Doce e amargo... Café!

Sendo sincero, não esperava que ela fosse aceitar o meu convite. É que do jeito que ela me ignorou nos últimos dias. O normal seria ela fingir que nem me viu e continuar rabiscado.

Confesso que isso acendeu uns chama de esperança dentro de mim. Mal via as horas passar para o final do expediente, não conseguia conter minha felicidade muito menos o riso bobo.

Emergi do meus pensamentos assim que o colapso com a realidade me trouxe até ela. Sua bela imagem sentada numa das cadeiras do café. Seu olhar distraído, como uma criança que saiu pela primeira vez a rua. Ela olha a tudo esmiuçadamente.

— Boa noite Sushine.— falei me sentado de frente a ela — Como foi seu dia.

— Vamos direto ao ponto Dr. Caleb.

— Me chame só de Caleb.— disse mordendo os lábios. O som que sai de seus lábios me faz delirar. — Eu te chamei para um café lembra?

Sem esperar nenhuma resposta dela. Chamei um garçom para nós servir. Ela come tudo friamente, não esboça qualquer tipo de emoção. Como se simplesmente estivesse engulindo a refeição, sem degustar. 

— Agora não podemos falar?— perguntou assim que terminou sua refeição. E eu ainda nem estou na metade.

— Porquê tanta pressa Sushine? Deixou filhos em casa?

— Hahaha, tão engraçado Dr. Caleb.— ironiza.—  Vou lhe pedir para que não use alcunhas comigo pois não tenho intenção alguma de formar alguma afinidade consigo.

— Você é muito séria Sushine. Não devia levar a vida tão a pico. Não quer me contar um pouco sobre você?

—Eu aceitei pelos simples fato de querer avisar-te para manter distância da minha pessoa pois não estou tão pouco interessada em procriar de seu lado. Sem quem você é e sua família. Sei muito bem que maldição vem junto também.

Suas palavras me deixaram boquiabertos. Uau, não imaginei que ela soubesse da maldição. Está explicado o comportamento regressivo dela. É. Talvez, ela só não queria se juntar a uma família problemática. Eu sinceramente entendo seu lado, mas sou egoísta demais para aceitar.

— Ótimo. Então podemos saltar as apresentações e partir para acção não acha?— pisquei para ela.

— Você só pensa com as cabeças de baixo?— sua pergunta soou debochada e cínica, mais não me contive na risada.

— Não pensei que tivesse senso de humor, Sushine.

— Alcunha, Denominação dada com base numa característica. Sushine acrônimo com significa raio de sol.— sério que ela está vendo significado de tudo isso na Net. Em meio a um encontro? Uau, essa é nova — Um apelido que de fato não condiz com a minha pessoa.— continuei olhando para seus olhos apaixonado, sem dar importância para suas palavras— e seu olhar de débil metal significa que não entendeu nada do que falei. Ao menos, estás avisado.— declarou se levantando,mas segurei sua mão.

— Espera. Fica mais um pouco. Eu gosto de sua presença.

— Sua sinceridade me enjoa e sua ignorância é uma característica dos Lewis.

— Mas porque você corre para me agredir verbalmente? O que eu te fiz? Apesar deu gostar de você suas ofensas me incomodam.

— Que bom. Quem sabe você larga do meu pé.— puxou sua mão e se retirou. Passei a língua pelos lábios incrédulo e dei um riso nasal. Coloquei o valor do que consumimos na mesa e me retirei.

(...)  

A beleza um tanto exótica de Annie não chama só a minha atenção, eu consigo ouvir o que seus colegas comentam sobre ela.

Não que eu seja intrometido, nem nada, mais não posso fechar meus ouvidos a tais informações.

Simplismente não me preocupo com esses precipitados, minha missão é ser discreto e chamar sua atenção. O que tem sido difícil, já que grande parte do tempo passo dentro do meu escritório ou fora da cidade.

Até mesmo quando me concentro no meu trabalho, minha mente vacila e trás seu lindo rosto até mim. Nas poucas vezes que nos cruzamos, torço o pescoço e disfarço. Ela me olha como se fosse me dar uma chance, mais sua postura é de poucos amigos.

A minha saída do trabalho, quando passava pela estação, de tantas mulher a garota morena chamou minha atenção.

— Entra que te acompanho.— falei baixando os vidros do carro.

— Eu dispenso.

— Eu não vou te fazer nada.... Eu já entendi que você não quer nada comigo e eu respeito isso. Só, não sou o tipo de chefe que vem seus funcionários sofrendo e deixa barato. Entra! — ela olhou fixamente para mim como se quisesse ler meus pensamentos. Pode tentar, não vai conseguir, eu quando quero algo eu consigo.

— Está bem.— disse entrado no carro.

— Onde você vivi?

— Rua Mile.

— Uau, bem distante. Já pensou em comprar um carro?

— Eu não preciso de um.

— Sério? Não é o que parece. Sofrer constantemente no ônibus não deve ser fácil. Mas você quem sabe.— ela me olhou desconfiada — Se importa se eu colocar música?

— O carro é seu, faça o que quiser.

— Você não respondeu a minha questão. Se importa se eu colocar música.

— E eu já disse, o carro é seu faça o que bem entender.

Dei um riso debochado.

— Senhora você não respondeu a minha questão.

Ela me olhou incrédula.

— Não, não me importo. — bufou indignada.

Para minha sorte no dia seguinte tive a mesma sorte de a encontrar na estação.

— A quanto tempo trabalha como enfermeira?

— Pouco tempo. Não faz muito tempo que terminei o meu curso. 

— Você não é daqui né?

— Não.

— Pensa em voltar?

— Sim.

Respostas curtas e secas. Bem difícil manter uma conversa com ela, mas isso não me intimida. Também, quanto mais difícil melhor.

Pelo menos ela já não me ignora completamente no hospital, responde as minhas saudações. E isso me anima. Apesar, deu querer mais que isso, e sempre que tento arranjar tempo no meio do expediente para conversar com ela, surge um imprevisto.

Qualé Deus? Não vai ficar do meu lado?

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