Capítulo 03

Liz

 — Como?

 — Eu vi em um jornal que ele já tinha chegado aqui — tentei mentir. 

— Ah, sim! — Bruno pareceu acreditar. 

 — Fala para ele só assinar os documentos. Quero viver minha vida, apenas isso. Diga o que for necessário!  — disse com a voz firme.

 — Olha, Liz, eu vou tentar. Porém, não garanto nada. O senhor McNight tem um gênio muito forte. 

 — Isso era porque ele nunca me viu brava. 

 — Vou ver o que consigo, certo? — O olhar do advogado carregava uma certeza de que não daria certo a sua tentativa. — Eu te ligo. 

 — Agradeço muito! 

Bruno se levantou e foi em direção à porta. 

Será que meu marido era um “demônio”? Todos que falam dele parecem temê-lo.  

Sandra voltou com o meu chá que, diga-se de passagem, era de boldo, ou seja, horrível, mas tive que tomar tudo, pois não queria contar para ela o que havia acontecido, de fato. 

***

Passei o sábado todo em casa, mas continuei pensando nele. Ainda bem que o Petter e a Sandra estavam comigo. Como de costume, estávamos nós três na sala, maratonando Supernatural e comendo pipoca.

— Liz, quando quiser me contar o que está acontecendo, era só falar.  — Sandra fala com preocupação.

— Obrigada. — Me aconcheguei no abraço dela.  

— Menina. — Petter me chama.

— Oi, Petter! 

— Eu e a Sandra vamos jantar em um restaurante hoje. — Ele faz uma pausa. — Quer nos acompanhar? 

— Não — respondi de pronto, pois não poderia atrapalhar um momento tão deles.

— Tem certeza? Nós também podemos ficar. — Sandra depositou um beijo em minha testa. 

— Não, Sandra, podem ir. — Ela hesitou por um segundo. — Não se preocupem, estou bem. E Ana me chamou para ir a uma festa hoje. 

— E você vai? 

— era claro. — Olhei a hora no relógio de parede da sala. — Aliás, preciso me arrumar. 

Dei um sorriso para ela, me levantei e fui na direção das escadas. 

— Ok. Talvez não voltemos hoje — Petter avisou enquanto eu subia os degraus. 

— Sem problemas! Aproveitem! — gritei do topo das escadas. 

Até eles têm encontros românticos... E eu?! Estou aqui, sem fazer nada devido a um mísero contrato, onde diz que não posso traí-lo, caso contrário, perderei uma porcentagem das empresas que meus pais tanto lutaram para conseguir.

Entrei no meu quarto e me joguei na cama. Encarei o teto imaginando as possíveis chances de Henry assinar aquele contrato sem me conhecer. Inúmeras possibilidades passaram pela minha mente, e, dentre todas, a mais absurda: ele se apaixonar por mim. Era só loucura da mente de uma mulher carente, mas confesso que tê-lo visto de perto despertou em mim algum tipo de sentimento. Continuei encarando o teto e não demorei para pegar no sono. 

Acordei com o meu celular tocando e olhei o visor: Ana. Já eram 1h da madrugada. 

— Ana? 

— Liz, venha para cá! — Ela soava bêbada. 

— O Igor...

— O professor gostosão está com aquela Britney — Sam gritou antes que Ana terminasse a frase. 

Assim como Ana, conheci Sam na faculdade, desde então, nós três, nos tornamos inseparáveis. Era bom ter alguém com quem pudesse contar, algumas coisas.

Será que a Ana comentou alguma coisa com a Sam?! 

— O que eu tenho com isso? 

— Venha, Liz, você nunca sai — Ana gaguejou. — Preciso de ajuda com o Igor. 

— Estamos naquela boate dos caras gostosões — Sam berrou e elas começaram a rir. — Ela está tirando a roupa. 

— Quem está tirando a roupa? — Meu Deus! Será que era a Ana?! — ANA! SAM! — Elas não responderam mais. — Não saiam daí. Já estou chegando. — Desliguei o celular e dei um pulo da cama. 

Sem muito tempo de pensar no que vestir, peguei um vestido azul justo, com um decote em V bastante generoso e com as costas abertas até a cintura, que eu estava guardando para uma ocasião especial. Como ela nunca chegou, resolvi usá-lo. Encarei meus sapatos e escolhi calçar saltos pretos meia pata. Não poderia usar alguma coisa mais alta, pois não sabia o que me aguardava. Resolvi não abusar na maquiagem, apenas o essencial: olhos bem delineados, cílios marcantes e um batom vermelho carmesim, para realçar meus lábios. 

Fui à garagem e entrei na Mercedes GLA branca. Amava carros brancos, e esse eu havia comprado assim que fiz dezoito anos. Odiava dirigir, mas, naquele momento, era o que eu teria que fazer. 

Se o senhor McNight pode ir à balada como solteiro, então à senhora McNight vai ensinar a ele que também sabe participar desse jogo

***

Cheguei à balada e uma fila imensa na entrada me fez bufar. Lembrei-me de que não precisaria ficar na fila, já que a boate era do pai do Pedro, um amigo querido. E

Aproximei-me da entrada. 

— Senhorita Navarro! — Assim que o segurança me cumprimentou, retribuí com um aceno de cabeça. 

Ele liberou a passagem e entrei. 

 O lugar estava lotado, a música alta reverberava e as luzes piscavam. Quando mexi na bolsa em busca do meu celular, me lembrei de que ele estava no carro, esquecendo de pegar quando dei as chaves para o manobrista.

Voltei a minha atenção à música que estava tocando:  Alive, do Alok. 

— Ê, Liz, que desatenta! — murmurei para mim mesma. 

Segui andando pela multidão, tentando não pisar no pé de ninguém, o que quase impossível. 

— Licença! — gritei e algumas das pessoas abriram passagem. 

Depois de alguns minutos, vi Ana e Sam dançando no meio da boate com Igor e Pedro. 

— Liz! Liz! — Ana gritou animada. 

— Vocês estão bem? — indaguei, preocupada.

— Viu, era só dizer que alguma de nós duas ia tirar a roupa que ela vinha correndo! — Ana e Sam deram risada. 

— Não acredito! Vocês jogaram sujo. — Torci o nariz. 

— Não fique brava, Liz. — Ana fez cara de coitada. — Você nunca sai.  

— Vamos dançar. — Sam me puxou pelo braço e a Ana veio logo atrás. 

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