Liz
Assim que nos sentamos, a aula começou, mas não prestei atenção em nada do que ele falava. Apenas conseguia observar a sua beleza, em como sua boca era tentadora e pensar no fato de que aquilo tudo ali, na frente, perante a lei, me pertencia.
E, pelo jeito que as minhas colegas de turma sussurravam e soltavam risos, não tinha sido somente eu que notei o quanto aquele homem era gostoso. Sua postura séria e seu meio sorriso discreto me diziam que ele sabia bem a reação que estava causando, mas não se deixou levar por isso, continuou sua aula que, ainda que eu não prestasse atenção, estava melhor do que as anteriores.
Sentia-me tranquila, até que ele me encarou. Pelos olhos semicerrados na minha direção, me questionei se ele sabia quem eu quem era de verdade. Não, óbvio que não! Eu esperava mesmo que não!
— Vamos, Liz. A aula já acabou. — Ana me balançou de leve.
— Era mesmo! — Tentei manter o meu autocontrole.
— Agora, limpa a baba e vamos para a próxima aula. — Ana riu.
Saímos em direção à porta e, naquele momento, eu tropecei nos meus próprios pés. Acabei caindo e derrubando todos os meus livros.
Que merda! Até parece um maldito clichê. Agora ele virá me ajudar a recolher o meu material.
— Você está bem? — Henry perguntou, se aproximando.
Tentei dizer algo, mas as palavras ficaram entaladas na minha garganta. Com a minha falta de resposta, ele se agachou e me ajudou com os livros. Nossos olhares se encontraram por uma fração de segundos.
Ele estendeu sua mão e eu aceitei, claro! Só aí percebi que Ana estava paralisada ao meu lado, observando tudo com uma cara bem esquisita.
— O-o-obrigada! — Não gagueje, Liz, me recriminei.
— Disponha! Só tente prestar mais atenção da próxima vez.
— Vamos, Ana! — Foi tudo o que falei. Sem respondê-lo, apenas saí, arrastando-a pelo braço.
— Você viu o tipo dele?! — indaguei assim que saímos da sala.
— Ele faz o meu tipo, Liz! — Ana suspirou, parecendo sonhadora.
— Era mal-educado! — retruquei.
— Claro que não. Ele te ajudou. — disse empolgada.
Agradeci em pensamentos quando ouvi gritos de alguns alunos no corredor.
— Vamos! — Puxei minha amiga outra vez, fazendo-a parar de encarar o professor, ou seria melhor o chamar de “meu marido”?
***
Não dizer prestei atenção em nenhuma das outras aulas. Só conseguia pensar naqueles olhos verdes. Ele era bem mais lindo do que na foto que havia visto. E, além de tudo, era meu marido. Tinha certeza de que ele não sabia quem eu era, e esperava que continuasse assim até ele assinar o divórcio.
Saí do meu devaneio quando ouvi a voz da Ana.
— Você está bem, Liz? — Olhava fixamente para a lousa mais a frente, mas, sem prestar atenção em nada.
— Sim — menti.
— Então, vamos. Foi a nossa última aula.
Olhei ao redor da sala, que estava vazia.
— Vamos!
— Hoje vai ter uma festa na casa da Samantha, quer ir?
— Não estou muito bem. — Franzi o cenho, dando-lhe um olhar triste.
— O professor gostosão te deixou assim? — Ela começou a rir.
— Claro que não — tentei mentir. — Estou com cólica. Ou acho que foi algo que comi e não me fez muito bem.
Seguimos para fora do corredor.
— Amiga, queria muito te fazer companhia, mas vou tentar dar uns beijos no Igor — ela afirmou, sem me surpreender. Ana sempre foi atirada.
— Boa sorte com ele.
Igor era a paixão platônica dela, uma vez que não se interessava nem um pouco pela minha amiga. Infelizmente, todos viam isso, menos ela.
— Tá bom, obrigada. Até segunda. — Ana me abraçou e seguiu em direção ao portão.
Fiquei ali, parada, apenas observando-a se afastar.
— Você está bem, senhorita... — Ouvi aquela voz rouca e sexy atrás de mim.
Ainda que eu percebesse que ele não fazia a mínima ideia de que era casado comigo, meu corpo se arrepiou.
— Navarro! Liz Navarro — falei ao me virar, com um ar de ironia. Se ele pensou que me esqueci o quão grosseiro foi comigo, estava muito enganado!
— Desculpa. Levará um tempo até eu aprender o nome de todos os alunos.
Que voz maravilhosa a desse homem! Mas por que ele me tratou como uma simples aluna?
Não respondi nada, apenas me virei e segui em direção ao portão, sem olhar para trás.
— Senhorita Navarro? Senhorita?
Afastei-me enquanto o ouvia chamar por mim, mas me neguei a virar. Ao passar pelo portão, senti um alívio descomunal ao ver o carro do Petter parado à frente, e agradeci por ele ser tão pontual. Entrei de súbito.
— Aconteceu alguma coisa, Liz? –– Questionou preocupado.
— Nada não, Petter. — Tentei disfarçar, mas ele continuou a me encarar pelo retrovisor. — Acho que comi algo que não me fez bem.
— Quer ir ao médico?
— Não precisa. Um chá da Sandra já será o suficiente.
— Ok.
— Ligou o carro e seguimos.
Passei o caminho todo pensando no professor. Assim que cheguei em casa, Bruno estava me esperando. O homem sempre tinha as feições sisudas, como se estivesse com um humor infernal.
— Bruno?! — Senti um alívio em vê-lo.
— Oi, minha menina. — Sandra veio ao meu encontro. — Você está pálida. Aconteceu alguma coisa?
— Comi algo que não me fez bem. — Fiz uma careta para ela acreditar em minha mentira.
— Vou fazer um chá para você — proferiu, indo até a cozinha.
— Obrigada. — Coloquei minha bolsa no chão e me sentei no sofá oposto ao que o advogado estava.
— Tudo bem, Liz?
— Ele nunca teve interesse nenhum em saber quem eu era, e agora, do nada, apenas para assinar o divórcio, ele quer? Nem no nosso casamento ele veio. Não vejo necessidade de continuar com essa palhaçada, pois já durou mais do que deveria. Só mandar os papéis que eu assino, não era assim que funciona? — declarei em um único fio de voz.
— Ele virá à cidade para fazer isso — explicou sisudo.
— Ele já está na cidade! — comentei. Às vezes, não conseguia controlar a língua.
*** Se você está gostando da história, não esqueça de me seguir, para ficar por dentro dessa e das futuras histórias!❤️***
Liz — Como? — Eu vi em um jornal que ele já tinha chegado aqui — tentei mentir. — Ah, sim! — Bruno pareceu acreditar. — Fala para ele só assinar os documentos. Quero viver minha vida, apenas isso. Diga o que for necessário! — disse com a voz firme. — Olha, Liz, eu vou tentar. Porém, não garanto nada. O senhor McNight tem um gênio muito forte. — Isso era porque ele nunca me viu brava. — Vou ver o que consigo, certo? — O olhar do advogado carregava uma certeza de que não daria certo a sua tentativa. — Eu te ligo. — Agradeço muito! Bruno se levantou e foi em direção à porta. Será que meu marido era um “demônio”? Todos que falam dele parecem temê-lo. Sandra voltou com o meu chá que, diga-se de passagem, era de boldo, ou seja, horrível, mas tive que tomar tudo, pois não queria contar para ela o que havia acontecido, de fato. ***Passei o sábado todo em casa, mas continuei pensando nele. Ainda bem que o Petter e a Sandra estavam comigo. Como de costume, estávamos nós três
LizFomos para o meio da pista e começamos a dançar. Eu mexia meu corpo conforme sentia as batidas da música. As minhas amigas encontravam-se bem loucas. Já que o meu marido podia ir a uma boate, eu também poderia. Ainda não o tinha visto, mas meus olhos o procuravam a cada oportunidade. Será que elas estavam falando a verdade ou só disseram aquilo para eu vir até aqui? Pelo menos, elas conseguiram me tirar de casa. Igor apareceu um tempo depois e começou a dançar comigo. A música invadiu o meu corpo todo, me fazendo rebolar no ritmo certo. Voltei a procurar por Henry outra vez. Olhei na parte de cima da boate e havia um homem de costas que me chamou a atenção. Ele estava usando uma camisa branca e uma calça jeans preta que marcava todo o seu corpo. Parecia ser muito lindo. Ele se virou e nossos olhos se encontraram, então perdi o fôlego. Henry me encarava com intensidade, mas seu cenho estava franzido, o que dava a ele um aspecto sisudo de quem não gostou nem um pouco de me ver
Liz— Peça um táxi! — Perdi minha carteira. Uma parte de mim, queria dar a carona, mas a outra parte não. Poderia deixá-lo ali, claro, mas será que a minha consciência ficaria pesada? — Senhorita Navarro! — Ele estalou os dedos na minha frente e só então saí do meu transe. — Com uma condição. — Qual? — Não iremos conversar — afirmei com tom rude. — Nossa! Tudo bem. — Entre — ordenei. Ele deu a volta e entrou, sentando-se do meu lado. Respirei fundo, ajustei-me no banco e dei partida, saindo do estacionamento da boate a contragosto, com meu marido desconhecido, que agora não era tão desconhecido. — Lindo carro — declarou, me encarando.Revirei os olhos e o ignorei. — Ok! Já entendi. — Ergueu as mãos em forma de rendição. — Coloca no GPS o seu endereço — pedi, evitando o encarar. — Eu poderia ir te guiando. — Lancei-me um olhar mortal. — Faz pouco tempo que me mudei, não sei os nomes das ruas aqui. — O silêncio se fez presente por alguns segundos, antes que ele continuasse:
Henry** Três anos atrás ***Três anos atrásMeu passado era repleto de esqueletos escondidos em armários. Eu não matava ninguém, mas era a mão que mandava executar. Isso fazia de mim um criminoso do mesmo jeito. Tudo tinha que ser do meu jeito e quando eu queria, em especial com as mulheres. Comigo não existia a arte da conquista. Eu queria, eu tinha, simples assim. Se eram casadas, o dinheiro resolvia. Meus soldados compravam seus maridos, ou os ameaçavam. E era claro que isso sempre funcionou. Criei um afeto pelo o Cesare, que era consigliere do meu pai, após a morte da minha mãe, ele se tronou um pai para mim, me ensinou tudo o que precisava aprender para me defender e máscara meus sentimentos. Cesare era pai do Eric que era mais velho do que eu e fomos treinados juntos. Eric sempre amou essa vida na máfia e gostava de viajar. Sendo assim, meu pai o designou como meu tutor, como criamos uma amizade muito além, comecei a chama-lo de tio, o que não agradava muito, depois de muita
HenryTempos atuaisJá havia quase vinte quatro horas que estava em Nova Iorque, e tinha pedido para Guilherme contatar Bruno o advogado da minha esposa. Mal coloquei os pés em minha casa, após um dia cansativo na faculdade e delegacia e percebi que Bruno, estava me aguardando. — O que é tão importante que não podia esperar que eu descansasse? — Não fazia nem dez minutos que havia chegado. — Desculpa, senhor McNight. — Bruno ficou sem jeito. — Mas a senhora McNight quer o divórcio. — Como assim? Ela está maluca? — comecei a gritar. — Ainda faltam quatro anos para essa merda acabar! — Eu sei, senhor McNight, mas ela disse... — Eu não quero saber o que ela disse! — Não poderia dar o divórcio ainda.Tinha poucas pistas sobre o que havia acontecido com o Eric e não poderia colocar o meu legado, e muito menos a minha família, em risco. Havia passado três anos da sua morte e não tinha nenhuma pista concreta. Até matei um infiltrado, mas nada além disso. — Eu sei, mas ela quer s
HenryMeu celular despertou às 6h da manhã. Apenas coloquei a minha roupa de corrida e escovei os dentes, antes de pegar o meu celular com os fones e sair para correr. Aquilo fazia parte da minha rotina matinal. Voltei para casa e percebi que já era quase 7h30. Havia me empolgado. Coloquei o café para passar e fui tomar um banho, pois seria o dia que começaria a dar aula. Thiago, com certeza, me deveria uma por muito tempo. Meu banho foi rápido. Vesti uma calça jeans, camisa e tênis social. Penteei o cabelo para trás e passei meu perfume preferido: Invictos. Tomei meu café e fui direto para a garagem. Peguei o meu Porsche preto e dirigi para a faculdade central. Assim que saí do estacionamento, percebi os olhares de algumas alunas, e como já falei, não gosto de meninas, apenas de mulheres. Me apresentei a todos os funcionários da escola. A diretora me acompanhou até a sala, que estava vazia. Já eram 8h e faltavam dez minutos para a aula iniciar. Em um piscar de olhos, a sala en
Henry Cheguei em casa, tomei um banho demorado e coloquei uma camisa branca que marcava meus músculos, além de uma calça jeans preta. Não via a hora de ver a Navarro. Meu pau já começava a se enrijecer só de pensar nela, ainda que não fizesse o meu tipo. Havia algo nela que me fazia acender como uma árvore de Natal. Entrei apenas na garagem, decidido a ir com a minha BMW esportiva preta. Segui o caminho todo pensando em Navarro e em qual roupa ela estaria usando. Assim que cheguei, o manobrista se aproximou e pegou as chaves. A fila estava imensa, mas eu não precisava ficar nela, apenas entreguei para o segurança uma quantia generosa de dinheiro, facilitando minha entrada. O lugar estava lotado e, com uma certa dificuldade, segui em direção ao camarote. John já estava à minha espera. — Henry, que saudades eu estava de você. — Ele me abraçou. — Como o seu pai está? — Ele está bem, vim aqui devido aos negócios. — Entendo. — John já tinha sido da máfia, deixou seu cargo depois qu
Henry Saí do meu devaneio quando um cara se aproximou dela e eles começaram a dançar juntos. Até demais. Ela estava se esfregando nele. Meu sangue todo ferveu, senti vontade de socar a cara daquele maldito, pois quem ele pensava que era? Ninguém iria tocá-la enquanto eu a desejasse. Assim que eles começaram a se beijar, desci com tudo daquele camarote, atropelando todos que estavam na escada. Não desgrudei meus olhos deles em nenhum momento. Quando passei pelo bar, deixei meu copo, peguei uma taça e empurrei todos que estavam na minha frente. Fingi que esbarrei neles, e enquanto ela se virava, joguei a bebida em seus seios. Ela respirou fundo. Só então percebi que estava de olhos fechados. Quando abriu os olhos, sua expressão mudou, mas eu não sabia decifrar aquele olhar. Fingi estar arrependido, levei-a até o bar e fiz sinal para o barman, para que me desse um pano. Comecei a secar onde tinha molhado. Passei o pano entre os seus seios e senti um choque percorrer todo o meu corpo