Ligação Ativa
— Fala patrão, me ligando nessas horas, sinto que estou precisando de alguma coisa, estou errado?— Fala Zé, exatamente, tô precisando daquela grana, tem como você me quebrar esse galho?Minhas dúvidas com agiotas só crescem a cada dia que se passa, mas se eu conseguir pelo menos a metade da grana que eu devo ao Maurício talvez ele aceitei uma "rescisão".— Cara de novo? Será que você faz ideia do quanto já está me devendo?— Eu sei, mas vai ter como ou não? É uma emergência e além disso eu vou te pagar tudo com juros.— Você tem 90 dias para me pagar ou eu te mato, pode passar aqui a noite e pegar sua grana.— Valeu mesmo por me quebrar mais essa, eu vou te pagar antes mesmo do que você imagina.Ligação InativaComo a torta que Louise deixou pronta, abri uma cerveja e fui assistir futebol.Dia seguinte…RobertoAquela garota me deixou curioso, Maurício ainda não apareceu e temos muita coisa para resolver ainda hoje. A demanda é grande e temos que oferecer sempre o melhor para nossos clientes.— Bom dia Amanda, ligue para o Maurício o mais rápido possível e diga que é importante ele vim hoje.— Bom dia Sr. Lins, desculpe mas ele não dormiu em casa esta noite e sendo assim é impossível falar com ele.— Mais que droga, obrigada Amanda, tenho um bom dia e se ele aparecer por aqui diga que eu o espero naquela sala o mais rápido possível.Todos os nossos sócios estavam à nossa espera, mas como sempre Maurício arranja um jeito de se atrasar sempre. Pra piorar tudo isso Norely estava presente e veio determinado em fechar negócios pela filha do Parkinson, segundo ele, Parkinson também lhe deve e ninguém melhor que Louise para pagar essa dívida. Cumprimentei a todos, mas para meu alívio Maurício chegou a tempo da merda começar e não tem uma expressão nada amigável.— Meu interesse é na filha do Parkinson, soube que estão com ela em mãos e eu estou disposto a negociar qualquer valor que seja por ela. – Norely se manifesta, mas logo recebe um não como resposta.— Então pode esquecer essa possibilidade de tê-la. Ela não está à venda. Agora vamos ao que nos interessa, e lembre-se sempre Norely, eu e você temos o mesmo poder, portanto não queira me passar para trás. – Maurício disse ríspido e logo a sala estava silenciosa novamente.MaurícioRoberto só me coloca em confusão, ele já deveria ter deixado claro desde o momento em que eu disse que não vou e não quero fazer negócio nela, ela me pareceu ser útil para muitas coisas. Eles hoje deram sorte que eu acordei tranquilo e de muito bom humor.— Espero que vocês não tenham vindo até aqui pra falar sobre isso! Mas antes que alguém fale mais alguma coisa eu vou me adiantar em dizer que ela não está à venda. Você é um bom comprador Norely, pode ter quantas quiser mas ela não. Ela é um pagamento e tenho minhas averiguações para fazer.— Que droga Maurício, eu também tenho uma boa grana nas mãos do desgraçado do Parkinson.— Qual foi Maurício? Pode pedir a grana que quiser que eu pago, ela já não é mais menor de idade que eu sei, então ela poderá me pagar a dívida do seu pai com sexo e depois quem sabe eu a mandaria para uma das minhas boates, sei que ela não me traria nada de bom, mas ao menos eu...— Se continuar falando merda eu juro que vou calar a boca do meu jeito, Norely... você sabe como pessoas insistente são insuportáveis? Se eu fosse você aprenderia a controlar a sua m*****a língua.Fizemos uma reunião breve e não tocamos mais nesse assunto, ou eu acabaria perdendo o pouco da paciência que eu tenho.Louise— Bom dia Louise, espero que esteja bem porque muitas coisas lhe esperam, vamos lá?Eu estou péssima, não dormi nada essa noite e como se tudo isso não bastasse eu ainda vou servir de empregada, bem, eu não fazia nada de muito diferente, mas pelo menos eu estava ganhando por isso. E aqui? Aqui vou viver feito uma condenada, pera, eu sou uma condenada.— Hoje é o dia que o senhor Maurício não dorme em casa, por isso é um ótimo dia para lhe enviar a arrumar seu quarto também, ele é um homem muito rígido e um passo falso podemos morrer!— E o que seria esse passo? – Perguntei tentando puxar assunto, sei que não vou sair daqui nem tão cedo então que eu possa durar pelo menos até descobrir alguma coisa que tenha importância.— Qualquer coisa mal feita, seja uma casa mal arrumada, sua roupa com algum amassado, sabe passar?— Sei, aprendi ainda quando era criança. Sei fazer muita coisa, sempre me virei sozinha e pode acreditar que eu irei dar o meu melhor.A partir do momento que ela disse que hoje ele não fica em casa que eu comecei a gostar, como ela irá me ensinar a arrumar seu quarto, talvez que sabe mais pra frente eu tenha sorte de encontrar algo útil que me tire daqui.Ela começa me apresentando a casa, casa não, uma mansão. E a partir de hoje eu irei— Desculpe eu não ter me apresentado antes, meu nome é Louise... – Eu sei que falei bobagem quando vi a cara de "e quem se importa" dela olhando pra mim.— Pode me chamar de Maria, não se assuste e não acredite no que as outras disserem de mim para você, elas são ridículas. – Maria é gordinha e parece ser uma pessoa ruim, mas eu sei que no fundo ela deve sofrer muito aqui.A cada corredor Maria explicava o que eu deveria fazer de hoje em diante, não seria tão ruim assim, eu sempre ajudei em casa fazendo a maior parte dos trabalhos domésticos e sempre me saia bem.— Eu também não sou o tipo de pessoa que acredita em tudo que as outras pessoas falam, você está sendo gentil comigo e a única coisa que eu posso fazer pra retribuir isso é te ajudando também. Por onde posso começar?— Você ainda não pode fazer nada porque não sabe dos nossos costumes, mais tarde te passei a lista e amanhã você já começa a fazer as coisas certas para não darem problemas, está me entendendo?— Ôh, é claro. Muito obrigada, então o que eu devo fazer agora? – Eu não sei qual é a delas aqui dentro, mas estou me sentindo um peixe fora d'Águas que a qualquer momento pode morrer sem ar.— Pode subir para o dormitório e arrumar as camas, depois disso pode lavar os banheiros ou se preferir deixá-los para amanhã.Louise O raio de Sol que entrava estava deixando o ambiente um tanto claro demais. As demais ainda estavam dormindo, menos Maria. Levantei com muita cautela para não fazer barulho e acordar às demais e fui até o banheiro coletivo, onde eu também tenho direito agora!— O que faz de pé tão cedo? Sabe que horas ainda são garota — Maria perguntava baixinho para que ninguém nos ouvisse. — Eu senti sede e vim beber água, preciso usar o banheiro também. — Respondi em um cochicho. — Então faz logo e volta para o quarto. Aproveite as poucas horas de sono que você ainda tem, o dia será bem trabalhoso hoje. Não houve mais conversas depois que ela foi em rumo ao quarto, segui até o banheiro onde passei mais tempo que o esperado. Perdi a noção da vida quando me peguei pensando no Parkinson, a minha ficha ainda não caiu e eu tenho medo de dormir e acordar aqui. Um barulho lá fora me chamou a atenção, olhei com curiosidade pela janela do banheiro que ficava no que podemos chamar de "mausoléu", u
Roberto A movimentação estava tensa. Muita gente falando ao mesmo tempo e as empregadas já estavam servindo, mas, onde está Louise? — Ju, onde está a novata? — Segurei ela pelo braço e a mesma me olhou com um olhar repreensivo. — Seu amigo não te disse? — Juliana tinha insatisfação em sua voz e um semblante de raiva. — Me disse o quê? — Franzi o cenho e continuei a encarando. — Ele não a quer nem mesmo servindo, segundo ele, ela não irá causar boa impressão aos convidados. Eu tentei conversar com ele, mas não tem acordo. — Tem certeza que é só isso mesmo? — Soltei ela e fui em direção ao Maurício. — Se quer mais informações pergunte ao próprio! Por incrível que pareça, Norely estava conversando com alguns homens que mantinha toda atenção focada nele, enquanto Maurício conversava com Ana. Olhei rápido para a porta onde estavam entrando mais alguns homens acompanhados com as garotas que Maurício lhe oferece como acompanhantes e vi Parkinson escondido atrás das cortinas, de
Louise Há quatro portas que dão saída dos dormitórios para o restante da casa, mas todas elas estão trancadas por fora, me deixaram presa como se eu fosse algum animal e isso tá doendo por dentro. Mesmo que meu pai não me desse atenção nunca, lá eu estava saindo a hora que eu queria e sem hora para voltar, agora só Deus sabe a hora que eu vou sair daqui ou que elas irão voltar. Tentei abrir as janelas mas todas elas tinham grades por fora, mal dando para ver os raios de luz que ainda habitam lá fora. Tentei amarrar um lençol na grade, assim eu poderia acabar com isso antes que eu me sentisse pior do que estou, ainda mais sabendo que eu não irei sair daqui nunca e depois daqui para onde eu irei? Tentei amarrar mas não havia nenhum lugar com brechas e os móveis não suportavam o peso, decidi pensar em outra forma de fazer isso e por fim me deitei, desligando a luz do abajur e puxando a coberta até cobrir meu rosto também. Mas a luz foi aberta e junto com o Roberto entrou uma mulher
Duas semanas depois…Louise Os dias passaram até que meio rápidos demais, achei que iria ser desgastante e que eu iria acabar não suportando esta minha nova vida, mas Maria sempre me alegra de alguma forma. Ainda estou horrorizada com aquele lance de venda de mulheres, mas cada um faz o que lhe convém e se eu não estou no meio delas devo agradecer por isso! Maria não parava de falar no meu ouvido, ela tem muito assunto e do nada saí de um para outro. Maurício vinha me tratando "diferente" das demais. Às últimas noites ele me pedia para que levasse whisky até o seu quarto, acho que ele é feito de álcool, pois todas as noites ele bebe. Ultimamente Maurício vinha me cumprimentar com um boa noite ou um bom dia, isso é pra lá de estranho. — Você é mesmo cega se não vê como ele te olha. — Maria retrucava enquanto enxugava os pratos que eu estava enxaguando. — É sério Lu, ele te olha diferente. Não sei explicar! Mas, eu nunca o vi assim, ele está diferente e… — Você no mínimo está
— Filho, onde está Roberto que eu ainda não o vi hoje? — Deve estar por aí! Então a senhora deve ter um bom propósito para estar aqui hoje e não apenas querendo saber sobre a minha vida! — Discorreu de forma autoritária, o que me fez rir. — Você está certo, mas eu preciso que pare de implicar com o Norely, ultimamente ando recebendo muitos e-mails, reclamações dos desentendimentos de vocês. Como vejo seu silêncio está consentindo com os boatos, pude ver a desgraça com os meus próprios olhos, o que pretende fazer agora e o porquê de toda essa violência? — Tenho meus motivos, mãe. Agora tenho que sair, preciso refrescar minha mente antes que eu enlouqueça. — Tome cuidado, meu filho. Não faça nada que venha se arrepender depois e lembre-se: previna-se, pois estou muito nova ainda para ser avó. — A senhora nunca muda! Caso eu não retorne até às sete fique tranquila, eu ligarei e por favor, se ver Louise peça para que ela descanse. E a senhorita não vai se meter em enrascada por aí.
Mauricio— Por que mudou de ideia sobre deixar ela ir? — Roberto pergunta relembrando sobre Louise. — Emma apareceu e me fez mudar de ideia! Ela falou alguma coisa que não deveria falar? — Pergunto entre um suspiro e uma certa preocupação.— Achei que havia olhado para ela o suficiente para saber até a cor do seu batom. Mas se quer saber, ela não deu trabalho algum, além disso eu retiro o que disse sobre ela, a garota é legal. Se essa foi uma tentativa de me fazer ciúmes, confesso que ele falhou miseravelmente. Estava alinhando meu terno e senti falta de Maria, não a vi hoje ainda. — Fico feliz por você. Qual técnica usou pra isso? Se bem que você muda de ideia muito depressa. — Ele franziu o cenho e me olhou, perdendo o ânimo que tinha até pouco tempo atrás. — Qual é Maurício? A mina é gente boa e não sei porque destratar ela dessa forma. Eu já disse, eu retiro o que disse. — Não foi você mesmo que disse coisas horríveis sobre ela? Estou admirado com sua mudança de atitude tão
Louise De todos lugares que eu já fui, sem dúvida esse é um dos melhores. Bebida e música eram duas coisas que não faltavam. Assim que chegamos Maria me apresentou a todas elas e eu fiquei muito feliz, pois fui bem recebida por todas elas. Não recordo de ter vivido algo tão bom assim, na verdade eu estava me sentindo leve e feliz. — Maria, e se alguém vier atrás de nós duas? — Perguntei com uma certa preocupação, não muito por mim, mas por ela se dar mal e acabar se dando mal por isso, eu não a queria longe de mim. — Será que dá pra curtir a festa sem se preocupar, garota? Ninguém vem atrás da gente, sabe por quê? Porque não fazemos diferença alguma naquela casa, então aproveita e curte sua primeira noite de muitas aqui com a gente. — Todas levantaram seus copos e garrafas de bebidas e eu fiz o mesmo. — Um brinde a nossa nova amiga, que possamos curtir juntas muito mais vezes de hoje em diante. — A amiga de Matias gritou e todas brindamos. A primeira dose que eu tomei foi de te
MaurícioO dia já estava clareando quando Louise surgiu das árvores, sozinha e cambaleando pelo trajeto. Antes mesmo que eu pudesse falar algo ela olhou para cima e me viu na janela, apressou seus passos e correu para dentro do dormitório, o semblante dela mudou assim que me viu e pelo que eu percebi todo o álcool que ela ingeriu acabou de sair. Passaram quase vinte minutos e Maria não apareceu, então eu resolvi ir até lá ver o que rolou nessa saidinha e o porquê dela não ter fugido quando teve oportunidade. Não sei explicar o alívio que senti em vê-la. Hoje é dia de folga para todas, menos para Louise, deve ser por esse motivo que Maria não retornou. (...) As luzes do quarto estavam apagadas e ela não estava na cama. Entrei sem fazer barulho algum e pude ouvir barulho vindo do banheiro, a porta estava aberta e pude ver ela ajoelhada com as mãos apoiadas ao sanitário e seu rosto com uma aparência muito bêbada. — Onde você estava? — Ela enxugou o canto da boca e me olhou com um olh