Liz
— Como?
— Eu vi em um jornal que ele já tinha chegado aqui — tentei mentir.
— Ah, sim! — Bruno pareceu acreditar.
— Fala para ele só assinar os documentos. Quero viver minha vida, apenas isso. Diga o que for necessário! — disse com a voz firme.
— Olha, Liz, eu vou tentar. Porém, não garanto nada. O senhor McNight tem um gênio muito forte.
— Isso era porque ele nunca me viu brava.
— Vou ver o que consigo, certo? — O olhar do advogado carregava uma certeza de que não daria certo a sua tentativa. — Eu te ligo.
— Agradeço muito!
Bruno se levantou e foi em direção à porta.
Será que meu marido era um “demônio”? Todos que falam dele parecem temê-lo.
Sandra voltou com o meu chá que, diga-se de passagem, era de boldo, ou seja, horrível, mas tive que tomar tudo, pois não queria contar para ela o que havia acontecido, de fato.
***
Passei o sábado todo em casa, mas continuei pensando nele. Ainda bem que o Petter e a Sandra estavam comigo. Como de costume, estávamos nós três na sala, maratonando Supernatural e comendo pipoca.
— Liz, quando quiser me contar o que está acontecendo, era só falar. — Sandra fala com preocupação.
— Obrigada. — Me aconcheguei no abraço dela.
— Menina. — Petter me chama.
— Oi, Petter!
— Eu e a Sandra vamos jantar em um restaurante hoje. — Ele faz uma pausa. — Quer nos acompanhar?
— Não — respondi de pronto, pois não poderia atrapalhar um momento tão deles.
— Tem certeza? Nós também podemos ficar. — Sandra depositou um beijo em minha testa.
— Não, Sandra, podem ir. — Ela hesitou por um segundo. — Não se preocupem, estou bem. E Ana me chamou para ir a uma festa hoje.
— E você vai?
— era claro. — Olhei a hora no relógio de parede da sala. — Aliás, preciso me arrumar.
Dei um sorriso para ela, me levantei e fui na direção das escadas.
— Ok. Talvez não voltemos hoje — Petter avisou enquanto eu subia os degraus.
— Sem problemas! Aproveitem! — gritei do topo das escadas.
Até eles têm encontros românticos... E eu?! Estou aqui, sem fazer nada devido a um mísero contrato, onde diz que não posso traí-lo, caso contrário, perderei uma porcentagem das empresas que meus pais tanto lutaram para conseguir.
Entrei no meu quarto e me joguei na cama. Encarei o teto imaginando as possíveis chances de Henry assinar aquele contrato sem me conhecer. Inúmeras possibilidades passaram pela minha mente, e, dentre todas, a mais absurda: ele se apaixonar por mim. Era só loucura da mente de uma mulher carente, mas confesso que tê-lo visto de perto despertou em mim algum tipo de sentimento. Continuei encarando o teto e não demorei para pegar no sono.
Acordei com o meu celular tocando e olhei o visor: Ana. Já eram 1h da madrugada.
— Ana?
— Liz, venha para cá! — Ela soava bêbada.
— O Igor...
— O professor gostosão está com aquela Britney — Sam gritou antes que Ana terminasse a frase.
Assim como Ana, conheci Sam na faculdade, desde então, nós três, nos tornamos inseparáveis. Era bom ter alguém com quem pudesse contar, algumas coisas.
Será que a Ana comentou alguma coisa com a Sam?!
— O que eu tenho com isso?
— Venha, Liz, você nunca sai — Ana gaguejou. — Preciso de ajuda com o Igor.
— Estamos naquela boate dos caras gostosões — Sam berrou e elas começaram a rir. — Ela está tirando a roupa.
— Quem está tirando a roupa? — Meu Deus! Será que era a Ana?! — ANA! SAM! — Elas não responderam mais. — Não saiam daí. Já estou chegando. — Desliguei o celular e dei um pulo da cama.
Sem muito tempo de pensar no que vestir, peguei um vestido azul justo, com um decote em V bastante generoso e com as costas abertas até a cintura, que eu estava guardando para uma ocasião especial. Como ela nunca chegou, resolvi usá-lo. Encarei meus sapatos e escolhi calçar saltos pretos meia pata. Não poderia usar alguma coisa mais alta, pois não sabia o que me aguardava. Resolvi não abusar na maquiagem, apenas o essencial: olhos bem delineados, cílios marcantes e um batom vermelho carmesim, para realçar meus lábios.
Fui à garagem e entrei na Mercedes GLA branca. Amava carros brancos, e esse eu havia comprado assim que fiz dezoito anos. Odiava dirigir, mas, naquele momento, era o que eu teria que fazer.
Se o senhor McNight pode ir à balada como solteiro, então à senhora McNight vai ensinar a ele que também sabe participar desse jogo
***
Cheguei à balada e uma fila imensa na entrada me fez bufar. Lembrei-me de que não precisaria ficar na fila, já que a boate era do pai do Pedro, um amigo querido. E
Aproximei-me da entrada.
— Senhorita Navarro! — Assim que o segurança me cumprimentou, retribuí com um aceno de cabeça.
Ele liberou a passagem e entrei.
O lugar estava lotado, a música alta reverberava e as luzes piscavam. Quando mexi na bolsa em busca do meu celular, me lembrei de que ele estava no carro, esquecendo de pegar quando dei as chaves para o manobrista.
Voltei a minha atenção à música que estava tocando: Alive, do Alok.
— Ê, Liz, que desatenta! — murmurei para mim mesma.
Segui andando pela multidão, tentando não pisar no pé de ninguém, o que quase impossível.
— Licença! — gritei e algumas das pessoas abriram passagem.
Depois de alguns minutos, vi Ana e Sam dançando no meio da boate com Igor e Pedro.
— Liz! Liz! — Ana gritou animada.
— Vocês estão bem? — indaguei, preocupada.
— Viu, era só dizer que alguma de nós duas ia tirar a roupa que ela vinha correndo! — Ana e Sam deram risada.
— Não acredito! Vocês jogaram sujo. — Torci o nariz.
— Não fique brava, Liz. — Ana fez cara de coitada. — Você nunca sai.
— Vamos dançar. — Sam me puxou pelo braço e a Ana veio logo atrás.
*** Se você está gostando da história, não esqueça de me seguir, para ficar por dentro dessa e das futuras histórias!❤️ ***
LizFomos para o meio da pista e começamos a dançar. Eu mexia meu corpo conforme sentia as batidas da música. As minhas amigas encontravam-se bem loucas. Já que o meu marido podia ir a uma boate, eu também poderia. Ainda não o tinha visto, mas meus olhos o procuravam a cada oportunidade. Será que elas estavam falando a verdade ou só disseram aquilo para eu vir até aqui? Pelo menos, elas conseguiram me tirar de casa. Igor apareceu um tempo depois e começou a dançar comigo. A música invadiu o meu corpo todo, me fazendo rebolar no ritmo certo. Voltei a procurar por Henry outra vez. Olhei na parte de cima da boate e havia um homem de costas que me chamou a atenção. Ele estava usando uma camisa branca e uma calça jeans preta que marcava todo o seu corpo. Parecia ser muito lindo. Ele se virou e nossos olhos se encontraram, então perdi o fôlego. Henry me encarava com intensidade, mas seu cenho estava franzido, o que dava a ele um aspecto sisudo de quem não gostou nem um pouco de me ver
Liz— Peça um táxi! — Perdi minha carteira. Uma parte de mim, queria dar a carona, mas a outra parte não. Poderia deixá-lo ali, claro, mas será que a minha consciência ficaria pesada? — Senhorita Navarro! — Ele estalou os dedos na minha frente e só então saí do meu transe. — Com uma condição. — Qual? — Não iremos conversar — afirmei com tom rude. — Nossa! Tudo bem. — Entre — ordenei. Ele deu a volta e entrou, sentando-se do meu lado. Respirei fundo, ajustei-me no banco e dei partida, saindo do estacionamento da boate a contragosto, com meu marido desconhecido, que agora não era tão desconhecido. — Lindo carro — declarou, me encarando.Revirei os olhos e o ignorei. — Ok! Já entendi. — Ergueu as mãos em forma de rendição. — Coloca no GPS o seu endereço — pedi, evitando o encarar. — Eu poderia ir te guiando. — Lancei-me um olhar mortal. — Faz pouco tempo que me mudei, não sei os nomes das ruas aqui. — O silêncio se fez presente por alguns segundos, antes que ele continuasse:
Henry** Três anos atrás ***Três anos atrásMeu passado era repleto de esqueletos escondidos em armários. Eu não matava ninguém, mas era a mão que mandava executar. Isso fazia de mim um criminoso do mesmo jeito. Tudo tinha que ser do meu jeito e quando eu queria, em especial com as mulheres. Comigo não existia a arte da conquista. Eu queria, eu tinha, simples assim. Se eram casadas, o dinheiro resolvia. Meus soldados compravam seus maridos, ou os ameaçavam. E era claro que isso sempre funcionou. Criei um afeto pelo o Cesare, que era consigliere do meu pai, após a morte da minha mãe, ele se tronou um pai para mim, me ensinou tudo o que precisava aprender para me defender e máscara meus sentimentos. Cesare era pai do Eric que era mais velho do que eu e fomos treinados juntos. Eric sempre amou essa vida na máfia e gostava de viajar. Sendo assim, meu pai o designou como meu tutor, como criamos uma amizade muito além, comecei a chama-lo de tio, o que não agradava muito, depois de muita
HenryTempos atuaisJá havia quase vinte quatro horas que estava em Nova Iorque, e tinha pedido para Guilherme contatar Bruno o advogado da minha esposa. Mal coloquei os pés em minha casa, após um dia cansativo na faculdade e delegacia e percebi que Bruno, estava me aguardando. — O que é tão importante que não podia esperar que eu descansasse? — Não fazia nem dez minutos que havia chegado. — Desculpa, senhor McNight. — Bruno ficou sem jeito. — Mas a senhora McNight quer o divórcio. — Como assim? Ela está maluca? — comecei a gritar. — Ainda faltam quatro anos para essa merda acabar! — Eu sei, senhor McNight, mas ela disse... — Eu não quero saber o que ela disse! — Não poderia dar o divórcio ainda.Tinha poucas pistas sobre o que havia acontecido com o Eric e não poderia colocar o meu legado, e muito menos a minha família, em risco. Havia passado três anos da sua morte e não tinha nenhuma pista concreta. Até matei um infiltrado, mas nada além disso. — Eu sei, mas ela quer s
HenryMeu celular despertou às 6h da manhã. Apenas coloquei a minha roupa de corrida e escovei os dentes, antes de pegar o meu celular com os fones e sair para correr. Aquilo fazia parte da minha rotina matinal. Voltei para casa e percebi que já era quase 7h30. Havia me empolgado. Coloquei o café para passar e fui tomar um banho, pois seria o dia que começaria a dar aula. Thiago, com certeza, me deveria uma por muito tempo. Meu banho foi rápido. Vesti uma calça jeans, camisa e tênis social. Penteei o cabelo para trás e passei meu perfume preferido: Invictos. Tomei meu café e fui direto para a garagem. Peguei o meu Porsche preto e dirigi para a faculdade central. Assim que saí do estacionamento, percebi os olhares de algumas alunas, e como já falei, não gosto de meninas, apenas de mulheres. Me apresentei a todos os funcionários da escola. A diretora me acompanhou até a sala, que estava vazia. Já eram 8h e faltavam dez minutos para a aula iniciar. Em um piscar de olhos, a sala en
Henry Cheguei em casa, tomei um banho demorado e coloquei uma camisa branca que marcava meus músculos, além de uma calça jeans preta. Não via a hora de ver a Navarro. Meu pau já começava a se enrijecer só de pensar nela, ainda que não fizesse o meu tipo. Havia algo nela que me fazia acender como uma árvore de Natal. Entrei apenas na garagem, decidido a ir com a minha BMW esportiva preta. Segui o caminho todo pensando em Navarro e em qual roupa ela estaria usando. Assim que cheguei, o manobrista se aproximou e pegou as chaves. A fila estava imensa, mas eu não precisava ficar nela, apenas entreguei para o segurança uma quantia generosa de dinheiro, facilitando minha entrada. O lugar estava lotado e, com uma certa dificuldade, segui em direção ao camarote. John já estava à minha espera. — Henry, que saudades eu estava de você. — Ele me abraçou. — Como o seu pai está? — Ele está bem, vim aqui devido aos negócios. — Entendo. — John já tinha sido da máfia, deixou seu cargo depois qu
Henry Saí do meu devaneio quando um cara se aproximou dela e eles começaram a dançar juntos. Até demais. Ela estava se esfregando nele. Meu sangue todo ferveu, senti vontade de socar a cara daquele maldito, pois quem ele pensava que era? Ninguém iria tocá-la enquanto eu a desejasse. Assim que eles começaram a se beijar, desci com tudo daquele camarote, atropelando todos que estavam na escada. Não desgrudei meus olhos deles em nenhum momento. Quando passei pelo bar, deixei meu copo, peguei uma taça e empurrei todos que estavam na minha frente. Fingi que esbarrei neles, e enquanto ela se virava, joguei a bebida em seus seios. Ela respirou fundo. Só então percebi que estava de olhos fechados. Quando abriu os olhos, sua expressão mudou, mas eu não sabia decifrar aquele olhar. Fingi estar arrependido, levei-a até o bar e fiz sinal para o barman, para que me desse um pano. Comecei a secar onde tinha molhado. Passei o pano entre os seus seios e senti um choque percorrer todo o meu corpo
Liz— Vamos, Liz. Vai ser legal! — convidou Ana, tirando as roupas do meu closet. — É aniversário do John, os amigos dele vão estar lá. Já passava das 18h e continuava de ressaca. Não estava acostumada a beber e, por mais que tivesse bebido pouco, parecia que eu havia ingerido todo o tipo de drinque que tinha naquele lugar. Teria um jantar na casa do Pedro, comemoração de aniversário do seu pai, e fomos convidados. Pedro não tolerava muito os amigos do pai, portanto, a nossa companhia se tornou bem importante. — Tá bom!Encarei o meu quarto, uma suíte belíssima em tons de salmão e branco. A foto dos meus pais me causou um misto de saudade e nostalgia. Olhei o porta-retratos sobre a penteadeira, soltando um longo suspiro.— Coloca isso. — Ela me jogou uma calça jeans preta, justa, cintura alta e com alguns rasgos nas pernas. Um cropped branco de lycra e um casaco preto também foram escolhidos. Os scarpins combinavam com o casaco e a calça por terem o mesmo tom.— Amiga, espera um pou