro pesado. O barulho da boate ainda vibrava ao fundo, abafado pelas paredes grossas, mas ali estava um pouco mais silencioso. Então, percebi algo estranho: Eu estava sorrindo.Não era um daqueles sorrisos treinados, forçados, que eu usava em reuniões de negócios ou eventos sociais, era um sorriso genuíno. O mais impressionante é que foi tudo por causa de uma bartender atrevida que me olhou nos olhos e disse, sem hesitar, que eu era um riquinho mimado, imagina se ela soubesse que eu sou o noivo? Noivo…É incrível que nos dias de hoje ainda existam casamentos por contrato, ao invés de evoluirmos, estamos dando um passo para trás. Patético isso, não? Levo o copo aos lábios e degusto a minha bebida. — Que porra é essa que estou tomando? — olho para meu copo tentando decifrar o que estou tomando e não consigo deixar de pensar nela. “Luna”… O nome dela ecoou na minha mente e
Jacob Alexander LancasterEu não devia estar fazendo isso. Definitivamente, não.Quando voltei ao bar e vi Luna inclinada sobre o balcão, rindo de algo que a cliente dizia, minha decisão foi instantânea.O sorriso dela era aberto, iluminado, completamente despreocupado. Diferente de tudo que eu estava acostumado. Diferente da minha vida sufocante, das regras e obrigações que me cercavam.Ela me viu antes que pudesse me aproximar, um sorrisinho travesso surgiu em seus lábios rosados.— Ora, ora… O melhor amigo do herdeiro mimado voltou para mais um drink?Cruzei os braços e me apo
Jacob Alexander LancasterO motel não era exatamente dos mais luxuosos. Longe disso, mas eu não dava a mínima, porque naquele momento eu apenas a desejava. Luna estava colada a mim e tudo, absolutamente tudo, parecia certo.Assim que cruzamos a porta do quarto, minhas mãos deslizaram por sua cintura fina, puxando-a para outro beijo. Dessa vez, sem hesitação, sem controle, sem volta.Luna riu contra a minha boca, os dedos ágeis já deslizando pelo tecido da minha camisa, antes de empurrá-la para fora do meu corpo. Seus olhos azuis fitaram meu peitoral e minha tatuagem fazendo um sorriso surgir em seus lábios. e ela logo disse:— Não sab
Luna HarrisonO primeiro pensamento que tive ao acordar foi que aquele travesseiro era quente demais.O segundo… Era que eu não estava deitada em um travesseiro.Meus olhos se abriram devagar, a luz do amanhecer entrando pelas frestas das cortinas do quarto de motel. O ar estava morno, carregado de um cheiro masculino misturado ao meu perfume. Foi aí que percebi: Eu estava deitada sobre ele!Meu coração disparou quando ergui a cabeça e vi o rosto adormecido de Jacob, ou Kaleb, nem sabia mais.Droga!Meu corpo estava completamente aninhado ao dele, como se fosse o lugar mais natural do mundo. Como se tivéssemos feito isso milhares de vezes
Luna Harrison — Você o quê?!A voz de Kate quase fez meu café escapar da xícara.— Fale baixo, pelo amor de Deus! — sussurrei, olhando ao redor do pequeno café onde estávamos sentadas.Kate não estava nem um pouco preocupada com a discrição. Ela me encarava como se eu tivesse acabado de confessar um crime.— Luna, isso é inacreditável! — ela continuou, gesticulando exageradamente. — Você, saindo com um riquinho que nem sabe ao certo o nome verdadeiro e terminando a noite num quarto de motel? Isso não é algo que minha amiga Luna faria! Isso é algo que EU faria! O que foi que aconteceu com você?Eu revirei os olhos, corando ao levar a xícara aos lábios.— Pare com isso! — murmurei, desviando o olhar.— Não! Eu exijo saber o que fizeram com a minha amiga! — ela estava se divertindoSuspirei, mordendo o lábio inferior, hesitante. Como eu poderia explicar para Kate algo que nem eu mesma conseguia entender?— Eu não sei… foi diferente.— Diferente como? — Kate ergueu uma sobrancelha, intere
Jacob LancasterO ar da noite estava carregado de promessas que ele não queria cumprir. Ao estacionar diante da imponente mansão da família Taylor, Jacob soltou um suspiro pesado. Passou as mãos pelo volante, tentando dissipar a sensação incômoda que o acompanhava desde o início da noite.Ele desceu do carro e caminhou até a porta principal. Ao tocar a campainha, a porta se abriu quase imediatamente.Samantha estava ali, sorridente e deslumbrante em um vestido vermelho justo que se moldava ao seu corpo como uma segunda pele. Seus cabelos loiros caíam em ondas perfeitamente estilizadas e o brilho em seus olhos era inconfundível: esperança.— Você está lindo. — Samantha deslizou a mão suavemente pelo peito dele, deixando os dedos repousarem ali por um segundo a mais do que necessário antes de entrelaçar o braço ao seu.— Você também. — Jacob forçou um sorriso.Os dois caminharam em direção ao carro e ele abriu a porta para ela, mantendo a fachada de um noivo perfeito, enquanto sua mente