Maurício— Mãe, pode me dizer o que a senhora está fazendo aqui? — Emma me olhou e sorriu, ela sempre faz isso quando quer me dizer alguma coisa e sabe que eu irei discordar. Com licença! — Louise pediu e saiu andando em passos largos. — Ôh! Não se preocupe, amanhã eu estarei indo para casa, mas antes quero te pedir uma coisa. — Eu não gosto quando ela também fala nesse tom, soa muito convincente e eu não consigo dizer "não" para ela. — A senhora sabe que me tem nas mãos, mas por favor mãe, não abuse! — Eu quero levar Louise comigo. Meus desfiles de moda estão indo bem e como eu represento a diversidade ela se encaixa muito bem na categoria de mulher foda. — O que a senhora tem a me oferecer? — Sorri de lado enquanto ela se ajeitava na cadeira para preparar um breve discurso cujo qual eu irei reprovar seja lá o que for. — Uma boa vida para essa garota, Maurício. Eu fui uma mulher muito sofrida e você mais que ninguém sabe o quanto eu sofri para chegar onde eu cheguei, você sabe
Emma Enquanto andava de um lado para o outro eu estava pensando seriamente em levá-la comigo, mas não posso fazer isso, Maurício iria atrás de mim aonde eu estivesse. O dia ainda está clareando e as meninas já estão chegando para retornarem ao seus serviços. Avistei Louise aguando as rosas que eu sempre zelei tanto, ela conversa com elas como se elas fossem responder. — Sabia que é feio espiar pela janela dona Emma? — Meu filho… quase me deu um susto, criatura, da próxima bata na porta pelo menos. — Desculpa mãe, é que eu tenho um assunto muito sério para conversar com a senhora agora. — O que deve ser de tão importante que não poderia esperar? — Alícia! Ela resolveu me perseguir e pra completar arrastando uma criança sabe se lá Deus de quem é. Ela diz que o filho é meu, mas ela nunca pôde engravidar. — Então não tem nada em que eu possa ajudar meu filho, se você a conhece tão bem, por que ainda está duvidando disso? — Porque ela pode foder com meus negócios agora. Imagina de
Roberto — As reuniões que tínhamos para hoje eu mandei remarcar todas, não querendo correr o risco da louca da sua ex mulher aparecer aqui e colocar tudo a perder, queremos? — Sabíamos que Alícia era capaz de fazer qualquer coisa, nunca subestimei ela.— Ela não é minha ex mulher, ela já foi minha noiva e só. Achei ótimo você ter assumido isso, a verdade é que eu não tive jeito de conversar com ela ainda sobre isso. — Conversar com quem e sobre o quê? Se bem que você está muito estranho esses dias. Desmarquei todos os compromissos porque na verdade eu vi Alícia rondando por aqui ontem a noite, mas não disse nada ao Maurício para que ele não fique surtando à toa. — Sei lá… a Louise parece que esconde muitos segredos. Ela parece que tem medo de mim. Hoje eu queria ajudar ela, e se liga, ela achou que eu estava zoando ela. Um frio do caralho e ela somente com aquelas roupas ridículas que só a Juliana encontra, e eu pedi que ela levasse outras para Louise, mas…— É só fazer o que eu d
MaurícioEu nunca vi uma pessoa mais desastrada feito Louise, ela parece que faz de propósito, que se machuca porque quer sentir dor ou algo do tipo, porque não é possível a pessoa se ferrar sem precisar de ajuda. Ligação Ativa — Fica atento ao celular que ela já deve estar vindo. — Ela acabou de passar por aqui. Tem certeza que isso vai dar certo? — Hum… tá preocupado com isso? — Ela falou com uma voz irritante, imitando a Juliana. — Estou. É minha reputação que está em jogo. Imagina se ela disser um não e espalhar isso entre as outras!?— Qual o problema de levar um não? É a coisa mais normal do mundo, eu inclusive já levei vários. — Por que não? Eu a vejo como qualquer outra mulher, ela não tem nada de diferente! Roberto sempre brincou demais com tudo e já estava mais que nada hora de dar um basta nisso. — Ok… foi mal. Eu vou aguardar e fazer a coisa certa, além disso é bacana conversar com ela. — Mas o que você tem que falar é somente o necessário, não precisa ficar de co
Louise A cada passo que eu dava minhas mãos suavam a cada segundo um pouco mais. Não preciso nem falar quantas coisas absurdas já se passaram pela minha cabeça apenas de imaginar o que ele tem a me oferecer que, certamente, não seja coisa boa. Andamos uns seis metros à frente e de repente eu senti aquelas mãos enormes tocando minhas costas, o arrepio foi instantâneo. — Por que quase entrou em desespero naquele momento? O que pensou que eu faria? Vamos, por aqui. — O silêncio é a melhor coisa que já existiu. — É um trauma de infância. Não gosto que me toquem, na verdade eu odeio. Não é uma questão de querer, meu corpo reage de forma diferente ao toque, fala e até mesmo a um olhar… — Não sei qual o momento que eu me encostei na árvore, mas por um fio eu não cair. — E porquê isso te incomoda tanto? Quer dividir esse sentimento comigo? Quem sabe eu possa dar um jeito. — Bem, esse é um assunto muito delicado e eu não quero falar sobre isso nem agora e nem nunca, muito menos com ele.
Norely — Então foi esse o seu plano? Trazê-la de volta? Até que você pensou desta vez! — James andava de um lado para o outro tentando falar com Alícia, que a essas alturas já deve estar chegando. — Ela nunca me decepcionou pai, não vai ser agora que irá fazer.— Mas a minha pergunta é: por quê? — Simplesmente porque ela irá entrar na vida do Maurício para fazer com que ele caia na lábia dela, assim fica mais fácil conseguir a Louise. Eu não sei até onde ele vai sustentar essa ideia maluca, mas se isso der certo vai ser o máximo, porém, tenho quase certeza que irá dar errado. Parkinson A garrafa de whisky se tornou minha melhor amiga. Eu não sei como viver com essa dor, não deveria ter feito nada do que fiz e isso está me matando por dentro de uma maneira inexplicável. Minha filha sempre foi muito calada, mas sempre muito presente e isso está me afetando de uma forma horrível. — Beber desse jeito não vai adiantar de muita coisa não, ela não vai voltar… — O garçom retrucava me s
LouiseAcordei com a cabeça parecendo que iria explodir. Ainda era por volta das três e meia da manhã. Olhei arredores e não vi ninguém, então me levantei sutilmente da cama do Maurício e fui caminhando muito devagar até o dormitório, onde deu de cara com Maria ainda acordada.— Onde estava até essa hora? Está se arriscando por aí? — Me assustei com a voz da Maria bem atrás de mim e quase quebrei o copo que estava em minha mão.— Eu acabei me perdendo... — Sorri tentando deixar o clima menos tenso.— Eu só te digo uma coisa: acho bom você tomar cuidado com ele, Louise, ele é o nosso patrão e todos nós sabemos que com ele não se brinca, é mais fácil ser brinquedo. Mas… ele está tão na sua quanto você na dele. — Me senti ofendida mas, não vou discutir sobre isso.Eu não posso dizer a ninguém o que ele me ofereceu, certamente ninguém iria acreditar, mas e Maria? O que seria que ela faria caso soubesse? Me ajudaria?— Eu acho melhor a gente ir dormir Maria, afinal, de onde você tirou essa
LouiseEu mesma me dei uma folga e resolvi sair por aí afora, minha curiosidade falava mais alto que meu medo. Infelizmente eu já entrei nessa e não tenho como sair agora, o melhor é que eu aceite isso e quem sabe consigo um jeito de conseguir alguma coisa e quem sabe até sair daqui.Andei por quase toda propriedade e como eu já imaginava estamos em uma fazenda e não há saídas, até tem, mas depois dos muros cercados de arames e elétricos.Ainda não acredito que eu bebi na presença do Maurício e além de tudo ainda fiquei bêbada. Que vergonha!— Esqueceu como se volta? — Seu hálito quente me arrepiou de cima abaixo, Maurício estava muito próximo ao meu pescoço e meu corpo estava começando a se comportar de forma muito estranha.— Eu aceito trabalhar como secretária, acho que vai ser melhor pra mim, mais tempo sozinha… — Soltei do nada, mesmo sem pensar.— Por que escolhe sempre a solidão se há tantas coisas? Saiba que irá me acompanhar em reuniões fora daqui e participará também dos lei