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Capítulo 02 – Acolhida

Existe um ditado que diz “Palavras confortam a mais profunda dor”. Eu discordo, acredito que um abraço envolvente,sincero, vale mais que mil palavras. 

Saio da ponte de Westminster correndo e deixo o homem que acabou de me impedir de fazer uma burrada para trás. 

“Meu Deus, o que eu ia fazer?”

Não posso dar fim à minha vida, preciso ser forte e sobreviver a tudo isso, não por mim, mas pela memória de minha mãe! 

Fecho o sobretudo no meu corpo e vou para o único lugar onde sei que serei acolhida: a casa da minha melhor amiga, Kate. Desde pequena somos melhores amigas, apesar das tentativas da minha madrasta de nos afastar. Segundo ela, Kate não era do meu “nível social”, tolice. 

Sempre duvidei dos verdadeiros sentimentos de Ingrid em relação ao meu pai. Não que fossemos ricos mas, comparado a ela, tínhamos uma condição de vida muito superior. 

Depois da morte da minha mãe, passados seis meses, ela chegou na nossa casa. Quando a vi, pensei que pudesse amá-la como uma mãe, mas a decepção veio nas semanas seguintes do casamento, quando ela foi clara ao dizer que nunca seria minha mãe.

Durante muito tempo, tentei ter uma relação saudável com Thomas, mas confesso que ele me dava medo. Para o meu pai, era o filho perfeito, já eu, sabia que por trás da pose de bom moço, existia um garoto cruel e problemático. Mesmo assim, confesso que nunca imaginei que ele fosse capaz de tal ato. Apesar das insinuações, dos olhares, das brincadeiras de mal gosto, jamais imaginei que ele faria o que fez.

É só fechar os olhos que consigo lembrar de cada detalhe. A maneira que ele me abordou na festa, como seus amigos o ajudaram segurando minhas pernas e meus braços, as fotos comprometedoras que ele tirou, ameaçando espalhar pelas redes sociais se eu abrisse minha boca…mas eu não me calei e procurei a pessoa em quem mais confiava na vida, porém, ele não acreditou em nenhuma das minhas palavras. Isso foi o que eu precisava para cortar laços. 

A partir de hoje não sou mais Luna Harrison Thompson, sou apenas Luna Harrison. 

Paro diante do prédio onde minha melhor amiga mora e, naquele instante, sinto uma vontade imensa de colocar para fora tudo que estava preso. 

Estou parada na frente da porta da minha amiga, mas hesito tocar sua campainha. Sinto vergonha… vergonha de contar o que aconteceu, de como minha vida vai ser de agora em diante. Kate parece pressentir. Ela abre a porta e seus olhos castanhos me encaram com pesar…somos tão amigas que ela sabe, estar aqui a essa hora, no dia de hoje, significa que algo muito ruim aconteceu. 

Luna o que…? 

Não consigo mais segurar e me jogo nos braços de Kate, sentindo todo o meu corpo estremecer. Minhas lágrimas caem como cascatas no meu rosto e pela primeira vez, depois de anos, sinto que estou segura. 

Kate Stewart

A porta entreaberta permitia que a luz suave do corredor iluminasse o quarto onde Luna dormia, pelo menos tentava.

Eu podia ver a tensão em seus ombros, mesmo de longe. O peso do mundo inteiro sobre ela. A cada respiração dela, minha raiva aumentava. Como alguém pode passar por tudo o que ela passou e ainda ter que lidar com a dúvida do próprio pai?

Fechei os olhos, sentindo a revolta ferver no meu peito. As palavras que Luna me disse mais cedo ecoavam na minha mente como um pesadelo.

A dor.

A injustiça.

A m*****a verdade que ninguém queria enxergar.

Ainda assim, ela estava ali, carregando um fardo que não merecia.

Caminhei lentamente até a cama, ajoelhei ao lado dela puxando o cobertor com cuidado e cobrindo-a melhor. Meus dedos deslizaram suavemente por seus cabelos, afastando uma mecha de seu rosto abatido.

“Ela não merecia isso, ninguém merece”.

Apertei os lábios, engolindo a dor que insistia em subir pela minha garganta e  fiz o que sempre fizemos uma pela outra: Promessa.

Não se preocupe, amiga… Estarei sempre aqui.

Minha voz foi um sussurro, um juramento inquebrável, queria que ela acreditasse nisso. Eu queria que ela soubesse que, mesmo que o mundo inteiro voltasse contra ela, eu jamais faria isso. 

Para mim mesma, prometi que faria de tudo que estivesse ao meu alcance, para fazer Luna sorrir novamente.

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