MaurícioO dia já estava clareando quando Louise surgiu das árvores, sozinha e cambaleando pelo trajeto. Antes mesmo que eu pudesse falar algo ela olhou para cima e me viu na janela, apressou seus passos e correu para dentro do dormitório, o semblante dela mudou assim que me viu e pelo que eu percebi todo o álcool que ela ingeriu acabou de sair. Passaram quase vinte minutos e Maria não apareceu, então eu resolvi ir até lá ver o que rolou nessa saidinha e o porquê dela não ter fugido quando teve oportunidade. Não sei explicar o alívio que senti em vê-la. Hoje é dia de folga para todas, menos para Louise, deve ser por esse motivo que Maria não retornou. (...) As luzes do quarto estavam apagadas e ela não estava na cama. Entrei sem fazer barulho algum e pude ouvir barulho vindo do banheiro, a porta estava aberta e pude ver ela ajoelhada com as mãos apoiadas ao sanitário e seu rosto com uma aparência muito bêbada. — Onde você estava? — Ela enxugou o canto da boca e me olhou com um olh
Juliana Maurício me chamou muito cedo, não era nem seis da manhã quando ele entrou no meu apartamento, como entrou eu não faço ideia. Não imaginei que ele fosse mudar de ideia em relação aquela garota, não estou a julgando ou achando ela inferior às outras, mas há mulheres muito mais bonitas que ela, que caem matando em cima dele, tentando ter algum lance e ele nem dá a mínima. Pelo que ele me disse ela voltou de algum lugar a pouco tempo, e sozinha. — Está preocupado com ela ou o quê? Afinal, o que você quer que eu faça Maurício? Já te disse que não devemos misturar vida pessoal com negócio, aliás, você mesmo disse isso. — Quero que você me ajude com isso. Eu não quero que ela se junte às outras novamente, retire ela de sua lista no próprio leilão. Não estou sabemos lidar quando ela está muito perto. — Não está sabendo como exatamente? Um homem não pode se apaixonar apenas pelo que vê? A garota tem suas deformidades e tals… mas ela não deixa de ser bonita e principalmente educad
Laerte A propostas de Norely confesso que é muito tentadora, mas eu não irei tentar convencer ao Maurício apenas para dar Louise de bandeja a Norely depois, todo mundo sabe que ele e Parkinson sempre tiveram uma certa rivalidade. Não vou me meter no meio disso. James sempre foi o filho bastardo de Norely, mas essa fissura dele pela garota me despertou um certo interesse, de fato não é apenas pela rivalidade que ele tenha com Parkinson. Vejo desespero em seus olhos, ele teme que alguém descubra alguma coisa sobre James e agora que eu me interessei pelo assunto irei até o fim para saber do que se trata e porque tanto interesse na garota. Estava na sala do meu escritório quando Vanusa entra com o telefone na mão. — Senhor, é Charlie de novo. Ele insiste que quer falar com o senhor ou não irá parar de ligar. — Peguei o telefone e o trouxe até meu ouvido. Ligação Ativa— Propostas indecentes seu babaca? — Ouvi seu riso cínico do outro lado da linha.— Desta vez não. Fiquei sabendo que
Maurício— Mãe, pode me dizer o que a senhora está fazendo aqui? — Emma me olhou e sorriu, ela sempre faz isso quando quer me dizer alguma coisa e sabe que eu irei discordar. Com licença! — Louise pediu e saiu andando em passos largos. — Ôh! Não se preocupe, amanhã eu estarei indo para casa, mas antes quero te pedir uma coisa. — Eu não gosto quando ela também fala nesse tom, soa muito convincente e eu não consigo dizer "não" para ela. — A senhora sabe que me tem nas mãos, mas por favor mãe, não abuse! — Eu quero levar Louise comigo. Meus desfiles de moda estão indo bem e como eu represento a diversidade ela se encaixa muito bem na categoria de mulher foda. — O que a senhora tem a me oferecer? — Sorri de lado enquanto ela se ajeitava na cadeira para preparar um breve discurso cujo qual eu irei reprovar seja lá o que for. — Uma boa vida para essa garota, Maurício. Eu fui uma mulher muito sofrida e você mais que ninguém sabe o quanto eu sofri para chegar onde eu cheguei, você sabe
Emma Enquanto andava de um lado para o outro eu estava pensando seriamente em levá-la comigo, mas não posso fazer isso, Maurício iria atrás de mim aonde eu estivesse. O dia ainda está clareando e as meninas já estão chegando para retornarem ao seus serviços. Avistei Louise aguando as rosas que eu sempre zelei tanto, ela conversa com elas como se elas fossem responder. — Sabia que é feio espiar pela janela dona Emma? — Meu filho… quase me deu um susto, criatura, da próxima bata na porta pelo menos. — Desculpa mãe, é que eu tenho um assunto muito sério para conversar com a senhora agora. — O que deve ser de tão importante que não poderia esperar? — Alícia! Ela resolveu me perseguir e pra completar arrastando uma criança sabe se lá Deus de quem é. Ela diz que o filho é meu, mas ela nunca pôde engravidar. — Então não tem nada em que eu possa ajudar meu filho, se você a conhece tão bem, por que ainda está duvidando disso? — Porque ela pode foder com meus negócios agora. Imagina de
Roberto — As reuniões que tínhamos para hoje eu mandei remarcar todas, não querendo correr o risco da louca da sua ex mulher aparecer aqui e colocar tudo a perder, queremos? — Sabíamos que Alícia era capaz de fazer qualquer coisa, nunca subestimei ela.— Ela não é minha ex mulher, ela já foi minha noiva e só. Achei ótimo você ter assumido isso, a verdade é que eu não tive jeito de conversar com ela ainda sobre isso. — Conversar com quem e sobre o quê? Se bem que você está muito estranho esses dias. Desmarquei todos os compromissos porque na verdade eu vi Alícia rondando por aqui ontem a noite, mas não disse nada ao Maurício para que ele não fique surtando à toa. — Sei lá… a Louise parece que esconde muitos segredos. Ela parece que tem medo de mim. Hoje eu queria ajudar ela, e se liga, ela achou que eu estava zoando ela. Um frio do caralho e ela somente com aquelas roupas ridículas que só a Juliana encontra, e eu pedi que ela levasse outras para Louise, mas…— É só fazer o que eu d
MaurícioEu nunca vi uma pessoa mais desastrada feito Louise, ela parece que faz de propósito, que se machuca porque quer sentir dor ou algo do tipo, porque não é possível a pessoa se ferrar sem precisar de ajuda. Ligação Ativa — Fica atento ao celular que ela já deve estar vindo. — Ela acabou de passar por aqui. Tem certeza que isso vai dar certo? — Hum… tá preocupado com isso? — Ela falou com uma voz irritante, imitando a Juliana. — Estou. É minha reputação que está em jogo. Imagina se ela disser um não e espalhar isso entre as outras!?— Qual o problema de levar um não? É a coisa mais normal do mundo, eu inclusive já levei vários. — Por que não? Eu a vejo como qualquer outra mulher, ela não tem nada de diferente! Roberto sempre brincou demais com tudo e já estava mais que nada hora de dar um basta nisso. — Ok… foi mal. Eu vou aguardar e fazer a coisa certa, além disso é bacana conversar com ela. — Mas o que você tem que falar é somente o necessário, não precisa ficar de co
Louise A cada passo que eu dava minhas mãos suavam a cada segundo um pouco mais. Não preciso nem falar quantas coisas absurdas já se passaram pela minha cabeça apenas de imaginar o que ele tem a me oferecer que, certamente, não seja coisa boa. Andamos uns seis metros à frente e de repente eu senti aquelas mãos enormes tocando minhas costas, o arrepio foi instantâneo. — Por que quase entrou em desespero naquele momento? O que pensou que eu faria? Vamos, por aqui. — O silêncio é a melhor coisa que já existiu. — É um trauma de infância. Não gosto que me toquem, na verdade eu odeio. Não é uma questão de querer, meu corpo reage de forma diferente ao toque, fala e até mesmo a um olhar… — Não sei qual o momento que eu me encostei na árvore, mas por um fio eu não cair. — E porquê isso te incomoda tanto? Quer dividir esse sentimento comigo? Quem sabe eu possa dar um jeito. — Bem, esse é um assunto muito delicado e eu não quero falar sobre isso nem agora e nem nunca, muito menos com ele.