O Cálice da hipocrisia— série Lewis II
O Cálice da hipocrisia— série Lewis II
Por: Nicolle
Lembranças parte 1.

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A visão do mundo atrás do olhar dócil e inocente de uma criança, da cores ao completo breu que pode ser a interpretação da realidade para um adulto.

Um simples momento, como o soprar do vento e o arrebatar das folhas, em seu gentil olhar. Se transformaria num espiral de Sakura.

E nada mais lindo que o desflorar das árvores de cerejeira e o cheiro doce no presente.

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Era mas uma noite como outra ...

Mamãe e papai estavam trabalhando e só voltavam ao despertar do crepúsculo. A volta da escola, eu ficava brincando com os meninos do bairro. E deixa-me dizer, eu gostava daquilo. Daquele sensação de liberdade que berrava no meu interior e me tornava imparável.

Era gostoso. Sair com os ranhetos e explorar cada sítio daquele pequeno bairro. Nos podíamos ser o que quiser, rei, rainha, cavaleiro, herói ou vilão...a nossa imaginação nós tornava invencíveis.

Me recordo que a coisa que eu mais gostava era parar no topo do monte e tagalerar, só para o vir o som do Eco. Repetindo tudo quanto dizia. Não sou eu gostava daquele, como grande partes das crianças do bairro. Eu era feliz!

...] Eu era feliz, ao menos naquele tempo nutria algum tipo de felicidade.

- Chegamos_ mamãe disse me envolvendo em seus braços, me fazendo inalar o  cheiro de vanila que vinha dela. O beijo na testa dado pelo meu pai me fazia sentir a criança mas especial no mundo.

Eles foram se trocar mamãe foi preparar o jantar, mesmo Papai a interrompendo com suas canções, me coração se enchia de felicidade quando via o quanto eles se amavam o quanto eles me amavam.

Me recordo de uma das nossas muitas canções...que era...mais ou menos assim...

]...da solidão fez seu bem

Vai terminar seu refém

E a vida pára também

Não vai nem vem

Vira uma certa paz

Que não faz nem desfaz

Tornando as coisas banais

E o ser humano incapaz de prosseguir

Sem ter pra onde ir

Infelizmente eu nada fiz

Não fui feliz nem infeliz

Eu fui somente um aprendiz

Daquilo que eu não quis

Aprendiz de morrer

Mas pra aprender a morrer

Foi necessário viver

E eu vivi

Mas nunca descobri

Se essa vida existe

Ou essa gente é que insiste

Em dizer que é triste ou que é feliz

Vendo a vida passar

E essa vida é uma atriz

Que corta o bem na raiz

E faz do mal cicatriz

Vai ver até que essa vida é morte

E a morte é

A vida que se quer

Papai me rodopiava no ar, fazendo uma dança dezegonçada, mamãe por vezes saia da cozinha e se juntava a nós. O jantar estava pronto o aroma da sua comida enchia meus pulmões, não havia melhor comida que dá minha mãe, desejava um dia poder cozinhar como ela. Para mim ela tinha mãos de fada.

Quando o relógio marcou dez da noite nos fomos nos deitar eu ainda era pequena devia ter meu oito anos na época, tinha medo de dormir sozinha eu meus pais não se importavam de dormir junto comigo. 

Naquela noite eu não conseguia dormir, uma sensação estranha passava por mim fazia eu me revirar na cama, parecia ter formigas na minha barriga e o relógio parecia ressoar mais alto que o normal.

Me foquei nós braços quentes dos meus pais, eu estava dormindo finalmente até ouvirmos alguém batendo a porta, papai foi o primeiro a se colocar em pé, mandou eu e mamãe ficarmos no quarto sem se mexer. Creio que ele não tenha aberto a porta porque de seguida ouvimos um grande estrondo, a porta tinha sido arrombada, mamãe mandou eu me meter em baixo da cama enquanto ela colocava o armário contra a porta, mas foi invão.

Os invasores quebraram a porta eu vi minha mãe sendo esfaqueada eu queria a proteger a abraçar e chorar mas seu olhar dizia para eu ficar quieta. Mordi meu lábio inferior até sangrar, os invasores pegaram tudo e por final incendiaram a casa. Eu queria morrer junto dos meus pais, mas o grito do meu pai ordenado que eu saísse da casa em chamas me deu forças para sair, tudo queimou, a minha vida, os meus pais, os meus sonhos, o meu mundo e eu.

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